sábado, 30 de junho de 2012

Censo religioso de 2010 aponta crescimento de vocações religiosas e sacerdotais. E a qualidade?

De acordo com o Censo Demográfico 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os católicos permanecem sendo maioria, embora haja uma maior diversidade religiosa da população brasileira. Os dados mostram que 64,6% da população professa a fé católica, havendo 72,2% de presença neste credo no Nordeste, 70,1% no Sul e 60,6% no Norte do país. A proporção de católicos foi maior entre as pessoas com mais de 40 anos, chegando a 75,2% no grupo com 80 anos ou mais. A análise mostra que outros 22,2% da população são compostos por evangélicos, 8% por pessoas que se declaram sem religião, 3% por outros credos e 2% por espíritas.O Censo Anual de 2010 realizado pelo Centro de Estatística e Investigações Sociais (CERIS) — entidade brasileira de pesquisa religiosa fundada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) — revelou uma “Igreja Viva”. É o que afirma a análise sociológica da evolução numérica da presença da Igreja no Brasil, feita pelo sociólogo Padre José Carlos Pereira, que também é colaborador do CERIS. De acordo com o sociólogo, os dados apontam para o aumento do número de paróquias e para a criação de novas dioceses, mostrando uma Igreja em constante crescimento: “Os teóricos da secularização dizem que a religião está fadada ao fracasso, mas o que vemos é o contrário, pois à medida que surge a necessidade da criação de mais paróquias e estas de serem setorizadas, ampliando, assim, o seu alcance, supõe-se que os resultados são de uma maior adesão religiosa, inclusive de pessoas afastadas”, especifica o texto.
O centro de estatísticas também apontou um crescimento considerável em relação às vocações sacerdotais e religiosas, confirmando no Brasil a tendência do aumento do número de sacerdotes diocesanos e religiosos no mundo — conforme divulgou o Setor Estatístico do Vaticano, na semana passada, ao afirmar que o número passou de 405 mil para 413 mil. Padres Em 2000 eram 16.772 padres. Em 2010 chegou a 22.119 padres. A distribuição de padres por habitantes é outro fator levantado pela pesquisa. Em 2000 havia pouco mais de 169 milhões de habitantes e para cada sacerdote eram 10.123,97 habitantes. Dez anos depois havia aproximadamente 190 milhões de habitantes e cada padre teria o número de 8.624,97 habitantes.(Fonte: CNBB)

São Pedro e São Paulo - Uma igreja com moral para denunciar e anunciar (Mt.16, 13-19)

Parece não haver mais profecias na terra. A Palavra emudeceu. Ela não parece mais iluminar os acontecimentos e as vicissitudes humanas sempre mais complexas e misteriosas. Parece não haver mais revelação aos corações endurecidos. Os humanos sempre mais fechados e surdos diante de um Deus cansado de não ser ouvido. Não há mais líderes na terra! Forças morais com quem se identificar, e nos sentir ‘um’ com eles. Não para que eles façam por nós, mas para que eles estejam ao nosso lado para construir e transformar. Para nos incentivar e socorrer. Para se alegrar e chorar conosco. Para consolar, mas também para nos questionar na hora de assumirmos posturas indivisualistas e anti-humanas. Estamos sozinhos no coração de um planeta à deriva. Tateando e tropeçando nos nossos interesses e mesquinhas ambições. Achando que será a realização das nossas cegas veleidades que nos fará sentir deuses onipotentes. Autônomos e emancipados de um Deus maior e mais humano do que nós. Que não queremos reconhecer, porque diferente demais de nós. Dos nossos projetos de grandeza e dos nossos princípios mutantes. Propomo-nos a ser pedras fundantes para outros humanos, sólidas, consistentes, proporcionando segurança e vontade de superação. Nem que seja somente para ‘os nossos’. Descobrimos que somos sim pedras, mas de escândalo. De tropeço. De destruição. De desespero. A nossa arrogância e o nosso ego estupidamente inflado desmoronam diante das desgraças sociais, ambientais e humanas que nós mesmos produzimos. E pior, sem assumirmos a responsabilidade para tanto. Longe de ser profeta da desgraça – ou do pessimismo nihilista, - impõe-se um redirecionamento radical nos nossos padrões éticos! A começar da igreja de Pedro-pedra! E de Paulo-missionário entre os ‘estrangeiros’ não judeus. Para que a igreja que se diz de Cristo não seja uma permanente negação da prática daquele anunciou sistematicamente a supremacia de Deus, e não dos ‘césares’! De um Deus não manipulável, entendido como pai amoroso e cheio de compaixão. Uma igreja despida de ‘status de estado’ e entendida como família que acolhe e protege as vítimas da brutalidade humana. Que tem moral para falar, anunciar e denunciar. E profetizar a vida nova que há de surgir. Porque não se enche da empáfia de quem se acha o único salvador universal. Porque no seu seio há pessoas que sabem amar de forma gratuita, sem trocas e interesses. Porque os seus filhos e filhas vivem a se identificarem com Aquele único e verdadeiro líder que veio para ‘servir e não para ser servido’.

