sábado, 28 de janeiro de 2012

Senador quer que senado apite sobre demarcações de terras indígenas. Salve-se quem puder!

A Proposta de Emenda à Constituição que dá ao Senado Federal competência privativa para aprovar processos de demarcação de terras indígenas está pronta para ser votado em Plenário. A proposta (PEC 38/99) é de autoria do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e já teve aprovação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A proposta do senador também determina que a demarcação de terras indígenas ou unidades de conservação ambiental respeite o limite máximo de 30% da superfície de cada estado. Ao justificar a PEC, o senador Mozarildo Cavalcanti afirmou que têm sido demarcados territórios desproporcionais às populações indígenas a que se destinam, o que torna amplas áreas dos estados brasileiros ‘inaproveitadas’ para a exploração econômica. Ele disse que isso está inviabilizando o desenvolvimento de alguns estados. O parlamentar foi um dos principais críticos da demarcação da reserva Raposa-Serra do Sol em seu estado. O parecer aprovado na CCJ acrescenta inciso ao artigo 52 da Constituição, para estabelecer que o Senado aprove toda proposta do Poder Executivo que traga ato demarcatório das terras indígenas. No entanto, excluiu os artigos que tratam de áreas de conservação ambiental, por considerar um assunto distinto das reservas indígenas. No final de 2010, a matéria foi arquivada com o término da legislatura. Mas o autor requereu o desarquivamento logo no início da atual legislatura. Como a PEC já havia sido aprovada pela CCJ, a matéria está na Ordem do dia para ser votada. (Fonte IHU)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Expulsando os espíritos do medo e da dominação, enfrentando o anti-reino (Mc.1,21-28)

Existem encontros que nos marcam para a vida toda. Naqueles olhares furtivos, nas parcas palavras, nos toques delicados uma pessoa pode revelar a sua essência. Expõe inteiramente quem ela é. Os segredos mais bem guardados se desfazem de repente. Não há mais espaço para subterfúgios e camuflagens. O ‘outro’, desconhecido, se entrega a nós, e num instante percebemos como será a sua vida. Como poderia ser a nossa vida se estivéssemos ao seu lado. Não é a nossa perspicácia que nos permite compreender isso. É a ousadia do ‘outro’ que escancara o seu ser mais profundo e se revela. É a mesma atitude que Jesus teve na sinagoga de Cafarnaum. Naquele encontro de Jesus com diferentes ‘personagens’ que retornarão ao longo do evangelho todo, podemos perceber qual será o jeito de ser de Jesus. Compreendemos onde se darão os maiores conflitos, quem combaterá o mestre da Galiléia e não o aceitará, a quem ele dirigir-se-á, qual a sua pedagogia e metodologia de educar ao respeito e à compaixão. Tudo isso está já concentrado no trecho evangélico hodierno. Uma espécie de prelúdio de uma grande ópera em que nele já se encontram e concentram os temas centrais recorrentes.

1. Na cidade de Cafarnaum: a cidade dos impuros, dos ‘fora da lei’, dos que não contam. É com eles que, afinal, Jesus vai conviver. Eles serão os que acolherão o seu convite a participar da ‘força-tarefa’ de re-construir o Israel que estava á beira da falência.
2. De sábado: é sim o dia da oração comunitária, da escuta da palavra, da memória da ação histórica de Deus, mas é também o dia das proibições. Do repouso legal absoluto. Um sábado que escravizava o homem e o tornava submisso a normas e preceitos litúrgico-rituais oprimentes.
3. Ensinava com autoridade: não repete o que todo mundo já sabia. Jesus cria e recria não tanto interpretações exegéticas, e sim modos novos de enfrentar a vida. Inspira segurança, utiliza a persuasão e a argumentação e não a coação moral da doutrina, as ameaças dos ‘anátemas’.
4. Aparece um possuído por um espírito mau: interessante, ele aparece num espaço sagrado. Invade um espaço que não deveria ser o dele. O espírito mau deveria deixar em paz as pessoas que procuram Deus no seu ‘lugar mais apropriado’, mas ele se revela justamente no lugar onde Deus é adorado. O espírito mau parece nos dizer que ele está também lá, dentro das nossas casas de oração, nos nossos templos. Mais do que isso: ele está dentro de nós. E não é suficiente orar para neutralizá-lo. Ele não conhece limites: sempre tentará estar ao nosso lado ou até dentro de nós! Expulso uma vez ele poderá voltar mais vezes.
5. Eu sei quem tu és: o Santo de Deus: os escribas desconfiavam de Jesus, os fariseus o detestavam e combatiam, os apóstolos não o compreendiam nunca, muitos discípulos o abandonavam, mas paradoxalmente os espíritos maus sabiam quem era Jesus. Sabiam a que veio. Afinal Ele se deu a conhecer sem utilizar disfarces. De uma só vez, e uma vez por todas. Aquele encontro foi suficiente para os espíritos maus perceberem que Jesus seria o seu pior inimigo.
O evangelista Marcos concentra aqui as grandes linhas mestras do seu evangelho: não um ensinamento acadêmico, teológico, uma doutrina nova segundo o modo farisaico, mas uma nova forma de enfrentamento. Contra o anti-reino que ameaça o surgimento da vida plena. Contra o mal produzido pelos humanos diabólicos que domina e nos domina. Que nos tira liberdade e motivação para viver. Contra os falsos sacerdotes e líderes que vendem dogmas e magias. Contudo, a favor da libertação que rompe os grilhões do medo, da dependência da lei e dos formalismos, que convoca a nos abrir ao novo que Deus está a construir. Afinal, será o reino de Deus e não o dos ‘maus espíritos’ a prevalecer!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

VALE GANHA UM PRÊMIO QUE ENVERGONHA O PLANETA!

