Foi publicado no Diário Oficial de quinta (25/4) o decreto de homologação da TI (Terra Indígena) Kayabi, com pouco mais de um milhão de hectares, nos municípios de Apiacás (MT) e Jacareacanga (PA). A área é de posse dos povos Kaiabi, Munduruku e Apiakás. Essa é a primeira homologação assinada pela presidenta Dilma Rousseff em 2013. No Dia do Índio (19/4), o governo anunciou a declaração de três TIs, mas nenhuma homologação. Em 2011, Dilma havia homologado apenas 21 mil hectares e, em 2012, 950 mil hectares (veja tabela). A conclusão do processo de reconhecimento da área era esperada há mais de 20 anos. A TI é um dos focos de atrito envolvendo comunidades indígenas contrárias à implantação de projetos hidrelétricos do governo federal. Há pelo menos cinco previstos no Rio Teles Pires, que banha a TI (dois deles já em construção). Outra usina está prevista para o Rio Apiacás, afluente do Teles Pires. Em outubro de 2010, lideranças Kaiabi, Apiacá e Munduruku decidiram pressionar o governo para ouvi-los sobre as usinas e para que o processo de demarcação avançasse. Eles prenderam funcionários da Funai, técnicos da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e o antropólogo responsável pelo Estudo de Impacto Ambiental da hidrelétrica São Manoel. Para toda a Bacia do Rio Tapajós, o plano é instalar um total de 16 barragens. Devem ser impactados mais de 10 mil indígenas que vivem às margens dos rios da região e dependem deles para sobreviver nas TIs Munduruku, Kayabi e Sai Cinza. O governo pretende incluir a hidrelétrica de São Manoel, com 700 MW de potência instalada, no leilão de energia que deve ocorrer em dezembro. O local previsto fica na fronteira da TI e a poucos quilômetros de algumas aldeias. O projeto é alvo de uma batalha judicial. (Fonte: ISA)
terça-feira, 30 de abril de 2013
Governo abre as pernas, sem pudor, às empresas mineradoras. 200 milhões de brasileiros são jogados nas crateras abertas pelos senhores do minério!
Retrocedemos em algumas questões, por ponderações do próprio setor", disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em entrevista ao Valor. Ele mesmo tomou a iniciativa de citar exemplos. "Provavelmente não vamos mais incluir participações especiais no novo código", afirma Lobão, referindo-se à taxação extra de grandes jazidas, como as explorações minerais na Serra dos Carajás (PA) e no Quadrilátero Ferrífero (MG), de forma semelhante ao que já ocorre na indústria do petróleo e gás. A alíquota máxima da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), o royalty da mineração, vai aumentar menos do que o previsto. O limite estará definido em lei, evitando a hipótese de que um mero decreto presidencial eleve a cobrança, o que cria uma espécie de blindagem contra a sede de arrecadação em momentos de preços altos no mercado internacional. "Não queremos gerar instabilidade", justifica o ministro. Lobão faz questão de ponderar: "Essas são as decisões a que chegamos, mas elas podem ser revistas até o último instante".
O novo código está muito próximo de ser anunciado pela presidente Dilma Rousseff, segundo ele, e a tendência é que o pacote seja enviado ao Congresso por medida provisória. Em um sinal de armistício com as mineradoras, o ministro também não é mais taxativo, como foi três semanas atrás, sobre a licitação de áreas com jazidas que já têm portarias de lavra pedidas - com pesquisas concluídas e licenças ambientais obtidas -, dependendo apenas de uma assinatura do próprio Lobão para iniciar sua produção. Pelo menos 120 minas estão nessa situação, que afeta empresas como Vale, Anglo Gold e Bahia Mineração. No início de abril, o ministro havia dito que essas jazidas não tinham nenhum direito assegurado, e eram passíveis de entrar no sistema de licitações que será criado com o novo código, provocando uma reação negativa das mineradoras. Agora, Lobão adotou uma postura mais cautelosa, sem antecipar conclusões. Pelo novo código, as concessões serão dadas aos vencedores das licitações de áreas minerais por um período de 30 anos, que poderá ser prorrogado por mais 20 anos. Hoje, a empresa que explora uma jazida pode retirar minério enquanto durarem as reservas, sem limite de tempo. Para Lobão, o governo não tratou do assunto a portas fechadas. Lembrou que houve reuniões com governos estaduais, associações de municípios e entidades empresariais. "Ninguém pode dizer que não foi ouvido", disse. (Fonte: O Valor)
Comentário do blogueiro – está na cara que o atual governo abriu sem pudor as pernas às mineradoras entregando-lhes de bandeja o que é patrimônio público do País. O governo concede tempos longos e absurdos para que as empresas possam explorar ‘convenientemente’ e a preços baixos o que a natureza gastou milhões de anos para produzir. Tudo isso no calar da noite, sem alarde, por medida provisória, sem ouvir adequadamente a sociedade, contrariamente a quanto afirma o ministro. Afinal o governo não pode deixar as empresas ‘nessa instabilidade’, mesmo que isso signifique jogar 200 milhões de brasileiros nas crateras que elas abrem a céu aberto!
segunda-feira, 29 de abril de 2013
Relatório Figueiredo revela casos incríveis de tortura e maus tratos contra indígenas na época do SPI
A Comissão da verdade está analisando o famoso Relatório Figueiredo que relata casos incríveis de tortura e maus tratos perpetrados por funcionários do SPI (Serviço Proteção do Índio) contra indígenas. Eis alguns casos para arrepiar. Hoje há formas mais sutis para continuar a torturar psicológica e moralmente os indígenas do País!
Um dos mais antigos aparelhos de suplício de negros era usado em alguns postos do extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI), que ironicamente tinha como uma das suas principais atribuições “não permitir a violência contra o índio”. Batizado de tronco, ele era uma adaptação de um aparelho de tortura, usado largamente em toda a América, inclusive no Brasil, durante o período da escravidão. Além do tronco, era muito comum o uso de palmatórias pelos chefes dos postos, citadas com frequência por Jader de Figueiredo em seu relatório. Usadas para bater na mão dos índios, elas eram distribuídas pelas inspetorias regionais, como eram batizadas as nove sedes administrativas do SPI, que tinham sob sua subordinação 130 postos localizados em terras indígenas. São frequentes os relatos de índios mutilados pelo tronco, que consistia em duas estacas enterradas em ângulo agudo, onde os tornozelos eram amarrados. Essas estacas depois eram dobradas e quebravam os tornozelos. O Relatório Figueiredo também dá conta da existência de capatazes contratados exclusivamente para bater nos índios que tinham “mau comportamento”. Muitos eram amarrados, como nos antigos pelourinhos, e espancados com pedaços de pau ou chicoteados com rabo de tatu, uma espécie de chicote com argola no cabo e duas talas na ponta para surrar. Quem se atrevia a discordar dos chefes dos postos também podia ser preso, já que eles tinham autonomia para castigar os índios. Em todos os postos havia prisões ou quartos de castigo.