As feridas abertas de Nova Friburgo (RJ)


Peço desculpa aos meus fiéis leitores pela ausência comunicativa. Os compromissos relacionados aos deveres do ofício levaram-me para direções plurais. Numa só viagem acabei conhecendo realidades extremamente variadas. Da cúpula do Rio+20 e seus desdobramentos às feridas abertas de Nova Friburgo a duas horas e meia do Rio de Janeiro, na serra carioca. Falo em feridas abertas, pois continuam visíveis não somente os desmoronamentos ocorridos na tragédia de 11 de janeiro de 2011 que vitimaram mais de 900 pessoas, mas também as feridas abertas da memória e da dor nos que ficaram. Naquela noite, as incessantes chuvas produziram em diferentes partes da cidade o desmoronamento de varias encostas daquelas sugestivas montanhas numa sucessão dramaticamente sincronizada. Vi prédios que ainda hoje expõem as consequências do cruel esquartejamento a que foram submetidos. Há trabalhadores tentando recompor as camadas superficiais do solo com capim e tentando ocultar aquelas encostas feridas que carregaram corpos nunca achados, e esperanças jamais realizadas. Aparentemente, nos rostos das pessoas a tragédia parece ter sido emotivamente superada, - talvez apostando na continuidade da vida e do cotidiano feito de trabalho e teimosia, - mas é suficiente citar o trágico ocorrido para compreender que as marcas continuam cristalizadas na memória. Como se isso não bastasse nesses dias o Ministério Público Federal pediu a condenação do vice-prefeito afastado e do ex-procurador-geral do município de Nova Friburgo justamente por desvio de verbas que haviam sido encaminhadas pelo governo federal para socorrer as vítimas e para tentar recuperar o que foi destruído. Talvez essa ferida seja a mais dificil de cicatrizar. Afinal, são as mesmas pessoas que criminosamente permitiram ocupações desordenadas do solo - e indiretamente se tornaram responsáveis pela desgraça ocorrida, - e são os mesmos que, posteriormente, tentaram especular financeira e politicamente sobre as vidas que se foram e outras que ficaram por sua causa. Imperdoável!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

RIO + 20 - Sociólogo afirma que ONU está à beira da falência

O sociólogo Liszt Vieira ao avaliar o Rio+ 20 declara que a cúpula foi um fracasso. E explica que o sistema de decisão adsotado pela ONU é baseado no consenso, e é difícil encontrar um consenso quando se envolve mais de 150 países: os interesses são diferentes, contraditórios. Esse sistema está falido, e a ONU está à beira da falência, por inoperância, falta de dinamismo interno para tomar decisões. Então, de antemão, já se sabia que a conferência poderia ser considerada um sucesso diplomático, mas um fracasso ambiental. Trata-se da crônica de um fracasso anunciado. Ele continua dizendo que o fracasso tem a ver com o sistema que foi adotado, o qual funcionou durante algum tempo, mas que, diante de grandes crises, fica paralisado. O caso é que a questão ambiental está se tornando uma grande crise ecológica, que aponta para uma crise de civilização. A ONU não consegue dar resposta a isso, porque seus encontros internacionais acabam aprovando documentos que são o mínimo denominador comum de 180 países, sempre muito aquém do que seria necessário. A grande derrota é a ONU estar impotente para enfrentar problemas. No caso da Rio+20 não tinha nenhum documento para assinar; eram apenas recomendações apontando caminhos, mas nenhum caminho foi apontado. Os chefes de Estado apenas reafirmaram o compromisso de 20 anos atrás, da Eco-92, mas nem todos os acordos foram reafirmados; alguns ficaram no limbo e não foram mencionados. Só quando estourar a crise econômica, social e política de forma mais aguda, decisões contundentes serão tomadas. Isso deve acontecer nos próximos 10 anos. Por outro lado, a consciência ambiental aumentou muito entre as novas gerações, e também nas empresas. Na Eco-92 havia só dois pólos: o governo e sociedade civil. Hoje muitas empresas já despertaram para a questão da sustentabilidade, porque irão perder produtividade e terão prejuízos se não se readaptarem. A comunidade científica também teve uma participação muito pequena na Eco-92, mas hoje está mais ativa e mobilizadora. Esses atores que surgem irão pressionar os governos para aumentar a velocidade e a qualidade das decisões. A ONU será obrigada a encontrar mecanismos de tomada de decisão que sejam mais adequadas à gravidade da questão, e levar em conta a pressão que estão sofrendo desses novos atores.

sábado, 23 de junho de 2012

João o Batista: na denúncia o anúncio de uma nova ordem!

