sábado, 30 de novembro de 2019

Iº Domingo de Advento – Só os antenados com os acontecimentos da história são ‘levados e escolhidos’ para construir o ‘novo’ inaugurado pelo ‘Filho do Homem’(Mt. 24, 37-44)


Todo acontecimento em que nos sentimos envolvidos manifesta várias facetas. Pode ser fonte de alegria e de esperança para alguns, ou de dor e de tristeza para outros. Mas pode ser uma coisa e outra, mesmo que, por exemplo, a alegria e a tristeza não se misturem naquele exato momento em que um determinado acontecimento nos surpreende. Ou seja, podemos fazer a experiência inicial da tristeza no momento preciso em que algo dentro de nós parece morrer. Mas, com o tempo, chegamos a compreender, por exemplo, que aquilo que parecia ser um acontecimento triste e doloroso, - e foi assim que o encaramos naquele momento, - pode ser tornar fonte de esperança e de renovação. E isto porque aquele acontecimento que nos fez sofrer, inicialmente, nos ajudou, mesmo nas lágrimas, a entender o sentido da nossa vida. Ou, porque aquela experiência de dor nos ajudou a amadurecer na nossa estrutura humana e emocional. Muito depende do como encaramos os acontecimentos da nossa vida, sejam eles quais forem. A partir dessa breve consideração podemos compreender o alcance do evangelho de hoje. Jesus nos alerta que devemos estar sempre antenados em compreender o que está acontecendo ao nosso redor, e como isso vai ecoar dentro de nós. Como podemos encarar uma realidade que se apresenta sempre com cara nova. Jesus nos diz que o que, aparentemente, pode significar destruição, abandono, e barbárie pode ser, ao contrário, o início de um novo momento na nossa vida e na vida de tantas vítimas. Nunca dar por descontado ou irreversível o que acontece na nossa vida. Nunca se conformar com o que parece ter cara de solidez, de imutabilidade, de...eternidade. A história e as pessoas que a tornam possível podem nos surpreender. Os que se achavam ‘castigados e desgraçados’ podem a qualquer momento compreender que a sua situação não é vontade divina e podem reagir de forma surpreendente produzindo grandes reviravoltas. Mas é preciso ‘ficar antenado’ com o ‘novo’ que o Filho do Homem’, Jesus, vem provocando na realidade humana. Somente quem percebe a urgência de ‘mudar os rumos da história’ e vê as reais possibilidades de transformação é que é ‘acolhido e levado’, e os outros, os desligados da vida, serão ‘deixados’ ao seu próprio destino. Pagarão as consequências de sua falta de atenção com o alcance e sentido dos acontecimentos da história. Não servem para construir uma nova realidade que é o que o Filho do Homem deseja para todos. 

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Na Bahia, polícia militar e federal despejam mais de 2.000 lavradores que lá estavam desde 2012. Violência inaudita provocou feridos e traumas em crianças, mulheres e idosos...

Bombas de gás, spray de pimenta, casas destruídas, trabalhadores feridos e cerca de 700 famílias sem ter para onde ir. Essa é a situação dos acampamentos Abril Vermelho, no Projeto Salitre, em Juazeiro, Irmã Dorothy e Iranir de Souza, no Projeto Nilo Coelho, em Casa Nova (BA). Os despejos violentos realizados pela Polícia Federal, que tiveram início na madrugada de hoje (25), cumprem mandados de reintegração de posse em favor da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Em Juazeiro, os/as integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupavam a área desde 2012. No local, há uma produção diversificada da agricultura familiar. “Aqui sustentava pra mais de duas mil pessoas, o projeto é grande, tem banana, coco, tem todo tipo de fruta. A gente alimentava o Ceasa, e o que a gente faz aqui dentro alimentava também a mesa de quem tá fazendo isso aí [destruindo o acampamento]”, desabafa o acampado Francisco Nascimento.
De acordo com os acampados/as, o despejo começou por volta das 5h. “Começaram a soltar a bomba de gás, muita criança desmaiou, velhos também desmaiaram, um companheiro foi atingido na cabeça e foi para o hospital”, relata Francisco. No local, há grande presença das polícias Federal e Militar, inclusive sobrevoando a área. Durante a manhã, a via que dá acesso ao acampamento Abril Vermelho estava bloqueada pela Polícia Militar, que impedia qualquer veículo de passar, até mesmo a imprensa.

