segunda-feira, 30 de setembro de 2019

PAI NOSSO - Não multipliqueis as palavras, porque o PAI VOSSO sabe o que vos é necessário, antes mesmo que vós lho peçais (Mt. 6,8)


A ‘Oração’ do Pai Nosso é transformadora somente se for acompanhada por atitudes e escolhas de vida concretas. Por posturas profundamente evangélicas que devem ser iniciadas agora! O ‘Pai Nosso’ não é uma ‘varinha mágica’ para obter sorte, como nos lembra Francisco. Ou uma ‘reza forte’ que repetida incansavelmente nos livra de ameaças e perigos. É, ao contrário, um compromisso real em realizar, - nós mesmos, aqui e agora, - o que, frequentemente, pedimos ao Pai. Nesse sentido, a ‘oração-projeto de vida’ do Pai Nosso nos ajuda a compreender e a vivenciar a verdadeira dimensão da ‘oração’ praticada por Jesus de Nazaré. 

Muitas pessoas fazem a experiência angustiante de suplicar Deus‘com fortes gritos e lágrimas’ para que Ele cure um filho, ou uma mãe, ou uma irmã gravemente doente. E, apesar disso, a pessoa amada e ‘recomendada’ morre sob seus olhos impotentes. Alguns se revoltam e responsabilizam o próprio Deus por aquela morte. Aos seus olhos parece ser um sinal da indiferença e da omissão divina. Já, outros acreditam que o Pai deixou de ouvir as suas súplicas porque acham que não oraram com fé. Ou porque não se consideraram dignos de tal graça. Convenhamos, Deus que é Pai, não precisa ser alertado quando um seu filho passa por uma grave dificuldade, e nem precisa ser pressionado a intervir. Até nas nossas orações eucarísticas repetimos sistemática e incansavelmente ‘Lembrai-vos ó Pai....’ como se Deus sofresse de amnésia. Nos nossos momentos de desespero e de angústia chegamos a suplicar com a mesma insistência praticada pela ‘viúva com o juiz insensível para convencê-lo a lhe fazer justiça’ (Lc. 18,1-8), acreditando que só assim o Pai vai nos atender. Esquecemo-nos que Ele não é um Pai mal-humorado que atende só quando lhe dá a veneta. Ou, pior, só para se livrar de filhos insistentes e chatos! Tampouco Deus é um Pai surdo ao qual devemos berrar, ensurdecedoramente, nossas dores e angústias, como frequentemente fazem muitos movimentos cristãos e igrejas pentecostais. Cabe compreender, afinal, que a ‘vontade do Pai, - seja qual for a circunstância, - será sempre a de preservar a vida integral de seus filhos amados, mesmo quando eles desacreditam. 
Então, por que orar se Deus Pai não se deixa condicionar pelo tamanho da nossa fé? E nem pelas nossas rezas repetitivas e persistentes? Para que teimar em ‘ensinar o pai nosso ao vigário’ sendo que esse Pai já sabe do que necessitamos? É preciso compreender que as nossas súplicas e orações, na realidade, são dirigidas a nós mesmos! Somos nós que temos que descobrir o que realmente é importante, e o que dá sentido à nossa vida. Nós precisamos sentir, mediante a oração, a força interior e a sabedoria divina para que nós mesmos realizemos o que amiúde pedimos a Deus. 