Alguns índios eram presos em buracos usados como fossas sanitárias. Outros em uma estreita caixa de madeira, com cerca de 2,6 metros quadrados, com um buraco apenas para respirar. Em alguns casos, os desobedientes eram obrigados a fazer trabalhos forçados para os fazendeiros das regiões. Os índios também eram comercializados. As mulheres eram vendidas ou doadas para trabalhar em “casas de famílias de respeito”. No posto indígena Couto Magalhães, hoje no estado do Tocantins, uma índia bororó de apenas 11 anos foi dada a um operário em pagamento pela feitura de fogão de barro. O pai da moça reclamou e foi surrado a mando de Flávio de Abreu, que chefiava a inspetoria regional, também acusado de obrigar os índios a espancar suas mães. Nem mesmo as crianças eram poupadas das torturas, de acordo com o relatório. No posto Fraternidade Indígena, localizado na reserva da tribo Umutima, no interior do Mato Grosso, o documento cita que um índio de 14 anos, de nome Lalico, foi espancado e pendurado pelos pulsos. Os índios soltaram o garoto, que foi recapturado a mando do chefe do posto e novamente preso e espancado. Revoltada com a agressão, a tribo ameaçou um levante e ele foi solto. No posto Cacique Doble, no Rio Grande do Sul, o índio Narcizinho, de apenas 7 anos, foi pendurado pelos polegares e espancado. (Fonte: IHU)
sábado, 27 de abril de 2013
AMAR PARA QUE O OUTRO NÃO MORRA! (Jo. 13,31-35)
De que amor Jesus fala no evangelho hodierno? Afinal, amar para que? Amar para atender a uma imperial disposição divina? Amar como mera estratégia para conquistar novos ‘fregueses’? Amar porque não há outra saída antropológica para a espécie hominídea, a não ser que queira imitar lobos e leões? Amar para tranquilizar a alma e a consciência, sempre que se consiga? É difícil afirmar se esta de hoje é uma passagem autêntica do próprio Jesus ou se não seria, por acaso, uma interpretação do evangelista após ter observado e ‘experimentado’ a força dos gestos, dos sentimentos e das opções do Jesus histórico. Seja como for, não há como negar que o apóstolo e ‘amigo amado’ de Jesus já no ocaso da sua vida biológica, mas rico de quase 90 anos de ‘vida vivida’, lê nos gestos e nas atitudes do Jesus que ele conheceu uma manifestação de amor incondicional que só um ‘Deus’ podia possuir. Talvez á época de João a palavra ‘amar’ não estivesse sofrendo os desgastes e os abusos que vem padecendo nos nossos tempos, mas mesmo assim, a utiliza de forma corajosa e arriscada. Utiliza-a porque reflete uma prática histórica adotada por Jesus e, porque ao adotá-la as pessoas descobrem que ela preenche e realiza os anseios mais profundos do ser humano independentemente do seu credo.
Amar, portanto, não um ‘mandamento’ ou uma ‘doutrina’. E nem são disposições religiosas de um ‘mestre’ a serem assumidas para satisfazer esta ou aquela religião, este ou aquele ‘deus’. Amar não é tampouco uma mera necessidade biológica e antropológica que nos distingue dos animais. Não haveria nenhum mérito e nenhuma implicação de consciência nisso! Para Jesus amar é opção consciente de vida. Uma clara recusa em adotar a prática do ódio, da vingança, da violência, da disputa e da competição. Nesse sentido é uma escolha política. Aonde os ‘Judas’ vão articulando traição, armação, supressão de vida, Jesus motiva para ‘amar e se amar uns aos outros como Ele amou’. Uma clara contraposição ao que as práticas sociais e imperiais propunham e continuam incentivando. Para propor isso, e embutir nessa prática a própria identidade da sua missão Jesus precisava de muita coragem. Só a ousadia dos profetas destemidos como Jesus e dos seus seguidores para enfrentar as irracionais teias sociais e humanas de ontem e hoje. Só um coração amoroso para superar as inúmeras tentativas de negação do outro, da indiferença, da escravidão, da eliminação física do ‘concorrente’ e do ‘mais fraco’ da cadeia social, eclesial, econômica e política. “Amar uma pessoa é dizer-lhe ‘você jamais morrerá’ (Marcel Gabriel), pois mesmo morta fisicamente, o amor de uma pessoa será a única realidade que permanecerá viva nos vivos!
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Mais um comitê para gerir terras indígenas que estão à mercê de madeireiros, mineradoras e sojicultores na hora em que o congresso quer ser o juiz de tudo!
Os ministérios da Justiça e do Meio Ambiente publicaram ontem (23), no Diário Oficial da União, a Portaria Interministerial n. 117, que institui o comitê gestor da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGati). A política, estabelecida pelo Decreto Presidencial n. 7.747, busca “garantir e promover a proteção, a recuperação, a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais das terras e territórios indígenas”. O comitê gestor da PNGati ficará responsável pela coordenação da execução da política indígena e será integrado por oito representantes governamentais e oito representantes indígenas, definidos segunda-feira (22), pela Portaria Interministerial nº 1.701. O governo contará com dois representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) – um da Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável e um da Diretoria de Proteção Territorial; e seis dos ministérios: um da Justiça; dois do Meio Ambiente; um do Desenvolvimento Agrário; um do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; e um da Saúde. (Fonte: Agência Brasil)
Comentário do blogueiro – haverá quem diga que sou ‘o do contra’, mas criar mais um ‘grupo gestor’ que não vai ter nenhuma garantia que os territórios indígenas que serão geridos por ele são e serão efetivamente demarcados e homologados e, simultaneamente, protegidos, é querer esconder o sol com a peneira. Querer gerenciar algo que está sendo devastado porque não há nem polícia, nem exército, nem guardas florestais que o impeçam é conversa fiada. A não ser que o governo queira ‘mostrar serviço’ ao congresso nacional e à bancada ruralista sinalizando que ‘agora sim as terras indígenas vão ser produtivas’!
quarta-feira, 24 de abril de 2013
VALE, a 'orelhuda' com saudade das escutas 'verde-oliva'!
A Vale abriu auditoria interna, por ordem do presidente do conselho de administração, Dan Conrado, e do diretor-presidente, Murilo Ferreira, para investigar acusações de um ex-empregado. O ex-gerente de inteligência André Almeida fez denúncia ao Ministério Público Federal, relatando que a empresa grampeava ligações e levantava extratos de contas telefônicas de seus executivos, políticos e jornalistas, e infiltrava pessoas para acompanhar ações de movimentos que feriam seus interesses.Almeida relatou que, a pedido da empresa, pagou pessoas para infiltrarem-se no Movimento dos Sem Terra (MST) e no Movimento Justiça nos Trilhos. Agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também teriam sido contratados para fazer investigações. Em nota, a atual direção da Vale afirma não compactuar "com este tipo de método e repudia qualquer atuação desta natureza na empresa, assim como não acredita que tais fatos tenham ocorrido". As denúncias são "absolutamente infundadas e retratam o desespero de um ex-funcionário demitido por justa causa em função de, entre outros motivos, ter usado o cartão de crédito corporativo de forma indevida, incluindo pagamento de despesas em termas". Almeida trabalhou na empresa entre 2006 e 2012. Segundo o advogado, algumas vezes avisou a diretores que as investigações clandestinas eram ilegais. "Ele era funcionário da companhia, tinha bom salário e não queria perder o emprego. Por isso, cumpriu as ordens", afirma. A Vale confirma que contratou dois funcionários da Abin, mas diz que não houve irregularidades na contratação. Confirma o monitoramento dos movimentos sociais e alega que o monitoramento é lícito, porque é feito por meio de entrevistas e notícias publicadas pelos integrantes dos grupos.(Fonte: O Valor)
Comentário do blogueiro: este blogueiro faz parte da rede Justiça do Trilhos e possui condições suficientes para afirmar o contrário daquilo que a VALE vem insistentemente negando, ou seja, que ela não estaria agindo ilegalmente no que ela define eufemisticamente de ‘monitoramento’ dos movimentos sociais que criticam o seu modo de proceder como empresa. Em diferentes ocasiões descobrimos que a nossa correspondência eletrônica havia sido ‘invadida’ e, posteriormente, se confirmou que eram pessoas ligadas à Vale. Em várias outras circunstâncias (audiências públicas, encontros, etc.) desmascaramos pessoas ligadas à Vale, participando sem terem sido convidadas e que se apresentavam sob uma falsa identidade. Ao serem descobertas, saíam rapidamente do espaço do encontro. O próprio site da rede sofreu no ano passado uma ‘invasão’ altamente suspeita. Tudo isso, senhor Murilo Ferreira, na sua gestão! Alguém está com saudade do SNI, o do Big brother...VALE TUDO?
