Quem de nós nunca prometeu que iria mudar na vida? Que faria tudo para superar aquelas dependências e vícios que o mantinham escravo? Que iria ser mais atencioso e mais amoroso para com as pessoas que vivem ao nosso lado? Quem de nós nunca prometeu que a ‘partir de hoje’ seria outra pessoa e que ‘nunca mais faria o que vinha fazendo’? E que escreveria uma página nova e inédita da sua história? Quantas vezes não se sentiu culpado por ter que admitir que, afinal, foi fraco porque não conseguiu cumprir com algo que havia prometido a si mesmo e aos outros? Quantas vezes diante das nossas fragilidades e impotências invocamos o poder de intervenção onipotente de quem poderia operar aquelas transformações de que nós nos sentíamos incapazes de realizar? Hoje, ao apagar das luzes do ano 2012 podemos correr o perigo de entrar numa lógica um tanto perversa. A lógica do voluntarismo exacerbado e do enfrentamento pessoal e solitário, contra uma parte de nós mesmos que não aceitamos. Ou que não queremos reconhecê-la como algo próprio e específico do ser humano. Mas também podemos entrar na lógica de quem delega a outros a missão e a responsabilidade exclusiva de fazer as coisas acontecerem. Para si e para o mundo. Por acharmos que na nossa insignificância seríamos incapazes de realizar o que desejamos intimamente. Ao nascer do novo sol do ano de 2013 é preciso sermos ousados conosco e com a história. Uma história que é feita unicamente por nós humanos. Que terá o rosto e os rumos daqueles homens e mulheres que não esperam que um enigmático destino os conduza por caminhos e direções não desejadas. Que compreende que podemos ser autores ousados de projetos afirmativos e esperançosos em favor de valores universais, ou vítimas pusilânimes de interesses e ambições pessoais ou de grupo que nos autodestroem. O Deus de Jesus de Nazaré representa hoje, simbolicamente, a ‘Fonte Inspiradora e Iluminadora’ de quantos acreditam que juntos podemos transformar e defender a vida na sua multiplicidade e plenitude. Não mediante um esforço pessoal e titânico, mas como um caminhar permanente e paciente de construção, organização, re-motivação, apoio recíproco....E da contemplação antecipada de que, afinal, os novos céus e as novas terras já são ‘visíveis’ no novo horizonte. Feliz 2013!
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Terra indígena Krikati, no Maranhão, é a mais desmatada do Brasil!
A Terra Indígena que acumula o maior percentual de degradação de
floresta no Brasil é a Krikati, no Maranhão. Nada menos do que 77,6% da
área, de 1.442 km², já foram desmatados ao longo dos anos. É no Maranhão
onde a Funai encontra os maiores problemas para proteger as terras
indígenas:das 20 áreas mais desmatadas em 2011, cinco eram no Maranhão.De acordo com dados da Funai, das 689 terras indígenas cadastradas, apenas 61% estão com o procedimento administrativo de regularização fundiária concluído, com registro na Secretaria do Patrimônio da União — ou seja, 422 delas. Mesmos nas terras já regularizadas, há problemas, com 20% ocupados por não índios. Ações judiciais postergam a saída de posseiros, e são constantes as invasões das TI por madeireiros e garimpeiros, deixando os índios à mercê de conflitos fundiários. Não basta só reprimir, pois as invasões são constantes. É preciso levar alternativas para os municípios sobreviverem com atividades lícitas.Mesmo com as dificuldades, as terras indígenas contribuem para a preservação da floresta Amazônica, já que representam 21,5% da Amazônia Legal.
(Fonte: O Globo)
Jagunço recebe arma, celular e R$ 600 para matar líderes Kaiowá
Na manhã desta quarta-feira, 27, lideranças indígenas da Aldeia Takuara, município de Juti, fizeram um Boletim de Ocorrência na cidade de Caarapó denunciando a contratação de um jagunço a mando do fazendeiro Jacinto Honório da Silva Filho. Segundo informações, o jagunço com nome de Moacir recebeu uma arma de fogo, um celular e a quantia de R$ 600 reais dado por Jacintinho, filho do fazendeiro Jacinto. O objetivo da contratação é assassinar as lideranças Ládio Véron, Valdelice Véron e Arlindo Véron, líderes indígenas da Aldeia Takuara. Segundo os indígenas, a FUNAI foi notificada, porém nada foi feito até o exato momento. O clima é de tensão na terra indígena. Em 13 de janeiro de 2003, o Cacique Marco Véron foi brutalmente assassinado na terra indígena Takuara a mando do fazendeiro Jacinto Honório da Silva Filho. Na ocasião, os jagunços tentaram atear fogo no Cacique Ládio Véron, filho de Marco, porém o líder indígena conseguiu fugir. Marco Véron morreu por traumatismo craniano.O Cacique Ládio Véron é uma das lideranças Guarani-Kaiowá que está no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos Ameaçados de Morte, porém as ameaças, emboscadas e contratações de jagunços continuam gradativamente. (Compartilhado por Teceres Teares Guarani Kaiowá).
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Indígenas do México: fortes, pacíficos e numerosos!
Chiapas, México. “A quem possa interessar. Escutaram? É o som do seu mundo caindo. É o do nosso mundo ressurgindo. O dia que foi o dia era noite. E noite será o dia que será o dia”. Foi a mensagem assinada pelo subcomandante Marcos e difundido horas depois, através da página Enlace Zapatista. Em cada uma das cidades ocupadas (Ocosingo, Las Margaritas, Palenque, Altamirano e San Cristóbal), os povos indígenas Tzeltales, Tzotziles, Ch’oles, Tojolabales, Zoques, mames e mestiços marcharam com seus tradicionais lenços e passa-montanhas, em fila e silêncio rigoroso. Milhares de bases de apoio do Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN) ocuparam num silêncio emblemático as ruas de cinco municípios do estado de Chiapas, na primeira manifestação pública que os zapatistas fazem desde o dia 7 de maio de 2011, quando se juntaram à convocatória do Movimento pela Paz com Justiça e Dignidade. Essa ação simultânea e massiva, a maior de toda a história, foi antecedida pelo anúncio de que a organização indígena daria sua palavra, a qual se conheceu algumas horas depois da mobilização. Essa foi a expressão mais simbólica de toda a mobilização. Força, disciplina, uma ordem extraordinária, dignidade, integridade e coesão. Não é pouco. São 19 anos nos quais uma infinidade de vezes foram considerados mortos, divididos e isolados. Uma e outra vez saíram para dizer “aqui estamos”. Hoje, com 40 mil zapatistas nas ruas, novamente silenciaram, de uma só vez, os boatos infundados.(Fonte: Blog do Luis Nassif)
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Natal em Piquiá de Baixo:morre criança de 9 anos 'envolvida' pelos gases das siderúrgicas!
Ainda não sei o nome dela. A notícia chegou até nós faz pouco, quase por acaso: a morte parece uma normalidade, mesmo se agarra uma criança de nove anos. Mesmo se aconteceu numa lenta agonia. Mesmo se a família não tinha culpa. Mesmo se, de novo, são os gases e a fumaça das siderúrgicas a rasgar pedacinhos de vida do povo de Piquiá de Baixo.
