Faz parte da nossa existência sermos submetidos a muitas e diferentes provas. Ter que encarar e enfrentar desafios que exigem uma posição pessoal clara nos deixa angustiados, mas é algo que não podemos evitar. As tentações de que nos fala o evangelho de hoje são, na realidade, as provas que a vida apresenta a cada ser humano que opções permanentes. Lucas nos diz que Jesus cheio do Espírito é guiado por Ele (Espírito) ao deserto para ser ‘testado’. Esses testes, portanto fazem parte da pedagogia do Espírito para verificar se a pessoa está preparada para a missão! Lucas deixa claro que os 'testes' ocorrem ao longo da vida inteira, pois o número 40 simboliza uma geração inteira! ‘Diabo ou diabólico’ (do grego diabalein) significa ‘aquele de desarruma, que dispersa’. Dessa forma, cada um de nós faz a experiência de sentir dentro de si tendências contraditórias, centrífugas: aspiramos por algo considerado bonito, mas sentimos atração por algo contrário a isso. As três ‘tentações/testes’ a que Jesus foi submetido ao longo da vida inteira se resumem a uma: utilizar o seu poder religioso e político para possuir e dominar e não para partilhar e servir! Todo dia Jesus teve que lutar interiormente para não aderir à lógica diabólica de idolatrar as riquezas e o prestígio. Jesus superou tudo isso servindo os excluídos, o tempo todo, e partilhando tudo com os despossuídos.
Claudio Maranhão
foto: Claudio Bombieri -
sábado, 8 de março de 2025
Iº domingo de Quaresma – Não ter medo de sermos ‘testados’ e saber se temos estrutura para servir ou para dominar!
quarta-feira, 5 de março de 2025
QUARTA FEIRA DE CINZAS - AS CINZAS PRETAS DE MAIS DE 50 TONS QUE AMEAÇAM AS CRIATURAS!
As cinzas pretas que caem do plúmbeo céu de Piquiá e se depositam nas nossas casas, e são inaladas pelos pulmões de trabalhadores e seres humanos não são emanações divinas que nos lembram a nossa caducidade e finitude. Tampouco são um sinal de um retorno ao ‘Éden’ onde, lá sim, tudo era ‘muito bom’. As cinzas de mais de 50 tons que cobrem as nossas cabeças e os telhados e os quartos das nossas casas, sem muitas liturgias, aqui, em Piquiá, nos lembram que somos obrigados a viver numa permanente quarta-feira de cinzas. O nosso cantinho da criação parece estar destinado a virar pó pelas mãos emporcalhadas das ‘criaturas. Nós cristãos católicos, hoje, somos chamados a deixar de lado os decadentes devocionismos que a solenidade ‘da imposição das cinzas’ podem sugerir, e a reatualizar, definitivamente, o gesto inicial do Criador: assumir o compromisso de fazer novas todas as coisas e todas as criaturas insuflando um hálito novo em toda a criação! O novo 'sopro de vida' consiste em exigir que haja uma interrupção radical na emissão de ‘cinzas pretas’ sobre nós e reduzir os índices de poluição. E permitir que muitas criaturas possam ‘inspirar’ o Hálito Oxigenado Original do Criador! Só assim o gesto de hoje poderá ter sentido. Em nada adianta receber 'cinzas bentas' se não houver o compromissos de eliminar aquelas 'cinzas pretas' mortíferas que, fruto da ganância ilimitada e da irresponsabilidade social e ambiental, estão reduzindo os filhos do Pai Criador em ‘Adãos e Evas sem vida e sem alma’!
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
VIII domingo comum - Chega de palavras enganadoras! É preciso mostrar frutos concretos de humanidade e respeito!
É possível que as palavras possam camuflar e esconder o mau caráter de uma pessoa: seus sentimentos de ciúme, de ódio, de inveja, e até suas posturas arrogantes e prepotentes. Contudo, não dá para disfarçar a vida inteira. Mais cedo ou mais tarde, ela acaba despejando o que realmente está depositado no profundo do seu coração. Mais correto é sermos o que realmente somos, com as nossas contradições e fragilidades e, também, valores! É nesse sentido que Jesus nos alerta a não querermos ser ‘guias e fiscais’ dos outros, mas ajudar as pessoas a crescer e a caminhar de forma independente, pois existem supostos mestres que são, eles mesmos, cegos! De fato, há alguns mestres que movidos pela presunção e a hipocrisia são incapazes de ver suas próprias contradições/traves, mas são intransigentemente críticos dos microscópicos ‘ciscos/erros’ que existem nos outros. Para estes presunçosos é sempre o outro que está errado! São, afinal, os frutos concretos e valores reais como o respeito, os cuidados e a atenção para com os irmãos mais frágeis que nos definem, e não as nossas palavras artificialmente sedutoras. É preciso, portanto, na nossa realidade eclesial e social agir com atenção e discernimento, sem se deixar enganar por aqueles que dissociam com maestria suas palavras encantadoras, - aos ouvidos dos ingênuos e alienados, - de suas ações concretas carregadas de intolerância e de intransigência.
sábado, 22 de fevereiro de 2025
7º Domingo comum - Desconstruir os inimigos e os perseguidores amando-os!