A VALE, a mega empresa do minério e 'muito mais,' levou o primeiro prêmio como a PIOR EMPRESA DO MUNDO. Ela concorria nesse lamentável concurso com outras cinco empresas. O prêmio será entregue em Davos onde se reúnem, nesses dias, as maiores potências econômicas do mundo. Atingidos da Vale enviaram à Suíça depoimentos filmados que serão exibidos aos participantes do fórum econômico alternativo. As vítimas da Vale agradecem os mais de 25.000 votos eletrônicos que concederam à empresa 'totalmente brasileira' - como costuma se apresentar - o prêmio que, afinal, envergonha a todos. Envergonha o presidente da Vale, seus mais estreitos colaboradores, envergonha acionistas majoritários, envergonha a nação que não consegue criar mecanismos de equidade social e econômica. Após milênios de presença de hominídeos no planeta terra, o ser humano se recusa a acolher os apelos e os clamores da natureza, do bom senso, da produção para o seu sustento equilibrado, e do desenvolvimento sustentável. Que essa vitória da VALE seja o início da inversão das opções sociais, econômicas e humanas dos 'novos dinossauros' famintos de sangue e lucros!

Batalha judicial entre os moradores de Piquiá e TJ. Grave erro processual poderá favorecer os que clamam por justiça!

Uma verdadeira batalha judicial está sendo travada entre a Associação Comunitária dos moradores do Piquiá, seus aliados, e o Tribunal de Justiça do Maranhão. Após uma longa negociação entre vários atores sociais de Açailândia o governo municipal chegou a um consenso que permitiu a desapropriação de um terreno considerado o mais adequado para o re-assentamento das famílias de Piquiá de Baixo. O intuito é tirar as famílias de um verdadeiro inferno em que se encontram há muitos anos. Uma emergência social inadiável! Este acordo foi algo inédito, pois as próprias siderúrgicas locais aceitaram o acordo e fizeram o pagamento do terreno. Os ‘supostos donos’ do terreno – que não possuem título definitivo, - não aceitaram e recorreram. O juiz da Comarca, no entanto, não acolheu as suas alegações. Afinal, estes afirmavam que era o único terreno que possuíam, que era produtivo, e que era necessário para a sua sobrevivência. Mentirinhas de estudante de primário! Mesmo assim, encontraram um advogado que os motivou a recorrer ao TJ pedindo a anulação da desapropriação, com base nas mentirinhas. Ocorre que o desembargador responsável para dar o seu parecer sobre esse pedido (agravo de instrumento) aceitou as razões dos ocupantes do terreno e suspendeu a desapropriação. O bonito, porém, não acaba aqui. O desembargador deu o seu parecer favorável à suspensão, mas o fez fora do prazo legal-processual. Ou seja, os advogados dos ocupantes entraram com o seu pedido de suspensão 27 dias após expirar o prazo legal que é contabilizado a partir do momento que é publicado no Diário de Justiça Eletrônico.
No entanto, os advogados dos moradores entraram com um pedido de reconsideração em que de forma brilhante e irrefutável mostram as contradições e as mentirinhas dos supostos donos do terreno. Mesmo assim o nobre desembargador responsável do processo não acolheu. E se mandou. Outros desembargadores ficaram responsáveis, mas como sempre ocorre nesses casos, ninguém julga. Espera-se a volta do colega. Ontem, no TJ, os advogados da Associação de Moradores de Piquiá entregaram um Mandado de Segurança com pedido de liminar em que pedem a suspensão de todos os efeitos da decisão do desembargador justamente por existir uma grave infração ao código processual. Esse pedido já foi distribuído a outro desembargador que deverá julgá-lo dentro poucos dias. Chamado a julgar entre a cruz e a espada a decisão do colega desembargador será essencial para o futuro do processo. Gente lá de dentro afirmam que há outras decisões do excelso Tribunal sobre casos similares, ou seja, pedidos apresentados fora do prazo legal. Em todos eles a decisão dos desembargadores foi clara: suspenderam os efeitos da decisão anterior. Na hipótese que isto não ocorra, -decisão gravíssima para um desembargador, - os advogados dos moradores entrarão com recurso junto ao Superior Tribunal de Justiça e aqui as chances são 100%. Não há precedentes no STJ de que se tenha acolhido um pedido apresentado fora do prazo legal. Isto representaria um vexame para os nossos julgadores, e torcemos para que não aconteça. Aguardemos e esperemos que o desembargador que deverá dar o seu parecer sobre o mandado de Segurança por erro formal processual use a sabedoria necessária e, principalmente, que se atenha à LEI!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Marcha abre o Fórum Social Temático em Porto Alegre. Justiça nos trilhos está lá!