Fiz questão de escrever poucas linhas, como uma oração, nessa noite de Natal. Antes de celebrar a vida, precisamos manter os pés bem no chão do sofrimento de nosso povo.O evangelho insiste que Jesus foi envolvido em faixas, logo ao nascer, para indicar a morte de que devia morrer: entregue ao colo da mãe pelos soldados que o mataram, envolvido em faixas no sepulcro que poderá prendê-lo só por três dias. A morte e a vida estão tão próximas, na existência de nosso povo...
No silêncio da noite de Natal contemplaremos uma Vida que nasce e mais uma que morreu vítima da condenação moderna do ‘progresso’: a poluição, a exclusão, o sacrifício de alguns para que –dizem- outros possam se desenvolver.A Paz que nos desejamos tanto nesses dias nos deixe inquietos e apaixonados, até quando se tornar, de verdade, Paz para todos e todas. (Fonte Dario Bossi)
domingo, 23 de dezembro de 2012
Maria e Isabel: as profecias de João Batista e de Jesus de Nazaré a confronto! (Lc.1,39-45)
Duas figuras de grande densidade moral, Jesus e João Batista, são colocadas a confronto mediante suas respectivas mães: Maria de Nazaré e Isabel. Temos, de fato, no trecho evangélico hodierno, uma antecipação daquilo que serão duas formas distintas de fazer profecia. A mensagem catequética de que Lucas se torna o veículo funciona como uma espécie de ‘prelúdio’. Nele, o evangelista concentra o que acontecerá de forma mais clara e mais trabalhada mais adiante, ao longo do seu evangelho. Longe de produzir uma crônica histórica, Lucas nos faz imergir de imediato em duas determinadas concepções de Deus, e em duas formas específicas de se relacionar com Ele. A isso faz corresponder duas determinadas respostas e posturas proféticas em que aparece e prevalece, definitivamente, o jeito próprio, único, de Jesus de Nazaré, aqui, representado e ‘mediado’ por Maria. De um lado Maria que deixa a segurança e a tranqüilidade da sua casa e avança pelas montanhas da Judeia, atravessando aldeias e povoados, para visitar, servir, anunciar. Uma postura ativa, dinâmica, voltada para fora de si. Olhando e acolhendo o outro que está longe, para que se sinta próximo, amado e protegido. Do mesmo modo que fará o seu filho Jesus. E, do outro, Isabel, na sua casa, no seu espaço familiar, amparada e segura, que acolhe com surpresa e maravilha aquele gesto e anúncio que vem de fora, de longe. Que sabe reconhecer, todavia, em Maria, ‘aquele que ainda antes de nascer’ já é fonte de alegria e esperança. Uma profecia mais contemplativa, de louvor e de reconhecimento da grandeza da pessoa e da mensagem de que Maria se torna o instrumento. Contudo, parece ainda uma profecia voltada sobre si e sobre o passado, e que não incita a reproduzir e multiplicar a esperança de que Maria e Jesus são portadores. De alguma forma, João reproduzirá o jeito profético, estático, de Isabel. No seu deserto ele contempla e invoca um ‘deus purificador’, justo, exigente e justiceiro. Quem quer ouvi-lo que vá até ele! Jesus não se incomoda de ir a visitá-lo no seu deserto, avançando pelas montanhas da Judeia, passando por aldeias e povoados como Maria havia feito. E tenta lhe mostrar que existe um Deus que se compadece e que oferece, continuamente, novas chances às pessoas. Sem precisar intimidar as pessoas, invocando vinganças e castigos! Mesmo reconhecendo a importância da mensagem de João Batista, Jesus acolhe e incorpora os processos educativos nos quais ele havia crescido. Pela sua formação humana e religiosa Jesus não podia reproduzir o Deus de João Batista. No coração de Jesus só cabia um Deus que ‘sai de si, que visita e caminha com os que ‘moram longe’, para que se sintam, definitivamente, sempre mais próximos uns dos outros’!
sábado, 22 de dezembro de 2012
Polícia militar, políticos e prefeituras alimentam esquema de venda de madeira na terra indígena Alto Turiaçu
A PF (Polícia Federal) deflagrou, nesta quinta-feira (20), operação para coibir a extração ilegal de madeira em terras indígenas nos municípios de Maranhãozinho (800 km de São Luís) e Centro do Guilherme (450 km de São Luís), no noroeste do Maranhão. Trinta e quatro policiais cumpriram os sete mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. A operação Copi'i (que em tupi-guarani quer dizer cupim) desbaratou uma suposta quadrilha que, segundo as investigações, é formada madeireiros, índios, policiais militares e políticos da região. A PF não divulgou os nomes dos envolvidos. Todos vão responder processo em liberdade. Os acusados responderão por corrupção passiva, concussão (exigir para si ou para outro dinheiro ou vantagem em razão da função), prevaricação (retardar ou deixar de praticar ato de ofício), formação de quadrilha ou bando e peculato (funcionário público que toma posse de algo pertencente à administração pública). A PF informou que o esquema de retirada ilegal da madeira contava com a participação da Prefeitura de Centro do Guilherme, que cobraria uma taxa para que os caminhões de madeireiros entrassem na reserva e retirassem toras. A madeira seria vendida a serrarias. A investigação apontou que o dinheiro arrecadado com a entrada dos caminhoneiros não ia para os cofres públicos, mas sim, era desviado para os integrantes da quadrilha. "Ao pagar a taxa o caminhoneiro recebia um ticket, que comprovava o pagamento e dava direito de ingressar na reserva. Esse controle de entrada dos caminhões era feito por guardas municipais armados ilegalmente instalados em 'barreiras/cancelas' no povoado Centro do Elias e na zona rural de Maranhãozinho, sob supervisão de um subtenente da Polícia Militar da região", informou a PF, por meio de nota. Segundo a PF, além da acusação de corrupção, a atividade era ilegal, pois não tinha autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Meio Ambiente) ou da Funai (Fundação Nacional Índio). As investigações tiveram início com a Operação Arco de Fogo, em 2011, com o levantamento de informações sobre desmatamento na reserva indígena Alto Turiaçu, do Maranhão, que gerou um inquérito da PF. (Fonte Uol)
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
A indústria das diárias federais nas terras indígenas. Carros e mordomias para deixar tudo como está!
