Jesus nunca subiu ao céu, porque nunca se afastou daqueles que Ele sempre amou, aqui, na terra. Jesus, ao contrário, tentou trazer o ‘Céu’ para cá. Trazer aos humanos a plenitude do Divino: a liberdade e a vida eterna/plena, aqui, na terra. Ele tentou, em diferentes modos, aqui, na terra, ‘afastar e libertar’ os seus daqueles lugares e instituições que escravizavam corpos e manipulavam consciências. Jesus queria que as pessoas compreendessem que o ‘Céu’ já tinha chegado, definitivamente, até elas, através do Seu amor e da Sua compaixão. Quem via Jesus, via o Pai. Sim, Aquele que ninguém viu! Mesmo assim, ainda hoje nós continuamos ansiosos em desejar e procurar um céu utópico. Pior, o procuramos através de práticas religiosas bitoladas e alienantes. A Ascensão de Jesus não significa afastamento físico. Tampouco subida sideral. Significa, isso sim, vitória total sobre todas as instituições, regimes, forças e formas terrenas de prender, escravizar e destruir vidas, pessoas. Por isso, o evangelista Lucas adota o mesmo verbo utilizado em Êxodo para identificar a saída do povo de Israel da escravidão para a terra prometida. Jesus ‘CONDUZIU’ os apóstolos para fora da cidade (v.50). Porque a ‘terra prometida’ havia se tornado uma ‘terra escravizada’ pelas elites religiosas e políticas. Era preciso assumir com coragem a mesma missão de Jesus: trazer novamente o ‘Céu carregado de esperança’ para uma terra desesperançada e alienada. Não esquecer que com Jesus o ‘Divino Céu se humanizou e se tornou, definitivamente, ao nosso alcance’, e que o ‘Humano frágil foi divinizado e reerguido’. É preciso, portanto, hoje, fazer outras opções de vida. Não mais ‘buscar‘ num fantasioso céu um Deus que já veio e continua vivendo entre nós. Não mais voltar a se submeter a instituições, partidos, igrejas e crenças que nos distanciam de um ‘Divino Humano que liberta’, como fizeram, pasmem! os apóstolos que acabaram voltando, novamente, ao templo! Ao contrário: adorar Aquele que vive e que não está mais amarrado às coisas terrenas anunciando-O e testemunhando-O a todos. Libertando todos os povos, todas as mentes e todo coração das lógicas e das práticas perversas dos fariseus e sumos sacerdotes de hoje. Provando que o ‘Céu da liberdade e da vida plena’ é possível aqui, na terra!
sexta-feira, 27 de maio de 2022
Francisco e a sinodalidade...
Na sinodalidade "como crianças pequenas, damos passos curtos e desajeitados", diante dos quais nos faz ver a necessidade de "uma maior conversão pessoal e pastoral".
“Quando se pensa que sabe tudo, o dom não pode ser recebido”, um perigo para a sinodalidade.
"Ocupar espaços é a tentação, abrir processos é a atitude que permite a ação do Espírito Santo".
"A sinodalidade é a dimensão dinâmica, a dimensão histórica da comunhão eclesial fundada pela comunhão trinitária, que valorizando simultaneamente o sensus fidei de todo o povo santo fiel de Deus, a colegialidade apostólica e a unidade com o Sucessor de Pedro, deve animar a conversão e reforma da Igreja em todos os níveis".
EUA. Se ao menos alguém fizesse algo sobre o assassinato de 19 crianças
Tudo parece tão sem esperança. Outro tiroteio em massa na América. Pelo menos 19 crianças do ensino fundamental e dois de seus professores assassinados em Uvalde, Texas. Um espaço destinado ao aprendizado se transformou em um campo de extermínio. Uma comunidade que nunca mais será a mesma. Sobreviventes e familiares que carregarão tristezas, traumas e desgostos inimagináveis para as próximas gerações. E ainda, e ainda, e ainda. Nós sabemos muito bem como essa música vai. "Pensamentos e orações" serão oferecidos em grande quantidade. Mas a NRA e outros lobbies de armas exercerão pressão sobre o Congresso. A aprovação de medidas sensatas de controle de armas será considerada fora de alcance. É muito radical, é claro, muito hostil ao nosso excepcional e intocável ideal americano de liberdade. O refrão se repete, esperando um novo verso. Uvalde será seguido por outro lugar, assim como foi precedido por Buffalo, Sacramento, San Jose, Colorado Springs, Indianápolis, Rock Hill, Boulder, e assim por diante.