“Isso é muita crueldade, os alunos, os sem terrinhas, as crianças aqui do acampamento [Abril Vermelho], algumas ainda dormindo, acordaram sem ar por conta da fumaça que foi muito grande”, comenta a professora e liderança do MST Socorro Varela. O clima nos acampamentos é de muita tristeza, horror e destruição. “A gente está triste, com o coração abatido, com o coração triste mesmo, vontade de chorar. Não temos lugar pra ir, estamos na mão de Deus”, diz um dos despejados. Diante de toda essa violência e repressão do Estado, que está aliado aos interesses dos projetos do capital, os/as acampados afirmam que vão resistir. “O povo lutador não vai se calar, nós vamos ter nossa terra porque nós vamos continuar buscando e precisamos da nossa terra. A gente sabe que aqui o agronegócio fortalece os órgãos públicos e assim existe uma parceria entre eles”, destaca Socorro. A professora acrescenta ainda que “o povo do acampamento Abril Vermelho pede justiça, terra, água, energia, escola e vida digna para os trabalhadores/as”.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) reitera o repúdio à decisão judicial que determinou a reintegração de posse dos acampamentos Abril Vermelho, Irmã Dorothy e Iranir de Souza, e manifesta solidariedade aos trabalhadores/as atingidos pelos despejos. (Fonte: CPT)

FASCISMO JÁ CHEGOU AO BRASIL. Manganello e olio per chi non accetta...Por Luis Nassif

Os idiotas da objetividade analisam as dificuldades de Jair Bolsonaro com o Parlamento para apregoarem sua obediência aos limites da democracia. Todas as demais evidências, declarações contra a democracia, iniciativas em torno da GLO (Garanrtia da Lei e da Ordem), eliminação de conselhos de participação, são ignoradas. Pior, ignoram-se os sinais evidentes de espalhamento das medidas ditatoriais por todo o país.

Em Porto Alegre, a Brigada Militar espanca e manda para hospital duas professoras que tinham comparecido ao Palácio do Governo para negociar com o governador.

No Rio de Janeiro, a Policia Militar de Wilson Witzel acaba com a festa da torcida do Flamengo, jogando bombas de gás lacrimogênio sobre uma multidão pacífica, no meio da qual estavam famílias, idosos e crianças.

Em São Paulo, o Tribunal de Justiça manda para a prisão Preta e Carmen, duas das maiores lideranças pacíficas do Movimento dos Sem Teto do Centro, com base em um inquérito policial manipulado. Em Brasília, Bolsonaro tenta o excludente de ilicitude para policiais que reprimirem manifestações de rua, permitindo invadir atribuição de Estados para desalojar invasores de terra.No 

Rio de Janeiro, há uma discussão entre a Polícia Federal de Moro, e o Ministério Público Estadual, para saber quem blinda primeiro Bolsonaro nas investigações de Marielle Franco. 

Em Porto Alegre, prossegue o aparelhamento do TRF4, com manobras para manter a 8ª Turma (que julga os processos de Lula) sob controle de desembargadores parciais, afastando desembargadores isentos.

Insisto: o país caminha para o fascismo. E o impulso maior vem da cabeça da serpente, a presidência da República, espalhando a sensação de impunidade e estimulando a repressão por todos os poros da República. Cada dia de vida do governo Bolsonaro é um passo a mais rumo ao fascismo. Meses atrás, a correlação de forças entre instituições e o governo assegurariam o impeachment, ante um sem-número de episódios de quebra de decoro, especialmente nos ataques à democracia.O Bolsonaro de hoje está mais forte, e mais forte estará amanhã. 
O caso Marielle Franco é a última oportunidade antes da Marcha Sobre Roma do fascismo brasileiro.

domingo, 24 de novembro de 2019

34º Domingo comum - Que rei é esse? SOLENIDADE DE JESUS SERVIDOR DO UNIVERSO! (Lc. 23, 35-43)