CPT diz que assassinatos no campo, no Brasil, crescem 24% em um ano! No MT das 21 vítimas ameaçadas de morte, 18 eram índios!
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou na segunda-feira, dia 22/04, a 28ª edição do Relatório Anual Conflitos do Campo Brasil 2012.De acordo com os dados, em 2012 houve um crescimento de 24% no número de assassinatos e de 102% nas tentativas de assassinatos. De 29, em 2011, para 36, em 2012, e de 38 em 2011 para 77 em 2012, respectivamente. Já o número de trabalhadores presos subiu de 89 para 99, um aumento de 11,2%. O número de ameaçados de morte teve uma redução de 15%, 347, em 2011, para 295, em 2012, no entanto, um dado que merece atenção é o de que 7 das 36 pessoas assassinadas, já haviam recebido ameaças de morte, ou seja, 1 em cada 5 dos assassinados no campo em 2012 sofreu esse tipo de intimidação. As mortes se concentram na região Norte do país (17), Nordeste (11), Sudeste (7), e Centro-Oeste (1). O estado que registrou o maior número de assassinatos foi Rondônia, número quatro vezes maior do que o ano anterior. Já o estado do Pará apresentou uma redução, de 12 trabalhadores mortos em 2011, para 6 em 2012. Os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais que em 2011 não registraram nenhuma morte por conflito no campo, em 2012 chegaram a quatro e três assassinatos, respectivamente. Sempre segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT) das 21 pessoas que sofreram ameaças de morte ao longo do ano de 2012 devido a conflitos no campo em Mato Grosso 18 são índios das etnias Xavante e Myky. Além deles, a lista de vítimas inclui o bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, e o ex-prefeito de Alto Boa Vista (município a 1.064 km de Cuiabá), Wanderley Perin.(Fonte: CPT)
quinta-feira, 18 de abril de 2013
DIA 19 DE ABRIL - DIA DOS POVOS INDÍGENAS - PARA QUE A ESPERANÇA NÃO MORRA!
Mais um dia 19 de abril. Mais perguntas retóricas sem respostas: há algo a comemorar nesse dia? Com ou sem motivos aparentes ou subjacentes o dia 19 de abril impõe uma reflexão. E não só aos povos indígenas desse país, mas à sociedade em geral. Talvez jamais como esse ano ‘a comemoração’ coloque na pauta temas cruciais e que extrapolam a esfera meramente indígena, ou indigenista. Quem nos ofereceu um ‘aperitivo’ disso foram os índios Guajajara da aldeia Aremy, município de Grajaú, Maranhão. Hoje, de manhã, os visitamos. Como sempre, muito cordiais e delicados. Café e milho verde na mesa. Algumas lideranças acabavam de chegar de São Luis, após mais uma reunião com funcionários da Supervisão da Educação Escolar indígena, para esclarecer ‘questões suspensas e muitas dúvidas’. Algo que no nosso estado virou um ‘dramalhão’ sem final. Informaram-nos que muitos professores que há anos vinham ensinando com responsabilidade e já bem adaptados ao ‘estilo indígena’ não constavam na lista dos selecionados pela Secretaria de Educação. Que somente alguns haviam recebidos a confirmação de ‘contratados’, mas em número insuficiente para fazer frente às demandas locais. Sem falar nos critérios de seleção e distribuição dos professores, na adequação dos prédios escolares, na ausência de Planos Políticos Pedagógicos, de merenda e transporte escolar, de material escolar e carteiras, etc. Sem falar no fato que até o momento as aulas ainda não começaram por causa da indefinição da Secretaria de Educação Escolar. Sem falar, enfim, da falência evidente da educação escolar indígena no Maranhão!
Algo a comemorar? Paradoxalmente, sim, pelo menos em Aremy! As famílias, desde janeiro vêm construindo em sistema de mutirão o seu próprio prédio escolar para as 318 crianças matriculadas, sendo que Secretariada Educação do Estado até agora nada fez. Gratificante foi visitar as salas de aula ainda em fase de construção, mas já hospedando os pequenos alunos. Comovedor foi ver o pequeno ‘José’ de 4 anos mostrar com orgulho o desenho de sua autoria do açude próximo da escola com os peixes a pular. Está nessas imagens a síntese do atual drama pelo qual passam os povos indígenas, e de suas atuais vontades coletivas de não perder o passo com a história. Descaso, irresponsabilidade institucional, tentativas de inserir forçosamente os indígenas nas dinâmicas do desenvolvimento regional e/ou nacional de um lado, e do outro, a capacidade de se não se entregar e de se reerguer toda vez que tudo parece desandar. A eterna e mítica dinâmica da ‘fênix’ que renasce das cinzas do fogo purificador/destruidor. Um fogo que parece incendiar, hoje em dia, os sonhos e as veleidades de tantos povos ‘não indígenas’ que viviam na opulência, no desperdício, no consumismo irracional. No meio de tantas carências e ausências institucionais e não, o índice de felicidade dos povos indígenas continua ainda infinitamente bem superior ao...nosso! Podem crer! Viva o dia 19 de abril!
segunda-feira, 15 de abril de 2013
PM invade aldeia no Mato Grosso do Sul, atira em indígena idoso e é morto
Um cabo reformado da Polícia Militar (PM) invadiu à cavalo a aldeia Ita’y, na Terra Indígena Lagoa Rica/Panambi, município de Douradina, Mato Grosso do Sul, na última sexta-feira, 12. Armado com revólver e facão, Arnaldo Alves Ferreira efetuou seis disparos contra os Guarani Kaiowá, acertando o indígena João da Silva na orelha. O PM possuía um terreno dentro da área identificada como terra indígena, a cerca de 300 metros da aldeia.Os indígenas já haviam registrado Boletim de Ocorrência denunciando Arnaldo às autoridades, em função de outra violência praticada por ele contra a comunidade dois dias antes. Segundo relato dos indígenas, Arnaldo invadiu a aldeia montado em um cavalo e munido de revólver e facão, cerca de meio dia e meia da sexta-feira, 12. “Ele foi à casa de um idoso e disse pra ele: ‘você vai morrer’, na frente da filha e da esposa”, relata um indígena da aldeia que prefere não ser identificado. “Depois ele virou pra esposa e disse: ‘a senhora vai ficar viúva hoje’”. Durante o ataque, integrantes da comunidade indígena conseguiram desarmar o militar reformado, defendendo-se dos disparos. Arnaldo foi mantido seguro pela comunidade, que informou a ocorrência à polícia local. O PM e o indígena ferido foram encaminhados ao Hospital da Vida, em Dourados. Arnaldo morreu ainda na ambulância; o Kaiowá ferido foi preso pela polícia, acusado de homicídio em flagrante.“Faz muitos anos que nós temos problemas com ele. Ele não gosta da gente. Deixava o cavalo comer na nossa roça, soltava o gado na aldeia. Já matou a tiro um monte de cachorros nossos e até bateu em gente da comunidade”, relata um indígena de Ita’y.Na madrugada de terça para quarta-feira, Arnaldo esteve na aldeia. “Ele veio por causa da cerca. Ele entrou na casa de um homem gritando e bateu nele com o cabo do facão”, explica.