Às vezes clamamos por algo que nós consideramos essencial, mas nada disso se realiza. Com o tempo, compreendemos que nada disso era essencial para nós. Algo bem diferente apareceu, surpreendentemente, na nossa vida, e nos preencheu plenamente. É nessas horas que entendemos o sentido da expressão popular ‘Deus sabe o que faz’! Clamamos pela cura da pessoa amada, por um emprego para um filho, ou por uma promoção para um afilhado, e ficamos decepcionados quando isto não ocorre. Com o passar do tempo, contudo, descobrimos que aquela experiência dolorosa e aparentemente frustrante serviu para nos tornar mais humanos. Abriu nossos olhos, e passamos a valorizar cada pessoa, cada momento e cada gesto de amor e de bondade da nossa vida. Percebemos, afinal, que ‘as pessoas que precisavam ser curadas e agraciadas’ éramos nós mesmos! Talvez fosse isso mesmo que Deus quisesse para nós. Tornar-nos mais solidários, mais atenciosos, mais acolhedores a partir da dor. Por isso que Jesus não propunha e nem praticava orações formais, correntes de oração, ou fórmulas repetidas mecanicamente, como os fariseus e os escribas faziam. Pedia, isso sim, que Ele mesmo e seus discípulos pudessem pôr em prática o modo amoroso de governar do Pai, pois sabia que esta era a Sua vontade!  Oração é um abandono confiante no colo de Deus Pai que sabe o que é bom para nós. E, ao mesmo tempo, é energia interior e coragem para que cada discípulo realize, aqui e agora, com todo o seu ser, o que o Pai realizaria se estivesse visível aos nossos olhos. Afinal, ‘Deus não tem olhos; ele tem nossos olhos para enxergar os sofrimentos de seus filhos. Deus não tem ouvidos; Ele usa os nossos ouvidos para ouvir e atender aos clamores de tantos inocentes. Deus não tem boca; Ele se serve da nossa palavra para denunciar os arrogantes e violentos, e anunciar a paz e a justiça. Deus não tem pernas; Ele se serve dos nossos pés para percorrer montes e vales e levar a liberdade a todos os escravos’ (Oração de um anônimo da idade média). 

(Este blogueiro escreve mensalmente no O Jornal do Maranhão da Arquidiocese de São Luís)

sábado, 28 de setembro de 2019

26º domingo comum – Aos Lázaros da vida luz e alívio; aos ‘mão-de-vaca’ tacanhos, só dor e tormento! (16, 19-31)

As pessoas que se comportam como ricas avarentas não têm condições de entender e acolher a mensagem e a prática de Jesus. Elas não partilham seu pão com o pobre simplesmente porque ‘não conseguem enxergá-lo’. O ricaço da parábola do evangelho está tão fechado e fixado em seu próprio mundo que é incapaz de ver o drama de quem vive na entrada da sua própria casa. O rico e o pobre Lázaro vivem em dois mundos distintos onde não há comunicação e nem comunhão
À distância de dois mil anos vivemos, hoje, a mesma realidade de fechamento moral e de cegueira humana e social! Jesus narra a sua parábola aos fariseus, e mais uma vez os denuncia por colocar as riquezas, - e não Deus, - acima de tudo. Para explicar o que irão experimentar ao longo de toda a sua vida, Jesus utiliza imagens próprias, bem conhecidas pela tradição farisaica. Na prática, Jesus afirma que aqueles que se comportam como o ricaço podre da parábola irão ocupar sempre a parte ‘inferior’, escura, e trágica da existência. E os pobres, como Lázaro, ocuparão a parte ‘superior’ fazendo a experiência da luz e do alívio libertador. Ironicamente, os ricos começam a enxergar os Lázaros só depois que morrem, quando não há mais jeito de mudar. Mesmo assim, eles continuam igualmente arrogantes e prepotentes. Exigem que Deus mande mensageiros e sinais aos seus familiares para alertá-los sobre os tormentos que lhes são reservados! Jesus lembra que Deus encaminha sempre inúmeros sinais e testemunhos proféticos para que eles se convertam. E conclui a sua parábola deixando claro que ‘nem que alguém ressuscitasse dos mortos’ os ricos podres iriam acreditar e mudar. Afinal, Jesus ressuscitado só pode ser reconhecido somente quando as pessoas se dispõem a partilhar o seu pão com os inúmeros Lázaros famintos, desempregados, e explorados da nossa sociedade.  Algo que os ‘mão-de-vaca’ de ontem e de hoje não fazem! 