Quem já afirmou, peremptoriamente, que os chefes das nações, por sua própria natureza, tiranizam e dominam as populações, jamais poderia aspirar a ser rei! Quem deixou claro para seus seguidores que Ele, o Mestre, estava no meio deles como ‘aquele que serve’, e que todos deviam ser servidores uns dos outros, jamais poderia confabular para obter um título de prestígio ou um cargo real! No entanto, seja a igreja, bem como os ‘romanos’ da época, o definem ‘Rei’. A igreja continua adotando essa terminologia arcaica e ‘demodée’ para dizer que só Jesus governa com justiça e equidade. E os ‘romanos’ de forma irônica o definem como tal justamente por ser expressão do seu contrario. Um exemplo de anti-rei, e de anti-poder. Mais coerente seria trocar, de uma vez por todas, a solenidade hodierna assumindo o real sentido da prática integral de Jesus de Nazaré ‘Jesus SERVIDOR do universo’, pois um rei jamais serve. Por isso podemos entender o sentido da imposição do ‘silêncio’ àqueles que o definiam e o compreendiam como ‘messias’, ‘ungido’, ‘filho de Davi’... Da mesma forma, entendemos porque Jesus fugia e se retirava em lugares isolados toda vez que percebia algum movimento de massa para torná-lo ‘rei’, ou seja, ‘líder político’! Jesus, de forma sagaz, sabia que no ideário popular, associada à ideia de rei estava a ideia de ‘poder’, ‘triunfo’, ‘força ilimitada’. Logicamente, para quem se entende como servidor não era possível conjugar duas práticas totalmente opostas e antagônicas. Um servidor jamais iria triunfar e dominar. Um rei-líder político jamais serviria e ocuparia os últimos lugares! Isso tem um reflexo fundamental na vida pastoral das igrejas cristãs e daqueles que se autodefinem seguidores e missionários de Jesus: rejeitar toda tentação de poder político, de megalomania, de ostentação e de privilégios. É na consciência da própria fraqueza que somos fortes. É na cruz, na perseguição e nas provações que podemos ser sinal radical de fidelidade a um povo sem esperança e sem direitos. É na acolhida misericordiosa do ‘bandido arrependido’ que podemos denunciar aqueles reizinhos mesquinhos sedentos de sangue e de punição. Para estes, só as balas de seus milicianos e as sentenças viciadas de seus juízes lambe-botas resolvem. Já para o ‘SERVIDOR DO UNIVERSO’ só a ternura, a compreensão e a infinita misericórdia de um pai que aguarda a mudança do filho até o fim!

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

PAI NOSSO - Síntese final.....

‘Pai nosso que estás no céu, Papai nosso que estás aqui....’ Não te chamamos de ‘todo-poderoso’, pois para nós, Você é o ‘Todo-misericordioso’. Na nossa ‘Família Planetária’ cuida de cada criatura com imensa doçura. Você ama como uma mãe entranhada de ternura. Na Sua família somos todos reconhecidos como gente. Nela, não há espaço para o soberbo e o prepotente. Dos seus filhos só valoriza a bondade, e ignora toda a sua maldade. Com firmeza segura a nossa mão quando caímos, e nos abraça quando traímos. Com Seus braços nos sustenta, e pelos caminhos da luz, com paciência, nos conduz. 

‘Seja santificado e reconhecido o teu nome....’Pois nele está o seu bem-querer. Ele revela  Suas mais puras intenções, e o Seu modo amável de preencher os corações. É amando como Você nos ama que o Seu nome nós santificamos. É na terna compaixão que o louvamos. O Seu nome, ainda hoje, é na mentira manipulado, e na violência, continuamente blasfemado. É no serviço ao pobre que ele é definitivamente revelado. E na firme defesa da viúva e do órfão, glorificado. Dai-nos a coragem de clamar contra quem ofende e difama o nome santo dos pequenos que não têm fama. 

‘Venha a nós o Seu jeito terno, pois só um Pai Eterno pode nos governar paterno...’ E ajudai-nos a eliminar a indecência de quem governa com truculência. Pois, na Sua realeza, não cabe bajulação e nem malvadeza. Não acredita no poder das armas fatais, mas na beleza das flores e na cantiga dos pardais. Na Sua realeza só haverá fraternidade se construirmos juntos solidariedade. Da escravidão teremos liberdade. Da discriminação, igualdade. Sem fome, teremos fartura. E ao pobre e ao necessitado, lhes concedei, enfim, o Reinado. 

‘Seja cumprida a Sua vontade no céu azul, bem como na terra de cada um....’ pois acreditamos que até as horas tristes e escuras não é Você que as procura. No seu insondável coração só cabe retidão, pois rejeita toda punição. Queremos acolher a Sua vontade que é para nós luz e verdade, Ela indica a Sua bondade, e fortalece nossa irmandade. Você conhece a nossa vontade: é a de ter e de possuir; por isso Te pedimos: concedei-nos o dom de acolher e de servir. 

‘Dai todo dia o alimento necessário, para o pobre e o operário...’ O pão que não se estraga, o pão celestial, que não ilude e não engana. Concedei-nos a coragem de distribuir equanimemente o alimento que é acumulado sistematicamente. Pedimos-te o pão da liberdade para que seja distribuído com generosidade para todo escravizado. E o pão da justiça para saciar a fome do inocente condenado. Dai-nos permanente indignação para eliminar desemprego e acumulação e, sem sonegação, nos fartaremos do pão da partilha e da comunhão. 

