Parece-nos incompreensível amar alguém que não vemos e de quem pouco ou nada sabemos como é o caso de... Deus! Diferente é quando acreditamos firmemente que o Deus que 'ninguém viu' - como nos lembra João, - se torna presente e visível nas suas criaturas. Deus pode ser amado só mediante o amor àqueles que vivem a nós 'próximos', bem à nossa frente! Quem afirma que é suficiente amar só Deus sem se preocupar em amar também as suas criaturas denota um grave desvio mental. É o absurdo de tantos devotos metidos a pastores e evangelizadores que, em nome de Deus, incentivam a exclusão, a manipulação e até o massacre daqueles que não creem em Deus e que, portanto, não poderiam e nem saberiam amá-Lo! Eles esquecem que os massacrados, os famintos, os doentes que vivem ao nosso lado, e os esquecidos da sociedade e das igrejas são, de fato, o verdadeiro templo-sacrário da presença visível e amorosa de Deus! Ao negligenciar e atentar contra a integridade física e moral desses 'nossos próximos', esses profanadores manifestam que, simplesmente, odeiam o Deus em que dizem acreditar! E, tampouco, a obediência escrupulosa às leizinhas e preceitos religiosos, que eles mesmos criam, seria garantia de piedade e amor a um Deus que quer 'misericórdia e compaixão e não sacrifício!'
sábado, 28 de outubro de 2023
quarta-feira, 25 de outubro de 2023
Quando o 'NÃO DITO' da imprensa contribui para naturalizar as arbitrariedades e a 'negação da verdade'!
Muitos setores da mídia tupiniquim local não deixam de surpreender a cada dia. Na cobertura de fatos e acontecimentos, além de uma seleção prévia para decidir qual deles merece ser publicado, parece existir uma abordagem padronizada que reflete parcialidade, ideologização e preguiça investigativa. Alguns casos recentes ocorridos no Maranhão dão provas do escasso profissionalismo. Uma rápida análise de algumas versões veiculadas sobre dois acontecimentos, em particular, tendo como foco a morte de um indígena e uma operação policial numa aldeia, fazem emergir alguns elementos comuns do ‘modus operandi’ de alguns setores da imprensa local que nos preocupam. Vejamos.
1. Os veiculadores de notícias, em geral, afirmam que ‘possuem suas próprias fontes’ como se isso fosse suficiente e já bastasse para garantir a sua absoluta e inabalável veridicidade. Outra fonte informativa não inscrita em suas ‘listas fechadas’ parece suscitar, de imediato, desconfiança e, em muitos casos, a depender dos interesses em jogo, é sumariamente descartada sem a devida investigação. Acredito que o ofício de transmissor de informações, que queira ser razoavelmente imparcial e rigoroso, a respeito de um determinado acontecimento impõe a escuta e a apuração dos diferentes atores que entram em jogo, algo que exige paciência, habilidade e profissionalismo. E, na situação real em que isso se torna inviável, por uma serie de motivos, caberia uma breve nota ou janela, à margem, dando voz ao ‘outro lado’, se assim ele o desejar, algo que, infelizmente, é sistematicamente ignorado em inúmeros casos. Já houve casos, por exemplo, em que uma fonte externa ao veiculador de notícias ao chamar a sua atenção para corrigir ‘quantidades e tamanhos’ errados veiculados, portanto, dados oficiais, ouviu respostas irônicas e deselegantes porque a ‘sua fonte confiável’ não poderia, jamais, repassar dados...errados!
