Barra do Corda, Maranhão. Um encontro que pode ser definido histórico para a igreja católica desse Estado. Ao longo dos dias 24-25 de março, 4 dos 5 bispos em cujas jurisdições contam com a presença indígena (Grajaú, Zé Doca, Imperatriz, Viana e Carolina) e mais 30 pessoas, entre leigos, padres e religiosos, se reuniram para colocar as bases para uma futura ‘pastoral indigenista’. Uma decisão esta, tomada pelo conjunto dos bispos do Maranhão ainda no mês de janeiro, diante da necessidade de marcar presença maciça e formal junto aos povos indígenas desse Estado.
Constatava-se, com efeito, que não havia ainda na igreja local uma pastoral de conjunto a respeito, embora em quase todas as dioceses com presença indígena já existam ações voltadas para tanto. Os desafios, os conflitos, as indefinições fundiárias, a exploração madeireira em terras indígenas, o avanço do agro-hidro-negócio e problemas de toda ordem impõem á igreja um esforço conjunto para encontrar metodologias, metas, recursos humanos e estratégias ser parceira e sinal de vida para os povos originários desse Estado. Se é verdade que um trabalho junto aos povos indígenas exige preparação específica e conhecimento mínimo de suas culturas, é também verdade que a linguagem da solidariedade, do respeito, do reconhecimento da alteridade é algo possível, compreensível e realizável por todos.
A consciência da complexidade da realidade indígena, acoplada a preconceitos e racismos difusos e a formas de intolerância inaceitáveis não pode fazer desistir a igreja de sua missão de ser voz profética e sinal de contradição na sociedade como um todo. Este foi um primeiro passo formal que a igreja vem dando e que terá continuidade. Ao proceder dessa forma a igreja retoma com altivez e responsabilidade as posturas ousadas e inesquecíveis de Pe. Antônio Vieira e de outros profetas da liberdade dos povos indígenas no Maranhão.
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