Arame, 19 de dezembro de 2012
Eles avançam enfileirados. Parece até de forma discreta. São sete carros cor cinza com tração 4x4. Não levam placa de identificação, mas todos percebem que são carros oficiais. Do IBAMA, da PF, da FUNAI. É mais uma operação para pegar madeireiros clandestinos na terra indígena Araribóia. Todos estão à sua espera. Inclusive os madeireiros. Tudo cheira a farsa. Eles chegam à aldeia Zutiwa, município de Arame, pela manhã. Instalam-se nas dependências daquilo que antigamente era o posto da Funai. Sem pressa, descansam. Procuram os lugares mais aconchegantes para tomar banho e se refazer do cansaço. Não aceitam qualquer banheiro. Passam dois dias. Chega a notícia, deles mesmos, que pegaram um caminhão madeireiros na terra, mas sendo que estava sem madeira o liberam. Pouco adianta o comentário de um dos índios que argumenta que o madeireiro por ter sido encontrado dentro da sua terra mesmo não tendo madeira, por si só deveria ser interrogado ou detido ou evitar que possa avisar os demais madeireiros da operação em curso. Talvez tenha sido justamente uma decisão ‘estratégica’ para permitir que ele avise os demais a não entrarem na terra Araribóia enquanto durar a operação. Os índios da aldeia permanecem a olhar aquela movimentação espetacular e exibicionista de carros fechados, só no ar condicionado. Assumem aquele ar sarcástico de quem já viu a mesma cena. E já sabe que não leva a nada. Mesmo interrogados ficam ‘na deles’ sabendo que os homens do governo vão e eles ficam...arcando as consequências. Os índios sabem que não precisam se expor, denunciar e fazer nomes. Os funcionários do governo já sabem quem são e onde moram aqueles que hoje entram nas terras indígenas para saqueia-las. Sabem que eles gozam de cumplicidade e proteção de quem está naqueles carros de cor cinza e que, aparentemente, estão lá para persegui-los. Sabem que, afinal, o seu silêncio permite que funcionários federais, mais uma vez, possam acumular diárias de mais de R$ 300,00 para fazer um ‘auê’ que só vai contribuir a sangrar os cofres públicos.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
III domingo de advento - Só pela via transformadora podemos construir uma nova humanidade (Lc.3, 10-18)
‘Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira. 12 E chegaram também uns publicanos, para serem batizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer? 13 E ele lhes disse: Não peçais mais do que o que vos está ordenado.14 E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo....
Com toda probabilidade esta foi a pregação que mexeu com o cidadão e peregrino Jesus de Nazaré! O deslocamento do então anônimo Jesus o Galileu, de Jerusalém à região do deserto da Judeia, certamente foi motivado pela fama que o pregador e profeta João Batista gozava na cidade. Lá, Jesus não encontrou um dos muitos pregadores fanáticos profetizando uma suposta próxima vinda do enviado de Javé, mas um cidadão que escancarava sua amargura e desilusão com o futuro da sua nação. Uma pessoa angustiada com a previsível falência e a inevitável implosão social e moral do seu povo. Os sinais eram claros e irrefutáveis. Todavia, era um homem atento aos movimentos históricos, e às frágeis, mas reais possibilidades de reverter um quadro que parecia já consolidado. João, numa última e desesperada tentativa de dar outra direção à nação que não fosse o fracasso nacional, decidiu convocar todas as pessoas para uma mudança social. Uma espécie de força-tarefa nacional, a partir do deserto!Só esta lhe parecia indispensável para evitar a autodestruição pessoal e nacional. Em outras palavras: ou os cidadãos e cidadãs de Israel começavam a superar a sua sede doentia de acumular e concentrar bens, de extorquir e corromper, de utilizar a violência e o abuso como métodos normais, ou o seu futuro de paz e união seria varrido do seu horizonte. Para aqueles ‘devotos’ que achavam que bastavam os seus holocaustos e oblações oferecidos no templo, ou a sua autoconsciência de pertencer à ‘nação santa e eleita’ o machado e o fogo os teriam definitivamente colocados à margem de tudo. Era urgente produzir, agora, frutos de ‘conversão’, ou seja, de justiça! Jesus que provinha da ‘rebelde Galileia’, formado nas inconformadas e resistentes aldeias do Norte, identificou-se imediatamente com o jeito e o conteúdo de João da pregação de João. Não somente se comprometeu, mediante o batismo, a levar adiante aquela mudança social, mas também a se tornar, ele mesmo, uma extensão do profeta. E o superou! Jesus depois dessa experiência iluminadora acreditou firmemente que em lugar da desgraça nacional poderia chegar a graça para cada ser. Em lugar do machado excludente e do fogo divino depurador, apareceria a compaixão e a vida em plenitude. Em lugar de um ‘messias’ uma multidão de homens e mulheres co-responsáveis pela integridade física e moral uns dos outros. Um novo jeito de governar em que só um Deus compassivo seria o único Rei.
Xavante do Mato Grosso voltam à sua terra original. Ocupantes reagem. O Maranhão que se prepare!
Sindicatos rurais do nordeste de Mato Grosso se uniram aos posseiros que desde o início da semana estão sendo expulsos por ordem judicial da área indígena xavante Marãiwatsédé. Embora não sejam afetados pela retirada, os ruralistas engrossam a resistência em bloqueios promovidos desde a semana passada em vários trechos da BR-158, que liga o Estado ao Pará. Os manifestantes se instalaram sob toldos com faixas de protesto: "Dilma Rousseff, o povo do Araguaia merece mais respeito". Promoviam churrascos para acalmar os motoristas retidos. Os xavantes foram retirados de suas terras na década de 1960 pelo governo militar. Índios e posseiros enfrentam-se na Justiça desde 1995. A área foi homologada como terra indígena em 1998. Cerca de 2.400 não índios vivem na terra dos xavantes, e a Justiça Federal determinou que eles deixem a área até o próximo dia 17. O chefe de Operações da PRF em Mato Grosso, Fabiano Jandrei, disse ter efetivo reduzido e que não colocaria homens em risco para interromper os atos. A mídia divulga manchetes raivosas e mentirosas dizendo que mais de 7 mil pessoas seriam jogadas na miséria com a sua retirada da terra indígena Xavante de Marãwatsédé. E mais: “Aproximadamente 700 índios xavantes poderão ser donos de um latifúndio já ocupado e beneficiado por cerca de 7.000 pessoas... Os números são mentirosos. Conforme levantamento do IBGE, são apenas um pouco mais de 2 mil pessoas que vivem nessa área, mas não é essa a questão. Sempre os anti-indígenas invasores utilizam essas argumentações. Ninguém quer tirar o direito de ninguém, inclusive, o direito daqueles que ocupavam em boa fé uma terra que não lhe pertencia e que agora, reivindicam, com justiça, um justo re-assentamento. O Maranhão que o diga. Aqui, em breve, assistiremos a ações parecidas nos municípios de Fernando Falcão, Zé Doca, Amarante, Grajaú, envolvendo Kanela, Awá-Guajá e Guajajara.
É pra' índio? Então, relaxa. Pode fazer trabalho porco!
‘É para índio? Então, relaxa. Pode ser trabalho porco, tanto ninguém vai reagir!’ Na sua essência é esta a atitude de várias empresas que ganham a licitação e fazem trabalhos pelo Governo Federal nas terras e patrimônios indígenas desse País! Também já não provoca mais nenhuma reação pública o fato que as casas que abrigam os doentes indígenas nos diferentes estados da Federação sejam denunciadas sistematicamente por péssimas condições ou interditadas. Virou rotina, é matéria fria nos meios de comunicação. Graças a essa ‘naturalização’ do abuso e do desrespeito para com os direitos indígenas o Governo Federal desconversa, finge que não vê, deixa correr. Mais uma vez ele prova que o que se refere ‘a índio’ não provoca nenhuma indignação na sociedade....salvo os casos em que ‘alguns silvícolas tresloucados’ se revoltarem e ocuparem o espaço que já não vale mais a pena ser ocupado pela sua avançada deterioração.Eis aqui abaixo o último caso no nosso Maranhão.
