Subir a Jerusalém. Eis o desafio.
Subir a Jerusalém não é resultado de um destino escrito de antemão, mas o desfecho de uma opção de vida. Não uma predeterminação divina, mas conseqüência de escolhas e decisões tomadas ao longo de uma existência.
Subir a Jerusalém representa a situação-limite para qualquer pessoa que descobre que não pode mais voltar atrás. Porque voltar atrás seria trair a si mesmo. Trair as pessoas que se tem amado.
Subir a Jerusalém não é um mero deslocamento geográfico. É encontrar-se com o sentido último da vida: viver ou morrer. Viver, salvando a própria vida, mas perdendo o sentido de tudo o que se fez até então. Morrer, mas encontrando o sentido do sofrer, do lutar, do acreditar, do arriscar-se, do doar-se.
Subir a Jerusalém é acreditar que acolá se faça, enfim, jus ao nome ‘cidade da paz’, embora ao chegar encontre a perseguição, a condenação, a tortura e a cruz.
Subir a Jerusalém é defrontar-se com a cidade que persegue e mata os seus profetas. Os que incomodam os arrogantes, os que sacodem os indiferentes, os que não aceitam as leis escritas nos sinédrios, nas sinagogas e nos templos, em nome do ‘deus nacional’, para escravizar e dominar os filhos e as filhas da terra.
Subir a Jerusalém significa encarar aqueles que nos plenários dos seus Tribunais de Justiça julgam interpretando as leis que eles mesmos fizeram e manipularam. Em suas sentenças hieráticas são vistos como benfeitores da humanidade por livrá-la de impuros, de bandidos e assaltantes. Na realidade, só livram seus pares!
Subir a Jerusalém significa poder olhar fixamente nos olhos os seus próprios crucificadores, sentir compaixão deles, perdoá-los, mas resistindo contra toda cruz que humilha, que subjuga, que arranca espíritos e consciências livres, e faz agonizar toda esperança.
Subir a Jerusalém.....
Subir, enfim, de Jerusalém, e olhá-la de cima, redimida, em paz consigo mesma!
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