segunda-feira, 29 de julho de 2019

Igreja católica repudia violência contra o Povo Waiãmpi e responsabiliza governo federal

O Cimi recebe com imensa preocupação e pesar as notícias de ataque de garimpeiros e assassinato de uma liderança do povo Wajãpi, no estado do Amapá. Os discursos de ódio e agressão do presidente Bolsonaro e demais representantes de seu governo servem de combustível e estimulam a invasão, o esbulho territorial e ações violentas contra os povos indígenas em nosso país. Esperamos que os órgãos e autoridades públicas tomem medidas urgentes, estruturantes e isentas politicamente para identificar e punir, na forma da lei, os responsáveis pelo ataque aos Wajãpi. Esperamos também que o governo Bolsonaro adote medidas amplas de combate à invasão e esbulho possessório das terras indígenas no país. Por fim, o Cimi exige que o presidente Bolsonaro respeite a Constituição Brasileira e pare imediatamente de fazer discursos preconceituosos, racistas e atentatórios contra os povos originários e seus direitos em nosso país. Respeite os povos indígenas, presidente Bolsonaro. 

Conselho Indigenista Missionário – Cimi

Brasília, 28 de julho de 2019

'Capilouco' continua aprontando - Presidente do Brasil duvida do assassinato do cacique Waiãmpi e diz que terras indígenas inviabilizam agronegócio.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que o excesso de reservas indígenas no país está “inviabilizando o agronegócio”, e levantou dúvidas sobre o assassinato de um cacique da etnia Waiãpi, no Amapá, após relatos de uma possível invasão de garimpeiros a uma terra indígena.

 “Nesse caso agora aqui... não tem ainda nenhum indício forte de que esse índio foi assassinado lá agora. Chegaram várias possibilidades. A PF está lá, quem nós pudermos mandar para lá já mandamos para buscar desvendar o caso e buscar a verdade sobre isso aí”, disse o presidente em entrevista na saída do Palácio da Alvorada. Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou, no domingo, que a Polícia Federal abriu inquérito para apurar a morte do cacique. Equipes da PF, da Funai e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Estado chegaram no domingo à terra indígena, uma área isolada no oeste do Amapá. De acordo com a Funai, a Coordenação Regional da Fundação Nacional do Índio no Amapá encaminhou para a presidência do órgão no sábado memorando informando sobre um possível ataque à Terra Indígena Waiãpi, e relatos publicados pela mídia disseram se tratar de uma invasão de garimpeiros. 

Ao comentar o caso, Bolsonaro fez questão de primeiro defender a legalização dos garimpos, inclusive em terras indígenas. Segundo o presidente, é uma medida que os índios também querem. “É intenção minha regulamentar o garimpo, legalizar o garimpo. Inclusive para índio, que tem que ter o direito de explorar o garimpo na sua propriedade”, afirmou. O governo prepara um projeto de lei para ser encaminhado ao Congresso alterando a legislação que trata de terras indígenas para permitir o garimpo. Durante o final de semana, em entrevistas, Bolsonaro afirmou que está buscando parcerias com países de “primeiro mundo” para fazer a exploração mineral dessas regiões. Segundo o presidente, o Brasil precisa parar de demarcar novas reservas porque isso está inviabilizando os negócios no país, e que o Brasil depende das commodities. “O Brasil vive de commodities, daqui a pouco o homem do campo vai perder a paciência e vai cuidar da vida dele. Vai vender a terra, aplicar aqui ou lá fora, e cuidar da vida dele. A gente vai viver do quê? O que nós temos aqui além de commodities? Será que o pessoal não acorda para isso? Se esse negócio quebrar todo mundo vai para o barro, acabou o Brasil”, afirmou. Bolsonaro também acusou mais uma vez ONGs estrangeiras de quererem manter os indígenas em reservas por interesses econômicos. “E esse território que está nas mãos dos índios, mais de 90% nem sabem o que tem lá e mais cedo ou mais tarde vão se transformar em outros países. Está na cara que isso vai acontecer, a terra é riquíssima”, disse. 

segunda-feira, 22 de julho de 2019

A penúria das esquerdas por Aldo Fornazieri

As esquerdas em geral e o PT em particular entraram numa defensiva política e estratégica no início de 2015 e de lá não conseguiram sair até agora. Mesmo com todas as sandices, destruições e auto crises produzidas por Bolsonaro, as esquerdas não conseguem sair das cordas. Mesmo com a revelação de todos os crimes cometidos por Moro, Dallagnol e outros membros da Lava Jato, os representantes dos partidos de esquerda não conseguem ir além da pesarosa indignação. As direções dos partidos de esquerdas não dirigem e não se comunicam nem mesmo com os seus filiados. A partir de 2015 as esquerdas perderam as ruas, algo que já vinha sendo sinalizado desde 2013, e até agora não conseguiram recuperá-las e nem ter uma presença significativa.  Repita-se: os líderes das esquerdas parecem generais sem exércitos e os militantes parecem exércitos sem generais.

