sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Dia 7 de setembro: Jejum para sentir a plenitude da paz e o vazio destruidor da violência. Entrevista ao oncólogo e ex-ministro da saúde da Itália

“O jejum como protesto laico”. “Como contestação de um mundo consumista que ignora a solidariedade”. “O jejum como valor simbólico: a força do controle da mente sobre o corpo”. “A vitória do pensamento sobre as necessidades do organismo”. Umberto Veronesi, oncólogo italiano, ex-ministro da Saúde da Itália, explica sua escolha de observar, no sábado dia 7 de setembro, um dia de jejum pela paz na Síria, no Oriente Médio e no mundo inteiro. 

Professor Veronesi, como  você vê o apelo do Papa Francisco?
Os estudos mais recentes sobre biologia e antropologia humana, e que confirmam como a natureza humana é inclinada à solidariedade e à ajuda recíproca. A violência é uma reação a situações adversas, antes de tudo a outra violência. Biologicamente a violência gera violência. Responder às armas com as armas não resolve os conflitos, mas, ao contrário, os amplia.

Você pensa realmente que a aliança entre todas as forças pacifistas mundiais, crentes ou não crentes, possa induzir o Congresso USA a deter o seu presidente?
 Vale a pena experimentar. É impensável que as armas, por mais sofisticadas que sejam, atinjam somente objetivos militares. Estamos certos que morrerão centenas de civil, muitos dos quais crianças.

O jejum como grande mobilização popular?
No mundo moderno a vontade popular é aquela que faz a história. Com a web e a globalização entramos na era da participação. É claro a todos que é um absurdo, e até mesmo um ato de crueldade, ir matar num País que já conta mais de 90 mil mortos.

Mas, como combater o uso das armas químicas?
Reagir matando com armas convencionais não é menos grave. A campanha contra a intervenção militar na Síria deve ser a ocasião para reafirmar o princípio da paz, que está prevalecendo quase por toda parte, salvo nos USA. Os Estados Unidos, com sua tradição western, continuam a ter uma atitude violenta como meio de controle e de domínio. Não é por nada que são o único País ocidental a manter a pena de morte.

Então, um jejum como jornada de reflexão?
Sim. A comida não predispõe nem à meditação nem à simples reflexão.
(Fonte: La República)

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