sábado, 26 de outubro de 2019

30º Domingo comum - Chega de santos de pau oco! Queremos humanos que vivem a religião da compaixão e da humildade e não das liturgias vazias(Lc. 18, 9-14)

A religião ‘ópio dos povos’ é aquele conjunto de ritos e normas voltado exclusivamente para um fantasmagórico Deus criado à sua própria imagem e semelhança. Religião de verdade, não alienante, é, ao contrário, um conjunto de ações que visam a humanizar as pessoas, em conformidade com o projeto do ‘Deus Humano’. Os ‘piegas-dependentes’, ou os santinhos de pau oco, acham que obtêm proteção e bênção divina ao cumprirem obrigações litúrgicas e rituais que eles próprios criaram, achando que estão agradando a Deus. A ‘religião-religação’ deles não contempla a presença-existência de seus pares humanos. Não criam redes de ‘ligação e religação’ afetiva e efetiva com a grande família humana. São autênticos ‘fariseus’, ou seja, ‘separados’ do restante da família. Mais que isso. Olham e julgam seus pares a partir da sua separação, da sua suposta ‘pureza legal, da sua consciência limpa’. A hipocrisia, a camuflagem, a falsidade se tornam expressões de um estilo de vida neurótico e esquizofrênico. Vão, frontalmente, na contramão daquilo que Jesus pregava e fazia. 

Na parábola do ‘fariseu e do pecador público’ – expressão de dois extremos opostos, - fica claro o binômio ‘arrogância religiosa e intolerância’ com ‘pecado e humildade-misericórdia’. Aquele que se acha mais santo é, para Jesus, o mais pecador. E aquele que se acha pecador acaba se tornando, para Jesus, o mais santo. Santo é o publicano, para Jesus, não porque deixou de praticar o mal, mas porque tem consciência que suas ações estão prejudicando outras pessoas, e com humildade pede a Deus a mudança de coração, e de prática. Já o fariseu, o santo de pau oco, por achar que não deve mudar nada, e por não ter nenhum tipo de compromisso com a família humana, se coloca à margem, e se autoexclui. Deixa de ser um verdadeiro ‘religioso’ que liga e religa, tece e costura redes de solidariedade com as pessoas que mais precisam de ajuda e apoio. Paradoxalmente, hoje em dia, encontramos os verdadeiros praticantes da religião fora dos templos, e longe das belas liturgias. Os verdadeiros religiosos costumam falar muito pouco de Deus e, ao contrário, mostrar a Sua compaixão intensa e atuante em pequenos gestos de dedicação, de generosidade, de atenção delicada e de assistência oculta para com inúmeros humanos invisíveis. 

sábado, 19 de outubro de 2019

29º domingo Comum - A fé intensa e persistente de uma viúva faz com que a 'justiça de Deus' não tarde e nem falhe! (Lc. 18, 1-8)

Às vezes, o tamanho das injustiças é tão grande que nos sentimos impotentes e incapazes de reagir. Frequentemente, ao ver que quem pratica todo tipo de injustiça permanece sempre impune nos faz desistir de lutar. E somos tentados em não acreditar mais que um dia será possível ter uma sociedade realmente justa. Jesus já havia constatado isso ao seu tempo, e percebia, entre os seus, o desânimo e a decepção. No evangelho de hoje o Mestre pede para que os discípulos, - através da oração constante, - não desistam em acreditar que Deus ‘fará justiça aos seus’! O objetivo da narração não é tanto motivar os discípulos a ‘orar’, mas a continuar a ‘crer’ que Deus não abanda os seus filhos. O modelo de pessoa insistente, inconformada, persistente que busca justiça é o de uma viúva. Essa pessoa, aparentemente, sem poder algum, sem ter como pagar advogado, sem ter marido ao seu lado,  sozinha, armada somente de coragem e ousadia exige justiça a um juiz insensível e soberbo.
Ela consegue obter justiça não porque o juiz se converte, mas porque ela, não desistiu de correr atrás da justiça. Foi a sua fé intensa que permitiu que o impossível se tornasse possível. Deus permanece fiel ao que prometeu, e a viúva o provou. Mas nós temos, hoje a mesma fé persistente da viúva para enfrentar as injustiças que assolam o nosso País? A pergunta final de Jesus nos questiona diretamente; ‘quando o Filho do Homem, Jesus, vier, encontrará fé na terra?’....Ou nos encontrará desacreditados e conformados, abraçados aos que cometem as injustiças?  A resposta não se dá mediante palavras, com um 'sim' ou um 'não', mas com opções e testemunhos coerente de luta, de teimosia e de ousadia por justiça para tantos e invisíveis 'injustiçados'. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Ministro Gilmar Mendes denuncia a Lava-Jato como uma máquina de provas ilícitas. Vai ter cadeia para os procuradores ou vai vigorar a impunidade????

Os procuradores da Operação Lava Jato de Curitiba se utilizaram de “uma verdadeira máquina de provas ilícitas” para “enganar o Judiciário e o próprio STF”.

A declaração é do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, realizada durante a leitura do seu voto, nesta quarta-feira (2), no julgamento da Corte sobre a formulação de uma tese para servir de orientação ao sistema de Justiça, após o Plenário decidir que os delatores têm o direito de falar após os delatados. “Ao contrário do que se poderia imaginar, nenhum projeto de combate à corrupção estrutural está imune a abusos de poder por parte dos imbuídos da tarefa persecutória”, destacou o ministro.

