terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ano novo - Convocados para a esperança!

Não é raro ouvir dizer: “O mundo está perdido!”, “Não há mais nada para fazer!”. É muito fácil desanimar diante das adversidades da vida. É próprio da cultura da violência e da morte espalhar medo e desespero para obrigar o ser humano se render e se dobrar à lógica da resignação.A pior violência que podem praticar contra o ser humano é roubar sua utopia e matar a sua esperança. Qual é o fundamento de nossa esperança? A resposta está num trecho do Livro do Apocalipse: “Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém... «Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo e o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos; e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor. Porque as primeiras coisas passaram.» A história tem como desfecho final o Reino de Deus. A visão da Nova Jerusalém, descrita no livro do Apocalipse, aponta uma certeza: a violência, a dor e as injustiças não têm a última palavra. Esta pertence a Deus. Seu projeto de vida prevalecerá sobre a lógica da morte. 

A esperança não é um ato de covardia, uma declaração de rendição ou um atestado de incompetência humana. A esperança é a mais exigente e revolucionária experiência do coração humano. É a coragem de se envolver, de mergulhar na realidade, de dar a volta por cima e de recomeçar tudo de novo. É a força subversiva dos pequeninos e dos pobres de espírito, os “anawins” como Maria de Nazaré,  que mesmo não contando com o poder econômico, o poder de fogo e a força bruta, são capazes de derrubar os poderosos dos tronos e enaltecer os humildes,  de mandar os ricos para casa de mãos vazias.A esperança é a crença na possibilidade da mudança e uma convocação à transformação, pois aponta que o novo é possível, só que deve acontecer desde já a partir de cada um. A esperança é a virtude dos ousados, “daqueles que permanecem em pé”, que não perdem a postura, que não se vendem, que não se satisfazem com qualquer coisa, não entregam os pontos, não desistem, não se contentam com a mediocridade, não buscam o mínimo indispensável, mas ousam, têm coragem suficiente para embarcar e navegar para águas mais profundas, na busca daquilo que vale a pena de verdade: “Para mim o viver é Cristo” (Fl 1,21). A esperança custa caro, mas vale a pena. É com ela, como companheira inseparável, que queremos encarar o novo ano. 
Feliz 2014. (Fonte: Carta de padre Saverio Paolillo - Comboniano)

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

NATAL - O materialismo de Papai Noel. O Menino Jesus escreve uma carta para as crianças, de Leonardo Boff

Um dia, o Filho de Deus quis saber como andavam as crianças que outrora, quando andou entre nós,“as tocava e as abençoava” e que dissera: ”deixai vir a mim as criancinhas porque delas é o Reino de Deus” (Lucas 18, 15-16). À semelhança dos mitos antigos, montou num raio celeste e chegou à Terra, umas semanas antes do Natal. Assumiu a forma de um gari que limpava as ruas. Assim podia ver melhor os passantes, as lojas todas iluminadas e cheias de objetos embrulhados para presentes e principalmente seus irmãos e irmãs menores que perambulavam por aí, mal vestidos e muitos com forme, pedindo esmolas. Entristeceu-se sobremaneira, porque verificou que quase ninguém seguira as palavras que deixou ditas:” quem receber qualquer uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe” (Marcos 9,37). E viu também que já ninguém falava do Menino Jesus que vinha, escondido, trazer na noite de Natal, presentes para todas as crianças. O seu lugar foi ocupado por um velhinho bonachão, vestido de vermelho com um saco às costas e com longas barbas que toda hora grita bobamente:”Oh, Oh, Oh…olhem o Papai Noel aqui”. Sim, pelas ruas e dentro das grandes lojas lá estava ele, abraçando crianças e tirando do saco presentes que os pais os haviam comprado e colocado lá dentro. Tão triste como ver crianças abandonadas nas ruas, foi perceber como elas eram enganadas, seduzidas pelas luzes e pelo brilho dos presentes, dos brinquedos e de mil outros objetos que os pais e as mães costumam comprar como presentes para serem distribuídos por ocasião da ceia do Natal. Triste, tomou outro raio celeste e antes de voltar ao céu deixou escrita uma cartinha para as crianças. Foi encontrada debaixo da porta das casas e especialmente dos casebres dos morros da cidade, chamadas de favelas.

Ai o Menino Jesus escreveu: Meus queridos irmãozinhos e irmãzinhas, Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas, especialmente nos pobrezinhos, a presença escondida do Menino Jesus nascendo dentro deles. Se vocês fizerem renascer a criança escondida nos seus pais e nas pessoas adultas para que surja nelas o amor, a ternura, o carinho, o cuidado e a amizade  no lugar de muitos presentes. Se vocês ao olharem para o presépio descobrirem Jesus pobremente vestido, quase nu e lembrarem de tantas crianças igualmente pobres e mal vestidas e sofrerem no fundo do coração por esta situação desumana e se decidirem já agora, quando grandes, mudar estas coisas para que nunca mais haja crianças chorando de fome e de frio, Se vocês, ao verem no presépio todos aqueles animais, como as ovelhas, o boi e a vaquinha pensarem que o universo inteiro é também iluminado pelo Menino Jesus e que todos, galáxias, estrelas, sois, a Terra  e outros seres da natureza e nós mesmos formamos a grande Casa de Deus, Então saibam que sou eu, o Menino Jesus, que  está chegando de novo e renovando o Natal. Estarei sempre perto de vocês, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos todos, humanidade e universo, à Casa do Pai e Mãe de infinita bondade para sermos juntos eternamente felizes como uma grande família reunida.
                                    Belém, 25 de dezembro do ano 1.
                                    Assinado: Menino Jesus

domingo, 29 de dezembro de 2013

Natal - Jornalões e grandes lojistas com gostinho amargo na boca: se consumiu abaixo do esperado! Vem Senhor Jesus!

Manchete da Folha: “Comércio tem o pior resultado no Natal em 11 anos”. Manchete do Estadão: “Com crédito contido e juros altos, vendas de Natal decepcionam”. Ambos os jornais trabalham em cima de dados da Serasa Experian e da Alshop (a associação dos lojistas de shoppings).Vamos a alguns erros de manchetes e de análises.1. Erro de manchete: Se em 2013 vendeu-se mais do que em 2012, como considerar que foi o pior resultado em 11 anos? 2. As vendas em shoppings deixam de lado o comércio para classes C e D - justamente as que mais vêm crescendo. Mesmo assim, os jornalões trataram os dados como se representassem o todo. 3. A Alshop (associação dos lojistas) informou que as vendas cresceram 6% no Natal. O problema maior foi o aumento do número de lojas, que fez com que as lojas mais antigas permanecessem com o mesmo faturamento. Ora, o que expressa o mercado são as vendas totais. 4. Os jornalões deixaram de lado o comércio eletrônico - que tem sido o principal competidor das lojas de shopping. Em 2013 os shoppings centers venderam R$ 138 bilhões, 8% a mais do que em 2012. O comércio eletrônico vendeu R$ 23 bilhões, ou 45% a mais do que em 2012. Somando a venda dos dois segmentos, saltou de R$ 151 bi em 2012 para R$ 161 bi em 2013, aumento de expressivos 12%. 5. Os jornais falam em “decepção”, porque a Alshop esperava crescimento de 10% nas vendas de Natal e conseguiu-se “apenas" 6%. Esperar 10% de crescimento com uma economia rodando a 2% é erro clamoroso de análise. Mas, para os jornalões, o erro está na realidade, que não acompanhou os sonhos.(Fonte: Síntese do artigo de Luis Nassif) 

Sagrada Família - E a família como vai?

Não precisa ser pais biológicos para ser ‘pai e mãe’ para um filho. Pais são aqueles que assumem, de fato, a responsabilidade de amar, educar, proteger e acompanhar uma criança que lhe foi confiada. Pode ser um tio, uma avó, um irmão maior...um padrasto. Esta é, afinal, a ‘sagrada família’ de Nazaré. Uma família que em muito se assemelha a muitas das nossas famílias nordestinas. Esta, no entanto, é só a configuração externa, visível, a estrutura de muitas famílias hodiernas. Algo sempre mais freqüente diante da fragilidade e do encurtamento temporal das relações entre casais. Muitas causas já razoavelmente conhecidas vêm a contribuir para esse fenômeno. Existe outra explicação que a meu ver não aparece na hora de compreender a complexidade da família, hoje em dia. O homem e a mulher começaram a se conhecer melhor. A si próprios e ao outro. A psicologia, a neuropsicologia e outras ciências começam a revelar o complexo universo de sentimentos, emoções, reações, de ‘químicas’ que entram em jogo numa relação a dois. Não é somente a liquidez social e de valores que facilita a desestabilização de uma relação conjugal. Não é só a moral católica que prega a ‘união por toda a vida’ que assusta e que, na prática, está sendo colocada no escanteio. Muitos se perguntam por que deveriam viver a vida inteira ou agüentar o mesmo parceiro/a por um longo tempo se a relação entre os dois já implodiu. Só porque há filhos pelo meio? Só porque há um documento formal que, supostamente, os pressiona a permanecer juntos para além de toda evidência? 
A mulher tem uma sensibilidade extremamente diferente da do homem. Sente muito mais do que ele a perda do companheiro, mesmo quando ele a trata de forma grosseira e rude. Ela alimenta sonhos com ele. O homem vive o cotidiano ao lado dela de forma utilitarista, pragmática. Quantos homens se imaginam envelhecer ao lado de suas companheiras, tendo os filhos bem próximos deles? Quantos homens sentem a mesma atração originária depois que sua mulher/companheira teve um-dois-três filhos? Para as mulheres amar e se dedicar à pessoa que escolheu é algo normal. Paradoxalmente, hoje que temos mais possibilidade de nos conhecer e de conhecer melhor um ao outro, em profundidade, é com extrema leviandade que muitos jovens e adultos ‘se juntam’ e não se preparam para tanto. Acham natural ...'se juntar e conviver' como se isso não exigisse preparação, disposição, sintonia de sentimentos e projetos de vida consensuais. Largam a companheira/o e iniciam uma ‘nova aventura’ com outra/o. Se não der certo, muda-se! Esquecem que toda relação que implode deixa um rasto de sentimentos de fracasso, de falência, de desamor, de indignação.  Esquecem que todo filho ‘separado’ de um pai ou de mãe cresce com sentimentos de abandono, de rejeição, de revolta. José escolheu proteger e cuidar de uma mulher e de um filho que não eram dele. Jesus acabou se tornando com o tempo um ‘filho dele’ e Maria, a esposa dele. Assumiu a responsabilidade paterna de educar Jesus e amá-lo mais de que um pai biológico. Em tempos de ameaças, perseguições e inseguranças nada melhor do que um pai e uma mãe, um esposo, uma esposa ao nosso lado!

sábado, 28 de dezembro de 2013

Futuro da humanidade - O funesto império mundial das corporações, por Leonardo Boff

Os bons votos de um ano feliz são rituais. Não passam de simples votos, pois não conseguem mudar o curso do mundo onde os super-poderosos seguem sua estratégia de dominação global. Sobre isso é que precisamos pensar e até rezar, pois as consequências econômicas, sociais, culturais, espirituais e para o futuro da espécie e da natureza podem ser nefastas. Muitos como J. Stiglitz e P. Krugman esperavam que o legado da crise de 2008 seria um grande debate sobre que tipo de sociedade queremos construir. Erraram feio. A discussão não se deu. Ao contrário, a lógica que provocou a crise foi retomada com mais furor. Richard Wilkinson, um dos maiores especialistas sobre o tema desigualdade foi mais atento e disse, há tempos, numa entrevista ao jornal Die Zeit da Alemanha: ”a questão fundamental é esta: queremos ou não verdadeiramente viver segundo o princípio que o mais forte se apropria de quase tudo e o mais fraco é deixado para trás?”. Os super-ricos e super-poderosos decidiram que querem viver segundo o princípio darwinista do mais forte e que se danem os mais fracos. Mas comenta Wilkinson: “creio que todos temos necessidade de uma maior cooperação e reciprocidade, pois as pessoas desejam uma maior igualdade social”. Esse desejo é intencionalmente negado por esses epulões.Via de regra, a lógica capitalista é feroz: uma empresa engole a outra (eufemisticamente se diz que se fizeram fusões). Quando se chega a um ponto em que só restam apenas algumas grandes, elas mudam a lógica: ao invés de se guerrearem, fazem entre si uma aliança de lobos e comportam-se mutuamente como cordeiros. Assim articuladas detém mais poder, acumulam com mais certeza para si e para seus acionistas, desconsiderando totalmente o bem da sociedade.