Vivemos alimentando contínuas expectativas e sonhos. Buscamos e tentamos encontrar condições e realidades que satisfaçam o nosso desejo de felicidade, de justiça, de bem-viver. Apostamos em pessoas carismáticas e estruturas socio-políticas como instrumentos concretos para alcançar o que desejamos. Ninguém e nada parece estar em condições de realizar as nossa legítimas expectativas. Experimentamos, por isso, sentimentos de decepção, de indignação interior, e até de revolta. Sentimo-nos traídos. A nossa confiança em pessoas e estruturas fica profundamente abalada. A tentação é de não mais crer em ninguém. De não mais crer que os nossos sonhos e desejos possam historicamente se realizar. Experimentamos também a vontade de fugir, de nos esconder para não termos que encarar nossas angústias e decepções, e a nossa incapacidade de mudar. Às vezes, diante de situações-limites, de crise profunda, e diante da nossa descrença com relação à nossa capacidade de transformar o mundo em que vivemos, nos refugiamos num falso ‘deus’. Um ‘deus’ feito a nossa imagem e semelhança, que deveria realizar, magicamente, o que nós humanos não conseguimos. Aqui nasce a teocracia, um hipotético ‘governo de deus’. Os humanos decepcionam, traem as expectativas e a confiança que outros humanos depositam neles. Nessa ‘fuga teocrática’ só deus teria condições de realizar o que os humanos não conseguem realizar. Deus realizaria as expectativas com ou sem a colaboração dos humanos.

João o batista foi o profeta da crise. Que denunciou a crise e as suas causas. Ele não se limitou a descrever a crise que era evidente: desigualdade escandalosa, fome, dominação, corrupção, mas também aponta para a sua superação. Diante de um iminente fracasso social seja nas esferas governamentais como também na sociedade como um todo, João anuncia uma intervenção divina mediada pelos próprios humanos. Não convida as pessoas a se refugiarem num ‘deus’ que está para intervir de qualquer forma, mas a compreender que todos têm que mudar de atitude. Todos têm a responsabilidade de intervir nas causas de uma crise que é comum e afeta a todos. Ou seja, ao intervirem na realidade carregada de contradição as próprias pessoas, diretamente, são o instrumento de salvação divino-humana. Não é mais um ‘deus’ que governa sozinho e diretamente, mas um ‘Deus’ que age através de uma nova prática dos humanos. João, de fato, convidava as pessoas a assumirem um novo comportamento ético: ‘quem tem duas túnicas dê uma a quem não tem, e quem tem comida faça a mesma coisa’ Aos cobradores de impostos e aos policiais João dizia:’ Não cobrem mais daquilo que a lei manda, não pratiquem a corrupção e a extorsão, não prendam ninguém e não usem a violência...’ (Lc.3 ss.) A denúncia contundente e dura de João era acompanhada por um estilo de vida austero, despido de tudo. Atuava longe dos centros habitados, as cidades, e sim no deserto, o mesmo que, simbolicamente, se havia convertido o presente do próprio povo de Israel. O novo futuro devia ser preenchido por uma radical inversão de valores e atitudes. Valores que apontam para a defesa intransigente da justiça, de equidade, da integridade física e moral de todos os seres vivos. Jesus compreenderá que ao recolher essa mensagem-anúncio estará espalhando a Boa Nova em que Deus o Pai dos humanos quer construir com eles uma nova humanidade. Uma nova criação.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

RIO+20 - O Bem-Viver indígena ameaçado pela 'economia verde' !


A assembléia da ONU, um pouco mais longe da assembléia dos povos, está se concluindo sem muitos resultados. Se é verdade que não emergiram propostas inovadoras é bem verdade que algumas propostas impactantes chamaram a atenção dos presentes. É o caso, por exemplo, dos povos indígenas. Eles pedem, mais uma vez, a demarcação de seus territórios tradicionais e a sua proteção, a condenação dos assassinos de seus líderes, o respeito pelas diferentes cosmovisões dos povos, a defesa do Bem-viver como forma de viver em harmonia com a natureza. Para concluir a apresentação das propostas com a condenação do mercado do carbono e de todas aquelas leis que submetem os direitos indígenas ao grande capital, principalmente aquele que se apresenta disfarçado de 'economia verde', supostamente respeitosa do ambiente e da vida dos povos originários. O grupo que debatia esse tema concluiu que ‘a salvação do planeta é uma sabedoria ancestral dos povos indígenas’.

RIO+20 - No aterro do Flamengo o desafio de falar para a humanidade!