Uma marcha bem plural abriu oficialmente a programação do Fórum Social Temático (FST) em Porto Alegre, ontem. Até domingo (29), deve reunir cerca de 30 mil pessoas em quase mil atividades. A marcha refletiu a diversidade dos debates que vão acontecer ao longo da semana, focados principalmente na crise econômica internacional e na preparação da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, marcada para junho. Logo na abertura do cortejo, ambientalistas declaravam a morte das florestas brasileiras por causa das mudanças no Código Florestal. Caixões com mudas de plantas foram levados pelo grupo durante o trajeto. “Cada vez agregamos mais segmentos nessa briga, outros movimentos sociais, inclusive os trabalhadores da agricultura familiar. Chega de hipocrisia, vamos denunciar toda essa chantagem que vem sendo feita pelos ruralistas contra o governo e contra a sociedade”, declarava o diretor de Políticas Públicas da organização não governamental SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani. Airmou que diante da aprovação do texto pelo Congresso Nacional, a sociedade civil não pode se calar e deve cobrar o veto da presidenta Dilma Rousseff. Integrantes da ‘Rede Justiça nos Trilhos’ também se fazem presentes em Porto Alegre e terão a oportunidade de apresentar em diferentes grupos temáticos a atuação da VALE que, diga-se de passagem, está ganhando o título de ‘pior empresa do mundo’. Nesse momento tem uma vantagem sobre a segunda colocada de cerca de 800 votos. Amanhã é o último dia. Votemos nela!

sábado, 21 de janeiro de 2012

Chamad@s para ser 'boas novas'! (Mc. 1,14-20)

Descrição sucinta e hermética. De conteúdo contundente, alvissareiro e de amplo respiro. Assim poderíamos definir o trecho evangélico hodierno de Marcos. Por trás da descrição concisa uma densidade de atitudes, de conceitos, de posturas, de decisões. Com pinceladas rápidas e bem guiadas Marcos nos faz compreender o contexto do início da vida missionária de Jesus. Um ciclo histórico e profético havia se completado. O ‘velho testamento’ já fazia parte do passado. Voltava-se página, definitivamente. Inicia-se uma nova era para a humanidade, graças a Jesus. Mas graças também àqueles homens e mulheres que partilharam com Jesus os seus mesmos sonhos, suas visões e esperanças.
O ‘fenômeno’ Jesus de Nazaré tornou-se possível, portanto, graças também a um grupo inicial de pescadores da Galileia. Estes, desde logo, se identificaram com as expectativas do seu correligionário. ‘Seduzidos’ pelo seu jeito afável e firme e pela sua liderança iluminada, aderiram a ele e sustentaram-no. O evangelista é claro em afirmar que se de um lado a iniciativa de convocar este grupo inicial de seguidores partiu de Jesus, do outro lado, foi graças à adesão incondicional e radical desses ‘pescadores’ que tornou possível a inauguração de um momento novo. O anúncio libertário da ‘boa-nova’ para aquela massa dominada e excluída do Norte de Israel. Com Jesus, Deus iniciava o seu novo jeito de governar. E isso se tornou sinônimo de oferecimento de esperança radical no futuro construído pelo Deus de Jesus em favor daquele povo que só havia ouvido ‘más novas’. Nunca como antes, a realeza de Deus estava ao alcance das pessoas. Estava próxima, bem perto delas. Possível de ser ‘construída’ e usufruída. Tratava-se de compreender isso e investir maciçamente.
Sem abandonar, - no sentido literal do termo, - família, pais e emprego, esses pescadores começam a colocar como prioridade definitiva de sua vida a construção de uma humanidade justa, misericordiosa e fraterna. Com isso tornam-se eles mesmos, com Jesus, ‘boa-nova’ para os seus correligionários. Mostram como a salvação que eles esperavam e almejavam desde os tempos mais antigos começava e se realizava por seu próprio intermédio. Sem realizar grandes sinais, com realismo, na discrição do dia-a-dia, na assunção de suas responsabilidades sociais, familiares e religiosas, na firmeza dessa nova consciência-convicção muitos ‘ Pedro e André, João e Tiago’ tornaram definitivamente tangível o jeito novo de Deus estar com o seu povo, protegendo, acolhendo e guiando.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Votação eletrônica provisória indica que a VALE já é a 'PIOR EMPRESA' do mundo!

Seguem a pleno vapor as votações virtuais para escolher a pior empresa do mundo. A vencedora receberá simbolicamente o prêmio em Davos por ocasião do encontro dos países mais ricos do mundo. Nesse exato momento, dia 20 de janeiro, 13,46 h. a Vale está na frente. Só nesses últimos dois dias a empresa que se diz totalmente brasileira veio acumulando mais de 600 votos de internautas que a julgam como sendo a pior do mundo. A tendência é de que a margem venha a se ampliar a cada instante e se torne formalmente a pior empresa. Temos ainda cinco dias para consolidar essa tendência que parece ser irreversível. Tudo isso graças a uma ampla mobilização de cidadãos e cidadãs que conhecem o modo de agir 'pirata' da Vale no País e no mundo. Vamos dar esse merecido reconhecimeno à VALE! Não perca tempo e vote na Vale como pior empresa do mundo. Acesse o endereço aqui abaixo e dê o seu voto: http://www.publiceye.ch/en/vote/vale -

Morrem 12 crianças indígenas no Acre. Descaso ainda faz parte do cotidiano dos povos indígenas no Brasil