A influência política e econômica que exercem sobre os governos, a maioria muito mais fracos que elas, é extremamente constrangedor, interferindo no preço das commodities, na redução dos investimentos sociais, na saúde, educação, transporte e segurança. Os milhares que ocupam as ruas no mundo e no Brasil intuíram essa dominação de um novo tipo de império, feito sob o lema: ”a ganância é boa” (greed is good) e “devoremos o que pudermos devorar”. Há excelentes estudos sobre a dominação do mundo por parte das grandes corporações multilaterais. Dentre as 30 milhões de corporações existentes, o Instituto Suíço de Pesquisa Tecnológica (ETH) selecionou 43 mil para estudar melhor a lógica de seu funcionamento. O esquema simplificado se articula assim: há um pequeno núcleo financeiro central que possui dois lados: de um, são as corporações que compõe o núcleo e do outro, aquelas que são controladas por ele. Tal articulação cria uma rede de controle corporativo global. Esse pequeno núcleo, fundamentalmente de grandes bancos, detém a maior parte das participações nas outras corporações. O topo controla 80% de toda rede de corporações. São apenas 737 atores, presentes em 147 grandes empresas. Ai estão o Deutsche Bank, o J.P. Morgan Chase, o UBS, o Santander, o Goldman Sachs, o BNP Paribas entre outros tantos. No final menos de 1% das empresas controla 40% de toda rede. Foi esta absurda voraciade de acumular ilimitadamente que gestou a crise sistêmica de 2008. Como diz Dowbor: ”A verdade é que temos ignorado o elefante que está no centro da sala”. Ele está quebrando tudo, cristais, louças e pisoteando pessoas. Mas até quando? O senso ético mundial nos assegura que uma sociedade não pode subsistir por muito tempo assentada sobre a super exploração, a mentira e a anti-vida. (Fonte Leonardo Boff - síntese do blogueiro)

Ecologia - Ártico se derrete sempre mais rápido. Um 'Requiem' para o planeta?

A cientista Julienne Stroeve estuda o gelo da região do Ártico há décadas. Todos os anos no verão ela viaja para o norte para medir a quantidade de gelo derretido. Ela sabe que as mudanças climáticas estão contribuindo para o gelo desaparecer rapidamente, mas durante sua última viagem ela ficou ainda mais surpresa com o que viu. Grandes áreas onde antes existia apenas gelo estavam descobertas – é pior do que imaginávamos. É sobre isso que os cientistas têm nos alertado. À medida que a terra aquece, surgem "pontos de ebulição" que aceleram o aquecimento descontroladamente. O aquecimento derrete o gelo do mar do Ártico e destrói um grande "espelho" branco que antes refletia o calor para fora da nossa atmosfera. Mas com o derretimento, o calor é retido nos nossos oceanos, contribuindo para derreter mais gelo, em um efeito dominó. Tudo fica fora do controle. Em 2013, tudo – tempestades, temperaturas – chegou a níveis jamais vistos. Diferentemente de como pensam muitas pessoas segundo as quais a solução está só na eleição política de presidentes comprometidos com a defesa do planeta (sem dúvida, importante...) acredito que o principal desafio é educar para corrigir as distorções do comportamento social da maioria dos cidadãos planetários que fazem do consumo o sentido da sua vida. Infelizmente quando se fala em crescimento entende-se em aumento do consumo de produtos e mercadorias que são altamente poluidores, e destrutivos de bens não renováveis. Desse jeito, dentro de algumas dezenas de anos teremos que rezar o ‘Requiem’ para os habitantes do planeta Gaia. Amém! 

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Francesco - Sem profecia só cabe clericalismo e legalismo!

"O profeta é aquele que escuta as palavras de Deus, sabe ver o momento e projetar o futuro. Ele tem dentro de si estes três momentos: passado, presente e futuro". Assim se manifestou Francesco na sua reflexão cotidiana. "O profeta é consciente da promessa e tem em seu coração a promessa de Deus. Ele vive, recorda e repete essa promessa. Depois olha o presente, olha o seu povo e sente a força do Espírito para dizer uma palavra que ajude o povo a se levantar, a continuar o caminho em direção ao futuro. O Senhor sempre protegeu o seu povo, com os profetas, nos momentos difíceis, nos momentos em que o povo estava desencorajado ou destruído, quando não havia o Templo, quando Jerusalém estava sob o poder dos inimigos, quando o povo se perguntava: O Senhor nos prometeu isso! O que acontece agora"?  Quando no povo de Deus falta profecia, está faltando alguma coisa: falta a vida do Senhor. Quando não há profecia a força recai sobre a legalidade, toma lugar o legalismo", frisou o pontífice. "Quando no Povo de Deus não há profecia o vazio causado é ocupado pelo clericalismo. É este clericalismo que pergunta a Jesus: Com que autoridade você faz estas coisas? Com que legitimidade? E assim, a memória da promessa e a esperança de ir em frente são reduzidas apenas ao presente: nem passado e nem futuro esperançoso. O presente é legítimo e se é legítimo vai em frente." Que não nos cansemos de ir adiante! Que não nos fechemos nas legalidades que fecham as portas. Senhor, liberta o teu povo do espírito do clericalismo e ajude o teu povo com o espírito da profecia." (Fonte: Rádio Vaticana)

Sistema prisional - Mulheres e irmãs de detentos são abusadas e chantageadas dentro da penitenciária de Pedrinhas

Depois de uma visita de emergência ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (Maranhão), dias atrás, o juiz Douglas Martins, auxiliar da Presidência do Conselho Nacional de Justiça, cobrou providências do governo estadual para impedir que continuem a ser cometidas violências sexuais em familiares de presos durante as visitas íntimas realizadas nos presídios do complexo. Mulheres e irmãs de presos têm sido obrigadas a ter relações sexuais com líderes das facções criminosas, que ameaçam de morte os detentos que se recusam a permitir o estupro das visitantes.“As parentes de presos sem poder dentro da prisão estão pagando esse preço para que eles não sejam assassinados. É uma grave violação de direitos humanos”, afirmou o juiz, que é coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (DMF) do CNJ. Ele vai incluir a informação no relatório sobre a situação de Pedrinhas que vai entregar ao presidente do CNJ, ministro Joaquim Barbosa, ainda nesta semana. A visita ocorreu após a morte de um detento quinta-feira (19/12). Teria sido o 58º preso morto este ano no Complexo de Pedrinhas, segundo a imprensa maranhense. 

Comentário do blogueiro - A gravidade dessas ocorrências se deve também ao fato que já não existem celas reservadas para encontros íntimos de detentos com suas companheiras ou esposas. Tudo ocorre na mesma cela onde estão outros presos. Simplesmente colocam um lençol no beliche e aí acontece tudo na presença dos demais presos. Todos podem ouvir e...imaginar. Há uma clara facilitação para que as chantagens e as violências sexuais ocorram!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

VALE - Cerca de 300 famílias atingidas pela VALE bloquearam o acesso à mina da Vale, em Moçambique. Empresa não cumpriu o acordo!

Por voltas das 4h00 da manhã, do dia 23 de Dezembro de 2013, mais de 289 famílias atingidas e reassentadas pela Vale no Bairro 25 de Setembro, bem como as que tiveram “Indenização Assistida”, numa ação mobilizadora e de resistência bloquearam todas as vias que dão acesso a mina da Vale em Moatize levando a paralisação geral de todas operações de produção e logística da empresa. As famílias atingidas reivindicam o direito a indemnização resultante da usurpação de suas machambas pela Vale, que implantou na área a sua mina de carvão mineral, infra-estruturas de apoio, incluindo a construção de uma via-férrea. Segundo informações entre os meses de Setembro e Dezembro de 2012, a Vale procedeu o levantamento das machambas usurpadas, tendo prometido uma indemnização de 119.250, 00 Mt (Cento e Dezanove Mil e Duzentos e Cinquenta Meticais) por hectare. À semelhança das demais falsas promessas feitas pela Vale desde de 2007 às mais de 1365 famílias atingidas e reassentadas, no caso em questão, unilateralmente e em clara desobediência e desrespeito as autoridades governamentais da Província de Tete, esta empresa distanciou-se das suas obrigações legais, relegando as famílias a miséria perante um Governo inoperante e conivente. Enquanto pelo País todo mais de 20 milhões de pessoas celebram o Natal, as mais de 289 famílias atingidas e reassentadas pela Vale, decidiram endurecer a sua luta e prometem manter o bloqueio a mina da Vale até que as suas demandas sejam respondidas favoravelmente. Assim, idosos, homens, mulheres e jovens passaram o Natal ao relento nos locais de bloqueio a mina, sem acesso água potável e alimentação adequada. (Fonte: ADCRU)

AWÁ-GUAJÁ - Produtores preocupados com a desintrusão apelam para os...direitos humanos e...produtivos!

A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, quer que o processo de desintrusão da Terra Indígena Awá-Guajá, no norte do Maranhão, seja acompanhado por um observador de direitos humanos, para evitar que se repitam desrespeitos e violações ocorridas na desocupação da Terra Indígena Marãiwátsédé, no Mato Grosso, no final do ano passado. Foi este o objetivo do ofício enviado pela senadora aos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. No documento, Kátia Abreu afirmou que “Na condição de presidente da instituição que representa boa parte das mais de mil famílias que serão retiradas da área demarcada, cumpro o dever de zelar pelo respeito aos direitos desses agricultores”, destacou a senadora. No ofício, ela também solicita acesso ao plano de reassentamento das famílias não indígenas que serão retiradas da Terra Awá-Guajá. De acordo com o próprio ministro da Justiça, a desintrusão ocorrerá ainda este ano. A CNA tem pressa porque considera inaceitável a repetição do modelo empregado na Terra Indígena Marãiwátsédé. Depois da desocupação da vila de Suiá-Missu, grande parte de seus quase sete mil habitantes não índios que perderam suas casas passaram a viver em barracos de lona e em condições degradantes. Até o responsável pelo Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos, Bruno Renato Nascimento Teixeira, reconhece que houve violação de direitos durante a operação militar de desintrusão. Recentemente, a Federação da Agricultura e Pecuária do Maranhão (Faema) enviou ao Governo do Maranhão e ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado, um documento externando sua preocupação em relação ao aumento das tensões no campo entre produtores rurais e índios, tendo em vista a ampliação indiscriminada de terras indígenas pela FUNAI. De acordo com a Faema, as situações conflitantes no Estado são originadas dessas demarcações e ampliações. “No Maranhão, cerca de 2.206.720 hectares constituem-se em terras pretendidas pela Funai, que já se tornaram ou se tornarão de preservação permanente, sem nenhuma aptidão econômica e com enorme perda de receitas para o Estado, que deixa de produzir alimentos e gerar riquezas nestas áreas”, afirmou o presidente da Faema, José Hilton Coelho.