O indígena que sofreu violência registrou boletim de ocorrência e realizou exame de corpo de delito, cujo resultado deverá ficar pronto na segunda-feira, 15. Os Kaiowá de Ita’y já temiam um ataque do policial. “Nós fizemos B.O. na polícia e avisamos Funai, MPF, Força Nacional que existia esse problema e estávamos com medo de acontecer algo. E aconteceu”, lamenta.“O policial não morreu ‘em sua propriedade’, ‘espancado’, ‘torturado’, ou ‘a flechadas’, conforme disseram os jornais locais e notas de entidades do agronegócio. Ele morreu invadindo novamente uma aldeia indígena, ameaçando a vida dos moradores e atirando contra eles”, conta.Com a criação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) na década de 40, os indígenas daquela área foram removidos de seus territórios tradicionalmente ocupados e colocados na Reserva Indígena de Dourados.Em 2005, o movimento de reivindicação do território de Lagoa Rica se intensificou, levando ao início da identificação da área, em 2008, e também à retomada de dois Tekoha (territórios tradicionais): Guirakambi’y e Ita’y, onde ocorreu o ataque. Em dezembro de 2011, foi publicado pela Funai o relatório antropológico que identificou 12,1 mil hectares do território tradicional como Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica. A terra do PM reformado fica dentro da área identificada. (Fonte: IHU)
sábado, 13 de abril de 2013
Papa Francisco já está dizendo a que veio!
Acho que esse papa já está dizendo ao mundo a que veio! O papa Francisco, atendendo a uma sugestão advinda no decorrer das Congregações Gerais antes do Conclave, constituiu um grupo de Cardeais para o aconselhar no governo da Igreja e para estudar um projeto de revisão da Constituição Apostólica Pastor Bonus, do Papa João Paulo II, sobre a Cúria Romana. Assim refere um comunicado da Secretaria de Estado. "Este é um grupo convocado para aconselhar. Quem realmente ajuda o Papa a governar a Igreja todos os dias com suas diferentes competências é a Cúria Romana, ou seja, os colaboradores estáveis e permanentes no governo da Igreja que acompanham o Papa. Parece-me importante ressaltar isso a fim de evitar discursos não pertinentes de colocar em segundo plano o serviço da Cúria ou a diminuição de suas responsabilidades. A Cúria permanece com todas as suas competências e com todos as suas responsabilidades", destacou Pe. Lombardi. Chamam a minha atenção as declarações do porta-voz do papa, Pe. Lombardi, pois revelam uma sutil tentativa de nos convencer que o papa não irá mexer na estrutura da cúria. Aprendi que quanto mais uma pessoa nega, e nega com veemência, mais e mais acaba afirmando o seu contrário!
III domingo de Páscoa - Quando a pessoa amada que se foi volta a viver nos gestos de amor de quem ficou! (Jo. 21,1-19)
Quando a pessoa amada morre e nos deixa, sentimentos de dor e angústia parecem tomar de conta da nossa existência. Vagamos na escuridão e na falta de motivação para viver. Todo dia temos que encontrar uma razão para não ‘perder a cabeça’. Todo dia temos que descobrir um novo sentido para enfrentar um cotidiano que nos aparece sempre mais insignificante. É a primeira fase pela qual passa uma pessoa que amou e foi amada por outra pessoa que, agora, já não está mais ao seu lado. Com o passar do tempo, a dor vai se atenuando. Surgem, então, no nosso ser genuínos sentimentos de uma ‘doce saudade’ da pessoa amada. Visitamos o seu túmulo com mais serenidade. Olhamos a sua foto. Lembramos dos momentos bonitos em que convivíamos com ela, e de quando juntos celebrávamos a vida. Os nossos olhos podem até se encher de lágrimas, mas elas são manifestação do reconhecimento natural de que foi bonita e intensa aquela convivência com a pessoa amada e querida. Que valeu a pena tê-la conhecida e amada. Sentimos sim a sua ausência, mas a capacidade de fazermos memória dos momentos intensos de comunhão com ela nos alimenta e nos dá força para não cair no desespero. É a segunda fase pela qual passa a pessoa amada na sua tentativa de co-existir com a ausência física da outra pessoa que se foi. Mas há uma terceira fase pela qual só algumas pessoas conseguem passar. É quando a pessoa amada que se foi fisicamente se ‘manifesta’ a nós de forma peremptória, carregada de intensa humanidade. A sua presença é tão forte e ineludível que temos a sensação que ela voltou a ficar ao nosso lado. Ela se revela a nós, mas nós também a conseguimos perceber e sentir como pessoa ‘presente’, e não mais ‘ausente’ como antes. Que volta a nos convidar a conviver com ela de outra forma. Como se ela também estivesse precisando da nossa ‘presença’ para ela também continuar viva. O interrompido volta a se re-constituir. Surge uma nova relação com ‘a mesma pessoa’.
É o que João nos descreve no evangelho de hoje. A intensa dor dos discípulos e das discípulas em Jerusalém foi substituída paulatinamente pelas visitas sistemáticas ao lugar onde Jesus havia sido sepultado, mas ainda eram incapazes de senti-lo vivo novamente. Voltam, então, a percorrer os mesmos lugares que que haviam visitado juntos com o Mestre, acolhendo doentes e pobres e anunciando-lhes um novo horizonte, talvez num tácito desejo de ‘revê-lo e de senti-lo’ novamente. Uma piedosa ilusão? É justamente naquele ‘velho’ cotidiano, na repetição dos mesmos gestos de lançar as redes, de pescar e comer peixe à beira lago, como muitas vezes haviam feito com o mestre, que os olhos deles se abrem e o coração começa a palpitar. Começam a perceber que os gestos de outrora, que pareciam insignificantes, de pescar e comer juntos adquirem, agora, um sentido totalmente novo. Algo revelador. Torna-se uma intensa ‘experiência numinosa’. O Mestre havia voltado para convidá-los a sentar à mesma mesa e a fazer novamente comunhão com ele. Havia voltado para perdoar as antigas traições e a confirmar num amor que nunca morreu. Eles, discípulos e discípulas o haviam trazido de volta, definitivamente. Reata-se novamente aquela convivência amorosa que parecia rompida irremediavelmente com a sua partida física. Não precisam se tocar e nem se ver fisicamente. É suficiente reproduzir os mesmos gestos de amor, comunhão e acolhida para ‘sentir’ que o 'outro' vive. Que 'os outros' vivem. Que os dois continuam juntos num vínculo indissolúvel de amor re-confirmado.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Fede demais o novo 'concubinato político' dos municípios maranhense do corredor Carajás para arrancar grana da VALE!
