sábado, 7 de setembro de 2013

Ser discípul@ é saber carregar a cruz da humilhação pública, a que não não enche as igrejas e nem garante prosperidade! (Lc. 14, 25-33)

Para ser seguidor do projeto de Jesus de Nazaré é preciso possuir uma estrutura humana e espiritual adequada. Não é qualquer um que pode. O candidato tem que passar por alguns testes, e aceitar exigências um tanto radicais. No fundo, nada mais daquilo que a própria vida na sua concretude e dureza exige. No caso do seguimento de Jesus, contudo, há uma diferença substancial. Enfrentar a vida e seus desafios é algo ‘obrigatório’, - a não ser que uma pessoa faça a opção de fugir biologicamente dela, - no caso de Jesus, porém, é uma adesão voluntária e consciente. Vai quem quer e quem pode! As palavras exigentes de Jesus expostas no evangelho de hoje parecem corresponder a um esquema fixo, padronizado, elaborado especificamente para aquelas pessoas que queriam ser cristãos em todas as épocas. Ou seja, nada circunstancial, ou temporário, e sim algo válido o tempo todo. Parece existir uma preocupação de fundo por parte de Jesus, ou por parte dos seus discípulos históricos, ao selecionar possíveis futuros candidatos a seguidores do grupo cristão. A de não ‘desmoralizar’ o projeto ao qual eles se dizem dispostos a aderir. É como se o formador e selecionador exigisse por parte desses candidatos a capacidade incondicional de assegurar que irão até o fim. Que terão condições pessoais de seguir o Mestre em tudo o que Ele pede. Caso contrário, melhor desistir logo! 

As exigências que são colocadas são essencialmente duas. A primeira é colocar a construção de uma nova e mais ampla família acima de tudo. Ou seja, aceitar que Jesus e o seu projeto se tornem o espaço afetivo que possibilita a plena realização do discípulo. Perceber que ao colocar em primeiro lugar o modo de governar de Deus em Jesus, os candidatos a discípulos iriam encontrar mais mães, mais pais, mais irmãos e irmãs, e mais filhos do que aqueles que já possuíam. Em suma, ampliar e estender universalmente os afetos e não se deixar prender, - mesmo sem desprezar, - pelos afetos familiares pessoais. Isso implica, necessariamente, superar aquela visão restritiva segundo a qual os estrangeiros, os pagãos, os impuros, os doentes não podiam ser amados, por não serem o seu ‘próximo’.  Uma segunda exigência que é colocada ao candidato a discípulo parece ser conseqüência direta da primeira: saber carregar a cruz. É bem provável que o evangelista tenha tomado essa imagem ao fazer memória do que significou a cruz que Jesus carregou rumo ao Calvário, e sobre a qual foi pregado. A cruz da humilhação pública, a cruz do abandono e da impotência frente ao poder da brutalidade das instituições. A cruz que quase ninguém ajuda a carregar, que é escândalo para gregos, romanos, pós-modernos e racionalistas. Uma cruz que não é garantia de prosperidade e sucesso fácil. Uma cruz que não ajuda a encher igrejas, mas que se faz necessária carregá-la para que surja a nova humanidade.     

Pensemos, hoje, de modo especial naqueles cristãos do Iraque, da Síria, da Nigéria que são perseguidos, torturados e mortos por fanáticos e intolerantes.

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