O Ministério Público Federal denuncia as péssimas condições de funcionamento da Casa do Índio, em Imperatriz. As denúncias foram reveladas num levantamento feito pelo Ministério Público Federal, que determinou ao Ministério da Saúde uma reforma nas instalações da casa. O relatório também aponta as deficiências no atendimento de saúde aos índios nas aldeias da região. Parte do muro da frente do prédio caiu durante uma chuva, há 15 dias. A fiação elétrica está solta e o entulho permanece na calçada. Por dentro, a situação da Casa da Saúde Indígena (CASAI), é pior. O piso está rachado, não há água nos banheiros, a comida é preparada no chão e o atendimento médico é feito na sala da administração. Em 2008, a falta de estrutura da CASAI foi denunciada pelo Ministério Público Federal ao Ministério as Saúde, e alguns reparos foram feitos. Há cerca de um ano, a situação do prédio voltou a piorar e o MPF determinou que o local seja reformado completamente até maio do ano que vem , e com recursos do governo federal. Caso o acordo com o Ministério da Saúde não seja cumprido, o governo federal será multado. Foram incluídas no relatório denúncias de falta de medicamentos, ausência de transporte adequado para índios doentes e falta de abastecimento de água em 17 aldeias no sudoeste do Maranhão.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Governos e siderúrgicas do Maranhão no banco dos réus, hoje, na Assembleia Legislativa
Hoje, dia 12, a partir das 15,00 h. haverá no auditório da Assembleia Legislativa uma audiência pública tendo como foco as siderúrgicas do Maranhão e toda a problemática conexa, a saber, seus impactos sociais e ambientais, poluição, produção e fornecimento de carvão vegetal para os altos fornos, utilização e proteção das terras indígenas, etc. Haverá uma atenção especial para verificar se os acordos firmados no início do ano entre os governos estadual e federal, as siderúrgicas e Greenpeace estão sendo, de fato, respeitados. Só para refrescar a memória eis algumas recomendações apresentadas à época. Os governos estadual e federal deverão:
1. Tomar medidas imediatas para combater as ilegalidades sociais e ambientais que imperam no setor de carvão e ferro gusa, incluindo a instalação de um grupo de trabalho para investigar e indiciar os invasores das terras indígenas onde habitam o povo Awá e de outras terras indígenas. Pelo que sei nada disso foi feito!
2. Capacitar a Procuradoria da República para monitorar efetivamente o progresso dos acordos legais firmados com as guseiras da região. Desconfio.............
3. Não aprovar mais nenhuma política como as propostas de alteração do Código Florestal ou a Lei Complementar 140 que prejudicam as atuais práticas de proteção ambiental ou o poder dos órgãos federais para fazer cumprir a lei. Indiferença pura!
4. Não aprovar políticas que enfraqueçam as medidas de proteção aos povos indígenas ou facilitem a redefinição e a consequente redução das terras indígenas protegidas por lei. Idem supra!
5. Adotar salvaguardas sociais e ambientais adequadas para a instalação de plantações de eucalipto (incluindo futuros planos de expansão) que alimentam a indústria do ferro gusa. Genérico demais!
6. Apoiar as pesquisas que visam a melhoria de eficiência do carvão vegetal combustível ou a redução dos riscos socioambientais para as comunidades locais, inerentes ao uso do carvão vegetal. Não vi nada disso até agora!
Mesmo assim, vale a pena conferir! Vamos lá!
Morreu Maria, no Reviver. Drogada, portadora do HIV, prostituta
Morreu Maria. Ontem, de madrugada. Aqui, na capital dos amores e dos sobradões. No enterro só 11 pessoas. E foi graças a estas que não foi enterrada como indigente. Nenhum membro da sua família de sangue apareceu, mesmo sabendo do seu falecimento. Comenta-se que o medo de contrair o vírus do HIV de que Maria era portadora inibiu a sua participação. Maria, após longos e sofridos 8 dias de agonia foi vencida pela morte, acolhida, porém, como libertação. E como um inédito e desejado estado de liberdade e paz que Maria nunca havia experimentado quando viva. Maria vivia perambulando no centro de São Luis, no denominado Reviver. Viciada em drogas, cedia o seu corpo a quem lhe oferecesse um trocado. Mãe de vários filhos (de diferentes procriadores), todos eles lhes foram ‘sequestrados’ pela Justiça, e entregues a quem se dispunha a lhes dar a proteção que Maria não conseguia, e não podia dar. Sempre chorava copiosamente essas decisões judiciais, afinal ela os amava, mesmo que de um jeito nada convencional. Em diferentes ocasiões Maria tentou sair dessa vida em que foi brutalmente jogada, após ter sido estuprada aos 14 anos de idade, pelo próprio avô. Condenada por muitos, rejeitada pela mãe, pelas irmãs e amigas, encontrou em algumas pessoas que não eram ‘parentes’ uma acolhida e um lar que nem ela imaginava ser possível. Era tarde demais! A dependência das drogas era tão forte que toda vez que tentava se sair recaía de forma sempre mais dramática. Maria optou pelo suicídio. Livre, agora, de tantos fantasmas reais e imaginários que lhe apareciam de dia e de noite atormentando a alma, o sono, o sonho. Optou pela morte para, finalmente, poder ....viver!
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
II ADVENTO - Rebaixar o dominador e elevar o esmagado endireitando os caminhos tortuosos (Lc.3, 1-6)
Eis aqui uma obra-prima de Lucas! E de quantos, como ele, sabem viver antenados com a realidade em que vivem!Uma descrição do contexto histórico em que Jesus cresceu e viveu de uma profundidade e de uma atualidade únicas. Inimitável. Como não mergulhar naquele mundo descrito por ele? Como deixar de contemplar, boquiabertos, personagens, lugares, relações e conteúdos que nos trazem tragicamente ao nosso hoje? Lucas, na realidade, não descreve simplesmente um determinado contexto social e histórico. Uma mera situação conjuntural. Ele quer nos oferecer a clave de leitura para sabermos contextualizar, compreender e interpretar acontecimentos, pessoas, interesses, objetivos, identidades de que fazemos parte. E os coloca numa inteligente correlação. É uma verdadeira aula de metodologia de análise. Instiga-nos a identificar quem detém, hoje, o verdadeiro poder e a hegemonia moral. E a descobrir no nosso hoje sobre quem ‘desce’ a palavra de Deus (v.2). Uma palavra profética que desvela e revela o ‘deserto’ em que se encontram os humanos. Aqueles que sofrem os desmandos dos que se consideram ‘guias e senhores do povo’. Uma palavra cortante que mora, logicamente, longe dos palácios e dos templos. Uma palavra despida da ‘suntuosidade e de bela aparência’ daqueles que a proclamam a partir dos púlpitos das catedrais e das sacadas dos palácios reais. Uma palavra que não conforma os submissos, e nem confirma os dominadores, mas anuncia mudanças totalizantes e radicais.
