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| Aldeia Taboca - T.I. Bacurizinho: montagem do ralador de mandioca |
'Faz mais de ano que não compramos mais farinha do outro lado do Enjeitado, na terra dos brancos! Depois que chegou o ralador de mandioca que vocês nos presentearam no começo do ano, nunca mais gastamos um real para comprar farinha. Aqui todo o mundo tem mandioca plantada e já no ponto para ser transformada em alimento. Graças a Deus o inverno também nos ajudou. E este ano promete bem. Nem maniva vamos precisar comprar ou pedir, pois todo mundo aqui tem a sua para plantar....' Com essas palavras o cacique da aldeia Taboca da terra indígena Bacurizinho resumiu a pequena, mas significativa revolução alimentar, ocorrida na sua aldeia. Os invernos fracos e a persistente seca que durava há mais de 4 anos havia jogado o povo Guajajara da região na lona. Abandonados e desassistidos por aquela que um dia foi chamada de mãe, a FUNAI, - hoje, inexistente e inoperante, - os Guajajara da região, com um pequeno incentivo da Pastoral Indigenista de Grajaú e da Associação Carlo Ubbiali, vêm dando um novo ritmo às suas vidas. Uma parceria até agora vitoriosa em que a comunidade se compromete a construir um pequeno aviamento, casa de farinha, e a igreja católica em contrapartida, fornece um ralador de mandioca, garantindo um suporte mínimo na hora do plantio, como fornecimento de manivas (mudas de mandioca) e, em alguns casos, ferramentas básicas (foices, facão....) Além disso, foi aceita como condição básica consensual o uso coletivo do ralador que jamais deverá ser considerado um patrimônio exclusivo de uma família ou de uma comunidade. A pequena máquina deverá estar a serviço das famílias e das aldeias mais próximas que precisarem. É só o pontapé inicial para que a própria comunidade assuma, com autonomia, a coordenação e a direção do empreendimento. Várias famílias fortalecidas e confiantes nessa parceria passaram a investir mais intensamente na produção de alimentos, ampliando significativamente suas roças....e com mais variedade. Ha muito caminho a se fazer, muitos sonhos a serem realizados, muitas expectativas a serem cumpridas, mas o horizonte da superação da carência alimentar, vem ficando mais claro e, talvez, mais próximo....
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