A tática das esquerdas no Congresso parece ser a de criar uma ilusória frente ampla democrática. Não haverá uma frente ampla democrática se não for construída uma forte e respeitada frente popular. As esquerdas não conseguirão atrair setores do centro se não tiverem força na sociedade, se não forem capazes de gerar temor a partir da força e da organização popular. Muitos dirigentes e parlamentares de esquerda são cristãos mansos. Assim se comportam diante do Judiciário. Parecem vê-lo como um senhor que deve ser obedecido e reverenciado com “temor e terror”.  É melhor adotar os ritos ferozes do paganismo combativo, que estimule as lutas, a valentia e a coragem. Esse cristianismo manso, como já advertia Maquiavel, também é responsável para que o mundo permaneça na mão dos malvados. O Brasil não se libertará da elite predatória sem o exercício bravo do combate. As esquerdas caíram numa armadilha bolsonarista. Na medida em que os bolsonaristas passaram a atacar instituições como o STF e o Congresso, as esquerdas passaram a defendê-las e santifica-las. Ocorre que essas instituições não são democráticas: agem de forma enviesada e parcial contra os pobres, contra os negros, contra as mulheres, contra os índios e contra outras minorias. As esquerdas perderam a potência reformista, perderam a capacidade de denunciar a institucionalidade não democrática que existe no Brasil e não combatem com vigor os inúmeros privilégios que esta institucionalidade abriga e consagra.

Ninguém está aqui cobrando que se faça uma revolução. Até porque os partidos de esquerda não são e nem serão revolucionários. O que se está a exigir é que esses partidos tenham estratégias, que organizem e que lutem com coragem. O que se está cobrando é o até quando as esquerdas e as oposições deixarão que Bolsonaro continue destruindo o Brasil sem que haja uma resposta contundente. Até quando Bolsonaro pode vandalizar a educação básica e universitária, destruir o meio ambiente, investir contra a saúde pública, desmoralizar os institutos e entidades de pesquisa, degradar o bom senso e a civilidade, atacar o Nordeste, ferir a Constituição e as leis, semear o ódio e o divisionismo, espezinhar os interesses do Brasil submetendo-o de forma antipatriótica aos interesses do governo Trump. Até quando Bolsonaro seguirá nessa senda perversa sem que seja contido de forma firme, sequer seja seriamente molestado? As esquerdas e as oposições tem o dever de dar uma resposta a essas inquietações e sobressaltos de milhões de brasileiros.

O Brasil vive um terrível momento crítico, o mais terrível desde a redemocratização. As esquerdas e as oposições não podem continuar agindo como se o país vivesse num estado normal. Agir com normalidade é agir em cumplicidade com a destruição a que o Brasil está sendo submetido. Os partidos de oposição tem o dever não só de se explicar. Eles têm o dever de agir, de dirigir, de apontar rumos e de lutar.

domingo, 21 de julho de 2019

Caos Brasil - 'Jamais se viu pessoa tão inábil e desqualificada no comando do País...' Interdição já!

Jamais se viu pessoa tão inábil e desqualificada no comando do país, como o atual presidente. Frequentemente faz chacota contra a população trans, mulheres, negros, também contra pobres e nordestinos. Trata a oposição abertamente como inimiga a ser eliminada. Atenta contra a imprensa, a quem considera conspiradora eterna. Nega o valor de instituições do Estado, a quem não crê precisa manter qualquer reverência por suas contribuições históricas ao Brasil. Acha pouco, também comemora o nepotismo, naturaliza a apropriação do público pelo privado, celebra a patifaria na prática cotidiana da política, passa a mão na cabeça de acusado de integrar milícia, praticar corrupção. Sequer mostra indignação adequada com flagrante pela polícia estrangeira de quilos de cocaína traficados em avião de sua comitiva. 

