terça-feira, 20 de agosto de 2013

Black Bloc e democracia - Uma opinião

.....Lutar pela conquista de direitos humanos e sociais, o que inclui serviços públicos gratuitos e de qualidade, é legítimo e fundamental. Mas essa luta deve ter pautas claras, com lideranças ou, ao menos, porta-vozes, que possam negociar com os agentes públicos. Não há democracia sem negociação..... Assim sendo, deve existir quem negocie em nome de grupos, setores ou classes. Os adeptos da tática Black Bloc pregam a depredação do patrimônio privado de grandes empresas (tendo como alvos preferenciais, no Brasil, as agências bancárias e concessionárias de veículos). Fazem isso como ação simbólica de ataque às corporações capitalistas e, em última instância, ao capitalismo como sistema. Além de empresas privadas, em meio à revolta, o patrimônio público também tem sido atingido, desde as manifestações de junho. Em nome de quê, em uma democracia, se depreda patrimônio público? Ao mesmo tempo, seus integrantes desqualificam as instituições da democracia representativa e do Estado. Conforme a afirmação de um ativista do Black Bloc (Carta Capital, n. 760): “Não me sinto representado por partidos. Não sou a favor de democracia representativa e, sim, de democracia direta”. É de se perguntar se a tática Black Bloc é compatível com a democracia, ainda que qualificada de “direta”!O anonimato e os rostos cobertos contribuem para a democracia? Como distinguir, nesse mar de pessoas de preto, ativistas anti-capitalismo de policiais infiltrados e ou militantes fascistas e neonazistas? Pelo que se pode ler em sites dos Black Bloc na internet, só há a rejeição radical ao capitalismo. Destruir e, depois, construir o quê no lugar? Eles não têm essa resposta...... Mas a direita neoliberal e a direita neofascista têm projeto, ainda que só a primeira, de fato, tenha articulação e apoio de certas parcelas da sociedade para voltar ao poder, com o auxílio, meio oculto, da segunda, que é acanhada, mas perigosa. Como se sabe, historicamente, em épocas de convulsões sociais, a direita se une. E as esquerdas têm a obrigação de não se esquecer disso. (Fonte:Kátia Gerab Baggio)

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