Ontem dia 30 na Assembléia Legislativa do Maranhão a deputada Helena Heluy se despediu da vida parlamentar. Decisão pessoal. Para respeitar e tirar o chapéu. As manifestações de carinho, de apreço e estima foram inúmeras. E vindas de vários segmentos da sociedade. Sinceras e singelas. Sem muitas decorações e bajulações. O parlamento estadual vai perder sim uma ‘figura’ que tentou enaltecer o papel daquele que costumeiramente é definido como ‘representante do povo’. Contra a mediocridade e a submissão da maioria dos colegas parlamentares da deputada. Helena acabou desempenhando um papel que só ela fazia nesse Estado: dar voz a todas as reivindicações genericamente definidas populares. Fez ecoar na Assembléia a voz dos quilombolas, dos indígenas, dos lavradores, das mulheres, dos menores, dos presos, e dos movimentos e instituições que os apóiam. O fez de forma altiva, sem inibições, sem fazer média, sem se importar com os comentários dos colegas deputados. Afinal, Helena não tinha nada a perder. Não fazia parte do esquema. Foi uma das poucas deputadas que para se eleger e re-eleger não entrou no esquema feudal de grupos de prefeitos que se associam entre si para eleger um candidato a deputado com a bênção de algum deputado federal e algo mais....Os dela foram votos esparramados, soberanos, sem receberem em troca alguma benesse concreta e imediata por parte dela. Agora cabe uma pergunta: quem dentro do Parlamento Estadual irá ocupar o seu lugar? Quem assumirá o papel de emprestará voz e espaço para que os esquecidos desse Estado se sintam de fato representados?
O momento culminante, contudo, da solenidade, foi a exibição da peça teatral ‘Que trem é esse?’ do grupo do Jupaz (Juventude pela paz) de Açailândia e Piquiá. Ao relatar o drama das populações que ficam à margem do trem da Vale quiseram lançar para a platéia não somente um grito de indignação contra o monstro da mineração e suas falsas promessas, mas também um convite para que cada cidadão e cidadã, representado ou não na assembléia ou no congresso, se sinta responsável pelo futuro desse Estado. Para que surja mais ‘justiça nos trilhos’, na família, na empresa, na escola, na igreja, na assembléia....