O presidente se indispõe com meio mundo, arriscando o futuro geopolítico do Brasil, apenas para contemplar servilmente o ego notadamente desatinado de Donald Trump. O presidente aceita retalhar em miúdos o fundamento humano do Estado brasileiro sem qualquer noção do que esteja fazendo. Avilta conquistas históricas de trabalhadoras e trabalhadores, direitos sociais elementares consagrados ao povo (previdenciários, educacionais, médicos, habitacionais) só porque é o desejo do ministro da economia, peão do mercado financeiro. O presidente topa bancar projetos do ministro da justiça, sem qualquer noção do que isso signifique, sequer ponderando o fato deste ministro transitar hoje, para lá e para cá, como criatura desmoralizada, desacreditada, ampla e abertamente tida como mau caráter pela opinião culta dentro e fora do país, responsável direto pelo estado de calamidade pública em que se tornou o Brasil, pela deterioração de um país que esteve à beira de virar potência e retrocedeu ao tamanho de um caroço de pitomba.

O presidente nem pensa duas vezes antes de conduzir alucinados iguais a ele ao primeiro escalão da República, inclusive em ministérios proeminentes, como o da educação e das relações exteriores, pela única razão de satisfazer o afã distópico de um fanfarrão ignorante nos Estados Unidos. O presidente bajula indecorosamente pastores com ficha corrida, militares de qualquer farda e patente, minimiza a censura jornalística, a perseguição cultural, a intervenção nas universidades. Anda ladeado por tropa de choque de brutamontes transformados em políticos apenas para bater palmas para si, permitindo que ignóbeis de seu círculo familiar se indisponham em seu próprio nome, do Chefe de Estado do Brasil, em redes sociais e debates públicos, com pessoas simples, autoridades estrangeiras, autoridades nacionais, até mesmo membros de seu próprio governo, gerando incertezas para a economia, a institucionalidade, os investidores nacionais e os estrangeiros no país, evidentemente, para toda população. 

Afinal de contas, o que é isso que está no comando da Presidência da República do Brasil? É um presidente ou um demente? Se for um demente, que seja interditado para tratamento. O país e seu povo não merecem minguar ao colapso total apenas porque os sistemas jurídico e eleitoral brasileiros são caprichosos e aceitaram ser manipulados nas últimas eleições. É impossível haver qualquer nação no mundo que se sustente com quatro anos de mandato de um presidente como o do Brasil.

Marcelo Uchôa

'Como enfrentar este idiota que está na presidência?' Por Antônio Carlos de Almeida Castro

Nós temos que fazer uma reflexão sobre como vamos enfrentar este idiota que está na presidência. Por mais absurdo que ele esteja fazendo no dia a dia estamos nos acostumando a rir, a nos divertir, a falar das ações teratológicas de uma pessoa claramente inimputável. Mas não existe uma oposição clara, direta, sistemática. Eu não tenho partido político, mas penso que o Brasil hoje não tem oposição. 
Não adianta rir do ridículo que ele é, ele não tem inteligência para perceber que é medíocre, não percebe o quão é ridicularizado no mundo todo. O mundo dele é do tamanho do cérebro dele, basta ver como ele tratou a rejeição ao nome do energúmeno do 02 para ser Embaixador nos EUA, é humilhante. Ele não acha. Quer dar filé para o filho. Que gosta de fritar hambúrguer. Meu Deus!! Nunca houve nada parecido na história. Agora precisamos pensar que ele comete crime todo dia, contra os nordestinos, contra o sistema federativo, crimes raciais e por aí afora. A maneira com que ele tratou a imprensa internacional ontem foi um marco na história do mau caratismo, ignorância, prepotência é burrice pura e simples. Um vexame. O Kennedy Alencar postou hoje sobre isto, de uma maneira mais inteligente e elegante. Chega! O país não aguenta 4 anos de completa imbecilidade! Vamos pensar o país e tomar atitudes. O riso, o ridículo não os atinge. Eles, ele próprio, filhos e asseclas , não têm inteligência para perceber. O país caminha para o caos absoluto na saúde , nos costumes, na educação, na segurança… enfim, o caos!!