Se ao menos alguém pudesse pegar o país pelos ombros e gritar o grito de uma mãe, ou um pai, ou um avô, ou uma tia, ou um tio agora olhando para anos e anos de dor e alguém sempre faltando na mesa da cozinha. Se ao menos alguém pudesse falar com uma voz de autoridade moral inquestionável e dizer: "Não mais, não de novo, devemos fazer algo desta vez!" Somos melhores do que ter que enviar nossos filhos – nossos filhos! – indo para a escola todos os dias, sabendo que qualquer jovem de 18 anos pode entrar com uma arma de assalto e aniquilá-los. Alguns dos corpos no Texas estavam tão danificados que não puderam ser identificados sem testes genéticos. Uma voz de autoridade moral. Você certamente não veria isso na declaração que os bispos dos EUA divulgaram em 24 de maio após o assassinato em massa. Três frases curtas, nem sequer com o simples peso de uma assinatura episcopal, mas atribuídas ao porta-voz dos bispos. Pior ainda, incluiu apenas uma chamada muito branda para encontrar maneiras de "entender essa epidemia de maldade e violência" por trás dos tiroteios em massa nos Estados Unidos. Nenhuma menção à necessidade de medidas de controle de armas, ou de qualquer pedido específico para o Congresso, você sabe, realmente fazer alguma coisa.
Talvez seja tristemente esclarecedor que esse horror tenha ocorrido apenas quatro dias depois que o arcebispo de São Francisco, Salvatore Cordileone, anunciou sua decisão de proibir a presidente da Câmara Nancy Pelosi, democrata, de receber a comunhão em sua arquidiocese, por seu apoio à legalização do aborto. Que punição canônica aguarda os políticos, principalmente republicanos, que em grande parte se recusam a votar em qualquer forma significativa de controle de armas? É difícil não concluir que os esforços de uma parte para uma cultura da vida têm apoio episcopal, enquanto os do outro não. Que vergonha duradoura que o movimento do vestuário sem costura tenha sido tão manchado por décadas pela ala pró-vida da igreja. As pessoas não considerariam a igreja política se ela tivesse criticado ambos os partidos de forma mais igualitária, e também os apoiasse de forma mais igualitária, quando eles buscavam defender e promover a vida e a dignidade humanas.
Pelo menos alguns bispos responderam aos assassinatos no Texas com mais seriedade do que sua organização em Washington. O arcebispo de San Antonio, Gustavo García-Siller, por exemplo, chamou o tiroteio de "massacre" e disse que esses tiroteios "são uma questão da vida mais urgente sobre a qual todos na sociedade devem agir". O cardeal de Chicago Cupich perguntou incisivamente: "Quem somos nós como nação se não agirmos para proteger nossos filhos? O que amamos mais: nossos instrumentos de morte ou nosso futuro?" E o bispo Daniel Flores de Brownsville, Texas, respondeu com o que parece ser uma ira sagrada. "Não me diga que as armas não são o problema, as pessoas são. Estou cansado de ouvir isso", disse ele no Twitter. "A escuridão primeiro leva nossos filhos que depois matam, usando as armas que são mais fáceis de obter do que a aspirina. Sacralizamos os instrumentos da morte e depois nos surpreendemos que a morte os use." Estamos cansados de ouvir isso também. Também estamos cansados de ouvir a mesma música, sempre com um novo verso – mas sempre uma em que mais de nossos filhos são massacrados e nenhuma autoridade faz nada. Por quanto tempo essa música deve continuar? (Editoril do National Catholic Report)
sábado, 21 de maio de 2022
6º domingo de Páscoa - Quem ama guarda a palavra do amado/a (Evangelho - Jo 14,23-29)
Há inúmeras formas de manifestar amor por alguém. Tudo depende da personalidade, caráter, educação, circunstâncias da vida. Uma forma, contudo, que pode encontrar consenso é guardar a palavra do amado. Ou seja, conservar como referência para a própria vida o conjunto de seus pensamentos, orientações, cuidados e afetos. Tudo isso se constitui num patrimônio moral e afetivo capaz de alimentar a pessoa que fez a experiência de amar e se sentir amada por alguém. É como se a pessoa que amamos e que não está mais conosco fisicamente continuasse a viver em nós, dentro de nós. Quem guarda a palavra, ama, e o amado que o amou faz sua morada nele. Esta é uma experiência profundamente humana, existencial, palpável, acessível para quem sabe amar guardando dentro de si ‘a palavra’ da pessoa amada. João, no evangelho de hoje, não faz jogo de palavra, mas relata o que ele e a sua comunidade vêm experimentando após muitos anos de distanciamento físico da pessoa de Jesus.