Comentário do blogueiro Algumas razões para não levar em sério as argumentações dos supostos produtores maranhenses. 
1. Os supostos proprietários de terras na Terra Indígena Awá-Guajá tiveram várias oportunidades legais para provar que eram os legítimos donos das terras pretendidas, entre outros o direito ao 'contraditório' pelo Dec. 1775. Não provaram coisa alguma. 
2. O ITERMA no início dos anos 80 teria entregue, ilegalmente, documentos de propriedade a algumas ‘famílias’...fantasmas. Não podia ter feito isso, pois uma decisão do TJ/MA de 1981 determinava que 'aquela região do Pindaré ao Gurupi' era 'de interesse federal'. O ITERMA permitiu que parte da terra fosse retalhadas em várias glebas de 2.992 ha. por um total de mais de 30.000 ha. Todas elas pertenciam a um único proprietário, a Shain-Cury de São Paulo. O curioso é que o gerente por muitos anos daquele feudo que só arrancava madeira nobre, foi o atual secretário de agricultura do Estado do Maranhão, Claudio Donizete Azevedo, posteriormente demitido pela empresa. 
3. O laudo antropológico realizado de comum acordo entre os pretensos proprietários, FUNAI e a Procuradoria da República resultou de que não há como duvidar quanto aos legítimos e legais proprietários, os índios! Torço para que, agora, os produtores que acolá se encontram, mesmo tendo usado de má fé, tenham o seu direito a ser reassentados numa outra terra!  

Sistema prisional - Mais um detento 'retalhado'. Cidadãos 'do bem' debocham dos defensores dos direitos humanos e querem agir como....bandidos!

Mais um detento foi assassinado dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Dessa vez a o morto foi Antônio Rodrigues de Lima Filho. De acordo com a Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão (Sejap), o preso foi encontrado morto, nesta segunda-feira (23/12), no Presídio São Luís 2. Ainda segundo as informações, Antônio teria sido assassinado a chuçadas e seria mais uma vítima das brigas entre grupos criminosos, dentro do Sistema Penitenciário de São Luís. Com o crime desta segunda-feira, já são 60, o número de detentos mortos nos presídios do estado. Segundo revelações de pessoas que trabalham no complexo penitenciário o preso teria sido encontrado em ‘pedaços’, literalmente retalhado. Isto, infelizmente, está se tornando a marca da penitenciária das Pedrinhas. Não há explicação humana para tamanha brutalidade. Poucos dias atrás o JN exibiu o testemunho de uma mulher, companheira de um detento que vem sendo ameaçado de morte por estar devendo dinheiro a quem lhe vende droga dentro do presídio. Ela denunciava as chantagens que vinha recebendo no sentido de que se ela não ‘colaborasse’ com os credores levando para dentro da penitenciária objetos de seu interesse, ou não se oferecesse como ‘mulher’ deles, iriam degolar o companheiro devedor. Quem acompanha a situação prisional sabe que isso é verdade e é uma prática difusa, mas todos fingem que nada está ocorrendo. Lamentável também ler comentários de pessoas que debocham de instituições que defendem a dignidade dos detentos. Para muitos desses cidadãos os detentos deveriam ser liquidados ou mesmo deixados em situações desumanas, e apelam para que os defensores dos direitos humanos se preocupem com as vítimas ‘desses bandidos’! Mesmo entendendo o grau de revolta desses senhores é bom que se diga que ao defender os diretos humanos em momento algum se quer defender os direitos só de ‘alguns’ (nesse caso os dos.... ‘bandidos’) mas a dignidade e a integridade física e moral de todos, inclusive, a dos...’bandidos’. Até para não agirmos, afinal, como ‘eles’....! 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

NATAL - Re-criadores de vidas novas, sem trevas, na luz! (João 1)

João já bem idoso faz um balanço da sua relação com o mestre Jesus, após muitos anos de separação física.. Pergunta-se o que Jesu significou para ele e para as suas comunidades. Ele não reproduz o que outros evangelistas já informaram e divulgaram sobre Jesus. Simplesmente resgata o sentido da breve passagem do Galileu para ele. Desde o início o apresenta como palavra que cria. Do mesmo jeito que Deus criava o universo pela palavra.. Jesus cria, agora, pessoas novas. Novos ‘Adão’ e novas ‘Eva’. Do mesmo jeito que o Criador separava os vários elementos, Jesus se constitui como aquele que separa as trevas da luz. E aqueles que o aceitam como luz possuem o poder de se tornarem por sua vez ‘outros criadores’, ou seja, possuem o seu mesmo poder transformador. João, na realidade, não resgata somente o sentido e o itinerário de Jesus, mas ao fazer isso resgata o seu próprio itinerário espiritual e humano. Contempla mediante um olhar amplo sobre a sua própria vida que o mestre estava certo. O discípulo predileto verificou na sua vida que ele mesmo teve o poder de abrir a vista a tantos cegos, de ajudar muitas pessoas cansadas e paralisadas a caminhar,  muitos surdos a saber prestar atenção e ouvir as aspirações e os sonhos ignorados, a devolver coragem e liberdade a tantos dependentes, escravos e manipulados. João com suas comunidades experimentaram o que significa ‘dar nova vida’ àquelas pessoas que já estavam se entregando.  Ler essa leitura no Natal deveria nos ajudar a avaliar a nossa vida. A ver qual é, de fato, o impacto da mensagem e da prática de Jesus no nosso ‘ ser e estar com’ os cegos, os surdos, os escravos, os mortos de hoje. Ver se ainda temos capacidade de sermos instrumentos de salvação. De sermos re-criadores de vidas novas, sem trevas. Na luz!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

NATAL - Os meus votos a todos vocês!

Como celebrar a espera de ‘alguém’ que já veio e que nunca foi embora? Como celebrar o dia do nascimento de alguém quando na realidade Ele nasce e renasce constantemente nas aspirações, nos sonhos, nos valores, nos projetos de vida, nas místicas de numerosas pessoas? Como afirmar que no nascimento de Jesus, o conhecido ‘filho do homem’ da Galiléia, é o próprio Invisível e Insondável Deus a se fazer carne, a se revelar, e a fazer aliança com o seu povo? Como acreditar que o ‘todo-poderoso’ se torna frágil e débil como criança para viver e compreender o que significa ‘ser humano’ perecível e finito? 

Natal parece revelar e esconder os insondáveis mistérios e as indecifráveis angústias da existência humana. O nosso desejo de comungar com o divino ao viver a plenitude da nossa humanidade. A nossa originária aspiração em renascer ao abandonar permanentemente o ‘velho homem/mulher’ e darmos vida a jeitos originais e fecundos de ser. A nossa fé no Absoluto ao tecer laços de fraternidade e compaixão com os ‘invisíveis itinerantes’ dessa vida.  

Que nesse Natal tenhamos a coragem e a capacidade de nos alegrar com quem se achou acariciado por Deus, de chorar com aquele que não sentiu a Sua presença amiga na hora da provação, de se inquietar com aquele que desejava ardentemente de Deus um sinal revelador, de vigiar com persistência ao lado daquele que se achou abandonado pelo Deus Onipresente.  Peço ao Deus Humano que nos dê a coragem e a disponibilidade de sermos ‘manjedoura’ pronta para acolher quantos precisam de um lugar-pessoa para nascer e renascer! 

Feliz Natal, fecundo 2014, e obrigado de coração a todos vocês.

Claudio 

Francesco - 'Alma aberta que não tenha medo de ser incomodada'

"... a nossa alma assemelha-se à Igreja, a nossa alma assemelha-se a Maria. Os padres do deserto dizem que Maria, a Igreja e a nossa alma são femininas e aquilo que se diz de uma, analogamente pode-se dizer da outra. A nossa alma também está à espera, nesta espera da vinda do Senhor; uma alma aberta que chama: 'Vem, Senhor'." "E eu pergunto-me: estamos em espera ou estamos fechados? Estamos vigilantes ou estamos seguros num hotel, ao longo do caminho e já não queremos andar para frente? Somos peregrinos ou somos errantes? Por isso a Igreja nos convida a rezar isto: Vem abrir a nossa alma e que a nossa alma seja, nestes dias, vigilante em espera. Vigiar! A nossa alma está aberta ou está fechada, e colocamos na nossa porta um cartãozinho, muito educado que diz: Pede-se para não perturbar!" Que seja uma alma aberta, que seja uma alma grande, para receber o Senhor nestes dias e que comece a sentir aquilo que amanhã na antífona nos dirá a Igreja: 'Sabei que hoje vem o Senhor! E amanhã vereis a sua glória!"

Sudão do Sul - Missionário Comboniano derscreve o drama de um povo à beira de uma guerra civil. Paz para o Sudão do Sul!

Caros amigos e amigas, paz. 
Estou certo de que vocês tem acompanhado pelos meios de comunicação os eventos que vem acontecendo no Sudão do Sul desde domingo dia 15 de dezembro. Os confrontos começaram em Juba e infelizmente chegaram perto da nossa missão de Leer. É uma crise política e militar com um forte grau de tribalismo. Não se poder dizer que é uma guerra civil, mas dada a velocidade e o teor dos conflitos, se não houver diálogo e saída diplomática, estamos caminhando para isso. O conflito teve início em Juba entre a guarda presidencial e forças armadas ligadas ao ex-vice presidente. Era um conflito de natureza política, mas aos poucos foi ganhando contornos de conflitos tribais. O povo na missão de Leer está muito triste com as mortes em Juba porque perderam muitos parentes mortos a sangue frio ou no fogo cruzado. Estão também apreensivos sobre o que poderá acontecer a manhã. Em nível estadual, a situação não está boa. Os barcos que navegam o Rio Nilo indo pra Juba são ancorados em Adok a 24 km da missão de Leer. Os passageiros ficam sem opção e obrigados a ficar em Leer. Muitos ficam sem dinheiro, comida e abrigo. As notícias de hoje é que a situação está ‘calma’ depois das três noites de confrontos. As tropas do exército se dividiram e os militares tomaram o governo do nosso estado. Todos os prefeitos, exceto o nosso foram depostos. Há informações de que o governo teria dado três dias de prazo para o comandante da tropa reverter a situação. Do contrário, haverá um ataque com artilharia pesada para retomar o governo do estado. O povo está com muito medo e começa a fugir de Bentiu. Na base da ONU estão 7000 pessoas que procuram proteção. As ONGs evacuaram hoje. O pessoal da ONU vai partir amanhã. Ficarão os militares da ONU para proteger os civis. 
Um ataque das tropas do governo poderá acontecer nos próximos dois dias. Como sempre são os civis quem mais sofrem. Se houver ataque acreditamos que nossa missão não será afetada diretamente. A cobertura de rede de celular tem falhado em todo o estado. Isso se deve ao congestionamento de chamadas. O hospital dos Médicos Sem Fronteiras continua funcionado normalmente e assim continuará para situações de emergência em caso de maiores conflitos na capital. Na missão estamos isolados no sentido que barcos não vão nem chegam pelo Rio Nilo, a estrada que liga a Juba foi cortada pelas chuvas e sem acesso, não há transporte para Bentiu devido aos conflitos por lá. Voos para Bentiu foram cancelados. Os aviões da ONU voam em caráter de emergência para evacuação. Mas não chegamos a esse ponto. No mercado de Leer tem muita comida. Caso haja um conflito longo no estado não haverá escassez de alimentos. Mantemos as celebrações de natal, exceto as mais distantes por motivos de segurança. Posso dizer que estamos bem, mas peço por favor que continuem rezando por nós e pelos povos do Sudão do Sul e seus líderes. A Igreja cumpre seu papel de mediadora da paz e reconciliação, levando conforto aos aflitos, acolhendo refugiados e deslocados, dando apoio nas horas difíceis. Jesus vai chegar neste natal. Que ele traga mais uma vez o dom da paz e reconciliação para nós. 

