Na guerra permanente da contra-informação a Vale quer sempre se sair bem. Após o bloqueio da estrada de ferro, alguns dias atrás, por parte de um grupo de índios Guajajara, nas proximidades de Alto Alegre do Pindaré, a Vale imediatamente veio ao público afirmando categoricamente que não podia ser uma forma de represália contra ela, pois sempre havia respeitado rigorosamente o convênio que havia firmado com Funai para beneficiar as comunidades indígenas da Terra Caru, Pindaré e Awá-Guajá.
O motivo da interdição temporária da estrada de ferro foi justamente isso: a não liberação desde o ano passado das verbas previstas para tocar vários projetos nas comunidades indígenas contempladas. Ocorre que – segundo o depoimento de alguns índios – a Funai única administradora dos recursos da Vale ( 7 milhões ao longo de 10 anos) não fez a sua parte. Pelos acordos, a Funai deveria elaborar e apresentar anualmente à Vale os projetos discutidos com os indígenas e a empresa liberar os recursos em tempo hábil e após a devida prestação de conta. Provavelmente, aqui se deu o engodo!
Nesse empurra-empurra, fica patente que as duas instituições querem se beneficiar e desresponsabilizar ao mesmo tempo, quando isso lhes convém. A Funai, de um lado, precisa da grana da Vale - também porque utiliza boa parte do montante para gastos internos e ‘custeios administrativos’, - e a Vale, do outro, precisa da autarquia federal porque lhe permite aparecer como permanente benfeitora generosa dos índios.
A Vale, que no final dos anos ’90, desconfiada da transparência e da seriedade administrativa da Funai na aplicação dos seus recursos havia suspenso os repasses ao órgão federal, acabou tendo que reatar as relações em virtude da pressão indígena. Agora, a Vale faz o repasse técnico e não se sente responsável em monitorar e fiscalizar a correta aplicação de recursos que, afinal, não passam de propina para manter quietos os rebeldes e imprevisíveis indígenas.
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