A família vive dentro de si as mesmas contradições que se dão na sociedade. Modos muito diferentes de entender e enfrentar a vida aparecem, frequentemente, de forma tensa e conflituosa. Isso é salutar. O importante é que todos possam se confrontar e se alimentar do modo diferente de ser de cada um, sem exigir a mudança do outro. Sem querer impor ao outro a sua própria visão. Os pais de Jesus eram ainda amarrados ao velho modo de viver a sua fé. Achavam que era na obediência às normas de purificação e na apresentação de sacrifícios ao templo que iriam também educar na fé o seu filho Jesus. O choque, contudo, chega quando um velho sacerdote, - que havia passado a sua vida no templo, o ancião Simeão, - arranca o menino de seus braços de José e Maria e abre seus olhos. Impede que apresentem o sacrifício que a lei mandava. E deixa claro que aquele menino devia ser educado de forma bem diferente, a saber:
1. Não será um fiel frequentador do templo de um povo (Israel), mas será ‘Luz das nações’, ou seja, uma pessoa acolhedora de todos os povos. Jesus encontrará Deus-Pai não num templo, mas nos corpos deformados de doentes e de vítimas da violência física e religiosa.
2. Jesus com o seu modo direto de ser ajudará as pessoas a assumirem uma posição clara na vida, a favor ou contra o Reino de Deus. Com suas opções e gestos Jesus será fonte de escândalo para alguns, e fonte de esperança e salvação para outros. Não será, portanto, o profeta da paz ingênua que combina e acomoda todo mundo.
3. Maria terá que aceitar a ‘espada da palavra’ que irá questionar a sua vida e irá penetrar na sua alma. Ela terá que fazer escolhas que serão fonte de angústia e de sofrimento por ter que acompanhar muito mais como ‘discípula’ que como ’mãe’ o seu filho Jesus! E partilhar com ele rejeição, perseguição, e incompreensão. Mas também experimentar a alegria de fazer dos amados de Jesus a sua nova família.