‘Cancela as nossas dívidas, pois nós já as cancelamos a todos os nossos devedores’... Aprendemos que é na gratuidade que derrotamos a dureza de coração, e a maldade. E na compaixão, varreremos a brutalidade. È quando fazemos a experiência exaltante do amor radical que descobrimos a Fonte do perdão incondicional. Sentimos o peso da nossa intolerância, mas concedei-nos, ó Pai, misericórdia em abundância. Pedimos-te, enfim: dai-nos ousadia de ‘despedir de mãos vazias’ os muitos credores de tantos trabalhadores.   

‘E não nos deixe sucumbir quando a ‘grande prova’ cair.... Fica, ó Pai, ao nosso lado na hora em que o calvário teremos de subir. Não deixe que fujamos nem da espada e nem da cruz. Não permita que sejamos arrastados pela esperteza, e pela corrupção que seduz. Afasta de nós o cálice inebriante da tentação do poder que reluz. Ajudai-nos a desmanchar a cruz de tantos crucificados, nela pregados por desumanos ‘Pilatos’! Ajudai-nos a libertar a nossa ‘Terra Santa’ ainda sitiada por abusos e assassinatos. E, confiantes, Lhe entregar o nosso espírito e mandato. E, sem medo, continuaremos a ‘inspirar’ o espírito do Seu ‘Filho Crucificado’. E, mesmo na tortura, não pararemos de chamar com ternura ’PAPAI NOSSO, AQUI ESTOU’!

( Artigo mensal desse blogueiro é publicado no O Jornal do Maranhão da Arquidiocese de São Luís do Maranhão)

PAI NOSSO - ........AMÉM

A repetição mecânica de muitos hábitos religiosos nos impede de saborear o sentido profundo da expressão bíblica ‘AMÉM’. A sua exagerada utilização tende a banalizar e a esvaziar o que para a tradição bíblica significa adesão consciente a valores essenciais da vida. Os abusos a que assistimos, hoje em dia, incentivam as pessoas a macaquear supostos líderes e suas doutrinas. O seu fruto imediato é, paradoxalmente, o assim chamado ‘povo do amém’! Um povo que aceita passivamente o que alguns iluminados lhe ditam. Precisamos resgatar e incorporar o sentido e a prática poderosa que o AMÉM expressa. A saber: um intenso e coerente ‘ASSIM ACONTEÇA’ a tudo o que o Pai Nosso propõe, constantemente, aos seus filhos e filhas! 

Vivemos, inegavelmente, numa realidade onde parece predominar a desconfiança metodológica e a suspeita sistêmica. Sabemos o quanto dói fazer a experiência da traição e da decepção. Principalmente, quando pessoas próximas nos faltam com a ‘palavra dada’! O que era para nós a expressão máxima da integridade moral de uma pessoa, a palavra dada parece ser, agora, um penduricalho de um passado remoto. Promessas são descumpridas, alianças e amizades se liquefazem em disputas, sem trégua. Ficamos com um pé atrás inclusive quando encontramos pessoas generosas e cumpridoras de compromissos. Imaginamos que até elas estariam escondendo, estrategicamente, o jogo, para nos dar o bote, lá na frente. As mudanças culturais ocorridas ao longo desses anos parecem ter deformado o caráter de uma pessoa, e a sua integridade ética. Até a expressão ‘homem ou mulher de princípios’ está rareando na era da pós-modernidade! 
É nesse contexto que surge como um feixe de luz inspirador o ‘Deus do Amém’ (Is. 65,16). Ou seja, o Deus que é fiel à palavra dada. Aquele que diz ‘assim seja’, e tudo é realizado. Nele não existe separação entre o dizer e o fazer. A expressão ‘Amém’ que tão banalmente é berrada por comentaristas litúrgicos, após uma comunicação qualquer, para que a assembleia a repita em volume redobrado, nada tem a ver com o profundo significado da nossa tradição bíblica. ‘AMÉM’ é adesão formal e consciente a uma proposta, a um convite, a um projeto de vida que o Pai nos dirige, continuamente. É um compromisso consciente e público em dar corpo a um projeto de justiça e de fraternidade que nos é dirigido pelo Pai, e que cabe a nós realizar. 
Um exemplo elucidador nos é oferecido pelo livro do Deuteronômio:‘Maldito o homem que fabrica ídolos e os erige mesmo que seja em lugar escondido! E todo o povo responderá: Amém!Maldito o que despreza o pai e a mãe! E todo o povo dirá: Amém!Maldito o que viola o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva! E todo o povo dirá: Amém!Maldito quem aceita presente para levar à morte o inocente! E todo o povo dirá: Amém!’(Deuteronômio 27, 15-26) O ‘Amém’ do povo não é uma mera ‘resposta litúrgica’ automática. E nem uma declaração de submissão. É resposta compartilhada ao plano que Deus quer! Ao assumir o ‘ASSIM SEJA FEITO’ o povo não somente compartilha a ‘vontade do Pai’, mas se compromete a realizá-la efetivamente. É o mesmo ‘Amém’ que Maria disse ao anjo Gabriel para se tornar uma aliada do Pai na reconstrução de uma nação desesperançada. Mesmo sem entender plenamente a vontade do Pai, Maria não lhe resiste, pois percebe que ela visa trazer a ‘Plenitude da vida’, Jesus, para a grande família humana. 