Palavra criativa de Deus que irá operar, enfim, a verdadeira justiça, aquela esperada pelos injustiçados.Quem está lá em cima, seguro de si, dominando inconteste, deverá ser rebaixado. E quem se encontra na fossa, esmagado e submisso, deverá ser elevado. Para que não haja nem dominação e nem submissão, mas equidade (v.5). Lucas, entretanto, deixa claro que cabe ao profeta, sobre o qual ‘desceu a palavra de Deus’, gritar e convocar para o grande mutirão em favor da ‘conversão’ de todos, e da mudança (v.3). E redescobrir nos caminhos do ‘deserto’, da aridez e da provação, a sua fonte inspiradora. E em sintonia com um passado feito de salvação conquistar, hoje, a ‘terra prometida. E se libertar dos novos tiranos e faraós escravocratas. Isto exige acolher e incorporar os valores do Reino que são diametralmente antagônicos aos de Tibério César, de Pôncio Pilatos, de Herodes, de Felipe, de Lisânias, de Anás e Caifás. E aplainar e endireitar os caminhos tortuosos e escabrosos da iniqüidade e da desigualdade. E aqueles ‘corpos’ (v.6), - e não só almas, - que experimentam, hoje, as deformações e as mutilações produzidas pela ‘tortuosidade e escabrosidade’ humana poderão ver a salvação real. Aquela histórica, tangível. Só assim os filhos e filhas de Deus, e não de César, poderemos atualizar, parafrasear e reescrever nos gestos e nos textos o que Lucas nos transmitiu outrora: ’No ano 1 (um) do Reino de Deus, quando os seus filhos e filhas se tornaram servidores uns dos outros, e não mais existiam tiranos e dominadores corruptos, e sendo Jesus de Nazaré seu mestre e profeta inspirador, a palavra de Deus ‘desceu’ sobre.........’
PARA MEDITAR..............
‘Uma coisa está
certa: o ser humano, hoje, deve ser obstinadamente apaixonado; se o é, existe ainda
esperança. Se ele é apaixonado, ou seja, compassivo, ainda há esperança!
‘Não existe o ‘meu’
pão. Todo pão é ‘nosso’ mas é dado a mim.
Aos outros é dado por meio de mim, e a mim por intermédio dos outros. Não
somente o pão, mas todas as coisas necessárias para a sustentação nesta vida
nos são emprestadas. Nós as recebemos juntamente a outros, e a outros as repassamos
e transmitimos’
O pitoresco Berlusconi insinua que poderá ser candidato novamente. Salve-se quem puder!
‘A Itália está aos frangalhos. Muitos me pedem para voltar e me recandidatar para salvá-la. Eu sou o melhor’! Com essas pérolas de péssimo gosto o ex-primeiro ministro da Itália, Silvio Berlusconi, insinuou, ontem, que poderia tentar ser candidato novamente no próximo ano e ‘produzir novos estragos’ na vida econômica e social do País! O atual ministro do desenvolvimento italiano, Passera, reagiu às afirmações de Berlusconi deixando claro que um retorno de Berlusconi iria produzir efeitos nocivos ao País, dando a impressão aos Países vizinhos de que a Itália estaria VOLTANDO ATRÁS, e não indo para frente! Palavras lúcidas e acertadas. Perguntamo-nos: o atual sogro de Pato, o jogar brasileiro que joga na reserva do Milan (time de propriedade de Berlusconi) entenderá isso? Os italianos, - muitos deles politicamente irreconhecíveis, - irão compreender a urgência do momento e voltar página? O Vaticano, que sempre apoiou e se beneficiou com as medidas econômicas do carnavalesco político italiano irá compreender que ‘sacrifícios são para todos’? Tudo é possível na Itália de hoje!
No dia 10 haverá protestos no mundo para 'salvar' os Awá do Maranhão. Governo está alheio e omisso!
Uma mulher irá liderar a manifestação em frente da embaixada do Brasil em Londres, no dia 10 de dezembro, dia internacional dos Direitos Humanos da ONU, para pressionar o Brasil a salvar o povo Awá-Guajá (Maranhão) que tem o seu território sistematicamente invadido e saqueado. O corpo dela estará pintado com a frase: ‘Brasil: Salve os Awá’. Os manifestantes irão participar do protesto em Londres vestindo camisetas e portando cartazes com a mesma frase. Ações de protesto acontecerão também pela Europa, nas cidades de Berlim, Paris, Madrid, Milão, Roma e Amsterdã, e também em São Francisco, nos Estados Unidos. Quase 50.000 pessoas já escreveram para o ministro da Justiça do Brasil, Cardozo, desde que foi lançada, meses atrás, mais uma campanha para salvar o povo Awá-Guajá. Lamentavelmente, apesar do forte apelo do apoio público, quase oito meses após a determinação de a Justiça Federal conceder o prazo de um ano para encontrar uma área e reassentar as famílias que ocupam ilegalmente o território dos Awá, nada foi feito. As informações que chegam da região no município de Zé Doca, Maranhão, é de que os madeireiros continuam extraindo com um ritmo sempre mais acelerado e com máquinas sempre mais sofisticadas a madeira da terra Awá-Guajá. Nenhuma fiscalização está sendo realizada. O próprio órgão federal, o INCRA, até o presente momento não tem a menor idéia sobre a área onde iria reassentar as famílias que deverão sair da terra indígena que se encontra já demarcada e homologada.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Valdeci Tembé reaparece à aldeia, após ataque dos madeireiros e fuga pela mata
O líder indígena Valdeci, da etnia Tembé, morador da aldeia Cajueiro que havia desaparecido no sábado após ataque de madeireiros em Nova Esperança do Piriá, no nordeste do Pará, correu e andou 40 km pela mata, bebeu água da chuva, se feriu na floresta e pegou duas caronas até chegar de volta a sua aldeia, na noite de anteontem. As buscas pelo chefe tribal mobilizaram um helicóptero da Funai e cerca de 800 índios de sua etnia, que até a noite de ontem continuavam na floresta à procura do líder - sem comunicação, eles não puderam ser avisados sobre o seu reaparecimento. Em entrevista por um orelhão da aldeia Cajueiro, a 120 km de Paragominas, o líder tribal Valdeci Tembé, 43, disse que ele e dois fiscais do Ibama foram atacados a tiros na noite de sábado durante ação de combate à extração ilegal de madeira dentro da terra indígena do alto rio Guamá. Ele fugiu pela mata. Os fiscais foram mantidos reféns até a 1h de domingo, quando uma equipe do Ibama e a Polícia Militar chegaram ao local. Ninguém foi preso. "Por volta das 20h fomos abordados por mais ou menos 150 homens, todos armados e alcoolizados. Todos chegaram apontando armas para todos nós. Diziam assim: vamos te pegar e encher tua cara de bala. Não pensei duas vezes, tive que fugir." "Machuquei meus braços, a pele arranhou com espinhos. Eu estava de tênis, mas rasgou tudo. Água, Deus é bom, a região é montanhosa, bebi água depositada pelas chuvas nas folhas. Mas não tinha frutas, não comi nada." Segundo o chefe indígena, no percurso de 40 km ele passou por fazendas e duas vilas de assentamentos. Na vila do Braço Quebrado, se sentiu seguro e pediu ajuda. "O pessoal me deu abrigo e fui bem recebido", afirmou. A Polícia Federal investiga os ataques. O conflito na região aumentou há dois meses, quando índios acusaram madeireiros de roubar madeira que havia sido apreendida e estava na área. Os indígenas chegaram a colocar fogo em carros de madeireiros. Valdeci é um velho conhecido desse blogueiro! Fico feliz que esteja bem, mesmo que provado!
