quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Se eles pudessem, nos queimavam junto com as paredes do museu". - Carta de um funcionário do Museu Nacional

"Queimamos o quinto maior acervo do mundo. 
Queimamos o fóssil de 12 mil anos de Luzia, descoberta que refez todas as pesquisas sobre ocupação das Américas. 
Queimamos murais de Pompeia. 
Queimamos o sarcófago de Sha Amum Em Su, um dos únicos no mundo que nunca foram abertos.
Queimamos o acervo de botânica Bertha Lutz.
Queimamos o maior dinossauro brasileiro já montado com peças quase todas originais. 
Queimamos o Angaturama Limai, maior carnívoro brasileiro. 
Queimamos alguns fósseis de plantas já extintas. 
Queimamos o maior acervo de meteoritos da América Latina. 
Queimamos o trono do rei Adandozan, do reino africano de Daomé, datado do século XVIII. 
Queimamos o prédio onde foi assinada a independência do Brasil. 
Queimamos duas bibliotecas. 
Queimamos a carreira de 90 pesquisadores e outros técnicos. 

O que arde no Museu é uma parte da história antropológica da humanidade. Da história científica da humanidade. Se eles pudessem, nos queimavam junto com as paredes do museu, com o prédio em si, com as salas de onde D. Pedro II reinou, com os corredores por onde transitaram os feitores da primeira constituição da república, se eles pudessem, nos queimavam.

É imensurável o que perdemos. Eu tô engolindo o choro.'Todos que por aqui passem protejam esta laje, pois ela guarda um documento que revela a cultura de uma geração e um marco na história de um povo que soube construir o seu próprio futuro'. Era isso que vinha escrito no chão, frente ao Museu Nacional."

Rui

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