sábado, 31 de março de 2012

Assaltos na BR 226, no trecho indígena: quando a opinião pública é burra e racista!

Ontem, 30, visitei a aldeia Coquinho a cerca de 60 km de Grajaú, situada às margens da BR 226. Duas toras de madeira que haviam sido utilizadas para bloquear o trânsito na direção Grajaú-Barra do Corda, há cerca de duas semanas atrás, ocupavam ainda metade da pista. Prontas para entrar em ação novamente, assim que ‘houver necessidade’! Não é para menos: o cacique Luciano Guajajara não tem receio em afirmá-lo em alto e bom som: ‘Nós, também, como muitos transeuntes que percorrem a BR 226 estamos cansados de tantos assaltos! Exigimos providências imediatas.’ Infelizmente, é justamente isso que não vem ocorrendo. As autoridades locais de Grajaú lavam as mãos e aumentam o coro daqueles que vêem nessas manifestações indígenas puro exibicionismo para criar álibi. ‘Afinal, - dizem, - são os próprios índios que organizam os assaltos!’ ‘É isso que mais me machuca’, continua Luciano, - ‘essa falta de consideração e estupidez da opinião pública em geral que pensa que todos os 7.000 indígenas dessa região compactuam com uma gangue que, inclusive, vem de fora do Estado ou de outras localidades para praticar bandidagem na nossa área!
Luciano garante que a polícia conhece a identidade dos criminosos. Trata-se de organizar postos fiscais na entrada e na saída da terra indígena, e munidos de mandatos de busca e apreensão destocarem aqueles que utilizam as aldeias para praticar suas ilegalidades. No momento parece existir sensibilidade por parte do Promotor local e da própria Polícia Rodoviária que conhecem a seriedade do cacique e de muitos outros indígenas da região, e estão dispostos a ajudar. Para voltar página, definitivamente.

Indústria da água

Há outras razões que foram determinantes para os Guajajara chamar a atenção pública algumas semanas atrás para o que vem ocorrendo em suas aldeias. Na aldeia Coquinho, por exemplo, - a maior aldeia da região, - o único poço artesiano existente há mais de 6 anos está avariado. Repetidas vezes a Funasa foi avisada, mas como resposta os indígenas recebiam promessas de conserto que nunca foram cumpridas. A água que desde então é fornecida mediante carros-pipa não é de qualidade, mas acaba sendo um bom negócio para o fornecedor. De fato, o transporte da água vem consumindo uma verba altíssima, o que teria permitido construir, no mínimo, outros 10 poços artesianos. Os Guajajara cansaram de ser enganados e de serem usados como ‘fonte de lucro’ para grupos sem escrúpulos. Continuam mobilizados, também porque no Coquinho como em todas as aldeias indígenas do Estado, a educação escolar vem indignando pais e alunos...

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