Também o nosso papa Francisco nos lembra de forma magistral como atualizar o ‘Amém’ aos nossos dias: ‘...A própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos gostos, mas na verdade, no ‘AMÉM’ com que cada um ‘ADERE’ ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros’.  Um ‘Amém comunitário’, livre e altivo, para libertar pessoas, e não para impor obediência cega e subserviência. É o ‘Amém’ que numerosos bispos, leigos, e padres, juntamente com o papa, praticaram dias atrás, em Roma, por ocasião do Sínodo sobre a Amazônia.  Nesse ‘Amém’ eles se abriram para acolher sincera e humildemente os clamores da criação e os gritos de socorro de tantos filhos e filhas feridos. Eles, juntamente com inúmeros missionários/as do Pai Nosso, compreendem que são chamados e enviados não para serem meros executores de tarefas religiosas, mas cumpridores de um ‘Plano/Missão que liberta seres vivos ameaçados e cativos’. Que transformam o ‘Amém’ proclamado liturgicamente num compromisso profético capaz de motivar mais pessoas para recosturar a ‘grande família do Pai’! É, enfim, o ‘AMÉM’ supremo gritado por Jesus de Nazaré na cruz, quando percebe que ‘tudo estava realizado’! Na hora da morte Jesus ‘EXPIRA’ o seu Amém para que a nova igreja, que está debaixo da cruz, ‘INSPIRE’ para dentro de si o Seu mesmo AMÉM. Não uma fórmula, mas uma opção radical de amor e de serviço. Que cada um de nós seja um fiel e permanente ‘AMÉM’ do Pai! 
 (artigo mensal desse blogueiro publicado no O Jornal do Maranhão da Arquidiocese de São Luís)

sábado, 16 de novembro de 2019

Cientistas desmentem o Bozo e provam que queimadas aumentaram por causa das altas taxas de desmatamento

Uma dos argumentos mais usados por Jair Bolsonaro para tentar justificar o aumento das queimadas na Amazônia – de que o fogo tinha origem nas roças de pequenos agricultores – foi desconstruído por pesquisadores de universidades do Brasil e do Reino Unido.Em carta ao editor da revista científica Global Change Biology, publicado nesta sexta-feira (15), em forma de artigo, os cientistas analisaram essas alegações do governo brasileiro, que considera as queimadas e o desmatamento “dentro de uma situação normal” e “abaixo da média dos últimos anos."

Para os autores – muitos dos quais preferiram não assinar o artigo científico, num claro sinal de que os tempos são sombrios para a ciência e o conhecimento no Brasil – há fortes evidências de que o aumento no número de queimadas está relacionado à alta nas taxas de desmatamento.Para investigar tais evidências, eles estimaram a área desmatada em 2019, necessária porque o sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mede o desmatamento anual entre agosto de um ano a julho do ano seguinte. Assim, os dados referentes a 2019 ainda não foram publicados. “Nós observamos que a detecção anual do desmatamento pelo Prodes é, em média, 1,54 maior que as taxas de desmatamento medidas em tempo quase-real a partir do sistema DETER-b (um levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia, feito pelo Inpe). O uso desse fator de conversão (1,54) sugere que mais de 10.000 quilômetros quadrados de florestas tenham sido desmatadas entre agosto de 2018 e julho de 2019, o que poderia representar o maior desmatamento anual desde 2008. Essa alta taxa anual reflete o aumento acentuado no desmatamento mensal detectado pelo DETER-b”. “Por exemplo, a área desmatada na Amazônia em julho de 2019 foi quase quatro vezes maior que a média do mesmo período entre 2016 e 2018”, relatam os cientistas.