Aparentemente é uma Babel, mas é o aterro do Flamengo que hospeda os participantes da Cúpula dos Povos na Rio+20. Uma miríade de tendas espalhadas, coloridas, indicando os temas que eram debatidos pelos inscritos. No gramado exposições sem fim de artesanatos de todos os lugares. Ausentes, porém, os continentes da Ásia e África. Uma forte e incontestável presença de brasileir@s e latin@-american@s. E, dentro del@s, as onipresentes bandeiras do MST e Via Campesina. O tema geral é o desenvolvimento sustentável, mas há espaço para uma infinita gama de debates sobre as mais variadas realidades e temas. Há, por exemplo, a sofisticada tenda da VALE, com acesso restrito, com segurança particular, e com direito a cofee-breack...E há a tenda que debate a mineração e a energia. Aqui, se sobressaem os depoimentos que arrancam aplausos e lágrimas como o de uma ‘atingida da Vale’ de Piquiá de Baixo. Os dados e as informações técnicas deixaram lugar à narração das vítimas dos impactos de mineradoras e hidrelétricas. 
Há a elegante e suntuosa tenda que debate o perfil e a vida do personagem Daniele Mitterrand (esposa do ex-presidente da França, François Mitterrand), com a participação do Boff e outras estrelas, -com certeza muito bem gratificadas, - e a há simples modesta tenda da coordenação nacional dos catadores e recicladores de lixo. Também na 'Cúpula' contata-se o reflexo das desigualdades do cotidiano! A metodologia adotada pelos organizadores parece convincente: inicia-se com a análise-descrição dos diferentes e específicos problemas relacionados ao desenvolvimento sustentável, passa-se à indicação das 'falsas soluções', para, enfim, apontar propostas e pistas concretas. Ontem participei de uma das plenárias em que se expunham as diferentes soluções, devidamente fundidas e afuniladas. Mesmo assim, saiu uma lista sem fim de 'recomendações' para a sociedade e poderes públicos, mas sem indicar metodologias, prazos, estratégias. Nisso, também a 'Cúpula' parece não ter acrescentado algo inovador. Talvez não tenhamos que encontrar nisso o novo. Talvez o 'novo confirmado' esteja no fato que há ainda setores da humanidade que teimam em resistir, e se opõem às práticas dos chefes das nações cujas lógicas trilham outras ambições e outros interesses. Dominados e manipulados como são pelas grandes corporações, só se preocupam em 'reciclar a sua linguagem' falando em 'economia verde', mas aprofundando de forma impiedosa a prática arcaica, - mas eficiente, - de 'crescer' destruindo o 'verde' que para eles continua sinônimo de atraso. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Rio+20 - Para o teólogo Boff as propostas em debate podem provocar um cataclisma socioambiental

“As propostas em discussão não garantem o futuro e podem, inclusive, provocar um grande cataclisma social e ambiental”, disse em entrevista ao G1, após participar de uma mesa de debates no Fórum de Sustentabilidade Empresarial da Rio+20, organizado pelo Pacto Global das Nações Unidas, que acon-tece no Windsor Barra Hotel. “Os chefes de estado são reféns de um tipo de economia e de desenvol-vimento que já não está dando certo há muito tempo. Eles querem mais do mesmo, daí não vamos es-perar soluções”, afirmou Boff. “Somos vítimas de um fetiche que domina praticamente todos os do-cumentos oficiais, que é o tipo de crescimento econômico que queremos que seja sustentável, mas que degrada a natureza e cria grandes desigualdades sociais”, disse em sua participação no fórum, citando que o número de pessoas que passavam fome no mundo passou de 860 milhões em 2007 para 1,4 mi-lhão. “As soluções têm de vir da humanidade e das empresas que entendem que o processo de mudan-ça é importante”, afirmou. Na opinião dele, “para evitar uma catástrofe anunciada” é preciso revisar não só o modelo econômico como também promover e resgatar um modo de convivência mais solidária e cooperativa. “Esses valores têm de ser reconhecidos e incluídos no nosso projeto e, com eles, temos que ter as sinergias suficientes para transformarmos uma catástrofe anunciada numa crise de passagem rumo a uma sociedade onde é menos difícil o amor e mais fácil convivermos juntos”, completou.(Fonte: IHU)

sábado, 16 de junho de 2012

Semear para fazer germinar a grande árvore/reino para abrigar @s desamparad@s da vida (Mc. 4, 26-34)

