sábado, 19 de outubro de 2013

Outubro missionário - Pode uma paróquia ser 'missionária'?

Ao longo da história da Igreja, a instituição chamada paróquia nunca foi propriamente missionária. Ela cuidava das famílias e fregueses de um determinado território e, quase sempre numa região urbana. Os padres, inicialmente, não iam à periferia da cidade e nem ao interior. Ficavam cuidando mais do templo do que das pessoas concretas e de suas necessidades. A paróquia não estava principalmente a serviço do Reino, e sim de sua própria manutenção e reprodução.A paróquia consolidou-se aos poucos como instituição religiosa, às vezes igual a muitas outras. Tornou-se um lugar de prestação de serviços, de celebrações, de sacramentos, de registros de nascimento e de falecimentos onde tudo girava em torno da figura do padre. A estrutura da paróquia tal como se consolidou ao longo dos séculos acabou se tornando algo pesado, burocrático, hierarquizado, fechada e quase sem alma e, pior, sem nenhuma preocupação com a situação, por exemplo, de outras paróquias próximas e, talvez, mais necessitadas.  A paróquia se confundia com a cidade ou com as grandes vilas. Não havia a preocupação de ir aos lugares mais distantes e mais abandonados do mesmo território, as ‘ovelhas perdidas da casa de Israel’. Aquela população não era visitada por ninguém. Só mais tarde que entra a prática da desobriga, ou seja, permitir que os católicos possam satisfazer a ‘obrigação’ de comungar e confessar uma vez por ano, conforme rezavam os preceitos. Dessa forma não havia evangelização, mas só cumprimento de preceitos e normas. 
Esta visão começa a mudar com o Concílio Vaticano II já no início dos anos ‘60. Muita coisa mudou, pelo menos na doutrina e na teologia. Aqui na América Latina foram feitos grandes passos para que o povo compreendesse que ele, por ser batizado, possui os mesmos direitos e deveres que um padre. Que todos os batizados devem contribuir na evangelização, no anúncio e no testemunho de Jesus de Nazaré. Mais que isso: que todos têm direitos e deveres para com tantos irmãos e irmãs que não são assistidos por ninguém, e que nunca receberam o anúncio de Jesus porque não havia ninguém que o fizesse. O papa Francisco nos repetiu recentemente que a igreja toda e não somente uma parte, - aquela formada por bispos e padres, - é Povo de Deus. Um povo sempre a caminho, que se confronta, que se ajuda, que se solidariza não importa em qual território, nação, ou continente. Os documentos de Aparecida lembram que a missão nasce da afeição, da ternura, da amizade, da dedicação e não da autoridade: a missão é caridade, relações fraternas e de diálogo, estendidas a todos, sem excluir ninguém. Neste sentido, a perspectiva da paróquia missionária pode representar um caminho de renovação para a comunidade eclesial. 

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