Leio com perplexidade no Blog ‘Notas ao Daniel Aguiar’ que o Prefeito de Alto Alegre do Pindaré, Atemir Botelho, reuniu-se com vereadores de Bom Jardim na manhã dessa terça-feira, 9 fazendo uma ampla explanação sobre a criação do COMEFC - Consórcio dos Municípios da Estrada de Ferro Carajás no Maranhão aos parlamentares daquele município. No total são 23 os municípios cortados pelos trilhos dos trens da Vale. A ideia da criação do consórcio ganha a cada dia mais adesões. A primeira adesão partiu da prefeita de Bom Jesus das Selvas, Cristiane Damião, que também segue visitando algumas cidades. O prefeito de Alto Alegre do Pindaré diz que é preciso melhorar a política de relacionamento da Vale para com os municípios. Ele disse que ‘com o consórcio criado, vamos em busca de melhorias para todos os municípios. Precisamos consolidar uma política regional para desempenharmos um bom trabalho e exigir que uma empresa do porte da Vale, que obtém tanto recurso passando por nossas terras, também contribua para o desenvolvimento social e econômico da população”, finalizou Atemir Botelho. O projeto da criação do COMEFC será apresentado ainda neste mês de abril em uma assembleia geral com os representantes dos 23 municípios, que será realizada em São Luis. Em Bom Jardim a Câmara Municipal, ao final da explanação feita por Atemir, aprovou a participação do município no consórcio. Em Santa Inês a Câmara deve votar nessa sexta-feira (12) a adesão do município ao consórcio.
O que me chama a atenção é o repentino despertar desses prefeitos para com a presença e interferência da Vale nos 23 municípios. Fica difícil acreditar que com a grana da Vale eles iriam impulsionar o desenvolvimento local, quando, sabemos, muitos deles não prestam contas e nem investem corretamente os repasses federais. Cheira-me a ‘negócio escuso’ esse concubinato político quando ainda existe grana do fundo de exaustão da época da privatização da Vale e esses municípios não querem ou não sabem se habilitar para dela aceder. Entendemo-nos: a Vale tem obrigações sim, e muitas. Só estou sentindo fedor nas minhas delicadas narinas sobre as ‘reais intenções’ do novo concubinato político dos municípios do Carajás!
quinta-feira, 11 de abril de 2013
VALE é considerada a pior empresa em 100 anos de existência de Marabá!
Esta semana, o prefeito de Marabá, João Salame Neto, resumiu bem o sentimento do povo deste município em relação à mineradora Vale: “Eu gostaria de ter dez Sinobras aqui do que meia Vale”. Ao completar 100 anos de história, o município fundado por Francisco Coelho em 5 de abril de 1913 pode eleger com facilidade a pior empresa em seu primeiro centenário: Vale. É ela quem tem de ser responsabilizada pelo passivo social e econômico que a comunidade de 250 mil pessoas que residem aqui padece. A instalação do Projeto Grande Carajás trouxe um oceano de problemas sociais, mas a Vale ajudou o município apenas com um igarapezinho, para fazer de conta que paga a compensação social que deveria.
O tamanho da dívida da Vale com Marabá: a empresa prometeu reformar e ampliar o Hospital Municipal de Marabá, mas não deu um centavo;deveria investir na construção de creches e escolas do ensino fundamental, mas faz vista grossa para esse setor; ainda na educação, começou a construir a Estação Conhecimento, mas a obra está paralisada há mais de dois anos; enquanto abre crateras no quintal do município para implantar o Projeto Salobo, derrama migalhas em projetos de meio ambiente na cidade para falsear sua atuação; ensaiou a construção de uma mega siderúrgica (Alpa), mas ao primeiro vento de dificuldade parou tudo e causou um apagão na economia local; investe milhões em projetos em Belém (onde não tem nenhum negócio) e deixa Marabá e região sem nada. A Vale já foi votada em 2012 como a pior empresa do mundo pelo Public Eye Peoples’ Award (Prêmio Popular do Olhar Público) conhecido como o ‘Oscar da Vergonha’, “por conta de uma história de 70 anos manchada por repetidas violações dos direitos humanos, condições desumanas de trabalho, pilhagem de patrimônio público e pela exploração cruel da natureza”. Um vereador anunciou que vai entrar com uma ação contra a Vale pedindo R$ 30 bilhões de indenização para a Vale pelos prejuízos causados a Marabá. “A mim não interessa o dinheiro, mas sim que vamos fazer alguma coisa, porque não é possível que nos calemos diante desse absurdo”, criticou. (Tirado do Correio do Tocantins)
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Brasil como Estados Unidos: muitas mortes 'acidentais' por armas de fogo!
Aconteceu poucos dias atrás. Duas crianças de apenas 4 anos em dois lugares diferentes a distâncias de poucos dias, nos Estados Unidos, matam uma senhora e um coleguinha de 6 anos, respectivamente. O primeiro episódio ocorreu no sul do estado do Tennessee, e segundo em Toms River, no New Jersey. Na casa do vice-xerife, no Tennessee, num dia de festa, o policial mostra a um amigo a sua coleção de armas. Depois, sai e abandona o seu arsenal na cama. Logo a seguir entra a esposa do vice-xerife e uma criança de 4 anos filha de um casal amigo. Pouco depois ouve-se um disparo. Todos correm para o lugar. A mulher está num mar de sangue e a criança com a arma ainda nas mãos. No segundo episódio, em New Jersey, poucos dias depois, uma criança, também ela de 4 anos, atira na cabeça de um amiguinho de seis anos. Ainda não se sabe se foi acidental ou a criança apertou o gatilho. Sabe-se que fatos desse gênero são tragicamente comuns nos EUA, país considerado um modelo social para muitos otários. Sabe-se também que Barak Obama insiste para mudar as leis que facilitaram a aquisição e utilização de armas, de modo que haja um mais controle na venda de armas. As pressões são grandes para tudo fique como está. O lobby das armas é poderoso! EUA como Brasil são grandes produtores de armas e grandes usuários, não importa a idade e nem a classe social. É um fato que hoje está mais que comprovado que não é só ‘bandido que mata’, mas são todos aqueles que fazem vista grossa, que vendem ou repassam armas, que incentivam e justificam a utilização de armas para a segurança e defesa pessoal. E por aí vai. Banalização da vida? Interesses econômicos irrenunciáveis da indústria de armas? Paranóia coletiva? Irresponsabilidade? Um fato é certo: muitos inocentes acabam sendo mortos por outros ‘inocentes’ armados.
terça-feira, 9 de abril de 2013
Meio Ambiente - Breves urgentes!
Geleiras andinas atingem o menor índice em seis mil anos - Pesquisadores afirmam que camadas de gelo acumuladas nos últimos 1,6 mil anos levaram apenas 25 anos para derreter, representando uma ameaça para o suprimento de recursos hídricos da região. Um estudo realizado pela Universidade Estadual de Ohio revelou no último mês que o nível das geleiras andinas é o menor já atingindo nos últimos seis mil anos. Segundo os pesquisadores, isso demonstra que o clima na Terra vem mudando nos últimos seis milênios, aquecendo lentamente. “Se em qualquer momento dos últimos seis mil anos essas plantas tivessem sido expostas por qualquer período de cinco anos, elas teriam se deteriorado. Isso nos diz que a camada de gelo tinha que estar lá há seis mil anos”, comentou Lonnie G. Thompson, glaciologista da Universidade Estadual de Ohio, ao New York Times.
Emissão de dióxido de carbono cai nos EUA, mas não significa ‘conversão’ ambiental! -As emissões de dióxido de carbono decorrentes do consumo de energia nos EUA caíram mais uma vez em 2012, atingindo em 5,3 bilhões de toneladas, o menor nível desde 1994. Bastante expressiva, essa trajetória de queda resulta de fatores como o crescimento baixo da economia, o aumento dos preços dos combustíveis e a troca do carvão por gás natural na produção de eletricidade, em função dos custos menores. É uma notícia positiva, mas que precisa ser relativizada, segundo analistas. Já os ambientalistas observam que, na extração do gás de xisto por meio do processo de fratura hidráulica das rochas, há a questão do vazamento de metano, muito mais potente do que o CO2 em termos de efeito estufa. Além disso, há o risco de contaminação de fontes subterrâneas de água potável. (Fonte: IHU)
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Um papa entre os comuns mortais, querendo ser gente!