Pe. Raimundo Rocha, mccj - Leer, Sudão do Sul, África

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Violência - Quando a polícia abusa do poder e da força física

Leio, hoje, a notícia que um sargento foi morto ontem na Vila Cafeteira, e com ele, a sua esposa. Não imagino qual possa ter sido o motivo para o assassino ceifar essas duas vidas. Ocorreu-me, no entanto, que no sábado passado na Vila Embratel um amigo meu presenciou a ação de dois policiais que abordaram um jovem que estava trabalhando numa oficina. Chegaram armados. Um deles apontou a metralhadora e o outro começou a revistar o jovem tirando celular e outros objetos, e desferrando socos na barriga, sem mais nem menos. O meu amigo, bem como outra senhora que estavam a presenciar a cena, decidiram intervir. O meu amigo perguntou por quê estavam fazendo aquilo, mas obteve como resposta um ‘fica na tua, fica de fora’! Como ele insistisse dizendo que não precisava bater nele, seja qual fosse o crime cometido, um dos policiais respondeu que ‘ a toda ação deve haver uma reação’. E continuava a bater no jovem. Quando, enfim, o meu amigo se identificou e os ameaçou de denúncia, os dois policiais saíram de mansinho deixando os objetos que haviam subtraído com o jovem. No Rio e em São Paulo são centenas de policiais que todo ano são assassinados. Certamente, muitos são vítimas de confrontos com o tráfico, no cumprimento do seu dever, mas outros são homicídios seletivos, autênticas represálias contra policiais que usam e abusam da violência física e que  fazem dessa prática o seu cartão de visita ao abordar um cidadão. Há gente que não tolera mais ser humilhado e espancado à toa!

Francesco - Como José e Maria..."quem casa quer casa'!

Neste 4° Domingo do Advento, o Evangelho nos conta os acontecimentos que precederam o nascimento de Jesus, e o evangelista Mateus apresenta esses fatos do ponto de vista de São José, o noivo da Virgem Maria", disse o pontífice. "José e Maria viviam em Nazaré; não moravam ainda juntos, porque o matrimônio ainda não tinha sido realizado. Enquanto isso, Maria, depois de acolher o anúncio do Anjo, ficou grávida por obra do Espírito Santo. Quando José percebeu esse fato, ficou confuso. Em vez de se defender e fazer valer os seus direitos, José escolhe uma solução que representa um enorme sacrifício para ele: "Porque era homem justo e não queria denunciar Maria publicamente, pensava em deixá-la, sem ninguém saber". Francisco frisou que "este Evangelho nos mostra a grandeza de São José. Ele estava seguindo um bom projeto de vida, mas Deus reservou para ele outro projeto, uma missão maior". "José era um homem que escutava a voz de Deus, profundamente sensível à sua vontade secreta, um homem atento às mensagens que vinham do profundo do coração e do alto. Não se recusou a seguir o seu projeto de vida, não permitiu que o ressentimento o envenenasse, mas estava pronto para se colocar à disposição da novidade que, de maneira desconcertante, lhe foi apresentada. Assim, ele se tornou ainda mais livre e grande", sublinhou.
Leio ali, escrito grande: Os pobres não podem esperar. É bonito! Isso me faz pensar que Jesus nasceu num estábulo, não nasceu numa casa. Penso hoje lendo essa frase em muitas famílias que não têm casa, ou porque nunca a tiveram, ou porque a perderam por vários motivos. Família e casa estão unidas. É muito difícil levar adiante uma família sem morar numa casa. Nestes dias de Natal, convido pessoas, entidades sociais e autoridades a fazerem todo o possível para que cada família tenha uma casa", disse o pontífice. (Fonte: Rádio Vaticana)

domingo, 22 de dezembro de 2013

4º Domingo de advento - Desde o concebimento somos chamados a realizar uma missão de salvação

Até o gesto mais natural pode se revestir de sobrenaturalidade, na medida em que o vemos não como um mero ato biológico, mas como a continuação do processo e do ato ‘criativo’ originário do próprio Doador da vida. Haverá quem diga que esta é a típica postura do ‘homem religioso’ - que por se sentir ignorante e incapaz de explicar e compreender o ‘mistério’ da vida – atribui tudo a um Deus invisível. E que Este, inclusive, teria sido forjado e projetado por ele próprio de acordo com seus interesses, sonhos e expectativas. Em que pese a significação que cada pessoa possa atribuir a esta ou a aquela ‘manifestação natural’, a esta ou a aquela concepção, ou nascimento biológico, há algo maravilhoso e espantoso em tudo isso. Em cada concepção, em cada ‘origem’ da vida. E não somente no de Jesus! A ‘origem’ de Jesus começa lá onde ‘Alguém’ planeja a Sua existência. Não tanto a sua gestação biológica, mas a sua ‘existência’. O seu ser/estar no mundo, a sua missão específica que será chamado a realizar. Desde um ponto de vista cronológico a narrativa da concepção foi a última parte a ser elaborada pelo evangelista. 

Mateus que já conhecia e admirava o inteiro itinerário da existência de Jesus, quis ver já na sua concepção uma específica intervenção divina. É como se Deus tivesse colocado de lado, para si e para o mundo, aquele que iria nascer. Para Mateus, Deus não estava presente somente nos gestos de fraternidade, de cura, de serviço gratuito e de acolhida do Jesus adulto, mas desde a sua ‘origem’. Tendo visto como Jesus havia realizado a sua missão de ‘salvar’ pessoas, Mateus nos diz que foi o próprio Deus, e não os humanos, a planejar a sua vida/origem. E que quem olha para Jesus contempla o próprio Deus. Jesus seria a ‘longa mão, e o coração’ visível do Deus invisível e insondável. A preocupação, portanto, do evangelista não é de caráter historiográfico, mas teológico. Tudo isso pode ser aplicado a cada humano. Cada um de nós foi ‘planejado e colocado de lado’ por Deus para realizar uma missão específica. A de Jesus estava contida e explicitada no seu nome: ‘Jesus - Javé salva’. A nossa missão nessa existência deve ser descoberta progressiva e continuamente. O importante é perceber que nós não somos os senhores da nossa ‘origem’. E que podemos dispor do jeito que queremos. Não podemos jogar fora energias, tempo, esperanças, expectativas, qualidades que deveriam convergir para levar adiante o ‘processo de salvação’ de uma humanidade ainda muito ferida e provada. Uma criação ainda não completada, mas interrompida. 

sábado, 21 de dezembro de 2013

Francesco - Finalmente, chegará o fim das indulgências!

Entre as medidas destinadas a reformar a Igreja Católica Romana, o papa Francisco pretende acabar com as indulgências. Trata-se de uma espécie de bônus que facilita o perdão dos pecados e a entrada do pecador no paraíso. Essa prática foi um dos principais motivos da ruptura do teólogo e frade agostiniano Martinho Lutero com o papa Leão X, concretizada na publicação das Noventa e Cinco Teses que escrevera em latim e que foram afixadas na porta da Igreja de Todos os Santos, na cidade alemã de Wittenberg. Se o Papa conseguir adotar essa medida, estará dando um dos passos mais importantes da história do Cristianismo, em favor da unidade das igrejas cristãs. A história registra que as indulgências foram objeto de compra e de venda e geraram enormes lucros para o Papa, para os cardeais e para os cofres vaticanos.  Uma outra medida histórica foi adotada, recentemente, com a participação das Igrejas Católica Romana, Luterana e Anglicana. Trata-se de um acordo para o reconhecimento mútuo dos sacramentos do Batismo, da Eucaristia e do Matrimônio. Essa decisão foi formalizada em um documento intitulado BEM. Pelo acordo, um católico que se batizar na sua Igreja e depois converter-se à Igreja Anglicana, não precisará mais batizar-se em sua nova confissão. Outra norma tradicional que o novo Papa pretende pelo menos amenizar é a obrigatoriedade do celibato para o clero, seguida pela flexibilização das regras que regulam a participação, no interior da Igreja, dos padres já casados.   No começo desta semana, Francisco recebeu um documento do Movimento Internacional de Intelectuais Católicos, sugerindo-lhe que adote três medidas: a valorização do papel dos leigos e uma maior participação das mulheres na Igreja, além da descentralização dos órgãos da Cúria Romana. 

Violência no campo - Maranhão continua na dianteira nos conflitos agrários. Paz na terra!

Em 2013, o Maranhão se manteve na dianteira nacional em conflitos agrários. O quadro deste drama social pode ser representado pelos 3 assassinatos, ocorridos no P.A Capoema (Bom Jesus das Selvas), P.A Sit 
(Santa Luzia) e P.A Santa Maria II (Satubinha), o crescente número de ameaçados de morte, incluindo vários dirigentes sindicais, prisão ilegal de trabalhador rural e forte atuação de milícias armadas. Verificou-se também a ação direta de agentes públicos atuando como verdadeiros jagunços, atormentando a paz e tranquilidade de várias comunidades maranhenses. Podemos destacar policiais militares de Codó, comandados pelo oficial PM Moura, que realizaram prisões e intimidações em comunidades tradicionais. Infelizmente nenhuma providência foi adotada a fim de apurar as ilicitudes. Na comunidade Engenho, em São José de Ribamar, a tropa de choque da PM e jagunços, sob os comandos do secretário de estado Alberto Franco, despejaram e destruíram, sem ordem judicial, várias linhas de roças de centenas de famílias de pequenos agricultores. A impunidade também fez cenários nos conflitos agrários em 2013, com especial destaque para a comunidade Vergel, em Codó, onde dois indiciados foram absolvidos pela prática de tentativa de homicídio contra lavradores e que até hoje, nunca foi instaurado inquérito policial para apurar a morte do lavrador Alfredo, ocorrida em agosto de 2007. Talvez o fato mais grave que ocorreu em 2013, no que tange à impunidade, foi a decisão do magistrado Alexandre Lima, da Comarca de São João Batista, que, sem fundamento no direito brasileiro, remeteu o processo criminal que trata do brutal assassinato do líder quilombola da Comunidade Charco ,Flaviano Pinto Neto, para a justiça federal.Também, várias foram as decisões provenientes do Poder Judiciário do Maranhão, determinando a expulsão de centenas de famílias de trabalhadores rurais de suas terras, repetindo um padrão histórico de violência contra o campesinato maranhense. O próprio Tribunal de Justiça do Maranhão solapou direitos de comunidades tradicionais, em decisões que desterraram trabalhadores de Santa Maria dos Moreiras e Buriti Corrente, ambas em Codó.   Por oportuno, os governos federais e estaduais praticam verdadeira contrarreforma agrária, na marra. Até hoje, nenhum decreto presidencial que declara área de interesse social para fins de reforma agrária foi emitido para beneficiar áreas no Estado do Maranhão, apesar das centenas de processos administrativos represados no INCRA. (Fonte: Síntese do relato de do advogado da CPT/MA Diogo Cabral)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Reforma agrária - 2013 o pior ano...graças à bancada ruralista e às pressões do agro-negócio.