No nosso cotidiano frequentemente tocamos com mão problemas e desafios que parecem instransponíveis e insolúveis. Sentimo-nos incapazes até de analisar o seu real tamanho. Sentimentos de impotência e de derrota parecem nos dominar antes mesmo de aceitar mergulhar nos desafios que nos angustiam. Perdemos lucidez e espírito de iniciativa. E de encontrar uma luz, um encaminhamento, uma tentativa da sua superação e solução. Achamos que qualquer iniciativa que tomarmos será sempre vã. Os desafios e problemas da vida parecem infinitamente maiores do que as nossas reais possibilidades de enfrentamento. Podemos também, positivamente, sonhar com uma realidade diferente da que temos. Almejar um futuro carregado de justiça, de direito, de paz, de respeito, de felicidade, mas nos sentimos tão pequenos e insignificantes para construí-lo. Nem chegamos a ensaiá-lo. Esquecemo-nos, no entanto, de inúmeras experiências em que pessoas, grupos, movimentos que enfrentaram ‘impérios políticos’ e ‘gigantes econômicos’, apostando em sua força de mobilização, acabaram obtendo resultados inesperados. Incomodando e aporrinhando, - mesmo com poucos meios e pessoas, - esses frágeis grupos humanos lograram condicionar a atuação de verdadeiras máquinas de destruição. Amenizando os efeitos de suas ações deletérias que pareciam destinadas, inicialmente, a prevalecer sobre tudo e todos. 
Jesus aceitou, desde o começo da sua missão, o ‘desafio de encarar os grandes desafios’ da vida, mesmo que aparecessem intransponíveis aos olhos de muitos. Jesus apostou não somente no seu poder de analisar, de planejar, de se articular e mobilizar, mas acreditou cegamente numa ‘força intrínseca’ à natureza, e ao ser/agir humano. Um poder invisível, mas real, produzido e coordenado por um Pai vigilante que caminha ao lado dos seus filh@s. Uma fé incondicionada de que o ‘impossível’ aos olhos humanos, pode se tornar historicamente realizável. Jesus deixa a entender que nós humanos ao nos deixar condicionar somente pela nossa fria racionalidade falhamos. Nem sempre o cálculo das determinantes e das condicionantes da vida nos permite operar aquelas transformações que desejamos. Há algo que sempre escapa ao nosso controle. E que não o prevemos. Mais do que isso. Jesus nos diz que o ‘impossível’ muitas vezes não ocorre justamente por sermos frios e calculistas bitolados. Achando que tudo depende exclusivamente de nós. Do nosso poder e capacidade de semear, plantar, fazer crescer, e cuidar. Jesus, ao contrário, nos incentiva a somente semear, pois a força divina fará germinar e crescer. Ao nos jogar corpo e alma nos desafios e problemas da vida, sem retroceder, ao acreditarmos que, apesar da nossa fragilidade e ‘insignificância’ podemos realizar ‘sonhos impossíveis’, o inesperado e o surpreendente vão acontecer. Será como uma enorme árvore/reino/espaço existencial semeada ou plantada por nós mesmos. Feita germinar e crescer por uma força invisível, quase oculta, mas conhecida pelo Pai. Uma árvore/reino/família tão grande que sob a sua sombra os desamparados da vida encontrarão abrigo. E em cujos galhos os perseguidos e oprimidos acharão proteção de quantos vivem a matar esperanças, ideais e sonhos de vida.

Cúpula dos povos no Rio+20 critica 'economia verde' e apela para a 'justiça socioambiental'

A Cúpula dos Povos é quase um movimento de protesto contra a Rio+20. Mas não para nisso. Ela propõe ‘soluções alternativas’ àquelas apresentadas pelas grandes potências. A conferência alternativa, que começou nesta sexta-feira (15/06) e reúne cerca de 30 mil pessoas no Rio de Janeiro, adverte: a crise ambiental não será resolvida nas bolsas de valores, com a transformação da natureza em bens que possam ser vendidos como commodities. O conceito de ‘economia verde’ das Nações Unidas se rendeu demais ao apelo do mercado e as corporações estão assumindo as rédeas, dizem os idealizadores do evento paralelo. "As grandes empresas estão aproveitando o momento de crise e procurando saídas meramente econômicas para uma questão que é muito mais complexa do que a economia", acusa Pedro Ivo Batista, da organização da Cúpula dos Povos. A Câmara Internacional do Comércio, que vai reunir empresas como Volkswagen, Vale e Alcoa num debate sobre o tema no âmbito da Rio+20, reagiu à acusação. A entidade vai lançar na ocasião um guia contendo dez princípios para nortear empresas a fazerem a transição para o modelo "verde". 
As organizações civis que participam do encontro, formadas por movimentos de mais de 50 países, defendem que a saída para crise ambiental inclui obrigatoriamente o respeito aos direitos dos povos tradicionais, ou seja, pela justiça sócio-ambiental. Transformar a natureza em uma mercadoria seria desobrigar os países desenvolvidos de reduzirem suas emissões de gases-estufa e de mudarem seu padrão de comportamento – baseado no alto consumo e com elevado desperdício. A lista de soluções proposta pela Cúpula dos Povos inclui a prática da economia solidária – um modelo baseado no cooperativismo para a produção de bens e serviços –, mais espaço para tecnologias sociais, como a construção de cisternas e projetos de manejo florestal sustentável, e fortalecimento dos movimentos sociais. Críticas também não faltam ao anfitrião. O Brasil, dizem, perdeu o protagonismo na discussão ambiental. As grandes hidrelétricas na Amazônia, a facilitação da liberação de projetos de mineração em terras indígenas, a política nuclear dúbia e o retrocesso nas leis ambientais tiraram o brilho do país. (Fonte: IHU)
   

Raoni e Megaron estão na Rio+20: mesmo 'pacificados' continuam lutando contra os abusos governamentais!