Chamou-me a atenção a foto acima postada. Um papa sentado nas cadeiras finais da igreja, no meio dos ‘comuns mortais’, sem destaque especial. Chama a atenção de uma pessoa normal, mas acostumada a ver imagens de um papa ‘separado’ das convivências fraternas. Chama a atenção a escolha do papa Francisco de morar na casa Santa Marta onde quer conviver e fazer comunidade com outras pessoas 'normais', para ‘evitar se isolar’ (palavras dele). Simples humildade ou consciência profunda de querer salvaguardar que o Deus nos deu de mais precioso: a nossa humanidade? É, afinal o desejo sagrado de nos relacionar, construir juntos, se confrontar, partilhar....Humildade foi o fio condutor do Papa Francisco na homilia durante a Missa celebrada na manhã desta segunda-feira, na capela da Casa Santa Marta. Comentando o Evangelho, o anúncio do Anjo a Maria, Francisco falou que a humildade foi o caminho escolhido pelo Senhor para entrar na história humana. Humildade que se manifesta primeira em Deus, que decide se rebaixar à nossa condição, enviando seu Filho que, por sua vez, viveu humildemente sua passagem terrena, até sua Cruz. Maria recebe a visita do Anjo que anuncia que foi a eleita pelo Senhor a dar à luz ao Deus-conosco – Emanuel. Ela não entende muito bem o que está acontecendo, mas decide humildemente “Humilde não é aquele que caminha cabisbaixo pelas ruas, mas o que segue o caminho da humildade indicado por Deus – o único caminho possível. Os ídolos se mostram fortes, seguros de si. Deus não precisa disso, porque é o único verdadeiro.”
sábado, 6 de abril de 2013
Testemunhas da paz re-encontrada: paz para si, paz para o mundo (Jo. 20,19-31)
Não foram as aparições de um ‘fantasma’ que passa por portas trancadas que convenceram os discípulos de Jesus, após a sua morte, que ele havia ressurgido. Afinal, as aparições eram um mero expediente literário-teológico utilizado para justificar o envio e a missão dos próprios discípulos. Foi, ao contrário, uma nova e reveladora consciência de que o grupo de Jesus continuava a receber compaixão, paz e perdão pelo único e mesmo Jesus, aquele que havia sido crucificado. Os medrosos e traidores discípulos que o haviam abandonado na hora cruz voltam a sentir a presença do mesmo mestre que oferece paz. Mais que isso: os envia para que eles também anunciem e ofereçam paz (perdão). É essa consciência de que Jesus continuava a lhes oferecer uma nova chance de reconciliação com ele, - mesmo após a sua traição, - que faz amadurecer, progressivamente, neles a convicção de que Jesus continua vivo e em comunhão com eles. O crucificado, agora vivo, oferece mais uma chance de recomeçar ‘sem ele’, embora sempre ‘com ele’, de uma forma nova. A chance de provar que superaram o medo de ter que enfrentar sozinhos o mundo dos crucificadores. A chance de provar para si próprios e para os pobres, os cegos, os paralíticos, os desesperados que estes não foram abandonados pelo mestre da Galiléia, mas que ele continua a acolhê-los, perdoá-los e a curá-los através deles e delas.
Essa nova tomada de consciência não se deu de uma hora para outra. E nem de modo uniforme. Foi uma caminhada gradual e não sem conflitos. Alguns ajudando outros a se convencer e a se converter ao ‘ressuscitado’. Outros exigindo sinais claros e clamorosos de que essa nova missão ‘retomada’ seria querida pelo mesmo Jesus que já não estava no meio deles. São os ‘Tomés’ da vida. Já outros conseguem sentir a presença viva do mestre ao reproduzir os seus mesmos e singelos gestos de acolhida, de respeito, e de oferecimento da paz. Uma coisa, contudo, parece clara e que emerge do relato hodierno: todos, embora de forma diferenciada, chegam à ‘consciência consensual’ de que não há outros ‘senhores e outros deuses’ a não ser Jesus crucificado. O mesmo que expõe não somente as feridas abertas do seu corpo cruscificado, mas também as chagas de uma humanidade sedenta de esperança e de paz. O ressuscitado hoje nos envia para que não tenhamos medo de ‘afundar o dedo’ e afundar a nossa alma nos sofrimentos e nas numerosas modalidades de morte de um número sempre maior de inocentes. Afinal, nós indign@s herdeir@s do ‘espírito’ do ressuscitado não estamos mais sozinh@s e tampouco podemos ser vítimas do nosso medo paralisante.
sexta-feira, 5 de abril de 2013
Julgamento dos assassinos de José Claudio e Maria do Espírito Santo - Mais uma vez 'os mandantes' são inocentados!
Terminou na noite desta quinta-feira (4) o julgamento dos três acusados de assassinar o casal de trabalhadores rurais José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo. Eles haviam sido assassinados a tiros em maio de 2011 em um assentamento em Nova Ipixuna, no sudeste do Pará. Os dois denunciavam a extração ilegal de madeira na região em que viviam e afirmavam receber constantes ameaças de morte.
Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento foram considerados culpados pelos jurados. Lindonjonson foi condenado a 42 anos e oito meses de prisão. Já Alberto a 45 anos de prisão. Sua pena foi maior devido ao entendimento dos jurados de que ele foi o responsável por cortar a orelha de José Cláudio. José Rodrigues Moreira, acusado de planejar, financiar e organizar os assassinatos, foi inocentado. Ana Maria Magalhães de Carvalho, promotora no caso, afirmou que já recorreu da decisão favorável a José Rodrigues. Segundo ela, as provas contra ele são suficientes para uma condenação. O julgamento durou dois dias e foi acompanhado de perto por cerca de 500 militantes de organizações sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que montaram um acampamento em frente ao fórum. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, já havia pedido “punição firme e efetiva” aos acusados.
A Anistia Internacional, por meio de nota, disse ter recebido "com preocupação" o resultado do julgamento, pois "A impunidade dos crimes cometidos contra defensores de direitos humanos fortalece a ação daqueles que agem fora da lei e contra a preservação dos bens naturais do país. E mantém a luta dos defensores e defensoras dos direitos humanos como uma atividade de alto risco, na qual agressões e ameaças buscam sempre silenciar sua voz", destacou a entidade.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
COMBONIAN@S NO FSM EM TÚNIS
Il Forum Sociale Mondiale – tenutosi dal 26 al 30 marzo nel Campus Universitario di Al Manara, a Tunisi – è terminato. La famiglia comboniana vi ha partecipato come “Missionarie e Missionari Comboniani”. Nello stesso contesto, 31 missionari – 19 comboniani, 10 comboniane e 2 laici – hanno organizzato il loro Forum Comboniano il 25, 30 (pomeriggio) e 31 marzo. Aqui vai a síntese da carta final do grupo Comboniano.