Brasil no caos - São Paulo bate recorde de fechamento de indústrias


"O Estado de São Paulo registrou o fechamento de 2.325 indústrias de transformação e extrativas nos primeiros cinco meses do ano. O número é o mais alto para o período na última década e 12% maior que o do ano passado", o que indica que o apoio da Fiesp, dos patos amarelos, ao golpe de 2016 foi um tiro no pé
O apoio da Federação das Indústrias de São Paulo, comandada por Paulo Skaf, que colocou nas ruas seu pato amarelo, ao golpe de 2016, foi um tiro no pé dos industriais paulistas. "O Estado de São Paulo, maior polo industrial do País, registrou o fechamento de 2.325 indústrias de transformação e extrativas nos primeiros cinco meses do ano. O número é o mais alto para o período na última década e 12% maior que o do ano passado, segundo a Junta Comercial", aponta reportagem do Estado de S. Paulo, deste domingo."Entre 2014 e 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro acumulou queda de 4,2%, enquanto o da indústria de transformação em todo o País caiu 14,4%. “Significa que a produção caiu bastante e obviamente teve impacto nas empresas, com fechamento de fábricas e demissões”, diz o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados", aponta ainda o texto.

Brasil no caos - Presidente do INPE afirma que Bozo age como adolescente de 14 anos!

O presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Ricardo Galvão, reagiu duramente à entrevista de Jair Bolsonaro em que ele atacou a instituição e negou o crescimento do desmatamento na Amazônia. "Esses dados sobre desmatamento da Amazônia, feitos pelo Inpe, começaram já em meados da década de 70 e a partir de 1988 nós temos a maior série histórica de dados de desmatamento de florestas tropicais respeitada mundialmente", afirmou Galvão à TV Vanguarda.
Foi uma resposta a uma fala de Bolsonaro no dia anterior. "A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos, e nós vamos chamar aqui o presidente do Inpe para conversar sobre isso, e ponto final nessa questão", disse Bolsonaro na sexta-feira. "Mandei ver quem está à frente do Inpe. Até parece que está a serviço de alguma ONG, o que é muito comum", disse ainda o presidente, de forma grosseira e irresponsável.
"Tenho 71 anos, 48 anos de serviço público e ainda em ativa, não pedi minha aposentadoria. Nunca tive nenhum relacionamento com nenhuma ONG, nunca fui pago por fora, nunca recebi nada mais do que além do meu salário com o servidor público", respondeu Galvão, que afirmou que não irá se demitir. Ele ainda criticou o comportamento adolescente de Bolsonaro. "Sou republicano e [acredito] que ele tem várias propostas que vão em benefício do país, mas ele tem tido realmente comportamento que não respeitam a dignidade e liturgia da Presidência", afirmou. "Principalmente quando ele tem essas entrevistas com a imprensa ou mesmo em outras manifestações, ele tem um comportamento como se estivesse em botequim. [...] Ou seja, ele fez acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira, não estou dizendo só eu, mas muitas outras pessoa. Isso é uma piada de um garoto de 14 anos que não cabe a um presidente da república fazer."

sábado, 20 de julho de 2019

XVI domingo comum – Dane-se a tradição que oprime! Livres para transgredir e se tornar discípulos do Mestre! (Lc.10, 38-42)


O trecho evangélico de hoje não é uma crônica de um encontro, num dia qualquer, da vida de Jesus. É uma catequese. É importante, portanto, entrar na mentalidade oriental da época para compreender a mensagem. Vejamos. 

1. Jesus está viajando para Jerusalém com seus discípulos, mas parece entrar sozinho num povoado. Nos evangelhos quando se cita um povoado sem nome significa que se entra num lugar que resiste às mudanças. Um lugar ainda cativo da tradição antiga. Aquela tradição que impede compreender a chegada do novo. Na narração de hoje temos um claro atentado à tradição. Segundo o costume da época quem faz as honras da casa é sempre o homem. Mulher fica na cozinha, pois ela era socialmente invisível. Surpreendentemente, uma mulher, chamada Maria, - que significa ‘senhora soberana, autônoma, livre’ - quebra a tradição. Ela faz as honras da casa a Jesus. Ocupa o lugar que era reservado ao homem. Abandona o seu lugar tradicional e opta por se colocar à escuta do Mestre. Uma transgressão consciente de Maria às normas da época. 

2. Marta, cujo nome significa, curiosamente, ‘senhora da casa’, é a mulher da tradição. Ela fica irritada porque Maria não se importava com o que a tradição mandava, ou seja, ficar invisível e não manter contato com homens transgressores da lei como Jesus! Marta chega até mandar para que o próprio Jesus a apoie na sua reivindicação. Maria, porém, fez livre e conscientemente a escolha de estar aos pés de Jesus. Ou seja, de ouvi-lo e de aprender dele. Maria, afinal, conquistou a sua liberdade interior a duras penas. Sem medo de se expor e de ser criticada. Não foi presente de ninguém! Sabe-se que quem dá também pode tirar. Mas quem conquista às suas custas como Maria fez, é algo que lhe pertence para sempre! Maria escolheu a melhor opção: SER PLENAMENTE LIVRE PARA SEGUIR O MESTRE. O desafio, hoje, para os seguidores de Jesus, é o de não ter medo de romper com paradigmas, vícios, práticas religiosas e outros condicionamentos que continuam a impedir a verdadeira escuta e o seguimento radical de Jesus para construir o Reino da liberdade e da justiça.  