Raoni Metuktire e Megaron Txucarramãe, Kayapós de Mato Grosso, estão no Rio de Janeiro para participar do seminário Fundo Kayapó, um dos eventos paralelos da Rio+20.  Mais uma vez, falarão em defesa dos povos indígenas. Esta luta foi iniciada há mais de seis décadas, quando entraram em contato pela primeira vez com não índios, nos anos 1950.  Raoni e Megaron conheceram os irmãos Villas-Bôas na expedição que resultou, décadas depois, na criação do Parque Indígena do Xingu.  Eles aprenderam português com os Villas-Bôas, e passaram a atuar na defesa de direitos políticos e na demarcação de terras indígenas. Hoje, a principal causa da militância de Raoni e Megaron é o projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte.  ”Se eles não pararem a construção de Belo Monte, eu vou lá com meus guerreiros impedir a construção. Pode ser que o governo ataque a gente, atire contra a gente e mesmo mate a gente, mas eu vou lá com meus guerreiros impedir essa barragem”, afirma Raoni. E Megaron continua: ‘Se o povo todo fizer uma mudança de pensamento global, todos poderiam respeitar os povos indígenas, seus costumes e seu modo de vida.  Também o mundo todo precisaria mudar seu pensamento, para respeitar a natureza e o meio ambiente.  Essa mudança de atitude é fundamental, porque do jeito que está não sobrará nenhuma floresta verde no mundo.  Nós, nas Terras Indígenas, protegemos nossas florestas.  Se em outros lugares também respeitassem, seria muito bom para o planeta. As hidrelétricas na Amazônia não são uma energia limpa – é isso que dizem os cientistas, os ambientalistas, pessoas que detêm muito conhecimento. Agora o governo está indo contra a opinião de todos, de cientistas que dizem que os rios amazônicos não terão vazão suficiente para permitir hidrelétricas que gerem energia em quantidade satisfatória. Só que depende do governo parar Belo Monte, e o governo quer construir a qualquer preço. Isso porque tem muita gente que vai ganhar dinheiro com essas hidrelétricas’.


quinta-feira, 14 de junho de 2012

Açailândia e Santa Luzia do Tide campeãs de denúncias de trabalho escravo no Maranhão

Os municípios de Açailândia e Santa Luzia do Tide (ambos no oeste do Maranhão) são os campeões em denúncias de trabalho escravo no estado, segundo o relatório anual “Conflitos no Campo - Brasil 2011”, divulgado há pouco mais de uma semana pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). Açailândia aparece no relatório com cinco fazendas denunciadas e 39 trabalhadores envolvidos na denúncia, enquanto Santa Luzia registra quatro propriedades denunciadas e 49 trabalhadores envolvidos. As propriedades denunciadas em Açailândia, segundo a CPT, são Fazenda Paraíso/Santa Maria; Fazenda Barro Branco; Fazenda Boa Vista; Fazenda Maralina e Fazenda Novo Horizonte. Em Santa Luzia, aparecem no relatório da CPT as fazendas do Pedro Mídio (ou Antônio Emídio); Água Boa; do Antônio Rocha e Palmeiras. Além de Açailândia e Santa Luzia, também constam no item “trabalho escravo” do relatório da CPT de 2011 outros 10 municípios maranhenses. A CPT constatou que em 2011, 259 trabalhadores foram envolvidos nas 23 denúncias de trabalho escravo apuradas no Maranhão. Mais de 100 lavradores em condição análoga à escravidão foram libertados – entre eles, sete menores de 18 anos.(Fonte: CPT)

Igreja católica lança relatório anual da Violência contra os Povos Indígenas no Brasil: diminuem os assassinatos, mas piora a situação dos indígenas!

O número de índios assassinados em 2011 é o menor identificado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) desde 2005, quando foram registrados 43 casos, contra os 51 do ano passado. Desde 2008, o número se mantinha em 60 casos anuais. Embora a quantidade de mortes tenha ficado abaixo inclusive da média anual (55,8) calculada para o período entre os anos de 2003 e 2011, quando, ao todo, foram mortos 503 índios. De acordo com o relatório do organismo da igreja católica, divulgado hoje (13) houve uma piora em vários outros aspectos, por exemplo, nas tentativas de assassinatos e no número de suicídios e de índios que morreram por falta de assistência à saúde. Para o Cimi, os 30 casos de tentativa de assassinato contra 94 vítimas representam um “aumento assustador” se comparados às 18 ocorrências registradas em 2010. Entre os casos verificados no ano passado, 27 ocorreram em Mato Grosso do Sul, deixando um saldo de 85 vítimas. O Cimi também faz um alerta sobre os crescentes casos de suicídio. No total, o relatório identifica 26 casos de índios que tiraram a própria vida e mais oito que tentaram se matar. A maioria das vítimas é do sexo masculino, tem até 24 anos e usa cinto ou fio de náilon para se enforcar. “A estratégia governamental aponta para uma marcante retração do ritmo da demarcação de terras indígenas. Em 2011, presidente Dilma Rousseff homologou apenas três terras indígenas, o Ministério da Justiça declarou como tradicionais somente seis terras indígenas, e apenas nove terras foram identificadas e delimitadas pela Fundação Nacional do Índio [Funai]. Outro problema abordado diz respeito aos serviços de assistência à saúde indígena, como a falta de profissionais, de medicamentos, equipamentos, transporte e de assistência constante. Foram registradas 53 ocorrências de “desassistência na área de saúde”. O relatório também menciona as agressões sofridas pelas comunidades que tentam retomar suas terras e que, em função do consequente conflito fundiário, são “atacadas por agressores que disparam tiros, indiscriminadamente”. Os indicadores referentes a danos ambientais em terras indígenas também pioraram. Enquanto em 2010 o Cimi relatou 33 casos de invasões de propriedades indígenas e de exploração ilegal de recursos naturais, no ano passado foram 42 casos. (Por: Alex Rodrigues)

terça-feira, 12 de junho de 2012

Missionários Combonianos completam 60 anos em terra brasileira. Só cabe gratidão!