O ano de 2013 não deixará saudades aos Sem Terra de todo o país. No que tange a luta pela terra, o balanço é positivo, mas no que se remete à política de Reforma Agrária, quase nada se fez, sendo que em muitos casos o governo teve a proeza de andar para trás. Essas são as avaliações de João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, sobre a política agrária estimulada pelo governo federal durante todo esse ano.  Um balanço extremamente negativo. Trata-se do pior ano da Reforma Agrária. O governo Dilma, que sempre esteve péssimo nessa questão, conseguiu piorar ainda mais. Até agora, só 159 famílias foram assentadas em todo o país. É uma vergonha. Não passam de 10 os imóveis desapropriados pelo governoDilma. Pior que o último governo militar do general Figueiredo, quando foram desapropriados 152 imóveis. Outro grave problema é o que o governo federal está chamando de “emancipação dos assentamentos”, passando o título dos lotes para os assentados. Na prática, isso serve para o Estado deixar de ter responsabilidade sobre as famílias. Mas o pior é que essa política vai criar uma contra Reforma Agrária, já que grandes fazendeiros passariam a pressionar os assentados para que vendessem seus lotes, colocando tudo por água abaixo e aumentando ainda mais a concentração da terra no país. As principais causas disso é o fato que o governo está completamente refém da Bancada Ruralista, a maior frente no Congresso Nacional. São 162 deputados e 11 senadores, sem contar a legião de adeptos de última hora. A outra questão é a ilusão do governo em relação ao agronegócio. As grandes exportações de commodities promovidas por esse setor permitem ao governo a manutenção da política de geração sistemática de superávit primário, garantindo o destino de recursos orçamentários para o setor financeiro, como o pagamento de juros e serviços da dívida pública, o que é lamentável.(Fonte: IHU)

Telefonia móvel - TIM, má qualidade, desrespeito ao consumidor e arrogância 'sem fronteiras'! Dane-se ela!

A 2ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor da Comarca de São Luís ajuizou, em 13 de dezembro, Ação Civil Pública com Pedido de Tutela Antecipada contra a Tim Celular S/A, requerendo a penhora de bens no valor de R$ 50 milhões para garantir o pagamento de indenizações, a título de dano moral coletivo, aos consumidores da operadora prejudicados pelas constantes quedas de sinal e pela interrupção de ligações. O valor deve ser revertido ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor. As medidas devem perdurar até o cumprimento, pela operadora, dos requisitos exigidos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) no Plano Nacional de Ação de Melhoria do Serviço Móvel Pessoal e das Metas de Qualidade para o Serviço Móvel Pessoal.  A manifestação do Ministério Público do Maranhão (MPMA) é resultado do Inquérito Civil nº 003/2011, instaurado para apurar as denúncias dos consumidores sobre a má qualidade do serviço prestado pela Tim, demonstrada pela constante falta de sinal e da queda de ligações no estado. “A Anatel também constatou que, entre 12 de agosto de 2012 e 11 de agosto deste ano, na rede da Tim, no Maranhão, as interrupções de serviço totalizaram 24.115 horas, o que equivale a, aproximadamente 1.005 dias de falta de sinal”, acrescenta a promotora.  Para a promotora, além da má qualidade do serviço prestado, é surpreendente a postura da Tim quanto às reclamações dos consumidores. Segundo relato do 7º Juizado Especial Cível e das Relações de Consumo da Capital ao MPMA, a empresa sequer apresenta proposta de acordo nas audiências de conciliação. “Isso reforça a postura da empresa de total desrespeito aos direitos dos consumidores e às instituições, especialmente ao judiciário maranhense”, finaliza. (Fonte: CCOM-MPMA)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Direitos - 230 milhões de crianças 'invisíveis' sem registro de nascimento no mundo!

Segundo o «Fundo das Nações Unidas para a Infância» (Unicef), 230 milhões de crianças menores de cinco anos de idade nunca foram registradas. Com isso, uma em cada três crianças no mundo não existe oficialmente.Os números estão em um relatório do Unicef lançado na passada semana, para marcar o aniversário de 67 anos da agência. O sul da Ásia e a África Subsaariana são as regiões do mundo com os menores índices de registros de nascimentos.«O registro é o primeiro direito do bebé quando ele nasce. Sem o registro de nascimento, a criança não pode frequentar uma escola, não pode emitir outros documentos para a sua vida e não consta das estatísticas. A criança é invisível sem o registro», disse a coordenadora de observação do Unicef no Brasil, Ana Cristina Matos.Na Somália, apenas 3 por cento dos bebés que nascem têm certidão, sendo o país com a menor taxa de registros. Os 10 países com os mais baixos níveis de registo de nascimento são: Somália (3 por cento), Libéria (4 por cento), Etiópia (7 por cento), Zâmbia (14 por cento) , Chade (16 por cento), República Unida da Tanzânia (16 por cento), Iémen (17 por cento), Guiné-Bissau (24 por cento), Paquistão (27 por cento) e República Democrática do Congo ( 28 por cento). O Unicef lembra que caso uma criança sem registro seja separada de sua família durante um desastre natural, um conflito ou por exploração, o reencontro com os familiares acaba sendo muito mais difícil, já que não há documentos oficiais.O Unicef defende que o registro do nascimento é vital e quando o índice em um país é baixo, geralmente é um sinal de desigualdades sociais.As crianças mais afetadas são as de grupos étnicos ou religiosos, as que vivem em áreas rurais ou remotas ou crianças de famílias mais pobres.

Comentário do blogueiro - 2.000 anos atrás o Império Romano obrigava as famílias a se registrar embora fosse para fins de 'receita federal' para cobrança de impostos. mesmo assim, sabia-se quem era quem....Depois de 2.000 o primeiro direito de uma criança é negado. O nosso País melhorou significativamente quanto ao registro de crianças, mas atualmente temos ainda centenas de milhares de adultos não registrados!

Francesco - 4 moradores de rua tomam café com o papa no dia do seu aniversário.

O Papa Francisco hospedou na missa do dia de seu aniversário, 17 de dezembro, quatro pessoas sem-teto e todo o pessoal que trabalha na Casa Santa Marta, aonde reside. Todos foram convidados também para o café da manhã com ele, no refeitório da residência. Os quatro mendigos, que vivem nas ruas vizinhas ao Vaticano, foram apresentados ao Papa pelo elemosineiro, Dom Konrad Krajewski. A Santa Sé divulgou uma nota informando que a celebração se realizou em um clima “particularmente familiar”, atendendo a um desejo do aniversariante. Na missa também estavam presentes o Secretário de Estado, Dom Pietro Parolin, que atualmente reside na Casa Santa Marta, e o decano do colégio cardinalício, Dom Angelo Sodano, que concelebrou com o Papa. O Evangelho do dia, abordando a genealogia e os nomes dos antepassados de Jesus, deu oportunidade ao Papa para citar no curso de sua homilia os nomes de vários funcionários presentes. Depois da missa, como sempre, Francisco cumprimentou todos pessoalmente. Antes de se dirigirem ao refeitório para o café da manhã, entoaram juntos um coro de “Parabéns a você” pelos 77 anos do Pontífice.

Comentário do blogueiro - Longe de ser um gesto demagógico, Francisco está apontando para a igreja em geral e o clero em particular que as residências do clero e dos palácio episcopais devem estar abertas a acolher quem não tem casa e nem pão. Certamente haverá quem ache isso um gesto populista, mas não será difícil identificar também os seus autores...Em geral são pessoas que detestam serem incomodadas, e odeiam 'perder tempo' ouvindo e acolhendo 'pessoas', supostamente porque têm 'muitas coisas a fazer'!

NATAL - Vamos abrir o jogo?

Nós nos habituamos a celebrar o Natal como sendo a festa do nascimento de Jesus. Porém, não sabemos exatamente quando e onde ele nasceu. Não existem registros confiáveis que nos possam assegurar que Cristo tenha nascido no dia 25 de dezembro. O que se sabe com certeza é que neste dia, no mundo greco-romano, festejava-se o nascimento de Mitra, o deus indo-europeu da luz celeste, considerado o guardião da verdade e inimigo da mentira. Também não sabemos com segurança se Jesus nasceu em Belém. Hoje a maioria dos estudiosos da Bíblia acredita que a afirmação do nascimento de Jesus em Belém seja apenas uma construção teológica, inspirada na profecia de Miquéias (5,1), com o objetivo de relacioná-lo com o rei Davi e, assim, identificá-lo com o Messias esperado pelo povo hebreu. O mais provável e lógico é que Jesus tenha nascido em Nazaré (Jo 1,46). Esse tipo de recurso teológico era muito natural naquela época. Para eles o importante não era um dado histórico exato, mas o significado simbólico e metafórico de um determinado fato ou personagem. Quando o cristianismo se expandiu neste ambiente encontrou esta festa e fez um processo de inculturação. Transformou o nascimento de Mitra na festa do nascimento de Jesus, considerado pelos cristãos a "luz que brilha nas trevas” (Jo 1,5) e que era cheio de pura "graça e verdade” (Jo 1,17). Assim o dies natalis (dia do natal) de Mitra foi sendo transformado em dia do nascimento de Cristo. O objetivo dessa extraordinária construção cultural foi introduzir sem muita violência e sem muito impacto sociocultural o culto cristão no ambiente greco-romano. Aliás, cabe dizer que o cristianismo, inteligentemente, realizou o mesmo processo para tantas outras coisas.
Sei perfeitamente que alguns cristãos detestam que se fale dessas coisas. Eles acreditam que uma fé genuína pode ser mantida no século XXI com "estórias da carochinha”. Pensam que o cristianismo pode se conservar escondendo certas verdades. Se assim fosse o cristianismo não estaria em crise na Europa, ambiente onde ainda se insiste, dentro das Igrejas, em proclamar como verdade absoluta aquilo que é apenas periférico. Se o cristianismo, ao invés de insistir obsessivamente na veracidade histórica de certos episódios, soubesse apresentar o significado simbólico-antropológico que está por detrás de certas narrativas, ele conseguiria dar aos homens e às mulheres de hoje muito mais esperança (1Pd 3,14-17). Nesta perspectiva é importante dizer que no Natal não celebramos um fato cronológico. O que celebramos no Natal, antes de tudo, é o fato de que o Filho de Deus se humanizou, ou seja, se tornou como nós. E com este fato extraordinário celebramos outro não menos importante: a alforria de toda a humanidade e a sua elevação à categoria de filiação divina. Ao nascer de mulher, isto é, ao assumir a condição humana, Cristo declara totalmente absurda qualquer forma de escravidão das pessoas. De modo que se pode afirmar que o Natal é a celebração da humanidade do Filho de Deus e da divinização da humanidade. Por essa razão, para o cristianismo, é inaceitável qualquer coisa que violente a dignidade humana. (Fonte: José  Lisboa Moreira - síntese do artigo)

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Mais quatro mortos na penitenciária de Pedrinhas!