‘Bem-aventurados sois vós quando os homens vos odiarem e expulsarem...‘nos dizia Jesus no texto de domingo passado. Agora, nos convida a amar justamente essas pessoas. Palavras surpreendentes que vão na contramão do que parece estar encravado na genética universal: o instinto de eliminar todos os que ameaçam a nossa existência e a nossa honra! Parece ser um atestado de passividade e de inércia diante dos prepotentes e violentos. Contudo, Jesus tinha diante de si o desafio de quebrar as lógicas perversas das relações de vingança e de intolerância para com os que não pertenciam à mesma ‘família’ e à mesma cultura. Era preciso interromper, de vez, de forma unilateral e soberana, a espiral do ódio e da destruição física e moral do ‘diferente’ em que a maioria dos seres humanos mergulha até hoje! Amar o inimigo que persegue e ameaça, porém, não é complacência e nem cumplicidade com seus abusos. Ao não revidar e ao não aceitar a sua mesma ‘lógica’ se pretende tornar sem efeito multiplicador o mal que ele faz! A falta de revide por parte da vítima que ‘ama’ o seu agressor, desmoraliza e desconstrói o seu ‘inimigo’ e esteriliza a sua sede de mais agressão e mais ódio! Uma lição de vida bem atual para as nossas conturbadas relações interpessoais e.... ‘internacionais’!
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
6º domingo comum - Feliz o discípulo que se coloca ao lado dos pobres para eliminar, com eles, fome e maldição!
Somos uma humanidade que vive e duela entre maldições e bençãos, entre vida e morte, guerra e paz. Cada um de nós é uma mistura de tudo isso. De um lado fazemos a experiência arrebatadora da ‘montanha’ onde o Divino nos motiva e fortalece para a missão, e do outro, somos arremessados na planície do cotidiano, nos conflitos e nas contradições da vida. Lucas nos informa que Jesus e seus discípulos ‘descem a montanha’ do abastecimento espiritual, místico, para enfrentar os conflitos da planície, da vida real. Ele nos diz que é nos duros confrontos do dia a dia que somos chamados a viver as ‘bem-aventuranças’. Estas são, com efeito, não um discurso ou sermão circunstancial, mas a síntese de toda a metodologia e ação missionária de Jesus. O Mestre louva os seus bem-aventurados discípulos porque aprenderam a sentir dentro de si os dramas dos pobres e a se colocarem ao seu lado de forma solidária e definitiva. A primeira bem-aventurança dirigida aos seus discípulos é a chave para entender o resto: a partir de hoje os famintos, os desesperados, os perseguidos e rejeitados pelo ódio poderão contar com ‘esses pobres bem-aventurados’ (os discípulos) que os ajudarão a se saciarem, a recuperarem a esperança, e a voltarem a crer na beleza da vida. Foi o que fez Jesus, é o que deveríamos fazer nós, hoje! Sejamos bem-aventuranças em ação para eliminar as maldições da ganância e da prepotência, do ódio e da mentira!
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Governo Federal deflagra ação conjunta para expulsar invasores na Terra Arariboia
O Governo Federal começa, nesta segunda-feira (10/2), uma nova operação de desintrusão de terra indígena. Desta vez, a operação vai expulsar criminosos da Terra Indígena Araribóia, no Maranhão. Este é o sétimo processo de desintrusão deflagrado durante a gestão do presidente Lula. Desde 2023, as terras Alto Rio Guamá – Pará; Apyterewa – Pará; Trincheira Bacajá – Pará; Karipuna – Rondônia; Munduruku – Pará; e Yanomami – Roraima (em execução) receberam a operação federal. A Terra Indígena Araribóia tem cerca de 413 mil hectares distribuídos entre os municípios maranhenses de Amarante, Bom Jesus das Selvas, Arame, Buriticupu, Santa Luzia e Grajaú. A homologação do território foi concedida aos povos Awá e Guajajara em 1990. Eles estão distribuídos em 150 aldeias e passam de 10.300 indígenas. A maior pressão externa sobre a Terra Araribóia é a extração ilegal de madeira, além da pecuária irregular e de conflitos fundiários. Outras ameaças a serem identificadas pela operação também serão alvo das forças federais. O objetivo é resguardar a vida dos indígenas e a proteção do território. Com essa operação de desintrusão o Governo Federal atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal, bem como a uma medida cautelar da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). As ações serão coordenadas pela Casa Civil e pelo Ministério dos Povos Indígenas e vão contar com a participação de mais de 20 órgãos federais, entre eles o Ministério da Justiça, o Ministério da Defesa, a Funai e a Abin. Agência Gov
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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
5º domingo comum - Jogar as redes para resgatar pessoas que estão afogando em águas profundas
Vivemos numa realidade tão bombardeada por discursos ‘contundentes’ e imagens ‘fortes’ que já não criam nenhum impacto emocional em nós. E, tampouco, mudam a nossa postura ética perante a vida. Criamos uma couraça impermeável de indiferença e de apatia. O evangelista Lucas traça para nós, hoje, qual foi a metodologia adotada por Jesus no ‘anúncio da palavra’ e, de consequência qual deveria ser a nossa estratégia hoje. Primeiro: sair, definitivamente, da sinagoga/igreja para irmos a beira-mar, ou seja, de um lugar fechado e exclusivo para poucos devotos, para um lugar aberto e plural, nas ruas e praças públicas. Segundo: abandonar o púlpito, a cátedra, o lugar de destaque e de dono da verdade para anunciar sentando junto às pessoas nos barcos da vida, em seu lugar de trabalho e de luta. Terceiro: é preciso lançar as redes e pescar/resgatar gente naquelas águas/situações turvas, inseguras e profundas da vida onde ninguém lança, e se afastar das cômodas águas rasas, claras, supostamente seguras, mas estéreis. Quarto: não utilizarmos o pretexto de que ‘somos pecadores e indignos’ para anunciar e salvar quantos estão sendo sufocados e engolidos pelas águas do desespero, da violência, da fome. Quem tem medo de sentir medo já se afogou!