Chegou a doze o número de crianças indígenas mortas, no período de um mês, por possível contaminação viral – a suspeita é que seja rota vírus – em comunidades indígenas localizadas entre os municípios de Santa Rosa do Purus e Manoel Urbano, no Acre (AC). As vítimas são das etnias Hui Nukui (Kaxinawá) e Madjá (Kulina), do Alto Rio Purus. A Procuradoria Geral da República (PGR), por intermédio de sua 6ª Câmara, divulgou a notícia. O ministro da Saúde Alexandre Padilha, no entanto, declarou nesta quinta-feira (19) para a Agência Brasil que não confirma as mortes, mas “que não é a primeira vez que se registram casos de diarreia aguda na região” – uma fala arraigada de contradição e que revela a desinformação do governo federal. A situação não é isolada entre os povos indígenas do Acre. No Alto Juruá, região do município de Marechal Tamaturgo, distante cerca de mil quilômetros das aldeias onde morreram as doze crianças, o cacique Francisco Apolima-Arara declarou ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi) que até esta quarta-feira (18) duas crianças tinham morrido e outras cinco estão doentes, sendo levadas para assistência médica à cidade de Cruzeiro do Sul, maior município da região. Muitos se dizem surpresos e a imprensa local fala até em "mortes misteriosas". Porém, sabemos que o nome deste "mistério" é desassistência e abandono. A saúde indígena no Estado do Acre está um caos. Para que tenhamos uma ideia, lideranças indígenas representantes de todos os povos do Acre estiveram acampadas por nove meses na sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Rio Branco, reivindicando melhorias no atendimento à saúde. Nada conseguiram, além de um encontro com um assessor do todo poderoso do Governo do Estado, conhecido como Carioca, que apenas os enrolou mais uma vez. (Fonte: CIMI)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Em entrevista ao IHU coordenadores da Rede Justiça nos Trilhos falam sobre problemas e impactos da siderurgia no Maranhão

O advogado Danilo Chammas e padre Dario Bossi da rede Justiça nos Trilhos em estrevista ao Instituto Humanitas Unisinos (IHU) - o prestigioso instituto dos Jesuítas no Brasil - falam sobre os impactos e os problemas sociais produzidos pela VALE e sócias no corredor Carajás.

'Açailândia encontra-se no profundo interior do Maranhão, onde as condições de investimento das grandes multinacionais são privilegiadas pela disponibilidade de terras a baixo preço, um bom abastecimento hídrico, a possibilidade de relações promíscuas com o mundo político e uma fiscalização ambiental quase ausente. Esses são os principais motivos que determinaram a instalação dos empreendimentos da Vale e de suas clientes privilegiadas: as siderúrgicas. Os maiores impactos socioambientais são a poluição de ar, água e solo devido às emissões de fornos industriais de carvão para a siderurgia (ao lado do assentamento Califórnia, com 268 famílias) e às emissões da própria produção siderúrgica (ao lado do povoado Piquiá de Baixo, com 320 famílias). Decorrem disso graves doenças pulmonares, alergias de pele, problemas aos olhos, cansaço. Há também impactos ligados à passagem da Estrada de Ferro Carajás - EFC no meio de povoados e bairros do município: uma pessoa por mês morre atropelada ao longo da EFC; dezenas de animais domésticos e silvestres são mortos em função de acidentes parecidos; ocorrem desmoronamento de poços, estrondos e buzinas ao passar constante do trem etc.Enfim, outros impactos estão aparecendo devido aos projetos de duplicação dos trilhos, isto é, à construção de uma segunda Ferrovia de Carajás ao lado daquela já existente. Com a construção dessa estrada, as empresas poderão lucrar mais rapidamente, pois escoarão o minério com trens de 400 vagões passando sem parar no meio do povo: os canteiros de obras estão trazendo conflitos, violência, prostituição de crianças e adolescentes, acidentes pelo número muito elevado de carros e máquinas nas proximidades das habitações. Há também ameaça de despejo de algumas famílias que ficariam próximas demais aos trilhos duplicados'. (Fonte: IHU)

IMPORTANTE: vote na Vale como pior empresa do mundo. Acesse o endereço aqui abaixo e dê o seu voto: http://www.publiceye.ch/en/vote/vale - Ela está quase ganhando. Falta o seu voto!


sábado, 14 de janeiro de 2012

Chamad@s a ser comunidade 'boa nova'! (Jo.1,35-42)