2. Um segundo elemento que se destaca na cobertura jornalística parece ser a de uma permanente e velada ‘solidariedade político-moral’ com um dos atores de um determinado acontecimento, em geral, corporações e/ou instituições, em detrimento de ‘pessoas físicas’ a não ser que estas representem algum tipo de ‘bandeira’ com que a imprensa se identifica. Concretamente, ao dar cobertura a uma operação policial, por exemplo, em geral a corporação policial é apresentada quase sempre como ‘a mocinha’ a ser sistematicamente defendida e justificada, em que pesem eventuais abusos e arbitrariedades cometidas por ela. Para satisfazer a fome popular de ‘notícias policiais’, os delegados de polícia, em geral, são, sistematicamente, procurados pela imprensa, e acabam se constituindo como ‘fornecedores confiáveis’ de informações de primeira mão e/ou exclusivas. A ‘suposta vítima’ que, contudo, sofreu agressão, violência, ou foi negligenciada por parte da corporação policial para poder merecer a devida atenção por parte desses setores da mídia, em geral, deve ser ‘totalmente íntegra’, caso contrário é ignorada ou, pior, apresentada como a ‘vilã’, em que pesem os abusos sofridos. Se um jovem indígena, por exemplo, ao conduzir uma moto é vítima de descaso e negligência alheia que chegam a causar a sua morte, quando a imprensa descobre que, porventura o indígena é de menor a ‘notícia da morte’ produzida por atos de irresponsabilidade externa, parece perder força impactante. O interesse em divulgar a notícia diminui ou até desaparece, e a atenção do veiculador da informação parece ser desviada pelo elemento da ‘situação ilegal’ da vitima que não ‘deveria’ estar dirigindo a moto por ser de menor. Evidente que ao afirmar isso não se quer ‘justificar a ilegalidade formal’, mas mostrar como a tragédia da morte de um jovem causada por um fazendeiro irresponsável passa em segundo plano e parece perder força denunciante e impactante. Ou, num caso mais recente, (veja postagem anterior) setores da imprensa se omitem em relatar que a Polícia Civil para prender um cidadão acabou criando pânico, terror e arbitrariedades de todo tipo numa pequena aldeia do Maranhão. O foco era, para eles, a detenção de um cidadão supostamente envolvido num assassinato, e não o 'modus operandi' da polícia foi abertamente ilegal e arbitrário! Dessa forma a 'imprensa' naturaliza o arbítrio e o 'estado de exceção' em pleno 2023!
Evidentemente, o que se coloca não são dados científicos ou frutos de análises muito elaboradas. São meras impressões, mas que não deixam de ter suas raízes em muitas observações sólidas. Acredito que não se trata de exigir imparcialidade e objetividade absolutas no exercício desta profissão tão complexa em que, muitas vezes, o próprio profissional é ‘censurado ou podado’ pelo responsável da edição final, mas de garantir a veiculação das diferentes versões, reações, posições dos principais atores que estão envolvidos num determinado acontecimento. Constata-se, com efeito, que a omissão de certos detalhes e dados, ou seja, o ‘não dito’ ou ‘o dito’ de forma unilateral, contribuem, frequentemente, a potencializar opiniões distorcidas e ‘modus pensandi’ muito mais perigosos do que as fake!
segunda-feira, 23 de outubro de 2023
Fogo continua queimando a Terra Indígena Alto Turiaçu
Indígenas e brigadistas estão tentando controlar um incêndio florestal que já dura um mês no Maranhão. Uma cortina de fumaça encobre a floresta nativa. As chamas se alastram no meio da mata causando a morte de muitos animais. A Terra Indígena Alto Turiaçú abrange uma área de 531 mil hectares no oeste do estado, onde vivem mais de 4 mil indígenas das etnias Kayapó, Tembé e Awá-Guajá. São três focos de incêndio que começaram em áreas degradas pelo desmatamento. "Segundo os indígenas, veio de fora, esses focos, por queima de pastagens e aí se alastrou para dentro do território que até agora está queimando. Os indígenas estão muito preocupado de ver suas caças ali morrendo, sendo queimada pelo fogo", diz Rosilene Guajajara, secretária-adjunta dos Povos Indígenas/MA.
O fogo avança sobre a floresta que guarda a maior biodiversidade do bioma amazônico em terras maranhenses. Dezessete indígenas do grupo Guardiões da Floresta tentavam, sozinhos, combater o incêndio. Eles abriram caminhos no meio da mata para facilitar o acesso, mas falta equipamentos suficientes para o trabalho. Por causa do calor e da fumaça, alguns indígenas adoeceram. "Está sendo muito complicado, muito perigoso. Os guardiões adoeceram de gripe, diarreia”, conta um indígena.