O 'SEM NOÇÃO' Bozo afirma que existe 'psicose ambiental' ao não reconhecer os dados do INPE que aponta para um aumento assustador do desmatamento da Amazônia!

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro acusou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o levantamento de dados sobre desmatamento no país, de ter divulgado números “mentirosos” e chegou a insinuar que o presidente do instituto pode estar “a serviço de alguma ONG”. “A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos, e nós vamos chamar aqui o presidente do Inpe para conversar sobre isso, e ponto final nessa questão”, afirmou o presidente durante café da manhã com jornalistas estrangeiros.

“Mandei ver quem está à frente do Inpe. Até parece que está a serviço de alguma ONG, o que é muito comum”, disse, referindo-se ao presidente do instituto, Ricardo Galvão. Dados divulgados pelo Inpe esta semana mostraram que o desmatamento na Amazônia disparou na primeira metade de julho e superou toda a taxa registrada no mesmo mês no ano passado. Os dados preliminares dos satélites mostram o desmatamento de mais de mil quilômetros quadrados de floresta, 68% a mais do que o mês de julho de 2018. Bolsonaro chegou a dizer que esses dados são “uma cópia de anos anteriores”. “Pelo nosso sentimento isso não corresponde à verdade”, afirmou. Questionado seguidamente pelos repórteres sobre questões ambientais, Bolsonaro demonstrou irritação com o tema. Além de negar os dados de desmatamento, chegou a dizer que existe uma “psicose ambiental” no Brasil e, ao responder um jornalista europeu, disparou: “A Amazônia é nossa, não é de vocês”. “Se for somado o desmatamento que falam dos últimos 10 anos, a Amazônia já acabou. Eu entendo a necessidade de preservar, mas a psicose ambiental deixou de existir comigo”, disse.

“A transparência e a consistência da metodologia do Inpe para monitorar o desmatamento na Amazônia são reconhecidas internacionalmente. O Prodes (projeto que monitora o desmatamento da Amazônia), nosso sistema pioneiro, possui mais de mil citações na literatura científica pela excelência de seus dados. O Inpe monitora constantemente a qualidade dos dados sobre desmatamento, que atualmente apresentam índice superior a 95% de precisão.” 

Youtuber Felipe Neto diz que é impossível defender o 'crápula' Bolsonaro e se dizer cristão


O youtuber Felipe Neto, que tem um dos maiores canais de comunicação do Brasil, mandou um recado aos que se dizem cristãos. Segundo ele, é impossível apoiar Jair Bolsonaro, que vomita ódio e preconceito todos os dias, e ainda assim se dizer cristão. "Como vc ainda pode defender esse crápula e ainda sentir que tem contato com a sua humanidade? Como você pode ficar ao lado desse indivíduo tomado pela maldade e se dizer CRISTÃO? Olhe para o Bolsonaro, olhe para o q ele diz, agora olhe para o lado onde vc está, por favor!", escreveu

Governador do Maranhão Fávio Dino diz que Bolsonaro cometeu crime ao chamar todos os nordestinos de Paraíbas


"Ouvi mais claramente o que disse o presidente da República. Parece chamar todos os nordestinos de 'paraíba' e me ameaça, com estranha raiva. Lamento e espero explicações, pois isso é algo realmente inédito e incompatível com a Constituição", disse o governador do Maranhão.  O governador do Maranhão, Flávio Dino, publicou vídeo na noite de ontem, em que fica claro o preconceito de Jair Bolsonaro com os nordestinos. No vídeo, Bolsonaro insulta o próprio povo brasileiro, ao se referir a todos os nordestinos, de forma pejorativa, como "paraíba". Bolsonaro também ofende o governador do Maranhão, que aponta a quebra de decoro e exige explicações. 