Muitas vezes fazemos a experiência de nos sentir auto-suficientes. Em tudo. Achamos que conhecemos tudo. Que temos que ter, nós mesmos, a última palavra. Que não precisamos da opinião ou do palpite de alguém. Principalmente se tem a ver com nossos comportamentos, atitudes e opções de vida. Afinal, achamos que somos suficientemente adultos para saber o que queremos da vida. Não aceitamos ‘atentados’ à nossa autonomia. Ao nosso pleno e livre arbítrio. O evangelho hodierno nos oferece uma verdadeira aula de ‘educação à vida’. O pedagogo, claro, mais uma vez, Jesus de Nazaré!
Estamos no contexto do Rio Jordão-deserto. Lá, João atuava como pregador de conversão de massa e profeta ‘batizador de mudanças’. Ele havia reunido um grupo de discípulos que partilhavam a sua visão de Deus e de nação. João, entretanto, percebeu que a irrupção de Jesus no seu ‘território-vida’ vinha produzindo nas pessoas novas expectativas. E novos modos de ver e encarar Deus. Muito diferentes dos seus. Uma pedagogia quase antagônica à sua. Jesus não ameaçava, não pressionava, não amedrontava. Apostava na persuasão, na força das motivações interiores. Aquelas que dão sentido ao existir humano. E o capacitam a enfrentar os monstros de fora e os fantasmas do seu profundo. Jesus acreditava, enfim, no poder da beleza da proposta de adesão aos valores que Deus vinha inspirando nas pessoas. João percebe que havia cumprido a sua missão. Que um ciclo em sua existência estava se encerrando. Que ele não tinha a última palavra da profecia e do testemunho. E se abre à novidade que Jesus mostrava. Mesmo sem compreendê-la plenamente. Sente que não podia nem pregar e nem testemunhar um Deus misericordioso e compassivo ao qual ele próprio não havia se convertido, mas que percebia como sendo o ‘único que fazia sentido’. E a Jesus dirige os seus discípulos. Abre mão do seu prestígio moral e da sua fama. E da sua aparente segurança profética. Renuncia até àqueles que lhe podiam garantir continuidade na sua pregação e nas suas visões de Deus. Nos seus dogmas de ‘limpeza religiosa’!Deixa de ser ‘auto-suficiente’ e não se fecha ao novo que está a desabrochar.
Jesus não recebe os discípulos de João como sua ‘propriedade particular’ pronta para ser integralmente ‘remodelada’ por ele. Pessoas que deviam ser embutidas dos seus novos e pessoais ensinamentos. Ou submetidas a uma espécie de lavagem cerebral como se fossem pessoas desprovidas de qualquer conhecimento, desejo e vontade. Ao contrário. Diante das indagações à procura de sentido dos discípulos, Jesus não dá fórmulas. Não oferece e nem impõe soluções. Ele indica, aponta como havia feito João com eles. Convida-os a ‘eles mesmos’ procurar, ver, conhecer, escolher. Coloca-se a disposição para facilitar e viabilizar uma experiência de ‘convivência’ com ele. Só posteriormente eles mesmos poderiam tomar, em plena liberdade, a sua decisão. A decisão de segui-lo ou de voltar atrás. Jesus age como um ‘mestre que caminha com’ e não como aquele que ‘caminha na frente de’. O próprio Jesus aprende com eles. Chama-os não para instruí-los. Nem simplesmente para ‘somar’ e se juntar a ele em vista de um objetivo pragmático específico, a construção do reino. Mas os chama também para indicar qual deverá ser a metodologia a ser adotada, ou seja, a de ‘estar e conviver’ com ele. Para se abastecer de fraternidade e comunhão interna. Para enfrentar como ‘comunidade paradigmática’ a aventura-missão da construção da nova sociedade. Para indicar que a nova sociedade-reino deve renunciar a toda forma de individualismo. De personalismo. De competição e rivalidade. De procura estúpida de prestígio e reconhecimento social. O mestre, e eterno discípulo do Pai, havia compreendido que só em comunidade o grupo podia ser ‘boa nova’ para as bilhões de ‘ilhas humanas’ pretensiosamente auto-suficientes!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Vale pressiona e Justiça intima populares sobre invasão à ferrovia

As lideranças dos bairros Nossa Senhora Aparecida (Invasão da Coca-Cola), Quilômetro Sete e Alzira Mutran já estão de sobreaviso: nada de manifestação em cima da linha do trem e nem de bloqueio da Estrada de Ferro Carajás (EFC), por onde a mineradora Vale escoa ao menos R$ 20 milhões numa só passada de seu monstrengo férreo. Quem decide é a Justiça Federal, Subseção Judiciária de Marabá. Na última quinta-feira (5), a juíza federal substituta plantonista Isaura Cristina de Oliveira Leite mandou intimar formal e diretamente Jeceilde Dias e outras sete pessoas, deixando também avisadas a quem interessar possa, para não cometerem o despautério de tomar a ferrovia, paralisando as atividades da empresa. Jeceilde, aliás, é cunhada de Ailton de Souza Bispo, 42 anos, cujo corpo foi encontrado na última quarta-feira (4) com a parte da perna direita decepada no quilômetro 729 da EFC, conforme noticiado na penúltima edição deste CORREIO. Os rumores de invasão à ferrovia teriam surgido porque, de acordo com um pedido liminar ajuizado pela mineradora Vale, na classe de interdito proibitório, o analista de segurança da empresa, identificado no processo de ação possessória como Sérgio Albert de Almeida Arouca, informou ter recebido telefonema de Jeceilde, dando conta de ameaça de invasão e bloqueio da estrada de ferro brevemente. Seria uma grande mobilização popular em protesto contra a morte de Ailton. Sem demora, a Vale tomou providências: acionou a Justiça Federal e moveu ação contra ela, bem como contra Ângela Maria Rodrigues, Débora do Alzira Mutran, Eliete Pinheiro da Silva, Ezequiel Dias da Cunha, Itair Souza Dourado, Jeânia Lima, João de Paiva de Souza, todos réus no processo. Por meio do interdito proibitório liminar, concedido pela juíza Isaura Cristina, pretende-se que as pessoas citadas se abstenham “da prática de atos que possam dificultar, impedir, turbar ou esbulhar a posse exercida sobre a Estrada de Ferro Carajás”, explorada pela Vale em razão de concessão dada pela União. A magistrada, além de deferir a medida liminar requerida e intimar os réus, autorizou, por antecipação, requisição de reforço policial no local para executar sua ordem.
Fonte: http://www.ctonline.com.br/noticias_leitura.php?id=3434&id_caderno=1

