sexta-feira, 4 de julho de 2025

Número de mortos em Gaza é 65% maior que oficial, diz estudo

Pesquisa independente estimou 75 mil mortes diretas pela guerra entre outubro de 2023 até janeiro de 2025, cerca de 30 mil a mais do que a contagem oficial do Ministério da Saúde de Gaza.Com a entrada de jornalistas na Faixa de Gaza severamente restrita pelos israelenses, a fonte de dados sobre o número de vítimas da guerra costuma ser o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas – e Israel sempre rejeitou esses números, alegando que eles seriam exagerados.  

Agora, um estudo independente mostra que a contagem real de mortos é provavelmente ainda maior que os números oficiais. Uma pesquisa conduzida pelo economista Michael Spagat, do Royal Holloway College, da Universidade de Londres, estimou que, até o início de janeiro deste ano, mais de 80 mil palestinos haviam sido mortos na guerra de Israel em Gaza, 65% a mais do que os nomes que constam nas listas do Ministério da Saúde local. Para Spagat, especializado em guerras contemporâneas e na contagem de vítimas de conflitos, um dos aspectos importantes do seu trabalho é "lembrar-se de cada vítima". Que os nomes dos mortos estejam pelo menos escritos em listas, como o Ministério da Saúde de Gaza faz atualmente. Ele considera as listas oficiais "amplamente corretas" – mesmo que o ministério seja controlado pelo Hamas, classificado como uma organização terrorista pela União Europeia (UE), pelos Estados Unidos e outros países. "O Ministério da Saúde de Gaza lista os nomes dos mortos com seu número de identificação, idade e sexo. Isso pode ser facilmente verificado", afirma. (IHU)

Europa envia cães de ataque para Israel, que foram transformados em armas brutais contra civis: "Havia sangue por todo o chão"

Poucos segundos depois de os soldados entrarem na casa da família Hashash, no campo de refugiados de Balata, na Cisjordânia, os cães começaram o ataque. Certa manhã, em fevereiro de 2023, enquanto os militares invadiam seu bairro, Amani Hashash se lembra de ter entrado furtivamente em um quarto com seus quatro filhos. Ao ouvir os soldados israelenses entrando na casa, gritou para avisá-los de que eles estavam no quarto e não representavam nenhuma ameaça. A porta do quarto se abriu momentos depois, e um cachorro grande, sem focinheira, entrou correndo e investiu contra eles. Mordeu Ibrahim, de três anos, que dormia no colo da mãe. Hashash conta que fez o possível para afastar o animal, que sacudia e sacudia o menino, gritando e arrastando-o para fora do quarto. "Era o maior cachorro que eu já tinha visto", conta. "Ele não parava de morder meu filho e tentar empurrá-lo. Eu gritava e batia nele, mas ele continuava puxando-o". Ela conta que implorou aos soldados que parassem o animal, mas eles não conseguiram controlá-lo. Quando finalmente conseguiram levá-lo, Ibrahim estava inconsciente e sangrando profusamente. Os soldados injetaram sedativos nele e chamaram uma ambulância, que o levou ao hospital, onde foi submetido a uma cirurgia de emergência. "Quando vi seus ferimentos, fiquei angustiada, pois ele tinha muitos e profundos ferimentos", lembra Hashash. "Os médicos disseram que ele estava em estado crítico. Ele tinha um ferimento de seis centímetros e meio e outro de quatro centímetros. Eram tantos ferimentos que o cachorro não deixou nenhuma parte das costas de Ibrahim sem ser mordida", explica ela. O menino precisou de 42 pontos e 21 injeções para tratar uma infecção contraída das mordidas. Fotografias dos ferimentos sofridos no ataque, vistas pelo The Guardian e pela Arab Reporters for Investigative Journalism (ARIJ), mostram inúmeros ferimentos e marcas de mordidas.
As Forças de Defesa de Israel se recusaram a comentar o caso. O cão que atacou Ibrahim era provavelmente um pastor belga Malinois. Hashash identificou essa raça a partir de fotografias de diferentes variedades de cães usados ​​pelos militares. Originalmente usada para pastorear ovelhas, essa raça é agora amplamente utilizada pela Oketz, a unidade canina das Forças de Defesa de Israel. É altamente respeitada no país e muito temida nos territórios palestinos. Os comandantes da unidade Oketz explicaram no ano passado ao pesquisador americano de guerra urbana John Spencer, que participou de diversas operações com as IDF, que 99% dos aproximadamente 70 cães militares que o exército compra a cada ano vêm de empresas europeias, um número que as IDF não negou quando solicitadas a confirmar.