Ontem, os governador do Nordeste divulgaram carta conjunta. 
Nós governadores do Nordeste, em respeito à Constituição e à democracia, sempre buscamos manter produtiva relação institucional com o Governo Federal. Independentemente de normais diferenças políticas, o princípio federativo exige que os governos mantenham diálogo e convergências, a fim de que metas administrativas sejam concretizadas visando sempre melhorar a vida da população. Recebemos com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da República transmitindo orientações de retaliação a governos estaduais, durante encontro com a imprensa internacional. Aguardamos esclarecimentos por parte da presidência da República e reiteramos nossa defesa da Federação e da democracia".

sábado, 13 de julho de 2019

Romper os grilhões da religião: revestir-se de compaixão, e sermos próximo que ama e protege os feridos da nossa sociedade (Lc. 10,25-37)


Jesus rompe com a crença religiosa segundo a qual Deus vem em primeiro lugar, e os homens em segundo. A Deus caberia amor absoluto, e aos homens só amor relativo. Mas Jesus não separa os dois amores. E nem os coloca um acima do outro. O amor a Deus e o amor ao próximo caminham juntos e fazem sentido só se um revela o outro. Afinal, já São João nos dizia ‘como podemos afirmar que amamos Deus que não vemos, se não sabemos amar o irmão que vemos?’ 
No evangelho de hoje Jesus critica diretamente os ‘promotores da falsa religião’. Os que separam o amor a Deus da compaixão para com os homens, principalmente quando necessitados. Critica aqueles religiosos hipócritas que por defenderem a pureza das normas e a obediência aos preceitos religiosos que eles mesmos inventaram, ignoram os feridos, os abandonados, os perseguidos que vivem ao seu lado. Jesus não quer uma igreja preocupada com a sua manutenção e administração. Que brilha pela beleza de suas liturgias e suas vestimentas. Ou que se preocupa com um dízimo polpudo desligado da solidariedade. Jesus quer pessoas revestidas de compaixão. Porque Deus é compaixão! Que tenham a coragem de se abaixar para tratar as feridas do ódio, as chagas da intolerância e o câncer da indiferença e devolver a dignidade a quantos são agredidos cotidianamente. Deus não é amado mediante lindos louvores ou através de belas e longas adorações, e sim, mediante a prática da misericórdia. O nosso próximo são todos aqueles humanos que nos assistem e protegem por puro amor. Que não têm nojo de nos carregar em seus braços quando fedemos a desprezo e a humilhação. Afinal, onde há amor verdadeiro, lá Deus está!

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Também o sábio cantor Cali Guajajara se foi. Fica conosco, amigo!

Cali Guajajara é o terceiro da esquerda para a direita
Cali, incansável cantor  e guardião da identidade Guajajara
Era sempre uma alegria rever o velho e simpático amigo Cali Guajajara, na aldeia Bacurizinho. Provocador, perspicaz, e brincalhão na medida certa, a casa dele se havia tornado, para mim, uma parada obrigatória. Era uma obrigação moral levar sempre alguns pães que ele adorava, algo que nem sempre eu fazia...E ele cobrava, justamente, sempre em tom de brincadeira, fingindo que estava chateado. Além dessa ‘simpática cobrança’ quase sempre me pedia como presente uma máquina de costura, mesmo que usada, algo que nunca levei à sério, imaginando que fosse uma simples provocação. Ao contrário, descobri, mais tarde, que ele era um costureiro habilidoso mesmo! Dizia para ele que era mais conveniente comprar calção e camiseta dos chineses do que comprar tecido e fio para costurar e produzir. Saía mais em conta Ele me chamada de ‘ruim’, de ‘mão de vaca’....Ah, quanta saudade daqueles momentos de descontração e de companhia agradável, principalmente quando o convidava a entrar no carro, e nos acompanhar nas visitas às aldeias próximas. Em todas as aldeias ele dizia que tinha parentes. E era isso mesmo: sobrinhas, primas...Havia nascido na pequena aldeia da Pedra, bem próxima de Bacurizinho. Lembro as lágrimas de Cali ao narrar o enterro do irmão dele, o grande Abraão, no ano passado. Mostrava as fotos, e os vídeos daquele momento de tristeza. Uma geração de Guajajara que, aos pouco, está nos deixando, mas deixando em herança um legado inestimável que poucos karaiw conhecem, e saberiam apreciar...

A última vez que passei por Bacurizinho foi três semanas atrás. Já era um pouco tarde, mas mesmo assim, decidimos passar por lá, e dar um alô ao amigo. Estava deitado na rede. Entrei com o intuito de surpreendê-lo e, ao vê-lo deitado reclamei que ele estava ficando velho e preguiçoso. Levantou sorrindo, nos abraçamos e nos beliscamos como sempre fazíamos. Um mais zuadento que o outro. Nem nos despedimos, pois o reencontro já estava planejado para o mês seguinte... 