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Dom Paloschi presidente do CIMI condena discurso agressivo do Bozo e se solidariza com Raoni Kayapó

Em nome do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) manifesto solidariedade aos povos indígenas do Brasil frente ao discurso agressivo feito pelo presidente Bolsonaro contra os mesmos durante a abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nesta terça-feira, 24. Manifestamos um desagravo especial ao líder Roani Metuktire Kaiapó, que teve a sua dignidade humana afrontada internacionalmente pelo presidente da República. Ao tratar Raoni e demais lideranças indígenas como manipuláveis, o presidente exala seu pensamento e sentimento preconceituoso e o racismo calcado na falta de conhecimento em relação aos povos indígenas no Brasil ou na sua má fé relativamente ao tema. A agressividade nos discursos do presidente da República e de membros do seu governo servem de combustível para a violência cometida contra os territórios e a vida dos povos originários, cidadãos e cidadãs de primeira hora de nosso querido Brasil.
Ao cacique Raoni Kaiapó e às demais lideranças e povos indígenas do Brasil, nossa mais profunda solidariedade.

Brasília, 24 de setembro de 2019

Dom Roque Paloschi, presidente do Cimi e arcebisto de Porto Velho (RO).

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Os Tembé do Alto Rio Guamá vivem no terror de serem atacados a qualquer hora por madeireiros. Polícia Federal do Moro não se pronuncia...

“De noite a gente não dorme direito, fica pensando nos madeireiros chegando aqui e matando a nossa gente dormindo. Por isso que a gente dorme com as armas debaixo da rede, não está bom para a gente não.” A etnia Tembé, que ocupa uma das terras indígenas mais antigas do país, enfrenta constantes invasões, principalmente de quadrilhas de madeireiros ilegais, de acordo com o Ministério Público Federal no Estado do Pará, que no início do mês solicitou uma operação urgente da PF e do Exército na região. No mês passado, quando o Pará foi um dos Estados da região amazônica a registrar alta expressiva no número de focos de incêndios florestais em relação a 2018, indígenas da tribo decidiram expulsar invasores por conta própria, o que aumentou o clima de tensão na região. “A quentura já está ficando muito quente e nós não gostamos disso”, afirmou o líder indígena Jacinto Tembé, um dos vigilantes armados da tribo.“Eles querem invadir a nossa aldeia... Nós não podemos dizer que estamos preparados para guerra, porque nós não temos poder de ir de encontro com o mundo. Eles têm arma pesada, eles têm arma boa, nós não temos, mas nós também não ficamos quietos. Nós pisamos em cima do sangue dos nossos avós, dos nossos pais que já passaram, e vamos lá, não tem jeito, vamos morrer, mas nós vamos matar também.

De acordo com o pedido de operação apresentado pelo MPF no início de setembro, há necessidade de “atuação urgente” por parte dos órgãos estatais competentes na terra indígena, uma vez que, embora a situação de conflito já seja de conhecimento dos órgãos públicos, novos relatos indicam “ter havido agravamento no risco de conflitos, com resultados potencialmente graves e imprevisíveis”.

Procurada pela Reuters, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) disse que a terra indígena encontra-se em área federal, sendo, portanto, de responsabilidade da Polícia Federal. (Reuters)

sábado, 21 de setembro de 2019

XXV domingo comum – Não se pode acender uma vela para Deus, e outra para o cão! (Lc.16,1-13)

O dinheiro em si não é nem bom e nem mau. Depende de como o utilizamos e do valor e espaço que nós lhe damos em nossa vida. Para Jesus está claro que o dinheiro é um simples instrumento, e não um fim. E que as riquezas são sempre conseguidas de forma desonesta.  A parábola de hoje é desconcertante, pois parece ser contraditória com o que Jesus pensa. Jesus elogia um ‘espertinho’ que foi pego em flagrante fraudando o seu patrão. E que para se dar bem no futuro, - após a sua exoneração, - comete mais uma fraude ao favorecer os devedores do patrão. Jesus deixa claro que a esperteza do administrador ocorre com ‘as riquezas injustas’, acumuladas desonestamente pelo patrão. A final é como se o administrador estivesse devolvendo, em parte, o que o seu patrão roubou! Jesus não exalta os desonestos, mas a metodologia utilizada pelo administrador esperto com seus pares, e que deveria ser adotada pelos seus discípulos, os filhos da luz. A saber: utilizar inteligentemente o dinheiro e as riquezas para colocá-las a serviço dos outros, de modo que quando elas acabarem, os que foram beneficiados os acolham em suas moradas. É um grande alerta de Jesus aos seus para que se sintam sempre mais responsáveis, criativos e atentos na utilização dos bens materiais. E compreender que para seguir de forma fiel e coerente o Mestre é preciso colocar em primeiro lugar o verdadeiro tesouro que conta: a Realeza de Deus e a sua justiça! E deixar para trás ambições e desejos loucos de riqueza. 