Primavera di dialogo -Ospite di un popolo che sta rinascendo, la famiglia comboniana riunita al Forum Sociale Mondiale ha respirato la primavera araba e la forza dei sogni della gente. A Tunisi si risvegliano la dignità e lo spirito critico delle donne, le potenzialità dei giovani, il loro desiderio di aprirsi al mondo. Questa sete di liberazione, di una religione dal volto umano, è propria della Pasqua che abbiamo celebrato nei giorni del Forum. La settimana santa ha dato un sapore speciale alla sete di giustizia e di pace, condivisa con molti popoli e movimenti sociali. Ci siamo sentiti al posto giusto: in dialogo con tante persone in ricerca, assieme ad altre consorelle e confratelli che camminano nella stessa direzione, animatori missionari immersi e sfidati dal pluralismo di idee e movimenti. Abbiamo percepito la ricchezza dell’impegno della Chiesa nei molti ambiti di GPIC che anche noi seguiamo. Ci siamo sentiti confermati, anche nella gioia di scoprire in altri la stessa metodologia del Comboni: “Salvare l’Africa con l’Africa”.
Areopago di evangelizzazione - Siamo uomini e donne della strada e del Vangelo. Ci interroghiamo su quale debba essere la missione oggi, sapendo che spetta anche a noi proporre una teologia e spiritualitá incarnata, alimentata dall’ascolto biblico, in cammino con il Cristo vero liberatore della storia, recuperando la mistica dei popoli cui apparteniamo e che serviamo, in dialogo con il patrimonio spirituale delle popolazioni native e delle grandi tradizioni religiose del mondo.Accogliamo la sfida di aprirci al mondo e di combattere ogni tipo di pregiudizio.
Continuando il cammino - Rileggendo le esperienze missionarie e pastorali, ci ritroviamo in estrema sintonia su alcuni percorsi che aggregano le nostre attività locali e provinciali. Rinnoviamo il nostro impegno a servizio di tre priorità comuni:1. il traffico di persone e la mobilità umana; 2. la cura del Creato, specialmente contro l’accaparramento di terra ed il saccheggio dei beni comuni; 3.il dialogo interreligioso e interculturale.
In questi ambiti aggregatori delle nostre opzioni per GPIC, molti di noi stanno già costruendo inter-relazione tra provincie e collaborazione tra i due Istituti. Rinnoviamo, così, la metodologia di articolazione tematica tra comunità e province che si sentono sfidate da situazioni simili, come già avviene, per esempio, nel caso del gruppo di lavoro sui pastoralisti in East Africa, o dell’impegno comune in Brasile, Mozambico e Perù sugli impatti della minerazione. Ripartiamo da Tunisi con la Pasqua dei popoli nel cuore, con la gioia di condividere con le nostre comunità e province quel che abbiamo visto e udito.
Pregando sulla tomba dei primi martiri cristiani di queste terre, abbiamo rinnovato con loro il coraggio di vivere fino in fondo la nostra fede e di dare la nostra vita senza misura, perché tutti abbiano vita in pienezza.
Roma, mercoledì 3 aprile 2013
Filosofia barata, mas essencial!
‘Quem pode viver sem loucura não é tão sábio quanto acha!’ (La Rochefoucauld)
Seja louco, então, nem que seja para confundir os supostos ‘equilibrados e os sábios’!
Seja louco, então, nem que seja para confundir os supostos ‘equilibrados e os sábios’!
Brasil de tantos pistoleiros, Brasil de tantos mártires!
Executado dirigente do MST na Bahia.
Na manhã desta terça (02/4), Fábio dos Santos Silva, dirigente do MST na Bahia, foi brutalmente executado por pistoleiros com 15 tiros, na frente de sua mulher e de uma criança.Segundo relato da própria companheira de Fábio, uma moto interceptou o carro em que estavam e executaram Fábio. Ele, que já era ameaçado de morte na região de Iguaí, onde o latifúndio não aceita a democratização da terra, nem a presença dos três assentamentos e do acampamento existente no local, teve sua vida ceifada.É esse tipo de ação, com o uso da pistolagem, covarde e cruel, que estamos convivendo no campo brasileiro.
Começa hoje júri popular contra mandante e executores de casal extrativista. Os acusados de envolvimento na morte do casal de extrativistas José Claudio e Maria do Espírito Santo vão a júri popular na manhã desta quarta-feira (3), no Fórum de Marabá, no Pará. O crime ocorreu em maio de 2011, em Nova Ipixuna (PA). Na noite desta terça-feira (2), Claudelice Silva dos Santos, 30 anos, relatou que a família ainda recebe ameaças de morte às vésperas do julgamento. Ela afirmou ao G1 que está confiante na condenação dos acusados das mortes de seu irmão José Claudio e de sua cunhada, Maria. "Esperamos Justiça. Sabemos que mais gente participou do crime e que será difícil que eles paguem pelo que fizeram, mas o julgamento de amanhã é o primeiro passo para a Justiça ser feita. Segundo o Ministério Público do Pará, o agricultor José Rodrigues Moreira é réu sob acusação de "planejar, organizar e financiar" do assassinato do casal de extrativistas. As vítimas denunciavam constantes casos de extração ilegal de madeira e grilagem de terras no assentamento Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna.
terça-feira, 2 de abril de 2013
Faleceu 'Arara que voa", liderança Gavião do Maranhão
Pehyc Gavião, “arara que voa”, faleceu no dia 24 de março, vitima de um enfarto fulminante quando jogava futebol, em Amarante do Maranhão. Augusto Gavião tinha quarenta anos, vivia na aldeia Governador, terra indígena Governador, no município Amarante do Maranhão. Era casado e tinha seis filhos. Sempre presente nos momentos mais difíceis e também nos momentos festivos. Pessoa simples e alegre, mas valente quanto precisava. Tinha como característica a disponibilidade para ajudar seu povo. Contribuiu muito com a luta do Povo Pukobjê-Gavião, principalmente no processo pela nova demarcação. Augusto era um grande acolhedor, uma pessoa amável, preocupado com o futuro cultural do seu Povo. Gostava de ouvir os cantos de seu povo quando viajava no caminhão, conduzindo as lideranças para realizar a vigilância de seu território e pescaria. Sua morte foi sem dúvida uma grande perda para o Povo Pukobjê-Gavião e para os povos indígenas no Maranhão. Um guerreiro que se foi. Mas outros nascerão e continuarão a luta do Pukobjê-Gavião por melhores condições na saúde, na educação, terra e proteção do territorial. Que a sua partida sirva de inspiração para os mais novos continuar a lutar pela causa indígena. (Fonte: CIMI)
Munduruku avisa: 'Vai ter guerra'!
Com presença da Força Nacional para garantir os estudos de impacto ambiental da hidrelétrica no rio Tapajós, indígenas se sentem "traídos" pelo governo federal, temem enfrentamento e afirmam: "nós vamos dizer como queremos ser consultados". "Vai ter guerra". Foi com esta sentença que lideranças Munduruku terminaram um telefonema com representantes da Secretaria Geral da Presidência, em Itaituba-PA, no último sábado, 30 de março. O contexto é a construção de usinas do chamado Complexo Hidrelétrico do Tapajós.Na última quinta-feira, 28 de março, um destacamento da Operação Tapajós se deslocou para a aldeia Sawré Maybu, em Itaituba. Indígenas relatam que policiais fortemente armados, espalhados nos principais pontos de acesso à aldeia, têm feito revistas, registros fotográficos, interrogatórios, tentativas de forçar escoltas de ônibus com indígenas, sobrevoo pelas aldeias e monitoramento pelo rio, margeando a comunidade. Apesar da presença policial, os indígenas atestam não ter visto pesquisador algum. Indígenas e organizações sociais denunciaram a ação do governo como uma "operação de guerra" e exigiram a suspensão da Operação Tapajós. “Se o governo [federal] quiser diálogo com os Munduruku, tem que parar a Operação Tapajós e mandar tirar as Forças Armadas de nossas terras. Nós não somos bandidos. Estamos nos sentindo traídos, humilhados e desrespeitados com tudo isso. O governo não precisa da polícia e da Força Nacional para dialogar com o povo Munduruku. Nós queremos diálogo, mas só falaremos com o governo depois que todos os caciques do alto, médio e baixo [rio] Tapajós conversarem e tomarem sua decisão. É nosso último aviso. Se a Operação não parar, não vai ter mais diálogo com os Munduruku. Vamos acionar os caciques e vai ter guerra”, afirmaram os indígenas ao representante da Secretaria Geral da Presidência da República, Tiago Garcia, na ligação telefônica de 30 de março.(Fonte: CIMI)
segunda-feira, 1 de abril de 2013
A PÁSCOA DE 'ROSE'
Ela tem apenas 4 aninhos. Um amor de pequena. Ontem, dia de Páscoa, a vi pela primeira vez. Foi um amigo que ligou para mim e me perguntou se não queria conhecer ‘Rose’*. Ela estava passando alguns dias com ele e com a sua família. Por alto ele me havia explicado a situação daquele anjinho. Dizia-me ele que Rose repetidamente perguntava-lhe por que sua mãe se drogava, por que fazia isso com ela. Logo ela que a amava tanto.