Segundo eles, o aumento acentuado de incêndios e de desmatamentos em 2019 “refuta, portanto, a consideração de que agosto de 2019 foi um mês ‘normal’ na Amazônia brasileira. Além disso, o aumento de incêndios ocorreu apesar da ausência de uma seca extrema, um fator que geralmente é um forte determinante da ocorrência de incêndios. A alta incidência dos incêndios decorrentes do processo de desmatamento foi consistente com as imagens de queimadas em larga-escala ocorrendo em áreas desmatadas e que foram mostradas na mídia, enquanto que as enormes plumas de fumaça atingindo altos níveis atmosféricos só poderiam ser explicadas pela combustão de grandes quantidades de biomassa vegetal. A não-normalidade de 2019 também foi enfatizada pela contagem excepcionalmente alta de incêndios em algumas áreas protegidas, como a Floresta Nacional de Jamanxim, onde as queimadas aumentaram em 355% entre 2018 e 2019 — 44% acima da média de longo prazo.”

Em Londres, o BOZO ganha o PRÊMIO DE RACISTA DO ANO!

Se é verdade que há muito o que comemorar com o levantamento do IBGE que constatou que negros e pardos são, hoje, maioria nas universidades públicas brasileiras, o racismo a esses grupos ainda existe, sejam eles pretos, sejam indígenas. No Brasil, aliás, negros e indígenas são dizimados nas cidades, no campo e nas florestas. Por isso, lideranças indígenas brasileiras estão percorrendo a Europa para denunciar o assassinato do seu povo e a usurpação de suas terras através da bandeira Sangue Indígena: Nenhuma Gota a Mais. Dez líderes participaram de um protesto em Londres (Reino Unido), esta semana, diante da embaixada brasileira para exigir seus direitos à vida e à terra. Simbolicamente, entregaram o prêmio “Racista do Ano” ao presidente Jair Bolsonaro por seu discurso racista que fomenta o ataque aos povos indígenas, informa o site Survival International, que é um movimento global pelos povos indígenas.

A jornada Sangue Indígena: Nenhuma Gota a Mais está sendo organizada nos países europeus pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) com o intuito de chamar a atenção de governantes e empresários sobre o que está acontecendo no Brasil em termos sociais, econômicos e ambientais desde a posse de Bolsonaro. Eles visam a pressionar os setores interessados a boicotar o agronegócio brasileiro até que os direitos dos povos indígenas, bem como os do meio ambiente sejam respeitados.
Recentemente, foram vários os ataques aos povos indígenas no Brasil. Há poucos dias, o indígena Paulo Paulino Guajajara foi assassinado em uma emboscada na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Um posto da FUNAI, no oeste da Amazônica, responsável por proteger a Terra Indígena Vale do Javari, lar de indígenas isolados, foi atacado por invasores armados.

A coordenadora da APIB, Sonia Guajajara, critica o atual governo federal: “O presidente Bolsonaro quer destruir os povos indígenas do Brasil. Seu racismo e ódio incentivam garimpeiros e madeireiros a invadir nossos territórios e a matar nosso povo. Mas eu tenho uma notícia para ele – amamos nossas terras muito mais do que ele nos odeia e nunca permitiremos que ele destrua a nós ou as florestas que protegemos por tanto tempo”.

Já a representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Nara Baré, explica que esses ataques são resultado da exploração da soja e da madeira, produtos cujo destino é a Europa. “Estamos aqui para dizer que a cada importação que é feita para a Europa, é o nosso sangue que vem. É hora de dizer basta! Medidas precisam ser tomadas e a responsabilidade é de todos, dos parlamentos, da sociedade civil, do consumidor e dos próprios empresários”.

O diretor da Survival, Stephen Corry, comenta o prêmio atribuído a Bolsonaro:

“Desde que chegou ao poder, o presidente Bolsonaro montou um ataque implacável aos direitos dos primeiros povos do Brasil e está empenhado em abrir suas terras para a exploração de grandes empresas. Seus comentários abertamente racistas e sua recusa em assegurar os direitos indígenas, em especial o direito a suas próprias terras, estão alimentando a violência contra os povos indígenas em todo o Brasil. Se ele conseguir o que quer, os primeiros povos do país serão exterminados. Mas eles estão lutando com energia, bravura e determinação, e seus aliados também. E não vamos recuar."


Um dos vários comentários racistas já feitos pelo presidente brasileiro foi:“Pena que a cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente quanto a americana, que exterminou os índios”.

Embora ele não tenha dado comando de voz à cavalaria brasileira atual, Bolsonaro já tentou destituir a Fundação Nacional do Índio (Funai), além de ter aberto brechas legais para a exploração de recursos naturais em territórios protegidos para o agronegócio e para as indústrias extrativistas.