Há exatos 60 anos atrás os primeiros combonianos chegavam à pequena cidade de Balsas, sul do Maranhão. No dia 12 de junho de 1952, às vésperas da festa do padroeiro da cidade, Santo Antônio, os primeiros missionários, filhos de Daniel Comboni, eram recebidos com rojões, entre aclamações e gritos de alegria. Aquela chegada, naquele dia, representou uma feliz coincidência, como que a simbolizar a consagração de uma aliança esponsal com aquela comunidade eclesial. E, posteriormente, com toda a igreja – povo do Brasil. Hoje, profundamente mergulhados na cultura do provisório, do descartável e do transitório, os combonianos insistem em confirmar sua fidelidade e sua disposição em amar, zelar, cuidar de tantos homens e mulheres que têm visto nesses missionários um instrumento da compaixão e do amor do Pai. Em que pesem as normais fragilidades pessoais e institucionais, essas ‘bodas de diamante’ significam para os combonianos uma renovada disposição a servir, como outrora, ‘os mais abandonados e esquecidos desse mundo’. Não cabem nesses momentos auto-elogios e auto-exaltação e sim, autênticas manifestações de agradecimentos que brotam do mais profundo do coração de quantos têm servido como missionários nessa terra.
 
Agradecimentos a todos aqueles combonianos vivos e atuantes, e aos ‘ressuscitados’ no Pai, que com sacrifício, abnegação e espírito de adaptação souberam conviver, animar e colaborar com comunidades eclesiais, famílias e grupos humanos defendendo e promovendo a plenitude do direito e da vida.
Agradecimentos a tantos homens e mulheres dessa terra nordestina e brasileira que têm acolhido, cuidado, protegido e amado mais de 300 combonianos que aqui passaram ao longo desses 60 anos. Pessoas tão humanas que têm sido para esses missionários verdadeiros pais, irmãs e irmãs, de verdade. Sabendo compreender e relevar, - sem julgar ou condenar, - suas formas de ser que nem sempre eram condizentes com o jeito e a cultura local.
Agradecimentos a todas aquelas famílias que com verdadeiro espírito de desprendimento e solidariedade não somente têm apoiado as escolhas e opções dos combonianos, mas colocaram seus bens, seu tempo, e ofereceram suas orações para apoiar e sustentar uma missão que tem sido bem maior que os próprios ‘enviados’.
Agradecimentos, enfim, ao Deus da vida, pois se algo os combonianos têm semeado ao longo desses 60 anos foi a seiva divina do Espírito que fez germinar, crescer e frutificar fraternidade, esperança renovada e vontade de transformar.  

domingo, 10 de junho de 2012

Banco Central do Vaticano continua palco de guerra suja e de especulação financeira. Papas não intervêm!

Leio no ‘Corriere della sera’, um dos mais prestigiosos jornais italianos, que continua a guerra entre o atual diretor do IOR (Instituto Obras Religiosas), o banco central do Vaticano, e o anterior chefão, obrigado a se demitir algum tempo atrás. Um acusando o outro. Há investigações sendo realizadas pela magistratura italiana sobre irregularidades e contas clandestinas de políticos no banco central do vaticano. Essa história não é de hoje. Coincidentemente, estou a concluir, nesses dias, durante as minhas viagens de ônibus ao sul do Maranhão, o livro ‘Em nome de Deus’, de David Yallop. Resgata o contexto da morte do papa João Paulo I, o papa do ‘sorriso’, cardeal Albino Luciani, ocorrida em 1979, após 33 dias de pontificado. Descreve de forma bem documentada como já naquela época o IOR estava sendo utilizado por especuladores de todo tipo. Claramente, com a anuência do seu diretor que à época de João Paulo I era um bispo americano de nome Marcinkus. Um personagem mais próximo de Al Capone do que da igreja de Jesus! Este senhor era um velho conhecido do então patriarca de Veneza, Albino Luciani, posteriormente papa. Na época em que o Paulo VI era papa e Marcinkus dominava as finanças vaticanas sem informar o bispo de Veneza havia vendido o Banco Católico do Veneto, utilizado pela igreja de Veneza. Vendeu-o a dois dos piores fraudadores da história dos bancos italianos: Michele Sindona e Roberto Calvi.
Os três, todos católicos e com fortes ligações com o alto clero romano, formaram, por vários anos, uma verdadeira ‘associação criminosa’. Graças também às facilitações legais que o Banco Central do Vaticano gozava junto ao governo italiano, em virtude do ‘concordato’ (acordo entre Vaticano e Estado Italiano). O jornalista Yallop no seu livro afirma abertamente que o papa foi morto na noite seguinte ao anúncio de mudanças radicais na administração do banco central. O papa iria tirar não só o Marcinkus, como deu disposições para dar um novo perfil ao banco central. Com isso o IOR não iria mais investir em ações, por exemplos, de indústrias de preservativos ou de produção de armas....como vinha fazendo. A ausência de autópsia do cadáver, a ausência de uma certidão de óbito com a ‘causa mortis’, assinada por algum legista ou médico profissional, as inúmeras mentirinhas e versões divulgadas pelo então secretário de Estado, Cardeal Villot (um dos nomes inscritos na maçonaria da P2) e, não último, o sumiço do testamento do papa, além de outros papéis, indicariam para o autor do livro que não foi morte natural. Os Marcinkus, os Calvi, os Sindona de ontem e de hoje continuam duelando e matando ‘em nome de deus e da sua igreja’. Detalhe: o sucessor de João Paulo I manteve o bispo Marcinkus na chefia do banco central (IOR) até 1987. Nada leva a crer que o prelado tenha adotado uma inversão de conduta....Muito pelo contrário!