Hoje de manhã, Cali nos deixou, mas foi só fisicamente. A notícia, via wattsapp, me deixou atônito. Uma triste e inesperada surpresa. Agora, ao relembrar os momentos gostosos, alegres, vivos, sinto que ele está querendo brincar novamente, inclusive com a sua própria morte. Ele sabe que a sua ausência física não irá significar sumiço e desaparecimento para todos aqueles que o conheceram e estimaram. Ele, no céu, já deve ter arrumado uma baita de algazarra. Afinal, por onde chega Cali, junto vem a sua alegria contagiante. A sua fina ironia deve ter mexido até com o Administrador Maior da Eternidade. Tenho certeza que foi recebido pelo numeroso exército dos guerreiros Guajajara que lá estão. E, agora, juntos, empunhando o maracá da esperança estão cantando melodias que falam da vida que não conhece fim! 
Vá em paz, Cali, mas fica sempre entre nós, sábio amigo!

sábado, 6 de julho de 2019

Terras indígenas no Maranhão sempre mais invadidas....Invasores se sentem respaldados pelo Bozo!

A Funai realizou nesta quarta-feira (3) uma operação no Maranhão para coibir a invasão e exploração de terras indígenas. A operação ocorreu na Terra Indígena Awá; e em áreas próximas, como as terras do Caru, Alto Turiaçu e Arariboia. Já foram apreendidas motos e caminhões de madeireiros; e pessoas portando estacas foram conduzidas à polícia do município do Bom Jardim. A Fundação Nacional do Índio conta com o apoio da Secretaria de Segurança Pública do Estado. As buscam contam também com o suporte de indígenas da região. Chamados de “Guardiões Indígenas”, eles recebem treinamento para usar tecnologias que possam ajudar na identificação dos locais invadidos, como GPSs e Drones; e são considerados pela Funai como peça fundamental nas operações. 

A Fundação destaca ainda que as invasões colocam em risco, especialmente, os grupos de indígenas isolados que ainda vivem na região. Segundo o órgão, as operações nos territórios Awá e arredores devem ocorrer ao longo de todo o ano. Homologada em 2005, a terra Indígena Awá tem sido alvo de invasores e posseiros que continuam atuando na região. No início do ano, a Funai identificou articulações para novas invasões. Esta já é a terceira operação deflagrada na região neste ano. Nas primeiras ações, foram apreendidos em flagrantes pessoas extraindo madeira, e realizando caça e pesca ilegal. Cinco serrarias clandestinas foram fechadas; armas e munições foram apreendidas, além de ter sido feita a retirada do gado criado pelos invasores na terra indígena.  (Fonte: Rádio Nacional)

14º domingo comum- Missionari@s sem frescuras! (Lc. 10, 1-12.17-20)


Jesus tinha enviado os doze para a sua missão itinerante. Mas a missão resultou num fracasso estrondoso. O mestre, porém, não desanima. Muda de metodologia. Agora ele escolhe um discípulo de cada povo e cultura pagã. Setenta e dois eram os povos pagãos segundo a mentalidade da época. Um modo claro para dizer que com Jesus todos são chamados a colaborar com todos, em todos os lugares. A construção da ‘governança de Deus’ não exige categorias especiais, padres, religiosos, freiras, mas todos são chamados a ser operários ativos na grande messe! E tendo uma nova atitude. E com a consciência de que são enviados numa sociedade dominadas lobos que agridem, atacam e matam. Todos, missionários e missionárias, são enviados a visitar todas as cidades, e todas as casas. Sem pular ou excluir esta ou aquela. Visitar, curar, anunciar, e libertar sem impor condições. Sem qualquer tipo de restrição alimentar, religiosa, ideológica. Ou seja, missionários sem frescuras! Abertos para se adaptar a tudo o que lhes for oferecido. No mais pleno respeito. É oferecimento de paz, de libertação e de esperança. Nada de ameaças divinas para quem resiste! Aceita quem quiser. O importante é não perder tempo. E deixar claro que o novo jeito de governar de Deus, - e não o jeito de governar dos lobos, - está próximo. Está ao alcance de todas as pessoas. O nosso evangelista nos informa que a resposta do povo foi diferente daquela que havia sido reservada aos doze. Quando todos se sentem enviados, - e não somente um grupinho, - a realidade se transforma. Até os demônios obedecem. E o próprio Satanás, o acusador, o traidor, o tentador inveterado é precipitado e vencido!

