sexta-feira, 23 de julho de 2010

Pai nosso!



Lucas nos apresenta a sua versão do ‘Pai Nosso’. Sintética, humana e teologicamente densa. Uma oração que não se identifica com as fórmulas estereotipadas dos fariseus. Mais que oração é uma atitude de fundo que deveria perpassar qualquer oração/ação. Ela define o que significa ser ‘filhos e filhas, seguidores do Pai Nosso!

‘Pai nosso’ – ....porque nos reinos dos ‘césares’ as pessoas se dirigiam aos monarcas chamando-os de ‘todo-poderoso’, de ‘majestade’, de ‘divino’, etc. Na Tua família onde ninguém é maior que o outro, onde só existem relações de afeto e de mútua colaboração, - e não de dependência e de subalternidade, - Tu, nosso protetor, só pode ser acolhido como pai. Um pai coletivo, de todos, mas pessoal ao mesmo tempo.

seja santificado o teu nome’ - ....pois ele revela a Tua identidade e essência. Por isso que ninguém podia pronunciar o Teu nome diretamente, para evitar que a manipulassem e a moldassem a segunda de seus próprios projetos e interesses pessoais.. O teu nome encerra o teu insondável projeto de vida/salvação para conosco teus filhos e filhas. Santificarmos o Teu nome significa reconhecer, respeitar e aprovar que o Teu projeto/essência de amor e de vida plena dá sentido à nossa existência. Nele, nós também somos santificados, respeitados e reconhecidos!

Venha a nós o Teu reino’ - ...e não o reino de César, nem de Pilatos ou Herodes, e nem de qualquer governador ou presidente! Pois o Teu reino diferentemente do deles, é reino de paz e justiça, de misericórdia e fraternidade. Nele as pessoas são reconhecidas e tratadas como filhos e filhas, e não como súditos ou escravos.

Dai-nos a cada dia o alimento necessário’ -...pois ele é sistematicamente acumulado, negado e sonegado a muitos filhos e filhas tuas. Pedimos-te o pão que preenche o nosso ser, que nos sustenta na provação, que dá força no desespero, que dá coragem no medo, que dá vigor ao desnutrido. Mas te pedimos também: dai-nos fome e sede de justiça que é a única coisa que não nos permite sonegar o pão ao nosso irmão!

Perdoa as nossas dívidas, como nós também procuramos perdoar as dos demais’ -....pois sentimos o peso da nossa intolerância, da nossa indiferença, da nossa leviandade em julgar e condenar, baseados em aparências e preconceitos. Dai-nos a humildade de reconhecer que somos devedores sim, mas de caridade, de compaixão, de amor verdadeiro. Arranca de nós a presunção de nos considerar sempre credores de tudo, para com todos!

não nos deixes cair na tentação’ -....de largar o teu projeto de vida, e de entrar na onda do reino dos césares, das facilidades e das espertezas da vida fácil, do desejo de possuir coisas, de dominar pessoas, de corromper e aceitar sermos corrompidos..

Esses são os males de que precisamos ser ‘livrados’!

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