Uma briga entre integrantes de uma mesma facção criminosa deixou quatro mortos – três decapitados – no Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, na manhã desta terça-feira (17), segundo informações da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão (Sejap). De acordo com a secretaria, o confronto teria começado no início da manhã com uma disputa entre os presos pela liderança de uma facção criminosa atuante na capital maranhense. Segundo o secretário Sebastião Uchôa, os detentos teriam usado facas artesanais para assassinar os rivais. O confronto foi contido pelo Grupo Especial de Operações Penitenciárias (Geop) com apoio de homens da Força Nacional. As celas da unidade agora passam por revista geral. Os mortos ainda não foram identificados.O CDP de Pedrinhas tem capacidade para 408 presos, mas abriga, atualmente, 700 internos. Na tarde do último sábado (14), um túnel capaz de dar fuga a, pelo menos, 90 presos, foi descoberto na Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ) da penitenciária.O último confronto envolvendo facções criminosas em Pedrinhas deixou pelo menos 9 mortos e 20 feridos no mês de outubro. Foi o mais grave registro, este ano, de mortes dentro da penitenciária.(Fonte: Jornal Pequeno)

Indígenas - Morre Verônica Tembé, a líder histórica do povo Tembé.

Verônica Tembé pintando com jenipapo um antropólogo

Faleceu a semana passada Verônica Tembé mas somente hoje eu soube. Verônica foi a líder Tembé que me ajudou a abrir os olhos sobre a realidade indígena. Mulher generosa, de grande prestígio moral,  amada e respeitada por todos, Verônica faleceu bem velhinha na sua casa em Tekohaw, no Pará, à beira do Rio Gurupi.  A ela o meu obrigado! Re-proponho um breve texto que escrevi por ocasião da minha segunda visita à aldeia Canindé onde Verônica Morava.


Julho de 1985. Aldeia Canindé dos índios Tembé à beira do rio Gurupi, Maranhão. Cinco horas da tarde. Um grupo de caçadores acaba de chegar com cinco queixadas. A correria na aldeia é geral. A carne é despejada em frente da casa da cacique Verônica. Uma mulher sábia. Uma verdadeira líder. De facão na mão, Verônica esquarteja os animais e entrega um pedaço a cada pessoa. Um padre que naqueles dias se encontrava na aldeia como hóspede dos índios, ao ver aquele alvoroço, se aproxima timidamente da concentração. Observa tudo admirado. Repentinamente Verônica o chama para perto e lhe entrega uma enorme coxa de um queixada. O padre, um tanto constrangido faz escorrer quase que involuntariamente a sua mão pelo bolso onde guardava a carteira e pergunta quanto custava aquela carne. Dezenas de pessoas se viram para o padre e o fitam atônitos. Verônica toma a palavra e fala para ele:" Padre, a caça é de todos. Aqui, ninguém compra e ninguém vende. A gente reparte. Afinal, não foi Deus quem botou a caça na mata? Como, então, alguém poderia se atrever a vender uma coisa que pertence a Deus?" O padre, atordoado e admirado com tal resposta, pegou a carne, agradeceu e foi embora. A partir daquele momento porém, os seus olhos se abriram. Começou a perceber como um grupo de pessoas que nunca tinha ouvido falar em Jesus Cristo, que nunca tinha lido o livro dos Atos dos Apóstolos quando descreve a vivência das primeiras comunidades cristãs, vivia práticas profundamente evangélicas. Começou a fazer uma comparação com a sua sociedade que se dizia cristã. Nesta quem tem dinheiro pode comprar tudo e quem não tem, morre de fome. Aquele padre começou a perceber que Deus estava lhe falando através da prática dos índios. O Deus de Jesus Cristo já se tinha revelado àquelas pessoas, que muitos cristãos chamavam de pagãos, selvagens e bichos brutos. Percebeu que quem devia se converter aos índios era ele mesmo e que o desafio-missão, talvez, fosse o de comunicar à sociedade e à Igreja a que pertencia, os valores e as práticas de pessoas que não levavam o nome de cristãos, mas que possuíam a mesma dignidade dos filhos de Deus. 

Indígenas - A Coca-Cola, a Bunge e os Guarani do Mato Grosso do Sul

Os índios guaranis do Brasil vêm solicitando à Coca-Cola que deixe de comprar açúcar da gigante do agronegócio dos Estados Unidos (EUA), Bunge, que está envolvida em um escândalo de apropriação de terras. Um informe recente, da Oxfam, revela que a Coca-Cola está adquirindo açúcar da empresa que, por sua vez, compra cana-de-açúcar de terras roubadas dos guaranis para produzir biocombustíveis "manchados com sangue indígena”. Um porta-voz dos índios declarou à Survival Internacional: "A Coca-Cola deve deixar de comprar açúcar da Bunge. Enquanto essas empresas se beneficiam, nós nos vemos forçados a conviver com a fome, miséria e assassinatos”. Os 370 guaranis da comunidade de Jata Yvary, no estado brasileiro do Mato Grosso do Sul vem perdendo a maior parte de suas terras ancestrais para as plantações que vendem cana de açúcar para a Bunge, e estão condenados a viver em uma diminuta parcela de terra completamente ilhada por essas plantações. Os índios padecem de problemas graves de saúde como resultado do uso dos pesticidas nas plantações. Eles lamentam a perda de sua florestas, de onde obtinham alimentos, plantas medicinais e refúgio. Arlindo, líder de Jata Yvary, explica em um lamento emocionante: "Os proprietários de terras estão destruindo quase tudo, nossa fruta nativa, nossos recursos. Espalham pesticidas de aviões. As crianças ficam com dor de cabeça e vomitam”. Os guaranis são o outro lado da crescente demanda mundial de biocombustíveis. Os líderes guaranis estão sendo perseguidos e assassinados sistematicamente enquanto lutam por seus direitos territoriais. A situação desesperadora que atravessa a tribo levou muitos de seus integrantes a se suicidarem: há registros de uma taxa de suicídio 34 vezes superior à média nacional do Brasil. A Coca-Cola se comprometeu recentemente com a política de tolerância zero da Oxfam, diante da acumulação de terras e a "reconhecer e preservar os direitos das comunidades e povos tradicionais para manter o acessoa à terra e aos recursos naturais”. A Survival pediu à Bunge para que deixe de comprar cana de açúcar procedente das terras guaranis, se comunicou com a Coca-Cola e pediu, repetidamente, às autoridades brasileiras para que demarquem a terra guarani com a máxima urgência, antes da Copa do Mundo de 2014.(Fonte: ADITAL)

Francesco - Boff faz um Balanço do 1º ano de Francisco como papa

Uma síntese da entrevista publicada em Carta Maior.

Estamos em uma situação totalmente nova. Nós viemos de um inverno muito duro e rigoroso, com João Paulo II e Bento XVI. Agora sentimos a primavera com suas flores e frutos. Francisco é um papa que surpreende, que a cada dia inventa coisas novas. É a primeira vez que um papa não vem da velha cristandade europeia, mas sim da periferia, ou seja, da América Latina. As igrejas da América Latina eram igrejas espelho, enquanto as da Europa eram igrejas fonte. Agora, depois de 500 anos, nossas igrejas se converteram em igrejas fonte. O novo papa tem outro tipo de mensagem, não é o velho cristianismo, doutrinário, disciplinar. Trata-se de um cristianismo de profunda comunhão com todas as pessoas, livre de doutrinas castradoras, com uma mensagem baseada na simplicidade e na pobreza. Isso é inédito na história do papado. Creio que Francisco combina duas coisas: a ternura de Francisco e o rigor do jesuíta. É franciscano na forma humilde de viver, popular, mas é um jesuíta da racionalidade moderna, analisa os fenômenos, identifica a causa principal e, quando descobre, intervém com muita determinação. Creio que o papa é uma feliz combinação entre ternura e vigor. É disso que precisamos hoje na igreja. Para fora é um pastor, para dentro é muito rigoroso. Quando esteve no Rio de Janeiro, o discurso mais duro que pronunciou foi para os bispos e cardeais. Disse a eles que não eram pobres nem interiormente, nem exteriormente, que eram duros com o povo e que não foram capazes de fazer a revolução da ternura, da compaixão, da compreensão com o povo. Em Roma disse o mesmo. Eu acredito que Francisco, antes de reformar a cúria e a igreja, já reformou o papado. O estilo do papa é outro. O papado tem um ritual, nas vestimentas, nos símbolos do poder. Francisco renunciou a tudo isso e fez o trabalho contrário: conseguiu que o papado se adaptasse a suas convicções e a seus hábitos. Francisco é mais que um nome: é um projeto de igreja, de uma sociedade mais simples, solidária, é o projeto de uma simplicidade voluntária, de uma sobriedade compartilhada. Ele já escolheu oito cardeais de todo o mundo para criar uma instância de decisão. Seria fantástico se Francisco convidasse mulheres para dirigir os destinos da igreja na perspectiva da globalização. Eu creio que ele seguirá mantendo o discurso tradicional de defesa da vida, contra o aborto, mas com uma diferença: antes, os temas da moral sexual, familiar, do celibato dos sacerdotes ou do sacerdócio das mulheres, eram temas proibidos, que não podiam ser discutidos. Nenhum cardeal, bispo ou teólogo podia falar disso.Francisco não, ele deixou aberta a discussão. Ele vai abrir uma ampla discussão na igreja e vai recolher elementos que podem se tornar universais. Francisco abriu muitos espaços. Não sei até que ponto poderá avançar com isso, mas haverá sim uma ampla discussão na igreja. 

Direitos Humanos - Relatório anual de Anistia Internacional prova que estamos voltando à barbárie!

Síntese do artigo de Leonardo Boff no ADITAL.

O Relatório Anual da Anistia Internacional de 2013 com referência a 2012 cobrindo 159 países faz exatamente esta dolorosa constatação. Ao invés de avançarmos no respeito à dignidade humana e aos direitos das pessoas, dos povos e dos ecossistemas estamos regredindo a níveis de barbárie. As violações não conhecem fronteiras e as formas desta agressão se sofisticam cada vez mais. A forma mais covarde é a ação dos "drones”, aviões não pilotados que a partir de alguma base do Texas, dirigidos por um jovem militar diante de uma telinha de televisão, como se estivesse jogando, consegue identificar um grupo de afegãos celebrando um casamento e dentro do qual, presumivelmente deverá haver algum guerrilheiro da Al Qaeda. Basta esta suposição para com um pequeno clique lançar uma bomba que aniquila todo o grupo, com muitas mães e crianças inocentes. É a forma perversa da guerra preventiva, inaugurada por Bush e criminosamente levada avante pelo Presidente Obama. Com a maior indiferença, qual imperador romano absoluto, Obama nega-se a dar qualquer justificativa suficiente sobre a espionagem mundial que seu Governo faz a pretexto da segurança nacional, cobrindo áreas que vão de trocas de e-mails amorosos entre dois apaixonados até dos negócios sigilosos e bilionários da Petrobrás, violando o direito à privacidade das pessoas e à soberania de todo um país. A segurança anula a validade dos direitos irrenunciáveis. 
O Continente que mais violações sofre é a África. É o Continente esquecido e vandalizado. Terras são compradas (land grabbing) por grandes corporações e pela China para nelas produzirem alimentos para suas populações. É uma neocolonização mais perversa que a anterior. Os milhares e milhares de refugiados e imigrantes por razões de fome e de erosão de suas terras são os mais vulneráveis. Constituem uma subclasse de pessoas, rejeitadas por quase todos os países, "numa globalização da insensibilidade”, como a chamou o Papa Francisco. A situação de nosso país é preocupante dado o nível de violência que campeia em todas as partes. Diria, não há violência: estamos montados sobre estruturas de violência sistêmica que pesa sobre mais da metade da população afrodescendente, sobre os indígenas que lutam por preservar suas terras contra a voracidade impune do agronegócio, sobre os pobres em geral e sobre os LGBT, discriminados e até mortos. Porque nunca fizemos uma reforma agrária, nem política, nem tributária assistimos nossas cidades se cercarem de centenas e centenas de "comunidades pobres”(favelas) onde os direitos à saúde, educação, à infraestrutura e à segurança são deficitariamente garantidos. A desigualdade, outro nome para a injustiça social, provoca as principais violações. O fato é que vivemos num tipo de sociedade mundial que colocou a economia como seu eixo estruturador. A razão é só utilitarista e tudo, até a pessoa humana, como o denuncia o Papa Francisco é feita "um bem de consumo que uma vez usado pode ser jogado fora”. Numa sociedade assim não há lugar para direitos, apenas para interesses. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Câmara municipal de São Luis - Vereadores suspeitos de alimentarem a indústria da agiotagem no Estado. Ex- gerente do Bradesco está foragida!