Enquanto isso, em Brasília.......índios se reuniram na capital, ontem, para exigir a demarcação de terras e entregar à Comissão de Direitos Humanos da Câmara um documento com 20 mil assinaturas em apoio à causa indígena. O ato também reivindica a rejeição da PEC 215 e o julgamento de todas as ações em andamento no STF (Supremo Tribunal Federal) que envolvam os direitos indígenas. A PEC 215, em tramitação na Câmara, transfere do Executivo para o Congresso a competência de aprovar a demarcação das terras indígenas, a criação de unidades de conservação e a titulação de terras quilombolas.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Em 10 anos os Países da Amazônia torram florestas equivalentes ao território da Grã-Bretanha. Brasil é responsável pelos 80,4 % do total destruído
Um estudo inédito realizado em nove países sul-americanos revela que, entre 2000 e 2010, a Amazônia perdeu 240 mil quilômetros quadrados de floresta, 3% de sua área total, o equivalente ao território da Grã-Bretanha. “É importante manter em evidência uma visão geral sobre o que está acontecendo na Amazônia”, disse à BBC Brasil Beto Ricardo, coordenador-geral do estudo. Ele explica que, embora haja muitos estudos sobre o desmatamento na Amazônia brasileira, ainda não haviam sido feitas avaliações que incorporassem as porções andina e guianense da floresta. Para o Brasil trata-se de um estudo especialmente importante porque boa parte das cabeceiras dos grandes rios amazônicos que cortam o país está em nações vizinhas, sobretudo as andinas, como Colômbia e Peru. “O que acontece lá nas nascentes afeta todo mundo aqui rio abaixo”, afirmou. Segundo o levantamento, entre 2000 e 2010, 80,4% do desmatamento da Amazônia ocorreu no Brasil, país que abriga 58,1% da floresta. Dono da segunda maior porção de cobertura florestal, com 13,1%, o Peru foi responsável por 6,2% do desmatamento no período, seguido pela Colômbia, que possui 8% da floresta e desmatou 5%. A pesquisa mostra, porém, que o ritmo de desflorestamento no Brasil e na maioria dos países sul-americanos tem se reduzido desde 2005.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Madeireiros atiram em índios Tembé, em fiscais do IBAMA e na PM do Pará. Os ladrões de madeira indígena são cada vez mais ousados!
Fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), policiais militares e índios foram alvo de tiros disparados por madeireiros na manhã deste domingo (2), na terra indígena Alto Rio Guamá, em Paragominas, no nordeste do Pará. A equipe de agentes fazia a retirada de madeira apreendida dentro do território de índios tembé. Durante o conflito, o cacique Valdeci Tembé teria desaparecido. O Ministério Público Federal (MPF) pediu apoio urgente para as polícias Federal e Militar do Pará para conter os madeireiros na região. Segundo informações do MPF, a madeira foi apreendida em 2011 depois de ser extraída ilegalmente de dentro da terra Indígena, mas só agora o Ibama pôde fazer cubagem, para posterior retirada. Os policiais e fiscais teriam sido surpreendidos pelos madeireiros, que atiraram contra a equipe. Ainda de acordo com o órgão federal, não há notícia de feridos, mas dois policiais militares e o índio Valdecir Tembé estão desaparecidos. O procurador da República Gustavo Henrique Oliveira, de Paragominas, está acompanhando o caso e enviou ofícios à Polícia Federal, ao Ibama, Funai, à Secretaria de Segurança Pública e ao Batalhão de Polícia Ambiental do Pará. Ele pede informações sobre a situação e reforço policial urgente na área, para localizar os desaparecidos e conter os madeireiros. “Há relatos de que os agentes foram rendidos e se encontram perdidos no local. A Funai informou, ao telefone, que os madeireiros retiveram as armas dos agentes. Um indígena está perdido. Solicito, com urgência, o apoio desse Batalhão, para conter os conflitos, resguardar a integridade das pessoas envolvidas e assegurar a madeira derrubada”, diz o ofício enviado hoje ao Batalhão de Polícia Ambiental. “Ressalto que os fiscais do Ibama e os policiais do BPA foram rendidos no local. Houve negociação para que fossem soltos. Porém, há relatos de que dois policiais continuam na Terra Indígena, perdidos”, disse no documento enviado à PF. Há também informações de que os madeireiros ficaram com as armas dos fiscais e dos policiais.(Fonte G1)
domingo, 2 de dezembro de 2012
Eutanásia planetária: as 'máquinas da UTI' estão sendo desligadas
Os mantos de gelo da Antártida e da Groenlândia estão em derretimento acelerado e perderam 4 trilhões de toneladas nas últimas duas décadas. O valor representa 20% da água que causou um aumento de 55 mm no nível dos mares nesse período. Os números vêm de um mutirão científico que produziu um número de consenso, ao reunir dados que antes pareciam discordantes. O problema deve se agravar nas próximas décadas, apesar de ainda não ser possível dizer o quanto. A situação mais preocupante, segundo o estudo, é na Groenlândia, onde a redução do manto de gelo é dois terços do total global. Na Antártida, a porção oriental do continente teve um tênue aumento em seu manto, mas as perdas ocorridas no lado ocidental foram muito maiores, fazendo o saldo ficar negativo. "A Groenlândia perde massa cinco vezes mais rápido hoje do que no início dos anos 1990", diz o geocientista Erik Ivins, da Nasa, co-líder do estudo."A Antártida parecia estar mais ou menos constante, mas na última década aparentemente sofreu uma aceleração de 50% na taxa de perda de gelo." Em entrevista coletiva anteontem, porém, os autores do estudo se disseram incapazes de prever quão rápido isso deve acontecer. Simulações de computador que tentam prever o aumento total do nível do mar até 2100 em razão do aquecimento global variam radicalmente. O último relatório do IPCC trabalha com uma variação entre 20 cm e 60 cm, mas previsões recentes mais sofisticadas indicam que o nível do mar pode subir de 75 cm a 1,85 metro neste século.
