Muitas vezes imaginamos que certos espaços religiosos e ambientes eclesiais estão livres de conhecer no seu seio tentações e maldades de todo tipo.Não é o que acontece. Às vezes temos a impressão que é justamente nesses lugares que imaginávamos espaços de comunhão e fraternidade que ‘o espírito do mal’ faz sentir a sua força e poder. Talvez para nos dizer que o mal não poupa nada e ninguém. Que é preciso se cuidar permanentemente. Talvez para nos dizer que o diabólico, às vezes, se disfarça de ‘igrejeiro’ para dominar e ‘possuir’ consciências. O evangelista Marcos nos diz que um ‘espírito mau’ havia se infiltrado na sinagoga. A mesma que o próprio Jesus frequentava. É um ‘espírito mau, mas iluminado,’ pois percebe,imediatamente, que naquele mesmo lugar um outro ‘espírito’, o de Jesus, estava querendo desmascará-lo e destruí-lo. Ele não perde tempo e agride logo Jesus. Parece até que queria mostrar que ele, - diferentemente dos presentes,- conhecia muito bem quem era Jesus.E qual poder Ele tinha para‘destruir aquelas consciências-espíritos alicerçadas na maldade e na vontade de dominar pessoas. Ou seja, o poder de destruir seu próprio reino diabólico: ‘Eu sei quem você é! Você veio para nos destruir?’ Marcos parece até querer dizer que naquela ‘igreja-sinagoga’, o único que conhecia de verdade Jesus era o seu inimigo, o diabólico, o poder do mal.
Marcos deixa a entender que era como se todos aqueles devotos naquela sinagoga, fossem todos dependentes daquele espírito. E que permaneceriam assim até eles conhecerem de verdade a pessoa de Jesus. Até elesse abrirem paraque Jesus expulse deles o ‘espírito da maldade’ que os possuía e os dominava.Marcos nos diz, enfim, que com Jesus se iniciava uma guerra aberta e definitiva contra as forças do anti-reino. Que o mal por quão forte ele seja, deve ser sempre encarado e enfrentado. Ele é difuso e poderoso, nos persegue o tempo todo, mas não podemos adiar a nossa guerra contra ele. Jesus na construção do novo jeito de governar de Deus, - através da justiça e da compaixão, - nos mostra que não se pode fazer média com nenhuma força que se opõe ao surgimento da nova realidade que Deus quer para os seus filhos e filhas. Os seguidores de Jesus devem, eles também, optar de forma clara e decidida de que lado querem estar. Ou do lado da vida carregada de esperança e gratuidade, ou da destruição e da maldade sem limites. Escolher se construir uma igreja que dialoga e está a serviço das pessoas desejosas de se libertar de todo mal, ou de uma igreja dominada por ambições mesquinhas, diabólicas e que se acha única dona da verdade. Só a pessoa que aceita ‘expulsar’ de dentro de si o mal que a possui e que a domina poderá seguir Jesus em todo e qualquer lugar.