sábado, 14 de setembro de 2019

XXIV Domingo – ‘Misericórdia eu quero, e não belas liturgias, ou solenes adorações ou devotos retiros espirituais...’ (Lc.15, 1-32)


Para que promover programas sociais para melhorar a vida de pobretões, de velhos, de inválidos e de mendigos que não contribuem para aumentar a renda de uma nação? Para que gastar energias para ‘endireitar malandros e maconheiros’ que não querem trabalhar e nem estudar? Ou perder tempo em visitar e defender bandido atrás da grade, onde deveria ficar para sempre? É preferível investir e apoiar quem, efetivamente, produz riquezas e paz para a nação. É preferível acolher e acompanhar espiritualmente aqueles devotos fregueses que pagam o dízimo direitinho e não criam problemas nem para pastor e nem para padre! 
Esta parece ser a lógica majoritária de muitos cristãos, hoje em dia. Mas não foi, certamente, o modo de proceder de Jesus de Nazaré. Nas parábolas do evangelho de hoje, apresentadas por Lucas, salta aos nossos olhos o modo de agir de Jesus, que era radicalmente diferente da grande maioria das pessoas da sua época. Principalmente das elites religiosas. A preocupação do mestre era para com aqueles que não gozavam de estima e de confiança: os pecadores e os impuros da sociedade. Jesus largava tudo e todos para se dedicar a acolher, a proteger e a dar uma nova chance aos que eram considerados inúteis, ou inimigos da sociedade. Se Jesus estivesse vivendo conosco, hoje, certamente passaria a maior parte do seu tempo a resgatar jovens dependentes de drogas, ou aqueles já iniciados no mundo do crime. Seria capaz de largar as solenes e bem preparadas celebrações eucarísticas, as devotas adorações ao Santíssimo, e os empolgantes retiros espirituais para visitar, consolar e socorrer as centenas de pessoas vítimas de câncer no Hospital Geral, ou no Aldenora Belo, ou as inúmeras vítimas do HIV no Getúlio Vargas. O Deus de Jesus não quer celebração, Ele quer compaixão. Não quer obediência às regras litúrgicas, Ele quer misericórdia e amor infinito. Deus não quer templos, Ele quer corpos respeitados e venerados!

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Focos de incêndios em Terras Indígenas aumenta de 88% comparado com o mesmo período de 2018!


Entre janeiro e agosto deste ano houve um aumento de 88% em focos de incêndio nas terras indígenas do Brasil, se comparado com o mesmo período de 2018. O aumento de focos de calor em terras indígenas, levantado a partir de dados do Instituto de Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é ainda maior que o crescimento total de focos de calor registrados no país, que nesse mesmo período subiu 71%. Foram registrados, entre janeiro e agosto de 2019, 9078 focos de incêndio em 274 terras indígenas. No mesmo período de 2018, os focos de calor registrados em terras indígenas chegaram a 4827. Além do aumento no número total de focos, o número de terras afetadas também aumentou, passando de 231 terras indígenas, em 2018, para 274, em 2019 – um aumento de 18,6%.

Só neste mês de agosto de 2019, foram 4754 focos de incêndio em terras indígenas – 52,4% do identificado em todo o ano até aqui. A comparação com o mesmo mês de 2018 é ainda mais assustadora: em agosto daquele ano, foram 2036 focos de incêndio em terras indígenas – ou seja, houve um aumento de 133,5% nos focos deste mês de um ano para o outro. As análises foram realizadas a partir dos dados registrados pelo satélite Aqua/Tarde, da Nasa, cujas medições são a referência utilizado pelo Programa Queimadas, do INPE. Enquanto os registros de focos de incêndio por satélites aumentam, diversos povos indígenas mobilizam-se para combater, muitas vezes sem ajuda do poder público, as queimadas em seus territórios. Lideranças da Terra Indígena Krahô Kanela, localizada no município de Lagoa da Confusão (TO), relatam que cerca de 95% do seu território foi consumido pela queimada. A situação agravou-se nas últimas semanas: 31 focos foram registrados na terra indígena, apenas entre os dias 1º e 9 de setembro.