FUNAI esclarece: a notícia do corpo queimado de uma criança indígena 'não passou de boato. Uma mentira'

Em nota de esclarecimento a FUNAI – Regional de Imperatriz veio a público, ontem, 08 de janeiro, esclarecer que matérias veiculadas nesses dias noticiando a morte de uma criança indígena Awá tendo o seu corpo queimado não passou de ‘um boato infundado. Uma mentira’. Uma produção irresponsável de órgãos de imprensa que não souberam ou não quiseram investigar e averiguar o fato. Nos dias de 06 a 8 desse enviou três funcionários daquela Regional para recolher informações in loco. Contatou o indígena Clóvis Guajajara que supostamente foi a principal testemunha, e a fonte da denúncia, –segundo vários relatos divulgados, – e este admitiu que ‘em momento algum viu um corpo queimado de uma criança, que não filmou nada, e que os Awá continuam perambulando nas proximidades da aldeia Vargem limpa, e que os madeireiros continuam no lugar de sempre’. A própria equipe da FUNAI flagrou a presença de um madeireiro dentro da T.I. Araribóia. O caminhão estava sendo dirigido por Neraldo Alves Machado filho de Alderina e Leontino Alves Machado reincidentes no roubo de madeira na terra indígena. Ele contava com o consentimento do indígena Evanildo Guajajara que fugiu ao perceber a presença do carro oficial da Funai. Este blogueiro já havia levantado uma série de dúvidas e reservas a respeito do que foi veiculado sobre o ‘acontecimento’, pois havia evidências de ‘contaminação’ e de manipulação (ver postagem do dia 7 de janeiro) e concluía dizendo: Não estranharia se mais uma vez se dissesse que foi uma lorota com objetivos desconhecidos. E mesmo que seja ninguém poderá minimizar o drama pelo qual estão passando os Awá-Guajá daquelas e de outras terras em que perambulam. Continuamente obrigados a se deslocarem do seu território para fugir de madeireiros, plantadores de eucalipto, criadores de bois e... de instituições omissas e de ‘presidentes da República’ que fingem que não estão vendo...Afinal, esses ‘restinhos étnicos’ são um estorvo ao desenvolvimento do Estado e da Nação Brasil!

sábado, 7 de janeiro de 2012

A dança das versões sobre a criança indígena queimada. Verdade ou não, o drama dos Awá é real !

Foi no dia 5 de janeiro que mediante o face book tomei conhecimento da notícia da morte horrível de uma criança indígena na região de Arame. Uma amiga me perguntava se sabia algo a respeito. Respondi que não, mas que iria fazer algumas ligações e averiguar. Imediatamente liguei para a Funai de Imperatriz e conversei com um funcionário que reputo sério e estranhou a informação, pois nunca tinha chegado àquela instituição algum tipo de denúncia desse feitio. Assegurou que iria atrás de informações e que me daria um retorno. Foi o que ocorreu. Pouco tempo depois, após ter feito várias ligações descobriu que se falava bastante nesse caso nas aldeias e em Arame, e me garantiu que no dia seguinte iriam mandar uma equipe para averiguar in loco o ocorrido. Acompanhando a cobertura da imprensa sobre o caso tem-se a clara impressão de que há um desencontro e um descompasso entre as várias matérias e versões que nos deixam atônitos. E que podem dar margem a graves dúvidas sobre a própria veridicidade do acontecimento. Disso tudo verifico que:
  • Uma das primeiras versões dizia até que ‘os madeireiros estavam tripudiando enquanto assistiam à criança ser consumida pelo fogo....’ Ora, nem sabemos se foram eles mesmos a fazer isso! Por que acrescentar esse detalhe fantasioso que poderia ‘contaminar’ o relato todo e jogar suspeitas sobre a gravidade do acontecido?
  • Outra versão dá conta de que ‘um índio Guajajara que costumava caçar por lá viu o corpinho e comunicou a outros que teriam tirado algumas fotos mediante aparelho de celular’. Essas imagens depois de 2 meses ainda não haviam chegado à sede da Funai de Imperatriz ou a qualquer delegacia para comprovar a existência do corpo queimado!?
  • Numa outra versão, se diz que a Funai, - mas não se diz se a de Brasília ou a de Imperatriz, teria recebido a denúncia sobre isso ainda em novembro. As duas sedes negam, mas agora, a de Brasília afirma que houve uma denúncia anônima à época, mas que não pediu averiguações (por ser anônima?) Acrescenta o jornalista de que o órgão federal daria até segunda próxima dia 9, o ‘laudo’. Laudo de que? O corpo continua lá, depois de dois meses?
Não estranharia se mais uma vez se dissesse que foi uma lorota com objetivos desconhecidos. E mesmo que seja ninguém poderá minimizar o drama pelo qual estão passando os Awá-Guajá daquelas e de outras terras em que perambulam. Continuamente obrigados a se deslocarem do seu território para fugir de madeireiros, plantadores de eucalipto, criadores de bois e... de instituições omissas e de ‘presidentes da República’ que fingem que não estão vendo...Afinal, esses ‘restinhos étnicos’ são um estorvo ao desenvolvimento do Estado e da Nação Brasil!