- ‘Puxa tio, eu amo demais a minha mãe e ela parece que não acredita, porque senão não me deixaria como fez nesses dias...’ repetia Rose ao meu amigo. A mãe de Rose, uma viciada em craque, é realmente um amor de mãe, mas somente quando não bate nela a crise da abstinência. É cuidadosa e carinhosa. Protege com unhas e dentes aquela menina. Alguns dias atrás a mãe de Rose voltou toda suja e fedida Não falava coisa com coisa! Tinha dado um sumiço fugindo de casa, após ter sentido mais uma vez o chamado ‘irresistível’ do seu organismo que exigia mais uma dose. Mergulhara novamente naquele inferno, deixando Rose em casa, atordoada e numa tristeza sem fim.
- ‘Puxa tio, eu amo demais a minha mãe e ela parece que não acredita, porque senão não me deixaria como fez nesses dias...’ repetia Rose ao meu amigo. A mãe de Rose, uma viciada em craque, é realmente um amor de mãe, mas somente quando não bate nela a crise da abstinência. É cuidadosa e carinhosa. Protege com unhas e dentes aquela menina. Alguns dias atrás a mãe de Rose voltou toda suja e fedida Não falava coisa com coisa! Tinha dado um sumiço fugindo de casa, após ter sentido mais uma vez o chamado ‘irresistível’ do seu organismo que exigia mais uma dose. Mergulhara novamente naquele inferno, deixando Rose em casa, atordoada e numa tristeza sem fim.
O meu amigo comentava-me que dificilmente Rose ficará com a mãe dela. A justiça virá e a arrancará dela. Será um drama para mãe e filha. Naquela manhã de Páscoa levei um ovo gigante de chocolate para Rose. Mesmo sem nunca ter-me visto antes me abriu um sorriso luminoso, contagiante.
- ‘Disseram-me que havia uma princesa nesta casa, hoje. Pensei em visitá-la e levar um imenso ovo de chocolate para ela. Por acaso é você?’ - perguntei-lhe.
Abriu mais um sorriso e disse simplesmente ‘Sou’! Rose não é, e não será a única criança que no dia de Páscoa não estava com sua mãe biológica a festejar o ‘triunfo da vida’ sobre a morte. Rose está a intuir precocemente que a palavra morte está rondando o seu universo afetivo, e os seus sonhos. Contudo, no dia de Páscoa, Rose tenha experimentado que uma vida diferente é possível. Alguém, naquele dia, não a havia abandonado. Talvez, na casa do meu amigo, Rose tenha esperado até o fim que se abrisse a porta da casa e alguém muito amado entrasse para lhe dizer que nunca mais a abandonaria. Que nunca mais mergulharia no inferno dos ‘mortos ambulantes’ à procura de drogas. Que, enfim, havia descoberto o sentido da vida e que por amor a Rose seria outra pessoa. Uma pessoa nova. Eu também, como Rose, como o meu amigo e tantos outros, torço e rezo para que isso aconteça!
- ‘Disseram-me que havia uma princesa nesta casa, hoje. Pensei em visitá-la e levar um imenso ovo de chocolate para ela. Por acaso é você?’ - perguntei-lhe.
Abriu mais um sorriso e disse simplesmente ‘Sou’! Rose não é, e não será a única criança que no dia de Páscoa não estava com sua mãe biológica a festejar o ‘triunfo da vida’ sobre a morte. Rose está a intuir precocemente que a palavra morte está rondando o seu universo afetivo, e os seus sonhos. Contudo, no dia de Páscoa, Rose tenha experimentado que uma vida diferente é possível. Alguém, naquele dia, não a havia abandonado. Talvez, na casa do meu amigo, Rose tenha esperado até o fim que se abrisse a porta da casa e alguém muito amado entrasse para lhe dizer que nunca mais a abandonaria. Que nunca mais mergulharia no inferno dos ‘mortos ambulantes’ à procura de drogas. Que, enfim, havia descoberto o sentido da vida e que por amor a Rose seria outra pessoa. Uma pessoa nova. Eu também, como Rose, como o meu amigo e tantos outros, torço e rezo para que isso aconteça!
* Nome fictício
Comissão da verdade sobre massacres de indígenas na Amazônia. Que a 'verdade liberte' do desejo de reproduzir hoje os mesmos crimes de ontem!
A Comissão Nacional da Verdade tem, desde outubro último, um abacaxi graúdo para descascar. O Exército está sendo acusado de ter eliminado 2 mil índios da nação waimiri-atroari, no Amazonas. A Comissão tem um relatório com documentos, organizado pelo Comitê da Verdade, do Amazonas, com relatos de índios, militares, funcionários da FUNAI, entre outros testemunhos. A pergunta é: o que fizeram os índios para sofrer essa violência? Estávamos em pleno governo militar e as terras desses índios ficavam na conexão do Brasil com o Caribe. Se a Comissão ratificar a denúncia, o número de vítimas da ditadura, hoje na ordem de 457, vai assustar o país. Os índios Parwé e Wamé recordam o lançamento de bombas, naqueles anos, incendiando suas aldeias, não ficando vivo ninguém próximo. No início do século XX, eles viviam a 50 km de Manaus. Foram empurrados pelas frentes (BR-174, Balbina). Hoje algumas aldeias distam até 400 km da capital. Há um relatório assinado pelo general Gentil Paes, produzido em parceria com a FUNAI, à época subordinada ao Exército, determinando "demonstrações de força, mostrando aos mesmos os efeitos de uma rajada de metralhadora, de granadas defensivas e da destruição pelo uso de dinamite". Corria o ano de 1974. Outro general, Altino Berthier, num livro de memórias compara as ações militares às dos alemães na II Guerra. "Tive o privilégio de perceber, sentir e registrar os efeitos daquela blitzkrieg (tática dos nazistas) sobre território desconhecido, enxotando um povo perplexo, que reagia violentamente ante a desestruturação de sua célula familiar e de seu universo telúrico." (Fonte: O Globo)
Comentário do blogueiro - Que se realize com relação às investigações de massacres de milhares de indígenas da Amazônia na época da ditadura militar o que já Jesus de Nazaré dizia: ’ A verdade vos libertará’ Que liberte das mentiras até hoje divulgadas, das omissões utilizadas para justificar a ‘conciliação e reconciliação nacional’, do desejo-vontade, hoje, de lançar mão dos mesmos métodos!
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