Comentário do blogueiro: Talvez estejamos ainda longe de ouvir o 'barulho do mar e das ondas, e desmaiar de medo' como falam as leituras apocalipticas do advento, mas parece clara a tendência da aceleração da morte silenciosa do planeta Gaia.Uma espécie de suicídio ou de eutanásia planetária. As máquinas da UTI estão sendo desligadas com o consentimento tácito dos filhos e filhas do planeta!
sábado, 1 de dezembro de 2012
‘Aquele dia’ é agora! Construir esperança nas ruas, e não nas salas de....espera! (Lc. 21,25-28. 34-36)
A tendência dos humanos diante dos grandes desafios e dramas da vida é a de fugir. Sentindo-se impotentes para resolvê-los os humanos tendem a se refugiarem num mundo ideal onde, supostamente, não existiriam mais as contradições e os sofrimentos do seu presente. O sonho de um mundo novo, livre de tudo isso tem acompanhado desde sempre o ser humano. Em todas as mitologias dos cinco continentes podemos constatar isso. O próprio passado quase sempre se apresenta como irreal e plenamente idealizado. Nele, originalmente, tudo era bonito, tudo funcionava bem. Até os bichos falavam e agiam como gente. E o futuro, aquele almejado, - e antagônico a um presente frustrante, - é visto como um mundo livre de toda dor, finalmente justo, e recompensador para todos aqueles que se mantiveram firmes, e não desanimaram. Nesse ‘novo paraíso’, feito de ‘novos céus e novas terras, e de novas criaturas’, o presente seria totalmente transformado, transfigurado e redimido. Em geral, tudo isso seria obra de um ‘deus’, ou de um ‘herói’, ou até fruto de um ‘processo evolutivo’ natural.
A essa altura, contudo, cabe uma pergunta: quem nos garante que essa idealização do passado e do futuro seria expressão de uma mera fuga de um presente frustrante? Ou expressão da impotência humana diante dos grandes desafios da história? E se fosse, por acaso, expressão da esperança inata que existe no ser humano? A de desejar e de construir um ‘futuro permanentemente transformado’ que o próprio ser humano colocou em risco? Acredito ser justamente essa visão que a narração evangélica de hoje e as propostas ao longo do período do advento querem provar. O evangelho hodierno, de fato, convida de maneira contundente a ‘erguer a cabeça, e a olhar para cima’. Ou seja, a tomar consciência da própria realidade em que os humanos se encontram, e saber encará-la com realismo e firmeza. Sem permitir que ela nos esmague. Sem fugirmos e nos esconder dela para. Sem nos refugiar em mundos idealizados e narcotizados. Para não desanimarmos diante do desafio de nós mesmos transformarmos um presente que continua sendo fonte de sofrimento e dor é fundamental que alimentemos a esperança. Esta não é uma forma de acreditarmos num herói ou num ‘deus’ e delegarmos a eles a realização de uma salvação que cabe a nós construirmos e realizar, mas é a maneira de alimentar essa nova consciência. A esperança deveria ser expressão da nossa plena convicção de que nos é possível reverter integralmente o que aparentemente parece já definido. A esperança mostra a nós humanos, agora, o que poderá acontecer num futuro próximo se transformarmos o presente segundo a ótica dos direitos à vida. Jesus de Nazaré, longe de ser um fanático e pregador idealista de um Reino idealizado, mostrou que há ‘brechas nas trincheiras do nosso presente’, e que a partir delas podemos, agora, construir ‘novos céus e novas terras’.
Há um ano atrás falecia em Salvador padre Franco Pellegrini, amigo e irmão!
Há exatamente um ano atrás, no dia 01 de dezembro de 2011, falecia o nosso amigo e confrade comboniano padre Franco Pellegrini, vítima de um acidente de trânsito em Salvador. O carro que dirigia foi investido por um micro-ônibus desgovernado. Reproduzo aqui abaixo a última parte da carta que ele, em vida, ´poderia ter escrito às comnidades de Salvador onde trabalhava. Franco, continue no nosso meio! Saudades!
'Com certeza muitos de vocês se lembram quando cheguei em 2004. Confiante e temeroso ao mesmo tempo. Foi um tempo de graça para mim. Realidade nova, mas só em parte. Nunca havia trabalhado aqui, mas como sempre havia acontecido ao longo da minha vida nessa terra, aqui encontrei gente generosa, dedicada, disposta a enfrentar todo tipo de desafio. Hoje, olhando para cada um de vocês me sinto de poder proclamar as mesmas palavras de Jesus o bom pastor: ‘Eu conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem’ Vocês sabem que há sinceridade no que digo. Procurei me colocar, mesmo com as minhas fragilidades, ao serviço de todos vocês, sem julgar e condenar, acreditando que somente unidos podemos construir um novo jeito de ser igreja, de ser família. Pode ser que para alguns tenha parecido duro ou até intolerante, mas acreditem, se isso ocorreu foi para manter fidelidade à prática evangélica de Jesus de Nazaré e a essa igreja que fez uma opção clara em favor dos pequenos. Acredito que a melhor forma para continuar a nos sentir unidos é reproduzir e multiplicar os mesmos gestos e as mesmas escolhas de Jesus: anunciar e testemunhar o Reino da vida, da paz verdadeira, da justiça, do respeito e do reconhecimento da dignidade de cada pessoa. Nisso poderemos nos sentir em permanente comunhão entre nós e com a humanidade, para além da morte, para além do tempo, para além de qualquer limite. Um eterno e saudoso abraço a todos vocês e que o Deus da vida vos proteja, vos guarde e vos abençoe.'
Padre Franco
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Libertados 41 índios Kaingang que viviam como escravos no 'civilizado' Rio Grande do Sul
No último dia 22, uma força-tarefa do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Ministério Publico do Trabalho (MPT) e Funai libertaram 41 indígenas kaingang - entre os quais 11 eram menores de 18 anos - que trabalhavam em condições análogas à escravidão em Itaimbezinho, distrito do Município de Bom Jesus, RS. Os indígenas foram encontrados durante uma fiscalização de rotina do MTE na atividade de raleio de maçãs em uma área arrendada pelo empresário Germano Neukamp. De acordo com o procurador do MPT Ricardo Garcia, os trabalhadores foram aliciados por um funcionário do empresário, e nenhum indígena tinha carteira assinada, os contratos de trabalho eram apenas verbais e por tempo indeterminado. "Quando chovia e os indígenas não podiam trabalhar e não recebiam", relata o procurador. O empregador também não forneceu as ferramentas de trabalho ou quaisquer equipamentos de proteção individual. De acordo com Ricardo Garcia, do MPT, o alojamento já havia sido interditado em outra fiscalização em 2009, e de lá para cá só se deteriorou. "Pode até ser que os indígenas vivem com menos conforto nas aldeias, mas aquilo era insuportável até para um trabalhador mais rústico", afirma o procurador. Dos 11 indígenas adolescentes libertados pela força-tarefa, cinco tinham entre 14 a 16 anos, e outros seis, de 16 a 17 anos. "Uma garota de 17 anos estava grávida. O pai da criança, de 15, também trabalhava no local", relata a auditora fiscal Inez Rospide. A contratação de menores de 18 anos é proibida por lei, e gerou dois autos de infração ao empregador.(Fonte: Repórter Brasil)
Justiça e Paz promove seminário 'A CIDADE QUE TEMOS, A CIDADE QUE QUEREMOS
Justiça e paz da Arquidiocese de São Luis promove para os dias 6 e 7 de dezembro um seminário para discutir a cidade de São Luis ao lembrar seus 400 anos de existência. Uma oportunidade para colocar o dedo em muitas feridas abertas e fazer emergir as suas potencialidades e necessidades. O seminário se insere na programação da entidade em que nos meses de dezembro nos brinda com seminários de alto nivel. Será também uma oportunidade para nos preparar à Semana Social Brasileira. Aqui abaixo a programação dos dois dias, e dicas concretas para a inscrição. Não perca!