Morte de criança indígena repercute na imprensa e novos dados emergem

O corpo foi encontrado carbonizado em outubro do ano passado num acampamento abandonado pelos Awá isolados, a cerca de 20 quilômetros da aldeia Patizal do povo Tenetehara, região localizada no município de Arame (MA). A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi informada do episódio em novembro e nenhuma investigação do caso está em curso. As suspeitas dão conta de que um ataque tenha ocorrido entre setembro e outubro contra o acampamento dos indígenas isolados. Clovis Tenetehara costumava ver os Awá-Guajá isolados durante caçadas na mata. No entanto, deixou de encontrá-los logo que localizou um acampamento com sinais de incêndio e os restos mortais de uma criança. “Depois disso não foi mais visto o grupo isolado. Nesse período os madeireiros estavam lá. Eram muitos. Agora desapareceram. Não foram mais lá. Até para nós é perigoso andar, imagine para os isolados”, diz Luís Carlos Tenetehara, da aldeia Patizal. Os indígenas acreditam que o grupo isolado tenha se dispersado para outros pontos da Terra Indígena Araribóia temendo novos ataques. Conforme relatam os Tenetehara, nos últimos anos a ação de madeireiros na região tem feito com que os Awá isolados migrem do centro do território indígena para suas periferias, ficando cada vez mais expostos aos contatos violentos com a sociedade envolvente. Além disso, a floresta tem sido devastada pela retirada da madeira também colocando em risco a subsistência do grupo, essencialmente coletor. Estima-se que existam três grupos isolados na Terra Indígena Araribóia, num total de 60 indígenas. Os Tenetehara conservam relação amistosa e afastada com os isolados, pois dividem o mesmo território.
Denúncias antigas
“A situação é denunciada há muito tempo. Tem se tornado frequente a presença desses grupos de madeireiros colocando em risco os indígenas isolados. Nenhuma medida concreta foi tomada para proteger esses povos”, diz Rosimeire Diniz, coordenadora do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Maranhão. Para a missionária, confirmar a presença de isolados implica na tomada de medidas de proteção por parte das autoridades competentes. Rosimeire aponta a situação como de extrema gravidade e que não é possível continuar assistindo situações de violência relatadas por indígenas. Durante o ano passado, indígenas Awá-Guajá foram atacados por madeireiros enquanto retiravam mel dentro da terra indígena e os Tenetehara relatam a presença constante dos madeireiros, além de ameaças e ataques. “Não andamos livremente na mata que é nossa porque eles estão lá, retirando madeira e nos ameaçando”, encerra Luiz Carlos.
(A reportagem é de Renato Santana e publicado pelo sítio do Cimi, 06-01-2012)

Epifania: procurar e percorrer caminhos, mesmo nas noites sem estrelas

Procurar é preciso. Sempre. Procurar pessoas. Relações. Sonhos. Lembranças. Sentidos. Procurar caminhos, e ter coragem de percorrê-los. Mesmo que não tenhamos ‘estrelas’ apontando a direção. E quando tivermos a sensação (ilusão?) que encontramos aquele certo, e conquistarmos o que procurávamos, saber que novos caminhos se abrirão. Novos e inimagináveis horizontes se descortinarão diante de nós. E obrigar-nos-ão a procurar, novamente, tudo e todos. Dando a impressão que o que percorremos era um mero vaguear. E o que apertamos com tanto ciúme e apego em nossas mãos - como fruto maduro das nossas buscas, - nada era! Fazemos constantemente a experiência de nunca termos chegado plenamente. De nunca termos encontrado o que consciente ou inconscientemente procurávamos. Sentimentos de insatisfação e angustia nos invadem. E nos deixam inseguros. Com a sensação de fracasso a nos acompanhar o tempo todo. Às vezes, não possuindo mais na nossa bagagem a coragem para recomeçar tudo de novo....
...Mas estrelas sempre aparecem nas noites sem luar da nossa existência. De luz intensa, mas nem sempre visíveis à primeira vista. Não porque as nossas pupilas não tenham capacidade para tanto. Mas porque o coração nem sempre está capacitado para enxergá-las. Afinal, é ele que enxerga de verdade! E ele precisa ser educado a penetrar na escuridão e a vencê-la. E a se mexer autonomamente dentro dela. E perceber como também na ‘escuridão-angústia’ há ‘estrelas-esperanças’ brilhando. De intensidade estonteante...
Que nos lembram que a esperança é mais forte do que o desespero.
Que o amor compreensivo é mais forte do que o ódio e a intolerância.
Que a manjedoura de Belém é mais ‘influente’ do que o palácio ‘dos Herodes’.
Que a procura humilde de Deus – mesmo que não seja achado - é mais frutuosa do que as verdades absolutas dos sacerdotes do templo.
Que uma estrela que ‘caminha’ com quem anda nas noites da vida é mais luminosa do que as ‘estrelas’ espetaculares e estáticas de quem acha que nunca vai experimentar escuridão porque acha que tem luz própria.
Que é preciso mudar sempre o ‘caminho de volta’ toda vez que se percebe que ele não leva mais para a vida, mas para a violência e a eliminação da vida.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Aumenta a revolta contra o bárbaro crime que vitimou criança indígena

