domingo, 10 de junho de 2012

Banco Central do Vaticano continua palco de guerra suja e de especulação financeira. Papas não intervêm!

Leio no ‘Corriere della sera’, um dos mais prestigiosos jornais italianos, que continua a guerra entre o atual diretor do IOR (Instituto Obras Religiosas), o banco central do Vaticano, e o anterior chefão, obrigado a se demitir algum tempo atrás. Um acusando o outro. Há investigações sendo realizadas pela magistratura italiana sobre irregularidades e contas clandestinas de políticos no banco central do vaticano. Essa história não é de hoje. Coincidentemente, estou a concluir, nesses dias, durante as minhas viagens de ônibus ao sul do Maranhão, o livro ‘Em nome de Deus’, de David Yallop. Resgata o contexto da morte do papa João Paulo I, o papa do ‘sorriso’, cardeal Albino Luciani, ocorrida em 1979, após 33 dias de pontificado. Descreve de forma bem documentada como já naquela época o IOR estava sendo utilizado por especuladores de todo tipo. Claramente, com a anuência do seu diretor que à época de João Paulo I era um bispo americano de nome Marcinkus. Um personagem mais próximo de Al Capone do que da igreja de Jesus! Este senhor era um velho conhecido do então patriarca de Veneza, Albino Luciani, posteriormente papa. Na época em que o Paulo VI era papa e Marcinkus dominava as finanças vaticanas sem informar o bispo de Veneza havia vendido o Banco Católico do Veneto, utilizado pela igreja de Veneza. Vendeu-o a dois dos piores fraudadores da história dos bancos italianos: Michele Sindona e Roberto Calvi.
Os três, todos católicos e com fortes ligações com o alto clero romano, formaram, por vários anos, uma verdadeira ‘associação criminosa’. Graças também às facilitações legais que o Banco Central do Vaticano gozava junto ao governo italiano, em virtude do ‘concordato’ (acordo entre Vaticano e Estado Italiano). O jornalista Yallop no seu livro afirma abertamente que o papa foi morto na noite seguinte ao anúncio de mudanças radicais na administração do banco central. O papa iria tirar não só o Marcinkus, como deu disposições para dar um novo perfil ao banco central. Com isso o IOR não iria mais investir em ações, por exemplos, de indústrias de preservativos ou de produção de armas....como vinha fazendo. A ausência de autópsia do cadáver, a ausência de uma certidão de óbito com a ‘causa mortis’, assinada por algum legista ou médico profissional, as inúmeras mentirinhas e versões divulgadas pelo então secretário de Estado, Cardeal Villot (um dos nomes inscritos na maçonaria da P2) e, não último, o sumiço do testamento do papa, além de outros papéis, indicariam para o autor do livro que não foi morte natural. Os Marcinkus, os Calvi, os Sindona de ontem e de hoje continuam duelando e matando ‘em nome de deus e da sua igreja’. Detalhe: o sucessor de João Paulo I manteve o bispo Marcinkus na chefia do banco central (IOR) até 1987. Nada leva a crer que o prelado tenha adotado uma inversão de conduta....Muito pelo contrário!

Foto abaixo: monsenhor Marcinkus

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