domingo, 19 de dezembro de 2010

Comissão visita Guajajara na cadeia. Permanecem presos e juiz ainda não finalizou o inquérito.

Uma comissão ligada aos direitos humanos visitou dias atrás os indígenas do povo Guajajara envolvidos no bloqueio da BR na terra indígena Canabrava. Eles permanecem presos em Presidente Dutra. Eis, uma breve síntese do relato que nos enviaram.

'....José é o mais debilitado. O tiro na cabeça afetou os reflexos do lado esquerdo; quase não movimenta a perna, e não mexe nada com o braço esquerdo. A esposa está lá para auxiliá-lo. A memória não foi afetada, lembra tudo. É muito magro e sente dores de cabeça. Douglas foi atingido na perna, quebrou o osso, usa pinos. Quanto a Eliseu, o mais velho, o tiro atingiu a barriga, mas não perfurou nenhum órgão vital. O Rogério, o mais falador e desinibido, foi atingido no braço e a bala foi parar próximo ao rim esquerdo. Fez cirurgia e sente dores na região da barriga. Eles passam o dia sob as árvores no pátio da delegacia. Um voluntário da cidade colocou os escapes para eles. À noite são recolhidos no corredor da carceragem. Recebem o mesmo alimento que os demais presos. Dizem que estão sendo bem tratados pelo delegado e os demais agentes. Apenas o delegado Beethoven de S. Luís usou palavras grosseiras e ofensivas contra eles. O delegado, dr. Taveira é muito atencioso, calmo. Perguntamos por que estão presos, pois quem garante que foram os 4, ou um deles que atiraram no delegado (se houve apenas um tiro de espingarda, e uma parte de dedo decepada). E os demais manifestantes estão soltos, e eles foram atingidos pelo delegado... Na opinião dele a prisão dos índios é mais política que penal... Continuam reclusos para a polícia mostrar à sociedade e para os índios que está fazendo alguma coisa, que índio não fica impune, que existe uma ordem. Enfim.... para calar a boca de todas as partes... Ele acha que deveriam ser soltos.  Disse ainda que ele está pisando em ovos, pois estão presos do lado de fora do cárcere o que não poderia ser. Os outros presos já estão demonstrando insatisfação pelo "privilégio" dos índios, mas considera que se forem colocados juntos dos demais, a outra parte da sociedade vai tachá-lo de desumano, pois estão feridos e deveriam estar num outro lugar e não numa cadeia. O delgado terminou expressando desaprovação total quanto à atitude do delegado Cavalcante envolvido no episódio. Disse que a soltura dependia do juiz de Grajaú e que ele tinha 10 dias para concluir o inquérito. Naquele dia já fazia um mês da prisão....'

Alguém foi atrás do delegado para esclarecer a barbaridade que fez, e tirar as dúvidas de um número crescente de pessoas, inclusive colegas dele? Será que vão abrir sindicância interna para livrá-lo, pelo menos, dos graves indícios (mais do que isso) de abuso de poder e tentativa múltipla de homicídio?...Ou é melhor deixar como está para não ressuscitar a 'irresponsabilidade do policial'?

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