Na sexta-feira (13), os guardiões fizeram vídeos pedindo apoio ao governo do Maranhão para salvar a floresta. Depois do apelo, 31 agentes do Corpo de Bombeiros, do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade foram encaminhados para a Terra Indígena Alto Turiaçú. Povos de outros territórios indígenas também se juntaram aos guardiões para combater o incêndio. Segundo os indígenas, o fogo já consumiu cerca de 20 km de florestas – que, até então, era uma das mais preservadas no estado. (Imirante)
Operação policial invade aldeia na T.I. Canabrava, arromba casa e prende cidadão sem mandado judicial
‘Parecia uma operação de guerra!’ Assim os indígenas da Aldeia Canafístula se expressaram ao descrever a operação policial desencadeada quinta-feira passada, 19, às 06:00 h. da manhã e surpreendendo os ainda sonolentos moradores. Enquanto o ruído de um helicóptero do GTA (Grupo Tático Aéreo) se aproximava e sobrevoava as poucas casas da aldeia do povo Guajajara na terra Indígena Canabrava, às margens da BR 226, no município de Jenipapo dos Vieira, entre Barra do Corda e Grajaú, Maranhão, várias viaturas da Polícia Federal, Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal vindas de São Luís tomavam de conta da entrada e da saída da aldeia. Mais de 10 policiais de forma sincrônica e fortemente armados arrombaram, primeiramente, uma casa ocupada, naquele momento, por duas crianças indígenas ainda sonolentas. A criança de 10 anos tomada pelo pânico, ao ver os policiais invadindo a sua casa chorava copiosamente e dizia que nada tinha feito e que não queria ser presa. Os policiais reviraram tudo e nada encontraram na casa, mas fizeram questão de levar para a delegacia também a criança, provavelmente achando que estava sendo abandonada, ou no intuito de verificar quem fossem, posteriormente, seus pais. Em seguida, invadiram outra casa, a do senhor Francisco Alves Lima, 60 anos, que estava tomando café e se preparava para ir à roça. Os policiais entrando na cozinha pela porta dos fundos sem apresentar qualquer tipo de mandado judicial, ou ordem de prisão, detiveram-no diante da esposa e dos dois filhos. Os moradores visivelmente chocados com a macabra exibição policial observavam de longe a movimentação, com surpresa e espanto. O cunhado do Sr. Francisco Alves Lima, um indígena Guajajara, irmão da esposa que, muito preocupado, acompanhava mais de perto a ação policial, também foi detido e levado com o cunhado para a Delegacia de Barra do Corda por ter insistido em acompanhar de perto a ação. Além dos dois homens, a polícia levou dois carros, uma moto e uma espingarda por fora que pertenciam ao Sr. Francisco. Posteriormente, os veículos foram devolvidos, inclusive a moto, mas não os relativos documentos. Também o cunhado do Sr. Francisco foi posto em liberdade, no mesmo dia, pagando, inexplicavelmente, uma fiança de R$ 1.750,00. Os indígenas observaram que durante a operação um carro preto com vidros fumês acompanhava tudo de longe e sendo escoltado por um policial armado que impedia qualquer tipo de aproximação.
Mal-entendido?
Somente ao chegar à Delegacia de Barra do Corda, o delegado da Polícia Federal que conduziu o Sr. Francisco deu-lhe ordem de prisão. O motivo seria porque ele teria dado proteção, durante alguns dias, a um cidadão de nome Manoel Bruno Macedo Lima Diogo acusado de estar envolvido no assassinato de um advogado de Grajaú, o Dr. Ricardo da Luz, ocorrido em dezembro de 2022 em Itaipava de Grajaú. Ocorre que esse cidadão vinha pedindo trabalho braçal em várias aldeias e encontrou no Sr. Francisco uma pessoa disposta a lhe oferecer algumas diárias. Pelo que se sabe, o Sr. Manoel tem várias passagens pela polícia e, segundo informações dos indígenas da aldeia ele comparecia mensalmente no Fórum para assinar um termo de comparecimento exigido pela Justiça local. Os indígenas negam veementemente que o Sr. Francisco conhecia o Sr. Manoel e sua situação perante a justiça, de forma que não poderia ser acusado de cumplicidade ou de oferecer guarida a um foragido. No presente momento o Sr. Francisco Lima se encontra preso na delegacia de Barra do Corda com problemas de pressão alta e sem ter condições de arcar com os gastos da sua defesa. Os indígenas da Aldeia Canafístula continuam vivendo sobressaltados, pois correm boatos que outras pessoas da aldeia serão ouvidas, e também porque eles vêm notando que há um carro vermelho que frequentemente monitora a aldeia, indo e vindo, e parando várias vezes na entrada da aldeia, no claro intuito de intimidar os moradores. O cacique da aldeia, Rogério Guajajara, tio da esposa do Sr. Francisco, lamenta que a FUNAI nada sabia da operação policial que ocorreu em ‘Terra Federal’ e nada vem fazendo para esclarecer o caso, mas, principalmente, para condenar os abusos e as arbitrariedades policiais cometidas na sua aldeia. Apelam desesperadamente, para que a Secretaria Estadual dos Direitos Humanos compareça na área e, principalmente, na Delegacia de Barra do Corda e identifique os policiais responsáveis que vêm causando terror e medo na pacata aldeia Canafístula.
