Há metidos a ‘experts’ que acham que sabem tudo sobre tudo. Vendem versões e números como se fossem chuchu que eles mesmos plantam no quintal da sua casa. Sabem que por trás de números têm realidades, pessoas, tendências. Mas o seu propósito é somente ‘comprovar’ aritmeticamente a sua própria verdade. Os seus interesses. Mas, afinal, números, são ....números que expressam dados consolidados e irrefutáveis. A esses números nós queremos dirigir o nosso olhar e a nossa razão.
Estou me referindo especificamente à questão da nova demarcação da terra Governador do povo Gavião/Pukobyê, Amarante, Maranhão, e que a revista Veja de algumas semanas atrás abordou com a irresponsabilidade que lhe é costumeira. Vários jornalistas locais metidos a pseudo-analistas deram uma ampla cobertura à exposição das argumentações - nada civilizadas - que a revistas divulgou a nível nacional. Os ‘ventríloquos’ locais reproduziram as pérolas que a Veja desfilava sem sequer verificar se o que era divulgado correspondia minimamente à lógica e aos...números reais.
Lê-se na Veja, por exemplo, que os Gavião não passam de 500, mas são cerca de 1.000 (Funai 2009). Diz-se que são 3 aldeias, mas são 6 (Funai 2009). Pior: afirma-se que a nova terra elevaria para 75% a área ocupada pelos indígenas dentro do território municipal. Ora, ora, ora....a superfície de Amarante é de 7.669,090 km quadrados (IBGE 2010). Ou seja, mais de 766 mil hectares de terra. Esse é um dado inconteste e consolidado. Atualmente a terra Governador dos Pukobyê que é de 42.054,73 ha. e ocupa, portanto, pouco mais de 5% (cinco por cento) do território de Amarante. Mesmo com a sua ampliação – cujo tamanho ainda não é previsto – mas é calculado por alguns em cerca de 150 a 200 mil, a superfície que as terras indígenas ocupariam dentro do município não passaria de 25% (25 por cento). Estamos bem longe dos 75% propagados pela revista Veja e pelos pecuaristas da região, segundo os quais, ao se concretizar a ampliação, inviabilizaria a economia local. Argumentação arcaica utilizada por outros colegas de ofício (leia-se os de Zé Doca a respeito da terra Awá-Guajá) Sem falar, naturalmente, no fato que os critérios a serem adotados, - e sobre os quais a Funai se baseia, - não são nem aritméticos e nem conjunturais, e sim historiográficos e antropológicos, definidos em legislação específica. Ou seja, nada contra a lei!
Agora, contemplem alguns números que o próprio IBGE escancara: em 2006 a área dos estabelecimentos agropecuários em Amarante era de 159.278 hectares. Atualmente deve ter aumentado significativamente. Mais: 99.726 hectares eram ocupados por diferentes pastagens (plantadas, naturais, degradadas, boas, etc.) Deve ser muito mais agora. Não é engraçado tudo isso? Para defender uma ampliação de terra que afinal fica com a UNIÃO, patrimônio comum, – embora usada por indígenas – todos se levantam e esperneiam. Para condenar boi e dono de boi que ocupa sempre mais terras agricultáveis que poderiam ser distribuídas de forma mais racional para quem precisa realmente de terra, todos calam. Será que errei de País? Amarante virou Índia? Passou por lá algum hinduísta proclamando a ‘santidade das vacas’?
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