LULA LIVRE - Alguém dos algozes de Lula fez autocrítica? Por que esperam sempre que o Lula faça autocrítica? Critiquem vocês, onde está o problema? Ninguém censurou vocês!!!! de Ricardo Kotscho

Desde que Lula saiu da prisão, todos os colunistas lavajateiros com espaço na grande mídia, cobram uma autocrítica de Lula e do PT. Já faziam isso durante a campanha eleitoral, como se todos tivessem combinado as mesmas perguntas, para ver os petistas se ajoelhando no milho ao vivo, em rede nacional.Querem que Lula dê razão a quem o condenou e prendeu sem provas para que ele não disputasse as eleições
Mas vocês já viram algum desses jornalistas ou tucanos de bico grande, que eles adoram, fazendo alguma autocrítica?Em seu discurso para o PT na Bahia, quinta-feira, respondeu a essas vestais virgens de bordel que não param de lhe encher o saco:“Vocês já viram alguém pedir para FHC fazer autocrítica? Quem quiser que o PT faça autocrítica, que faça a crítica você. Quem é oposição que critica, ela existe para isso. Na dúvida, a gente defende nosso companheiro”.Se tem um partido que sempre fez autocrítica até demais é o PT, em todas as suas reuniões, seminários, encontros, congressos.Ninguém critica mais o PT do que os petistas. Sou testemunha disso, embora nunca tenha entrado no partido.Lembro-me de um jantar em Belo Horizonte, numa das campanhas presidenciais de que participei como assessor de imprensa, em que estavam na mesa um candidato a presidente sem dedo, um vereador cego e um deputado gay assumido.

Ao ver que eles não paravam de meter o pau nas táticas e estratégias eleitorais do PT, brinquei com eles:“Parem de ficar falando mal de nós mesmos. Que outro partido aceitaria vocês como candidatos?” Eu mesmo era muito crítico das nossas campanhas, e uma vez cheguei a dizer ao Lula: _ Acho que nós estamos com dois problemas nessa campanha. _ Só dois? Quais são? _ O candidato e o partido… Ao que ele acrescentou: _ … e essa assessoria de imprensa que só faz a gente cair nas pesquisas…Acho engraçado isso de querer que os adversários se imolem em praça pública para satisfazer os desejos dos catões da política e da imprensa.

Acharam ruim que Lula em seus primeiros discursos em liberdade criticasse seus algozes e logo vieram com a velha conversa de que ele ficou mais radical. Queriam o que? Que ele agradecesse a quem o colocou na cadeia por ter sido bem tratado pelos carcereiros?Alguém pode imaginar que um sujeito depois de passar 580 dias preso injustamente saia da cela pedindo desculpas pelos erros que cometeu? É tanta hipocrisia e cinismo que dá até nojo de ler e ouvir as cobranças feitas a esse ex-presidente que deixou o governo com mais de 80% de aprovação. Aos 74 anos, Lula já está com o couro bem curtido para enfrentar essas boçalidades sem perder a ternura jamais. Um cara que arrumou namorada nova na prisão quer mais é aproveitar o que lhe resta de vida, para fazer o que mais gosta: viajar pelo país e conversar com todo mundo para defender seu projeto político de inclusão social e combate à pobreza (não aos pobres, como faz esse governo).

Se o governo e setores da mídia estão esperando um Lula raivoso querendo botar fogo no circo para justificar tropas na rua, podem tirar o cavalinho da chuva.Pelo que conheço dele e daquilo que ouvi dos amigos que o visitaram na prisão, Lula só pensa em discutir caminhos para reconstruir o país depois da devastação bolsonariana. Depois dos desabafos, mais do que justos e humanos dos primeiros dias, agora é hora de os democratas se unirem a Lula contra as ameaças ao Estado de Direito e à soberania nacional. Em toda a sua vida pública, foi o que Lula mais fez: conversar muito para encontrar pontos de convergência em busca de um objetivo em defesa do bem comum.Nem os seus mais ferrenhos adversários poderão duvidar do amor de Lula à democracia, que o levou do chão de fábrica de São Bernardo ao Palácio do Planalto, sempre pelo voto e respeitando as instituições nacionais. Se querem radicalizar, não contem com ele. Lula sempre foi mais de festa do que de guerra. Vida que segue.