Uma investigação conduzida pela Polícia Civil do Maranhão apura o que pode ser um dos maiores esquemas de agiotagem no estado. O delegado responsável pelo inquérito, Augusto Barros, estima que as irregularidades na concessão de empréstimos podem ter movimentado cerca de R$ 30 milhões e envolvem pelo menos 14 vereadores da Câmara Municipal de São Luís. O número de políticos envolvidos, porém, pode subir e abranger até deputados estaduais. O esquema estaria na ativa há anos. Segundo as investigações, funcionaria da seguinte forma: vereadores pediam empréstimos consignados a uma funcionária do Bradesco, banco que tem a conta oficial da Câmara Municipal. Para tanto, apresentavam nomes de funcionários do Legislativo. O dinheiro seria repassado para esses laranjas, mas eles não precisavam pagar. Os próprios vereadores se encarregavam de fazer os repasses para quitar os empréstimos. No entanto, como a taxa de juros cobrada nos consignados é muito baixa, cerca de 2%, os vereadores aproveitavam o dinheiro barato para emprestar para terceiros, cobrando taxas muito maiores, de aproximadamente 7%. A diferença era o lucro do grupo. No início da semana passada, o juiz titular da 7ª Vara Criminal de São Luís, Fernando Luiz Mendes Cruz, decretou a prisão da ex-gerente do Bradesco Raimunda Célia Moraes da Silva Abreu, que está foragida. Raimunda seria a principal operadora do esquema, segundo a Polícia Civil. A ex-gerente é considerada peça-chave para esclarecer a participação de cada um dos investigados. Há dois meses, Barros pediu a quebra de sigilo bancário de 13 pessoas, mas a Justiça do Maranhão ainda não se manifestou sobre o requerimento. Ele espera ter acesso aos dados bancários para fazer cruzamentos e identificar quem mais participaria do esquema. O delegado afirmou que a agiotagem no Maranhão é um dos principais crimes, que gera até mortes. O jornalista Décio Sá, que mantinha um blog no qual atacava políticos e empresários, teria sido assassinado a mando de agiotas, em 2012. Em abril deste ano, a polícia prendeu quem acredita ser o mandante do assassinato: Gláucio Alencar, apontado como um dos maiores agiotas do estado. — Foi a partir da investigação da morte do jornalista que evoluímos e chegamos a essa quadrilha que atua na Câmara de São Luís — afirmou o delegado Barros. (Fonte: Blog do Jorge Aragão)

Comentário do blogueiro: Qual a moral que esses senhores têm para chamar de radicais os cidadãos que reivindicam respeito aos seus direitos? 

Guarani-Kaiowá anunciam suicídio coletivo se a justiça federal executar liminar de despejo da terra onde se encontram. Já começaram os rituais de despedida!

Apesar das quatro ordens da Justiça Federal de Naviraí, expedidas na quinta-feira (12), e que obrigam os cerca de 4 mil indígenas a desocuparem fazendas do Sul do Estado, os guarani-kaiowá afirmaram em carta que irão resistir e já anunciam morte coletiva.O documento foi divulgado pelo Conselho Aty Guassu e expressa a indignação dos indígenas que vivem na região de Japorã, distante 487 quilômetros da Capital. A terra denominada Yvy Katu é motivo de brigas judiciais há mais de 10 anos. Para os índios, as decisões favoráveis aos ruralistas significam que a “Justiça do Brasil está mandando matar todos nós índios”, afirma o texto. Os índios afirmam que querem morrer juntos e que devem ser enterrados no mesmo local e a decisão é definitiva. “Solicitamos ainda à presidenta Dilma, à Justiça Federal que decretou a nossa expulsão e a morte coletiva para assumir a responsabilidade de amparar e ajudar as crianças, mulheres e idosos sobreviventes aqui no Yvy Katu que certamente vão ficar sem pai e sem mãe após a execução do despejo pela força policial”, expõe a carta. Diante da afirmativa de que irão lutar e resistir ao envio de forças policiais que devem ser encaminhadas ao local para cumprir as ordens da Justiça, os guarani explicam que deram início a um ritual religioso raro que diz respeito a despedida da vida da terra. Uma das lideranças da região, Estevão Freitas, 47, disse ao Campo Grande News que os rituais estão sendo praticados por todos os indígenas e que se resumem a rezas. “Estão todos preparados, nós cremos nisso e começamos a nos preparar para deixar a vida. Tudo isso por causa das armas de fogo dos brancos”, explica o líder. O conselho encerra a carta dizendo que os índios não irão recuar e que preferem morrer no campo de batalha. (Fonte: IHU)

Ecologia - Extrativismo ou ecologia? Um artigo de Boaventura de Sousa Santos

Eis uma síntese do artigo publicado em Carta Maior.

Antes da crise financeira, a Europa era a região do mundo onde os movimentos ambientalistas e ecológicos tinham mais visibilidade política e onde a narrativa da necessidade de complementar o pacto social com o pacto natural parecia ter uma grande aceitação pública. Surpreendentemente ou não, com o eclodir da crise tanto estes movimentos como esta narrativa desapareceram da cena política e as forças políticas que mais diretamente se opõem à austeridade financeira reclamam crescimento econômico como única solução e só excepcionalmente fazem uma ressalva algo cerimonial à responsabilidade ambiental e à sustentabilidade. O modelo de crescimento que estava em vigor antes da crise era o alvo principal da crítica dos movimentos ambientalistas e ecológicos precisamente por ser insustentável e produzir mudanças climáticas que segundo os dados da ONU seriam irreversíveis a muito curto prazo, segundo alguns, a partir de 2015. Este desaparecimento rápido da narrativa ecológica mostra que o capitalismo tem precedência não só sobre a democracia como também sobre a ecologia e o ambientalismo. Ora, é hoje evidente que,  no limiar do século XXI,  o desenvolvimento capitalista toca os limites de carga do planeta terra. Em meses recentes, diversos recordes de perigo climático foram ultrapassados nos EUA, na Índia, no Ártico, e os fenômenos climáticos extremos repetem-se com cada vez maior frequência e gravidade. Em vários países da América Latina a valorização internacional dos recursos financeiros permitiu uma negociação de novo tipo entre democracia e capitalismo. As oligarquias e, nalguns países, sectores avançados da burguesia industrial e financeira altamente internacionalizados perderam boa parte do poder político governamental mas em troca viram aumentado o seu poder económico. Os países mudaram sociologica e políticamente a ponto de alguns analistas verem nelas a emergência de um novo regime de acumulação, mais nacionalista e estatista, o neodesenvolvimentismo,  tendo como base o neo-extrativismo.Seja como for, este neo-extrativismo tem na sua base a exploração intensiva dos recursos naturais  e, portanto, levanta o problema dos limites ecológicos (para não falar nos limites sociais e politicos) desta nova (velha) fase do capitalismo. 

As locomotivas da mineração, do petróleo, do gás natural, da fronteira agrícola são cada vez mais potentes e tudo o que lhes surge no caminho e impede o trajeto tende a ser trucidado enquanto obstáculo ao desenvolvimento. O seu poder político cresce mais do que  o seu poder econômico, a redistribuição social de rendimento confere-lhes uma legitimidade  política que o modelo de desenvolvimento anterior nunca teve, ou só teve em condições de ditadura.Nestas condições, torna-se difícil acionar princípios de precaução ou lógicas de longo prazo. Que se passará quando o boom dos recursos terminar? Quando for evidente que o investimento nos recursos naturais não foi devidamente compensado com o investimento em recursos humanos? Quando não houver dinheiro para políticas compensatórias generosas e o empobrecimento súbito criar  um  ressentimento difícil de gerir em democracia? Quando os níveis de doenças ambientais forem inaceitáveis e sobrecarregarem os sistemas públicos de saúde a ponto de os tornar insustentáveis? Neste contexto, só é possível perturbar o automatismo político e econômico deste modelo mediante a ação de movimentos e organizações  sociais suficientemente corajosos para  darem a conhecer o lado destrutivo deste modelo sistematicamente ocultado, dramatizarem a sua negatividade e forçarem a entrada deste denúncia na agenda política.  A articulação entre os diferentes fatores de crise deverá levar urgentemente à articulação entre os  movimentos  Tal como acontece com a democracia, só uma consciência e uma ação ecológica robusta, anti-capitalista, pode fazer frente com êxito à voragem do capitalismo extrativista. Ao “ecologismo dos ricos” é preciso contrapôr o “ecologismo dos  pobres”  assente numa economia política não dominada pelo fetichismo do crescimento infinito e do consumismo individualista, e antes baseada nas ideias de reciprocidade, solidariedade, complementaridade vigentes tanto nas relações entre humanos como nas relações entre humanos e a natureza.(Fonte: Carta Maior)

Francesco - A alegria de ser cristão. Não o Deus da des-graça, mas o Pai da compaixão e da misericórdia.

Na entrevista ao jornal La Stampa, ontem, Francesco explica que o Natal nos fala da ternura e da esperança. O Papa convida todos os cristãos a não se tornarem uma "Igreja fria, que não sabe aonde ir e se emaranha nas ideologias, nas atitudes mundanas. Quando não se tem a capacidade ou se está numa situação humana que não lhe permite compreender esta alegria, se vive a festa com a alegria mundana. Mas há diferença entre a alegria profunda e a alegria mundana." O Papa abordou os temas do sofrimento inocente das crianças, para o qual não existe um porque e não resta que confiar-se a Deus, "confiar em seu olhar", diz Francisco. E a dor das crianças é visível também na situação de fome. O Pontífice convida a sair da indiferença e a evitar desperdícios. Em seu pensamento estão os pobres e a economia que jamais consegue melhorar a condição deles mesmo em períodos de prosperidade. Sobre a questão dos sacramentos aos divorciados e recasados, o Papa não se pronuncia, aguardando o Consistório de fevereiro próximo e o Sínodo extraordinário de outubro de 2014, mas ressalta a necessidade de recorrer à prudência "não como atitude paralisante, mas como virtude de quem governa". Respondendo à questão da justa relação entre Igreja e política, o Papa fala de uma relação que se perfaz em vários âmbitos e com diferentes tarefas, mas que deve convergir no ajudar o povo. "A política é nobre – diz Francisco citando Paulo VI –, é uma das formas mais altas de caridade. Manchamos a política quando a usamos para fazer negócios." Por fim, uma reflexão sobre a figura da mulher na Igreja, que deve ser valorizada, não "clericalizada". 