6 e 7 de dezembro de 2012
Teatro Alcione Nazareth - Horário: 14h às 21h
Centro de Criatividade Odylo Costa, filho
Praia Grande – São Luís (MA)
Teatro Alcione Nazareth - Horário: 14h às 21h
Centro de Criatividade Odylo Costa, filho
Praia Grande – São Luís (MA)
A Comissão Justiça e Paz (CJP) articula-se com as Pastorais Sociais da Arquidiocese de São Luís para promoverem a 3ª edição do Dezembro de Paz
O evento se voltará, neste ano, para a 5ª Semana Social Brasileira, e tem por objetivo discutir a cidade de São Luís, nestes 400 anos, em que celebramos, também, a chegada do Evangelho em nossa terra.
Dentro do foco da programação nacional, a CJP, juntamente com as Pastorais Sociais, quer trabalhar a cidade que temos e a cidade que queremos, com a participação efetiva desses segmentos.
Ao final, um documento com as propostas será entregue ao Prefeito eleito de São Luís e o compromisso dos participantes de exercerem o controle social da nova administração municipal.
Quinta-feira 6 de dezembro - 14 hs Sexta-feira 7 de dezembro – 14 hs
A CIDADE QUE TEMOS
A pessoa humana em nossa cidade: (crianças e adolescentes, jovens, idosos) Situações vivenciadas; sustentabilidade e: Periferia, Prisões, Mobilidade urbana, Saúde, Pequeno Intervalo. Plenária com debate. Com a ajuda do assessor fazer um “alargamento” da realidade de nossa cidade.
18:30 - Intervalo - lanche
19:00 hs Teatro
Dinâmica Coletiva: desenhar a cidade que queremos.Assessoria: A cidade que queremos Saúde e bem estar na cidade que queremos Plenária e debate
18:30 – Intervalo - lanche
19:00 hs - Show com artista da MPM
Informações com Cecília (8814-1527) e http://cjpazsaoluis.wordpress.com
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FICHA DE INSCRIÇÃO nº...... Valor da inscrição: R$ 15,00 (incluindo pasta, lanches, camisa)
Nome................................................................................................................................... ........................................
Idade ................................... Indicar o tamanho da camisa ........................................................................................
E-mail .........................................................................................................................Tel/Cel ....................................
Entidade .......................................................................................................................................................................
Inscrições pela manhã, das 8h às 12h, com Vera (Sala de Pastoral - Arquidiocese – tel. 3313-4160)
No Brasil o número de homicidios de negros é 132% maior do que o dos brancos. Qual a cor da mão assassina?
O total de negros assassinados no Brasil é 132% maior do que o de brancos. Nos últimos oito anos, entre 2002 e 2010, enquanto o número de homicídios de brancos caiu, a morte de negros cresceu. Em 2010, foram assassinados no Brasil 36 negros para cada 100 mil habitantes da mesma cor. A taxa de homicídios contra brancos foi de 15,5 por 100 mil. Na pesquisa, o grupo dos negros também inclui os pardos. "A grande desproporção de negros assassinados em comparação aos brancos mostra que a discriminação no Brasil ainda é imensa", diz o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, autor do Mapa da Violência 2012 - A cor dos homicídios, feito em parceria entre o Centro Brasileiro de Estudos Latino Americanos (Cebela) e a Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial. Essa diferença chega a ser escandalosa em Estados nordestinos. Alagoas é onde mais morrem negros, proporcionalmente, no Brasil: são 80,5 casos por 100 mil habitantes. Já o total de homicídios de brancos no Estado é baixo: 4,4 casos por 100 mil habitantes, o que o coloca como o segundo menos violento para brancos no Brasil. A situação é semelhante na Paraíba, Estado onde brancos têm menor chance de ser assassinados no Brasil: 3,1 casos por 100 mil. O assassinato de negros é 1.824% maior: 60,5 casos por 100 mil habitantes. Em São Paulo, apesar da situação ser menos dramática do que a do Nordeste, o total de negros assassinados é 32% maior do que a de brancos (12,2, contra 21,5). A situação piora em períodos de crise, como nos últimos seis meses, quando o crescimento dos assassinatos se acelerou. "Isso é reflexo de 500 anos de história, boa parte dela com escravidão e até hoje com negação de direitos. A morte de negros é tolerada e não choca", diz Douglas Belchior, da Uniafro e do Comitê de Luta contra o Genocídio da Juventude Negra. (Fonte:IHU)
Comentário do blogueiro: Haveria que ver se o alto índice de homicídios de negros se deve ao fato que são mãos brancas as executoras. Nesse caso qual a porcentagem? Se, diferentemente, são negros matando negros, também aqui cabe a reflexão: em que proporções e, nesse caso, seria isso também expressão de racismo ou entram os fatores? A pesquisa me parece falha ou incompleta, e poderia levar o leitor a tirar conclusões distorcidas. Isso não tira o fato que a persistência do racismo no País é ainda dramática e vergonhosa!
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
A praga da exploração sexual de adolescentes não poupa as indígenas de São Gabriel da Cachoeira e de outras regiões do Brasil
As violências cometidas em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, ganharam repercussão nacional neste mês, após notícias de que a virgindade de uma menina havia sido vendida por R$ 20. As autoridades ouviram depoimentos de 12 garotas e listaram nove suspeitos. Quem acompanha a questão na região alerta, no entanto, que a rede é bem maior. “Tem muito mais do que os 12 casos. Há muitas meninas amedrontadas por essas pessoas, meninas que se calam diante de ameaças”, diz o bispo Edson Taschetto Damian, que afirma que freiras da congregação que recebeu as vítimas vêm sofrendo ameaças e perseguição. Elas estão em contato com essas meninas mais pobres e exploradas. Acabam ouvindo e descobrindo os casos, que não são poucos. Os órgãos judiciários locais estão pouco presentes. Embora tenha Tribunal de Justiça e Procuradoria do Estado [em São Gabriel da Cachoeira], os responsáveis vivem em Manaus e permanecem poucos dias na cidade”, completa. De acordo com o religioso, a participação do procurador Júlio José Araújo Junior, do Ministério Público Federal, foi fundamental para que a investigação passasse ao âmbito federal. Para alguns brancos o índio é objeto, não conta, não tem dignidade ou valor. Eles fazem o que bem entendem”, diz o bispo Edson.
O crescimento populacional acelerado no município é apontado como um dos fatores que agravaram a vulnerabilidade das meninas indígenas. O número de moradores do município encravado na floresta, na fronteira do Brasil com Venezuela e Colômbia, quase dobrou em duas décadas. De 23.140 pessoas em 1991, passou para 37.896 em 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais de 90% dos moradores são indígenas. Em 2008, a eleição do prefeito Pedro Garcia (PT) e seu vice André Baniwa (PV), primeiros índios a assumirem o poder municipal, acelerou a urbanização. Muitas famílias trocaram aldeias pela cidade, esperançosas em relação a acesso a mais políticas e serviços públicos. A desigualdade social, no entanto, não mudou. Segundo os dados mais recentes do IBGE, enquanto a renda média mensal dos indígenas é de R$ 601, a da população de cor branca é de R$ 2.387. (Fonte: IHU)
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