O evangelista sente que a forma que a igreja primitiva tem para manifestar amor ao Mestre que se foi é seguindo radicalmente a sua palavra/ação/testemunho. A comunidade que guarda a palavra se torna o sacrário da presença de Jesus e do Pai que é maior que Jesus. Jesus é o Humano que revela historicamente com seus gestos e palavras de amor divino do Pai invisível! E João nos diz mais que isso: se houver alguma falha em ‘guardar a palavra’ não é preciso se preocupar, pois Jesus garante que na nossa vida teremos ao nosso lado alguém que nos ajuda a ‘resgatar’ a palavra. Ele o chama de ‘defensor’, ou seja, aquele que intervém para ocupar o lugar da pessoa que não consegue conservar sozinha a palavra, principalmente na hora de vencer um desafio, ou ganhar uma causa. Certamente, muitos de nós podemos relatar casos pessoais em que chamados a enfrentar desafios ou crises de toda ordem, ou ter que assumir uma posição firme, ou tomar uma decisão delicada, ou ter que argumentar em momentos cruciais da nossa vida nos surpreendemos ao percebermos como, ao final de tudo, nos saímos melhor do que imaginávamos. A posteriori, olhando o passado, nós mesmos temos dificuldade de compreender de onde tiramos tanta força, coragem, e lucidez. Não foi somente a nossa perspicácia ou a nossa inteligência, mas a contribuição amorosa, invisível, de ‘Alguém’ que estabeleceu ‘morada’ no nosso ser por amor a nós, e nós, por nossa vez, o acolhemos de coração aberto, sem resistência e desconfiança. Guardar a palavra do amado/a que ama é garantia que nenhum dos dois morrerá jamais!
segunda-feira, 16 de maio de 2022
Monsenhor Shevchuk bispo de Kiev: "78 dias de lágrimas, rios de sangue que escorrem em solo ucraniano"
Por um lado, milhares de soldados russos abandonados sem sepultura em mortalhas de plástico preto fechadas miseravelmente com o zíper que esconde seu terrível conteúdo; do outro lado, valas comuns com milhares de cidadãos ucranianos torturados e mortos apenas porque culpados de estarem do "lado errado". Como se, na guerra, pudesse existir um "lado certo". Os soldados ucranianos que morreram no front, pelo menos têm o conforto de um cemitério e uma cruz, os russos ao contrário apodrecem em vagões de trem descobertos aqui e ali ou em outros lugares com a mesma dignidade de um aterro; afinal, o que são os mortos em um conflito bélico senão pobres "resíduos"? Humanos, claro, mas ainda assim "resíduos". E a cada dia aumentam os "resíduos humanos", enquanto a diplomacia de guerra - disfarçada de diplomacia de paz - continua jogando sujo. Na pele dos "resíduos", justamente. “Em uma vala comum descobriram recentemente 500 pessoas com as mãos amarradas e com uma bala na cabeça. Significa que foram assassinados de forma cruel, da mesma forma que no tempo de Stalin assassinaram pessoas inocentes jogando-as em valas comuns", disse o arcebispo-mor de Kiev, Sviatoslav Shevchuk, testemunhando a situação de seu país em contato de vídeo com a XXIII Convenção Nacional de Pastoral da Saúde da CEI. "A Ucrânia está vivendo um momento dramático, com uma guerra que, de qualquer forma, fez cair as máscaras e mostrou a todos o que realmente são", explicou D. Shevchuk.
Mas é realmente assim? A guerra está realmente "mostrando a todos quem realmente são"? A sensação é que as "máscaras" estão longe de ter "caído", mas estão sendo levantadas cada vez mais para esconder realidades inconfessáveis. A Igreja está tentando quebrar o negócio dos interesses econômicos, mas pouco pode fazer diante da ditadura da geopolítica. E, no entanto, mesmo neste desastre, o primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana consegue - sorte dele - encontrar motivos de esperança: “Não pensei que conseguiria sobreviver porque a capital foi quase cercada em três dias. O exército ucraniano conseguiu parar os tanques russos a 50 km da nossa catedral”. Monsenhor Shevchuk definiu os 78 dias de guerra como "78 dias de lágrimas, rios de sangue que escorrem em solo ucraniano". Ele refez suas visitas pastorais à sua diocese, agora "semelhante a um deserto", com cidades em grave destruição como a de Chernihiv, onde bairros foram arrasados e a descoberta de valas comuns cada vez mais frequente. Durante a sessão de perguntas e respostas, o arcebispo destacou que naquela situação de guerra “é preciso ter fé, porque para permanecer e dominar o próprio medo é preciso se entregar totalmente a Deus”. E lembrou que "há 12 milhões de refugiados, 5 milhões estão fora da Ucrânia, mas também há milhares de pessoas que devem ser tratadas por causa das feridas de guerra, devem se submeter a longos tratamentos e reabilitação". Para os mortos, porém, só resta rezar.