(Por GGN)

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Índios Guajajara, mais eficientes que a polícia do Bozo, prendem madeireiros em suas terras e entregam para a PF.

Na última sexta-feira (6), um grupo de índios conseguiu deter madeireiros que estavam destruindo suas terras, na reserva Araribóia, no sudoeste do Maranhão. No local havia 8 madeireiros e uma tenda improvisada. Os índios também encontraram uma quantidade enorme de madeira cortada e papéis com anotações sobre o controle dos trabalhos e os valores nas vendas da madeira. Os madeireiros prestaram depoimentos e estão presos na Polícia Federal de Imperatriz. Segundo depoimento de um dos homens, eles estavam na reserva Araribóia desde novembro de 2018. Na época, ele diz que cortou 300 estacas e que agora estava voltando para buscar o material e cortar mais 600 estacas. A madeira seria revendida para um fazendeiro em Açailândia. Esse grupo de índios, conhecido como “Guardiões da Floresta”, foi criado em 2008 por conta dos ataques que vinham sofrendo em suas terras. Há mais de 10 anos enfrentando e reagindo à violência dos madeireiros, o grupo ficou conhecido e desde então várias etnias estão criando grupos de autodefesa com o mesmo nome. Como estamos acompanhando, os ataques aos indígenas só têm aumentado desde o golpe de Estado e agora com o apoio do presidente fascista Jair Bolsonaro, que já se declarou inimigo do povo indígena, a situação tende a degenerar e piorar. Diante essa ofensiva, a ação das lideranças indígenas em formar grupos de autodefesa, não só está certíssima, como deve ser ampliada. Só através da união e articulação poderão exercer o direito de autodefesa e garantir seus direitos e sua sobrevivência.

sábado, 7 de setembro de 2019

Domingo XXIII – Não é para todos ser seguidor de Jesus. Coitado daquele que o segue para se dar bem na vida! (Lc. 14, 25-33)


Vivemos épocas de profunda desconfiança. Desconfiamos de tudo e de todos. E não é pra’ menos. Vemos por todos os cantos aproveitadores e manipuladores. Oportunistas e carreiristas. Parece haver pouco espaço para a autenticidade e a coerência. Para o desapego e a generosidade sincera. Mas tudo isso não é de hoje. Jesus, profundo conhecedor da alma humana, já havia percebido essa tendência do ser humano. As multidões que o seguiam não o faziam por convicção. Elas visavam obter vantagens futuras. Achavam que Ele era ‘o cara’ que se tornaria poderoso. E queriam, desde já, garantir o seu pedaço na distribuição de poder no futuro governo de Deus! É nesse contexto que Jesus coloca de forma clara e contundente quais são as condições para ser um seguidor Dele.

1. O seguidor não pode colocar os vínculos familiares acima da missão de construir o Reino. Isso não significa desprezar a sua família, mas compreender que a urgência do momento exige dedicação prioritária e total ao anúncio da Boa Nova. Este é o único capaz de construir a ‘verdadeira família do Pai’!
2. O seguidor que não sabe ‘levantar e carregar a cruz’ da perseguição, do desprezo, da calúnia, - por ele pertencer ao grupo de Jesus, - não pode ser um seu discípulo. Quem se envergonha de Jesus, e só se preocupa com a sua imagem e prestígio, já era! 
3. O seguidor, cujo coração bate lá onde estão seus bens, não tem condições de segui-lo.  Só o seguidor desprendido, generoso e solidário com os pobres do povo pode ser discípulo permanente de Jesus. Aquele cristão que usa o nome de Jesus e se diz seu discípulo para só se dar bem na vida é um pobre coitado, fadado ao fracasso total na vida. Um infeliz.