segunda-feira, 1 de julho de 2019

A Marcha para Jesus e o avesso do avesso do avesso das religiões por Dora Incontri


Causa choque em muitos cristãos um evento como a Marcha para Jesus, onde em nome da mensagem do Nazareno, defende-se o armamento da população, a discriminação, a violência do Estado… Mas o mesmo podemos perguntar: como a mensagem de paz e compaixão de Jesus se transformou na Inquisição, nas Cruzadas… como a sua mensagem de desapego e simplicidade se transformou no ouro do Vaticano? 
Como nações que se dizem cristãs até hoje se locupletam na exploração dos povos, como praticaram e ainda praticam a escravidão? Como, particularizando mais, a Reforma protestante que se firmou com Lutero na crítica à exploração financeira da fé (na época as indulgências vendidas pela Igreja Católica) tem como descendentes Malafaia, Edir Macedo e outros tantos, que comercializam a fé do povo? Como, logo depois da morte de Francisco de Assis, um exemplo de não-violência, desprendimento e amor, muitos de seus continuadores se integraram de boa vontade ao luxo da Igreja e participaram da Inquisição que nascia naquele momento, contra o movimento dos cátaros, no sul da França?  É bem verdade que parte dos primeiros seguidores de Francisco se negaram a seguir essa onda que se afastava tanto de Jesus e de seu Pobrezinho de Assis e é fato que até hoje a ordem franciscana representa dentro da Igreja Católica uma vertente progressista. Mas é verdade que o que Francisco sonhou não foi cumprido até hoje pela Igreja que ele pretendeu reconstruir, segundo a voz que ouviu. 
Mais adiante, como, no espiritismo, a proposta de Kardec, que era naturalizar, democratizar e racionalizar a mediunidade, para que o contato com o mundo espiritual não fosse mais objeto de exploração, submissão e fanatismo se transformou nesse movimento espírita brasileiro em que médiuns pontificam com argumentos de autoridade e se colocam acima das críticas, na posição de lideranças narcísicas e reverenciadas? Como uma filosofia que nasceu progressista, igualitária, crítica se transformou majoritariamente num movimento conservador e apoiador de propostas reacionárias e autoritárias? Eu pensava sempre que os budistas tinham sido uma exceção nesse sentido, mas me enganei. Porque também podemos nos indagar, como a mensagem de Sidarta Gautama, de compaixão e respeito a todas as formas de vida, pode servir de justificativa para que radicais budistas ataquem cristãos e muçulmanos no Sri Lanka? O que significa esse afastamento brutal dos ensinos mais essenciais dos grandes mestres, da incompreensão e deturpação das mais diversas formas de espiritualidade? 

Levanto aqui uma análise de que tomo emprestado alguns conceitos psicanalíticos. Nosso instinto primitivista, nossas pulsões básicas, em que a agressividade e a morte têm grande força em nosso inconsciente, são zonas muito profundas da nossa natureza. As religiões nos acenam com modelos de paz, santidade, virtude moral… mas geralmente essa moralidade, traduzida por instituições hierarquizadas, por dogmas irracionais – e não mais pelo exemplo livre, contagiante e verdadeiro dos grandes mestres – acaba por reprimir e não transformar de fato as pessoas. Temos, portanto, muito mais hipócritas religiosos do que pessoas de fato elevadas moralmente, capazes de sentir compaixão, empatia e amor universal. Por isso mesmo, Jesus atacou os fariseus e foi duro com eles e acolhedor com todos os supostos pecadores e com todos marginalizados pela sociedade de sua época.

A boa notícia, entretanto, é que se todos almejam essa altura moral, mas se deixam ainda invadir pelas paixões, pelo instinto de destrutividade, pelo desejo de poder, então é porque no fundo, sabem o que é moral, o que é justo, o que é bom. Aliás, apenas uma pequena parcela da população é psicopata a ponto de não ter nenhuma noção do bem e do mal e nenhuma capacidade de empatia. Isso significa que a maioria dos que que não se indignam com a atitude de um Moro, que apoiam a tortura e a pena de morte, que parecem não ter nenhuma noção de justiça, mas se dizem cristãos e são capazes de amar os próximos mais próximos, estão na zona fronteiriça dos que querem o bem, mas fazem o mal – como o próprio Paulo dizia fazer. Tiro uma frase muito pertinente do filme Lutero, em que o confessor dele lhe diz: o problema é mais odiar o mal do que amar o bem.
Às vezes, o suposto ódio ao mal se transforma num afastamento completo do bem.