Na mensagem do 'Angelus'
"A sua vinda ao nosso meio revigora, torna firmes, dá coragem, faz exultar e florescer o deserto e o descampado, ou seja, a nossa vida quando se torna árida: e quando se torna árida? Quando se encontra sem a água da Palavra de Deus e do seu Espírito de amor. Por mais que sejam grandes os nossos limites e os nossos desalentos, assegurou Francisco:"Não nos é permitido ser fracos e vacilantes diante das dificuldades e de nossas próprias fraquezas.Pelo contrário, somos convidados a revigorar as mãos, a robustecer os joelhos, a ter coragem e não temer" – disse o Papa –, porque "Deus mostra sempre a grandeza da sua misericórdia"."Graças a sua ajuda podemos sempre começar novamente: como partir novamente do início? Muitos afirmam:"Não, padre, fiz muitas coisas erradas... Sou um grande pecador, uma grande pecadora... Não posso novamente partir do início! Você está errado! Você pode começar tudo de novo! Por que? Porque Ele espera você, Ele está com você, Ele o ama, Ele é misericordioso, Ele o perdoa, Ele lhe dá a força para começar tudo de novo! A todos! Somos capazes de reabrir os olhos, superar a tristeza e o pranto e entoar um canto novo." Francesco finalizou com uma saudação especial às crianças "Caras crianças, quando rezarem diante do presépio de vocês, lembrem-se também de mim, como me recordo também de vocês. Agradeço-lhes, e bom Natal!" (Fonte: RV)

domingo, 15 de dezembro de 2013

III domingo de advento - Gestos de compaixão e não palavras. Eis a grandeza dos que constroem a Realeza de Deus! (Mt.11,2-11)

Há momentos na nossa vida em que as palavras não conseguem convencer. Perdem força para explicar e argumentar. Não possuem mais a sedução de expressar sentimentos ou projetos de vida. O interlocutor fica a nos olhar com desconfiança e um misto de ironia. Percebemos que não adianta ir além com a nossa conversa. Melhor se calar ou tentar encontrar uma forma diferente para ‘dizer’ a mesma coisa. Tem-se a impressão que esta foi a mesma atitude adotada por Jesus quando recebeu os emissários de João Batista. Jesus não apela para argumentações teológicas e bíblicas para provar que era o enviado. Sabia que não adiantaria como, de fato, não adiantou. O que Jesus tinha a oferecer eram sinais, gestos e obras concretas que podiam apontar para a sua verdadeira identidade. Não precisava avançar outras justificativas. Jesus convida a ‘ouvir e ver’ o que estava acontecendo com a vida de ‘cegos, coxos, leprosos, surdos’. Pessoas concretas que a contato com a compaixão e a misericórdia de Jesus renascem, e dão a volta por cima. Isto falava por si só. Ao mesmo tempo, Jesus parece apontar para o próprio João Batista para onde deveria ir o seu testemunho. Afinal, João não apresentava gestos de misericórdia e compaixão. Ele anuncia e denuncia, grita e ameaça, mas não há ‘boa nova’! João prega aos pobres, mas não se mistura com eles. E nem parece apostar neles. João anuncia um Reino que só será administrado por Deus, diretamente. Jesus, ao contrário, prova que os mesmos destinatários dos benefícios do Reino de Deus serão também os seus administradores. É com muita ênfase que Jesus, mesmo reconhecendo a grandeza de João o coloca em segundo lugar na hierarquia do Reino. De fato, o ‘menor’ que aceita entrar na lógica e na dinâmica do reino de Deus é infinitamente maior do que João. Talvez porque João ainda não tivesse entendido a sua lógica intrínseca. Talvez fosse incapaz, como ainda muitos de nós somos, de acreditar que um ‘leproso, um cego, um surdo e um coxo, um pobre, um desanimado’ ao aceitarem a boa nova da misericórdia, da compaixão, da acolhida sejam aptos a levar adiante o que Jesus iniciou. 

sábado, 14 de dezembro de 2013

Piquiá de Baixo - Finalmente sai a sentença judicial. As famílias vítimas da poluição serão transferidas para um novo terreno!

Os moradores de Piquiá de Baixo comemoram mais uma vitória. Dia 11, o Juiz Dr. Ângelo Antônio Alencar dos Santos emitiu a sentença de desapropriação do terreno para onde serão reassentadas 312 famílias do bairro, por não terem mais condições de sobreviver em meio à poluição das siderúrgicas instaladas aos arredores das casas. A sentença estipulou em 1milhão e 30 mil reais como indenização do terreno que está localizado às margens da BR222, próximo do Posto da Polícia Federal de Açailândia. Com isso, chega-se à definição da discussão em âmbito judiciário e a Prefeitura poderá desde já regularizar a propriedade do terreno, para em seguida transferi-lo à Associação Comunitária dos Moradores de Piquiá. Enquanto aguardava a sentença, a Associação de Moradores não parou de trabalhar e já está com o projeto urbanístico e habitacional elaborado, prestes a ser aprovado pela Caixa Econômica Federal para financiamento pelo “Programa Minha Casa Minha Vida”. Os moradores encaram a conquista definitiva do terreno com grande alegria, pois o avanço para o início da construção das novas moradias é grande. Na quarta-feira 11 à noite, a Câmara aprovou o Plano Plurianual de orçamento do Município, no qual por moção aprovada em unanimidade, está sendo inserido um recurso específico para o reassentamento do Piquiá de Baixo. (Fonte: Justiça nos Trilhos)

Comentário do blogueiro - O que parecia um sonho de difícil realização está prestes a se tornar realidade. Agora, diante da perspectiva de não mais existirem famílias próximas das siderúrgicas espera-se que estas não aumentem os níveis de poluição... Que o Estado continue monitorando (se é que está fazendo isso!) as emissões de tantos gases...Afinal ainda tem ‘gente’ trabalhando nelas!

Juiz de Codó proíbe padre de celebrar numa comunidade ameaçada pelo agro-negócio. Desembargador cassa a liminar

O desembargador Jamil Gedeon cassou a liminar concedida pelo juiz Cândido de Oliveira Martins, da Comarca de Codó, que concedeu liminar favorável ao grupo empresarial Costa Pinto, contra o trabalhador rural José da Silva Pacheco e o padre Benito Cabeza Hernandez, mais conhecido por padre Bento, de visitarem em qualquer hipótese, a comunidade Três Irmãos. Há uma disputa judicial de terras entre o grupo do agronegócio do etanol e famílias de posse secular, e quem defende os direitos de trabalhadores e trabalhadoras rurais é a Igreja Católica e a Fetaema. Os advogados do grupo Costa Pinto, conseguiram, que o juiz concedesse interdito proibitório para o trabalhador rural e para o religioso, sendo este ultimo impedido de celebrar missas para a comunidade católica. O trabalhador rural José da Silva Pacheco está incluído no Programa de Proteção aos Direitos Humanos da Presidência da República e o padre Bento é o religioso que dá assistência a comunidade cristã católica. Diante da atitude intempestiva do magistrado e da indignação do Povo de Deus de Codó, a assessoria jurídica da Fetaema, interpôs agravo de instrumento ao Tribunal de Justiça do Estado e o desembargador Jamil Gedeon suspendeu os efeitos da decisão do juiz Cândido de Oliveira Martins, até julgamento do mérito do processo de disputa das terras da comunidade Três Irmãos.(Blog do Aldir Dantas)

Francesco em sua mensagem para o dia da paz critica mega-salários e economia baseada na ganância

Em sua primeira mensagem de paz, o papa Francisco criticou, nesta quinta-feira, os mega salários e grandes bônus, dizendo que estes são sintomas de uma economia baseada na ganância e desigualdade. Em mensagem para o Dia Mundial da Paz da Igreja Católica, celebrado pela Igreja em todo o mundo em 1º de janeiro, o papa também pediu uma maior divisão de riquezas entre as pessoas e as nações para reduzir as diferenças entre ricos e pobres. – As graves crises financeiras e econômicas da atualidade… levaram o homem a buscar a satisfação, felicidade e segurança no consumo e nos ganhos fora de qualquer proporção com os princípios de uma economia sólida. A sucessão de crises econômicas deve levar também a repensarmos os nossos modelos de desenvolvimento econômico e a uma mudança no estilo de vida – disse o pontífice. Francisco pediu à própria Igreja que seja mais justa, frugal e menos pomposa, e que esteja mais perto dos pobres e sofredores. O estilo do novo papa é caracterizado pela humildade. Ele abriu mão do espaço apartamento papal no Palácio Apostólico do Vaticano a decidiu viver em uma pequena suíte em uma casa de hóspedes do Vaticano. 

Campanha política - Aprenda de Quintus a enrolar eleitores e ganhar uma eleição! Depois de 2.000 tudo continua igual

Marcus Tullius Cícero, irmão de Quintus
Marcus Tullius Cícero concorreu à posição de Cônsul de Roma no ano de 64 antes de Cristo. Atribui-se a seu irmão mais novo, Quintus, a autoria de uma carta com recomendações de campanha. Em edição bilíngüe, a Universidade de Oxford republicou a Commentariolum Petitionis, em 2012, com tradução e introdução de Philip Freeman. Transcrevo algumas freses do ‘mano’ de Cícero para que possamos perceber que, afinal, os nossos políticos continuam bem ligados à sadia tradição democrática romana, e não se importam em plagiar o seu...mestre bem anterior ao Maquiavel! 

'Toda a arte da campanha consiste em identificar de quem devem ser os apoios e como conquistá-los. Desde logo, o candidato lembrará a todos a quem tenha prestado favores que chegou a oportunidade de retribuir'. 
“Prometa tudo a todo mundo, aos grupos de interesse, organizações locais, populações rurais, jovens eleitores.  Eleitores odeiam a quem lhes nega promessas e perdoam com relativa facilidade um recuo posterior. Depois da campanha é possível explicar a todos que, desafortunadamente, circunstâncias além de controle surgiram, impedindo que as promessas sejam pagas”. 
“Dê esperança às pessoas; até os eleitores mais cínicos desejam acreditar em alguém. Adule a todos sem qualquer pudor – olhe os eleitores nos olhos, dê tapinhas em suas costas, diga-lhes que são muito importantes. Faça-os sentir que o mundo pode ser melhor para eles e eles se tornarão os mais devotados seguidores – pelo menos até depois das eleições, quando inevitavelmente ficarão desapontados.Mas aí a eleição já terá sido ganha”. 
“Para um candidato, amigo é qualquer um que se mostre simpático à candidatura”. 
“Os parentes, vizinhos, clientes, antigos escravos e mesmo os servos atuais. Pois quase todos os boatos destrutivos que chegam ao público começam entre familiares e amigos”.  
"Todos os apoios são bem vindos, particularmente de pessoas de ilibada reputação porque, mesmo que não participem ativamente da campanha, conferem dignidade por mera associação”. 
É importante conhecer “a diferença entre pessoas úteis e inúteis em qualquer organização, o que poupará investir tempo e recursos em pessoas que não trarão nenhuma ajuda”. 
 “Não existe ninguém, exceto talvez os mais ardentes seguidores dos oponentes, que não possam ser convertidos a outras candidaturas, com trabalho persistente e favores apropriados”.  
 “Os apoiadores especiais não são tolos. Eles só manterão o apoio se estiverem convencidos de que têm algo a ganhar”. 
“A política é cheia de engano e traição” sendo importante que o candidato seja “um camaleão, se adaptando a cada pessoa que encontra, mudando de expressão e de discurso quando necessário (…). Afinal, se um político só se comprometesse com o que estivesse certo de cumprir, não teria muitos amigos”. 
(Fonte: Conversa Afiada)