XXXIII Domingo comum - Destruir o templo-religião, não reformá-lo! Lc. 21, 5-19)

Jesus, na narração de hoje, nos propõe não uma genérica desconstrução, e sim a ‘destruição’ pura e simples do templo. E de tudo o que ele representava para o Israel da época. Jesus percebe que, apesar de suas críticas radicais ao templo, os seus próprios discípulos ainda alimentavam admiração e fidelidade àquela instituição que havia se tornado com o tempo um ‘covil de ladrões’ inaceitável. Jesus deixa claro que não cabe aqui nenhuma possibilidade de ‘reforma’ ou readequação, mas a sua mera ‘destruição’. O Mestre avalia que a instituição estava tão radicalmente apodrecida e contaminada pelo clientelismo, a manipulação e a exploração que a considera irrecuperável. E sentencia a sua destruição como forma de manter viva e genuína a dimensão profunda de fé que é, afinal, o que dá sentido à vida das pessoas. Em outras palavras: destruir a religião para deixar emergir a fé, sendo que a religião negava com suas atitudes (ritos, liturgias, cobranças, festas, etc.) o surgimento da fé. A religião, em lugar de defender e proteger os mais frágeis (órfãos, pobres e viúvas) havia se tornado numa instituição exploradora e exterminadora de pessoas e consciências. Cabe, atualmente, nos avaliar com transparência e honestidade, sobre a nossa prática religiosa. Analisar e perceber se as igrejas, hoje em dia, não se transformaram, por acaso, numa instituição similar ao ‘templo’ da época de Jesus. Ou seja, instituições-templo que, em lugar de proteger e defender direitos, sonhos, e futuros de inúmeras pessoas sedentas de fé, se tornaram verdadeiros carrascos de vidas! Em lugar de serem espaços de acolhida, conforto, e solidariedade, acabaram se transformando no longo braço mercenário de governos assassinos e déspotas. Igrejas contaminadas, irrecuperáveis, não mais passiveis de ‘reconstrução’. Jesus, hoje, não titubearia em sentenciar sua eliminação e destruição. Em seu lugar, o Mestre, continuaria a proclamar e a incentivar cada pessoa a caminhar ao lado de todo sofredor, de todo desprotegido, de todo violentado, acreditando que o verdadeiro templo onde se pratica o verdadeiro culto é, e continua a ser,  ‘o corpo’ de cada filho e filha de Deus!

domingo, 3 de novembro de 2019

SANTOS, PORQUE DEMASIADAMENTE HUMANOS MISERICORDIOSOS!


Infelizmente persiste até hoje na nossa igreja a ideia de que para ser santo é preciso fazer ‘milagres’ e eles, devem ser reconhecidos como tais por uma comissão especial. Milagres, no entanto, ocorrem todos os dias na vida de muitas pessoas que continuam se surpreendendo com as novidades de Deus e de tantas pessoas generosas anônimas. Milagres que possuem um potencial mais transformador do que aqueles que, aparentemente, parecem fugir da lógica humana viciada. Se olharmos para a prática de Jesus de Nazaré com a compreensão distorcida do que é um milagre, podemos ficar decepcionados. Jesus tem plena consciência de que é a fé da pessoa, e não a Dele, que cura e transforma radicalmente uma pessoa. O que Jesus faz, afinal, é despertar na pessoa o que existe de mais puro e de mais profundo no seu coração desejoso de renovação. O que vale para Jesus não é o prodigioso que ocorre, e sim o surpreendente e o inesperado. O que parecia impossível torna-se possível, mas não porque foram quebradas leis fundamentais da natureza, mas porque algo surpreendente aconteceu. Dessa forma, por exemplo, uma pessoa avara e egoísta que se torna, a contato com o Deus de Jesus, uma pessoa solidária e generosa é um verdadeiro milagre! Da mesma forma que uma pessoa que pede desesperadamente a cura de câncer e em seu lugar ocorre uma transformação profunda na forma de encarar aquele câncer, - não como morte destruidora, e sim como uma oportunidade para se tornar mais humano e atento aos sofrimentos alheios, - é um milagre. A igreja, dificilmente aceitaria e reconheceria tais milagres, oficialmente. A solenidade de hoje, contudo, nos provoca a prestar atenção e a crescer em humanidade e compaixão contemplando e incorporando os testemunhos silenciosos de milhares de homens e mulheres cujo nome não consta em nenhum calendário, em nenhum livro de ascese, e tampouco em alguma estátua exposta em algumas igrejas. Pessoas que com a sua dedicação e abnegação, sem propaganda e sem alarde mexem no coração daqueles humanos que ainda se deixam surpreender por esses simples, mas poderosos gestos de caridade. Quando tivermos ainda a capacidade de não só nos comover e nos deixar questionar diante dessas pessoas é um sinal que estamos caminhando rumo à verdadeira.....HUMANIDADE!