Está causando revolta nas redes sociais a denúncia do assassinato de uma criança indígena, da etnia Awa-Gwajá, que teria sido queimada por madeireiros na região da terra indígena de Araribóia, no município de Arame-MA. A denúncia foi feita por índios guajajaras à jornalista Alice Pires, da OAB, e a Gilderlan Rodrigues da Silva, do Conselho Indigenista Missionário – CIMI. Segundo Gilderlan, os guajajaras das aldeias Jititiua e Patisal, durante suas atividades de caça, já vinham travando algum contato com o grupo Awá que se encontrava acampado a cerca de 20 km da aldeia Patisal. Desde o final de setembro, entretanto, com a entrada de madeireiros na área do acampamento, surgiram relatos de conflitos e os Awá se retiraram da área. A morte do indígena teria acontecido neste período. O CIMI está buscando mais informações sobre o caso, inclusive um novo contato com o índio Clóvis Guajajara, liderança da aldeia Patisal, que teria visto o corpo e repassado a informação à organização, para fazer uma denúncia formal.

Por telefone, o chefe de posto da Funai em Amarante, Luís Carlos Guajajaras, também confirmou que vários indígenas da região estão relatando este caso, mas que ainda não pôde fazer uma visita ao local do acampamento, onde estaria o corpo carbonizado. “Como é uma região de conflitos, é bastante perigoso andar por lá”, explica. Segundo ele, os indígenas da região dizem que há restos humanos em uma coivara – fogueira feita com a madeira que será dispensada em uma ação de desmatamento –, mas não soube precisar se seriam de uma criança. Acredita-se que a morte tenha sido causada por madeireiros exatamente pela situação de conflito e pelo fato da possível vítima estar queimada em um resto de desmatamento. Mas não há confirmação das condições em que teria acontecido a morte.Não foi possível fazer contato com nenhum indígena da região que tenha visto o corpo. Há relatos de que os guajajaras que foram até o local do acampamento chegaram a fazer um vídeo do corpo, com um celular, mas o CIMI ainda está buscando essa gravação. Ninguém obteve relatos diretos dos Awá que pudessem esclarecer o que de fato aconteceu antes do grupo deixar o acampamento. “Pelas informações que recebemos, eles devem estar próximos à Lagoa Comprida, em Amarante, área mais protegida da ação dos madeireiros”, informa Gilderlan. O CIMI nacional deve emitir uma nota pedindo a apuração das denúncias. “O histórico de violência contra indígenas na região é grande e já foram feitas denúncias de situações diversas ao Ministério Público de Imperatriz e à Frente de Proteção Etnoambiental da Funai”, conclui Gilderlan. No momento, ainda não há investigações conduzidas pela Polícia, pois não há uma denúncia formal. É importante ressaltar que a Funai já tem conhecimento das denúncias desde novembro, mas não realizou nenhuma visita à área para confirmar a existência do corpo.
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Por Lissandra Leite, jornalista

Corpo de criança indígena é encontrado totalmente queimado na região de Arame

Um corpo completamente queimado de uma criança indígena foi encontrado dias atrás nas imediações da aldeia Vargem Limpa na Terra Indígena Arariboia, próxima de Arame, Maranhão. A suspeita é de que seja o corpo de uma criança indígena Awá-Guajá sendo que nenhum indígena Guajajara da região reivindicou o corpo. Pessoas da região levantam a hipótese que tenham sido madeireiros que extraem ilegalmente madeira na terra indígena a realizarem esse crime hediondo. Próximo do local onde foi encontrado o corpo inteiramente queimado da criança há, de fato, um acampamento de madeireiros. Funcionários da Funai de Imperatriz estão investigando o fato. A notícia ainda em ‘forma’ de boato havia sido divulgada por internautas ontem no Facebook após o recebimento de uma ligação por um deles. Acredita-se que após a denúncia á Funai haja uma investigação mais rigorosa para apurar responsabilidades. Vários depoimentos indígenas dão conta de que há bastante tempo pequenos grupos de Awá-Guajá sem contato perambulam pela terra indígena Araribóia. Isso vem incomodando grupos de madeireiros sem escrúpulos que gostariam de ver suas ações predatórias totalmente ‘ocultas’ e impunes.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Escritório da Rede Justiça nos Trilhos é arrombado em Açailândia. E se a moda pegar?

Nesta madrugada, 04 de janeiro, foi arrombado o escritório de assessoria e consultoria jurídica da ‘Rede Justiça nos Trilhos’, em Açailândia. Os invasores entraram pela porta dos fundos, espalharam documentos e objetos vários, mas estranhamente não levaram nada. Computador e impressora e outros objetos de um certo valor estavam no mesmo lugar de sempre.A hipótese mais realista é de que os anônimos quiseram intimidar a entidade, mostrando que eles têm força e que podem fazer o que querem. Uma espécie de intimidação. Outra hipótese é de que estavam à procura de algum documento que eles avaliavam importante. Mas na sede só há documentos públicos e notórios. Evidente que os que fizeram o serviço ‘sujo’ obedecem a ordens vindas de ‘setores importantes’ que se sentem incomodados com a atuação da Rede Justiça nos Trilhos. A diretoria da entidade já prestou denúncia e foi elaborado um boletim de ocorrência. Aguarda-se o resultado da investigação. Evidente que parecem ser ações orquestradas e padronizadas nesse Estado. Os arrombamentos de sedes de entidades ligadas às causas populares que aconteceram recentemente no Maranhão possuem as mesmas características. Recentemente, CPT e CIMI foram vítimas disso.