Operação policial com casa arrombada e invadida na aldeia Canafístula |
domingo, 22 de outubro de 2023
29º domingo comum - Devolvam aos Césares a mesquinha moeda de sua 'falsa riqueza' (Mt 22,15-21)
Nunca como hoje é imperativo deixar claro ‘o que é de Cesar e o que é de Deus’! Aos Césares que se arvoram em senhores absolutos da humanidade é preciso lhes devolver a moeda que produz empobrecimento e miséria planetária: o seu sistema econômico e monetário, a necropolítica de corrupção e de dominação, de violência e de terrorismo institucionalizados. A eles devemos devolver a moeda da responsabilidade penal por ter tornado inviável a vida de milhões de seres vivos nesse planeta. E por tentar privatizar e se apropriar de bens que eles nunca produziram! A Deus e a seus pobres a quem pertence o ‘Reino’ devemos reconhecer o que é, efetivamente, Dele: o ar e o sopro da vida, os mares, as lagoas, as nascentes e os rios de água cristalina para todos; as terras férteis e os desertos, as colinas e as montanhas, as matas e o sertão, o ouro, a prata e todo minério. Algo que jamais pode ser mercantilizado e trocado. A Deus pertencem a dignidade e a vida de todo homem e toda mulher, de qualquer tipo de ‘raça, cultura, religião e opção sexual’. Seres amados que jamais podem ser escravizados, violados, oprimidos e mortos por qualquer ‘César’ desse universo! A Deus pertencem, enfim, os próprios Césares, pequenas moedas humanas que se acham deuses!
domingo, 15 de outubro de 2023
28º Domingo comum - Sem medo de comer no mesmo prato 'vestindo a camisa da compaixão'! (Mt.22, 1-14)
Na tradição bíblica participar de um banquete não era uma mera oportunidade para matar a barriga da fome, mas para estreitar laços de comunhão e de fraternidade. Desde o início da sua missão o próprio Jesus foi acusado de ser um ‘comilão e beberrão, amigo de publicanos e prostitutas’. Aceitar o convite para um banquete significava comunhão íntima e ausência de qualquer tipo de inimizade entre os convidados. Dessa forma entendemos porque Jesus na parábola hodierna acusa a elite do templo de ter sempre recusado o convite do Pai em sentar à mesma mesa. Afinal, os arrogantes e intolerantes do templo ao acolherem o convite deveriam, necessariamente, se confrontar com aqueles pecadores e impuros que condenavam, e tendo que fazer comunhão com eles. Daí, a recusa. Jesus deixa claro que quem não está disposto a sentar à mesma mesa e comer o mesmo pão com todas as pessoas, perde a sua vaga. Deixa de ser um escolhido/eleito! A chance será oferecida a ‘bons e maus’, venham de onde vierem que aderirem ao convite. Uma condição, contudo, é pedida a todos: que TODOS vistam a camisa da tolerância e da compaixão do ‘dono da festa’! Tristemente, ainda hoje, os descendentes das prepotentes elites de Israel continuam a boicotar o convite para o BANQUETE DA PAZ e vestindo roupas cheias de sangue!
sábado, 7 de outubro de 2023
27 domingo comum - Cansou de amar, já era! (Mt.21,33-43)
Amor intenso e permanente unidirecional não retribuído pode morrer por inanição. Amar incansavelmente sem receber nenhum sinal em troca desmotiva e cansa. Ou existe um mínimo de reciprocidade que o alimenta ou ele pode ser direcionado a outros. A força e o desejo de amar não desaparece, simplesmente é direcionado lá onde há pessoas que o valorizam. E não por isso quem amou passa a odiar quem não soube se alimentar daquele amor. Jesus nesta parábola resgata a sua relação de amor e de dedicação para com o seu próprio povo. Atitudes de compaixão e ternura que não foram valorizadas, ao contrário, foram distorcidas e rejeitadas. Não sobrou outra saída para o Mestre se não a de dirigir a sua capacidade de amar aos descartados e marginalizados de dentro e de fora de Israel. Os supostos eleitos por Deus deixam o lugar aos excluídos e pagãos. Os frequentadores e igrejeiros são suplantados por aqueles que nunca pisaram num templo. São estes que ao se sentirem pela primeira vez amados e não julgados iniciam a reproduzir novas relações de acolhida e comunhão. E não se cansam de amar quem os ama!