Gilmar chamou atenção da Suprema Corte sobre “o tratamento indulgente”, ou seja tolerante, a respeito dos “desvios de legalidade cometidos por agentes do Ministério Público e do próprio Poder Judiciário”, desvios esses “não compatíveis com um sistema de Estado de Direito”. “Precisamos aprender a progredir com os nossos equívocos do passado”, arrematou. O ministro citou as mensagens obtidas pelo portal The Intercept Brasil, que vem revelando uma série de ilegalidades praticadas tanto pela força-tarefa da Lava Jato, quanto pelo então juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça no governo Bolsonaro. “Em diversos momentos, o magistrado [Sergio Moro] direcionou a produção probatória nas ações penais e aconselhou a acusação, inclusive indicando testemunhas e sugerindo a juntada de provas documentais. Quem acha que isso é normal, certamente não está lendo a Constituição e nem o nosso Código de Processo Penal”, observou Mendes.

O princípio da imparcialidade do juiz também é uma exigência do Código de Ética Da Magistratura, que no capítulo III, artigos 8º e 9º, destaca que “o magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a verdade dos fatos, com objetividade e fundamento, mantendo ao longo de todo o processo uma distância equivalente das partes, e evita todo o tipo de comportamento que possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito”. (GGN)

O fundamentalismo e a 'Mão de Deus' na vida do ministro Roberto Barroso e do procurador Dall' Agnol - Por Luís Nassif



Uma das facetas mais curiosas do fundamentalismo religioso brasileiro são os chamados fundamentalistas hi-tech. Transitam em ambientes pretensamente modernos, têm-se em conta como agentes da modernidade e da civilização, e são uma espécie de Antônio Conselheiro às avessas.  O original foi tocado pela mão de Deus para salvar os pobres e descamisados. Os novos Conselheiros receberam a missão de salvar o Brasil dos pobres e descamisados. São imbuídos do mesmo espírito redentorista dos velhos bruxos. Ao contrário dos demiurgos, ambicionam prazeres muito mais terrenos. Ou seja, são tocados pela mão de Deus para salvar o país, mas querem sua parte em compensações mundanas imediatas.

De Deltan Dallagnol já se sabia dessa face, meio mística, meio argentária. No caso de Luis Roberto Barroso, o livro “Os Onze”, de Felipe Recondo e Luiz Weber, sobre o STF (Supremo Tribunal Federal) relata como sua supina vaidade foi crescendo até o ponto de, em certo momento, ver a mão de Deus conduzindo seu destino manifesto, de pregador do novo iluminismo. O toque divino veio através do médium João de Deus. Diagnosticado com câncer, Barroso foi se tratar com João, e Deus mandou o recado: “Você não vai morrer: você tem uma missão a cumprir” (página 209). E Barroso, que se pretendia um seguidor terreno de Joaquim Nabuco, Ruy Barbosa e San Tiago Dantas, foi literalmente para o além. Tornou-se um pregador, não no deserto, mas nos salões. E com belos cachês porque, afinal, não é todo dia que os fiéis podem falar diretamente com um ungido de Deus.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Índios Ka'por, Guajajara e Awá são ameaçados por invasores de suas terras.

Lideranças das etnias indígenas Ka’apor, Guajajaras e Awá-Guajás divulgaram neste fim de semana um pedido de ajuda às autoridades. Os índios afirmam que estão sendo alvo de ameaças de madeireiros que estão instalados dentro da área indígena. No município de Zé Doca, a 302 km de São Luís, o clima é de tensão após os índios realizarem a apreensão de quatro caminhões, duas motos e uma moto serra que estavam sendo utilizados na extração ilegal de madeira das terras indígenas. As três tribos fazem parte de um grupo chamado “Guardiões da Floresta” que é formado com o intuito de proteger a natureza. Eles evitam invasões de madeireiros, incêndio e durante uma ronda na terra indígena, eles encontraram acampamentos de madeireiros e veículos usados para transportar a madeira.

Em 2013, houve uma operação na terra indígena Awá de retiradas de pessoas que viviam irregularmente dentro da área. As terras já haviam sido loteadas e vendidas ilegalmente, muitas fazendas já haviam sido construídas na área. Através de uma ordem da Justiça Federal, a operação foi realizada, mas pouco tempo depois, as áreas voltaram a ser ocupadas e desmatadas. Os índios pediram ajuda e afirmam que estão sendo ameaçados durante as rondas e apreensões pelas áreas. O Governo do Estado disse que a proteção das terras indígenas e dos índios é de responsabilidade do Governo Federal e que o Ibama, a Funai, a Secretaria Estadual de Segurança Pública e a Polícia Militar do Maranhão já foram notificados para que as devidas providências sejam tomadas.

O Governo do Estado disse ainda que este não é único caso de ameaça dos índios nos territórios indígenas do Maranhão, e que no último dia 23, o secretário de direitos humanos, Francisco Gonçalves, oficiou o ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobre a situação das terras indígenas no estado do Maranhão. Por meio de nota, a Funai afirmou que há cooperação entre os guardiões indígenas e as instituições de fiscalização e que as informações coletadas por eles, foram passadas ao órgão, IBAMA, PF e Secretaria de Segurança Pública do Maranhão.(G1)