quarta-feira, 11 de maio de 2022
O caçador de jazidas: quem é o empresário que lidera a corrida pelo ouro em terras indígenas
As mineradoras Rio Grande, Silvana, Acará, Icana, Irajá, Tarauacá e Apoena, ligadas ao grupo Santa Elina, respondem por 8% dos cerca de 3.100 pedidos de lavras e pesquisas minerais em áreas sobrepostas a territórios indígenas, ou na fronteira deles, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM). Paulo de Brito Filho dirige o grupo Santa Elina, cujas empresas fizeram mais de 250 pedidos de mineração que afetam terras indígenas. O levantamento foi feito pela ANM a pedido da Repórter Brasil em março, às vésperas de os deputados federais aprovarem urgência na tramitação do PL 191/2020, o projeto de lei que tenta liberar atividades econômicas em terras indígenas. Entre 1982 e 2012, o conglomerado fez 255 pedidos de pesquisa mineral que afetam 42 terras indígenas. Mais de 95% desses pedidos são para pesquisa de ouro na região amazônica. Os requerimentos abrangem área de 928 mil hectares, ou seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo, colocando o Santa Elina no topo da lista. Atrás aparecem as mineradoras Serra Morena (469 mil hectares) e Iguape (446 mil hectares). Procurado pela Repórter Brasil, o grupo disse ser contra o “garimpo ilegal em terras indígenas” e que todas as empresas abriram mão dos processos com “interferência total” em territórios demarcados. A informação foi enviada em uma primeira resposta da companhia, que admitia ter mantido os requerimentos que incidem de forma parcial em TIs, com o objetivo de explorar apenas o entorno. “Nunca atuamos e não temos a intenção de atuar em TI”, diz a nota enviada pela assessoria de imprensa. Dos 255 pedidos de pesquisa ou exploração mineral, o grupo Santa Elina desistiu ou renunciou a 126, sobretudo a partir de 2019, de acordo com a ANM. Mesmo assim, o grupo segue na liderança em número de requerimentos que afetam TIs no país, com 129 processos, que totalizam uma área de 346 mil hectares – mais que duas vezes a cidade de São Paulo. Apesar de a mineração em TIs não ser autorizada por lei, o sistema da ANM mantém tais processos como “ativos”, mesmo quando há desistência por parte da empresa, o que é apontado como uma falha pelo pesquisador Bruno Manzolli, da Universidade Federal de Minas Gerais. De acordo com ele, essas áreas seguem “bloqueadas” para uma nova empresa solicitante. Isso causa uma insegurança jurídica, já que as empresas com processos em andamento terão a prioridade dos direitos minerários da região, caso a mineração em TIs seja regulamentada. “Como esses pedidos continuam ativos, se o PL 191 for aprovado, quem vai ter prioridade sobre essas áreas são os donos desses processos”, alerta Manzolli, que é um dos autores do estudo que identificou que o garimpo ilegal de ouro causou um prejuízo socioambiental de R$ 31,4 bilhões para o país entre 2019 e 2020. Primeira etapa da exploração mineral, os pedidos para pesquisa são o ouro do negócio da maioria das mineradoras de Paulo Brito Filho. As empresas do grupo em geral não exploram as jazidas, mas buscam novos locais de prospecção, principalmente para revenda futura. É quase como uma loteria, em busca do bilhete premiado. Por esse modo de atuação, elas são consideradas pequenas no setor – o que ajuda a entender por que Brito opera longe dos holofotes da imprensa e de organizações ambientais. (IHU)
Indígena que denunciou estupro e assassinato de menina Yanomami é ameaçado de morte
O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Yek’wana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, que denunciou o estupro e o assassinato de uma menina de 12 anos, disse em entrevista exclusiva à agência Amazônia Real que está sofrendo ameaças de garimpeiros. Os crimes aconteceram no dia 25 de abril na aldeia Aracaçá, na região de Waikás, na Terra Indígena dos Yanomami, no norte de Roraima. Segundo Hekurari, uma criança foi atirada no rio durante o ataque de garimpeiros, e permanece desaparecida, assim como sua mãe, tia da menina.
Dispara o número de famílias em situação de extrema pobreza no Cadastro Único do governo federal
O fim do AE (Auxílio Emergencial), em outubro de 2021, fez disparar o número de famílias em situação de extrema pobreza no Cadastro Único do governo federal. Em cinco meses, 2,6 milhões de famílias nessa faixa de renda se inscreveram no sistema que dá acesso ao Auxílio Brasil, o programa que substituiu o Bolsa Família em novembro de 2021. Os dados são do Ministério da Cidadania. Em outubro do ano passado, havia 15,1 milhões de famílias em situação de miséria registradas no cadastro. O número passou para 17,8 milhões em março —os dados de abril ainda não foram divulgados. A média foi de 540 mil novas famílias cadastradas por mês —a maior já registrada pelo cadastro, criado em 2001. Os números se referem às famílias que já viviam ou informaram ter perdido renda e passado a viver a situação de extrema pobreza (com renda per capita mensal de até R$ 105).