Foto abaixo: monsenhor Marcinkus

'Fora de si'...pelo Reino! (Mc.3,20-35)


Quem de nós nunca fez a experiência de se sentir interiormente dividido? De sentir um forte imperativo interior para agir numa determinada direção, mas tendo, simultaneamente, a percepção de que não temos forças suficientes? Ou sentir forças internas centrípetas que nos levam alhures? Sentimo-nos condicionados e, às vezes, até dominados pela nossa formação social, cultural e religiosa que consideramos obsoleta. Carregamos a pressão dos deveres que advêm dos afetos familiares. Achamos que eles estão acima de tudo. Até das nossas mais profundas convicções. Contudo, damos fé que chega uma hora em que não podemos mais conviver com os sentimentos de angústia e de mal-estar que brotam dessa divisão interior aparentemente insanável. É nessa hora que se dá a ruptura existencial. Somos solicitados a optar. A assumir uma determinada direção, mesmo que isso signifique romper com afetos, com posição social consolidada, com uma determinada imagem que outros ou nós mesmos construímos a nosso respeito.

O evangelho desse domingo relata as reações dos próprios familiares de Jesus diante das escolhas que Jesus acabava de fazer. Jesus acabava de superar a sua ‘divisão interior’, superando as tentações da falsa segurança que o poder oferece e se dedicando decididamente ao serviço do anúncio da realeza de Deus. Uma nova presença de Deus que se manifestava na compaixão para com os pobres e os ritualmente impuros. Isto significou para Jesus ter que romper com a sua comunidade e com a sua família. Afastar-se do seu povoado Nazaré e dos seus parentes e amigos próximos que não partilhavam a sua opção de vida considerada radical demais. Jesus, contudo, teve a coragem de deixar de ser definitivamente refém de diretas ou veladas chantagens emocionais e religiosas. Para se colocar ao lado dos excluídos e impuros da sua Galiléia. Isso significou para Jesus o início de uma série de insinuações e difamações a seu respeito: acusam-no de ser ‘louco’ e ser ‘possuído por um demônio’! Mesmo assim, Jesus sente-se apoiado pelo Pai e continua firme no seu projeto. Percebe que a partir da sua escolha em favor do Reino não poderá mais contar com a sua família de sangue. A partir dessa ruptura de afetos e proteção familiar Jesus terá que construir uma outra família. Mais ampla e mais sólida. Uma família construída a partir do ‘cumprimento da vontade do Pai’. Longe de demonizar ‘os seus parentes’, agora eles serão tais somente na medida em que entrarem na lógica do projeto do Pai assumido por Jesus. Assumindo suas escolhas e fazendo as suas mesmas opções. Só assim os familiares de Jesus poderão ser pai, mãe, irmãos, e primos dele. Porque ao fazerem assim o serão também para tantos pobres e excluídos. Os preferidos do Pai!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Festa do 'Corpus': no pão produzido e doado a 'fartura' do amor oblativo

Os leitores que me perdoem, mas re-proponho o texto que postei por ocasião da festa do Corpus do ano passado!
 
Debulhar o trigo, recolher cada bago do trigo, forjar do trigo o milagre do pão....’ O pão por si só é um milagre. O milagre começa quando o trigo semeado passa meses debaixo da terra fria e obscura. No isolamento e na solidão ele germina. Ao encher a espiga é recolhido, debulhado e triturado. Parece perder a sua identidade de trigo ao assumir a identidade de farinha, de pó branco. O milagre se torna mais surpreendente quando a farinha misturada com água e fermento e levada ao forno parece multiplicar exageradamente o seu volume, e se torna alimento inigualável. Espantoso, contudo, é quando o pão repartido se torna presença provocadora daquele que o doa. Quando um humano compreende que outros humanos não têm acesso a ele, e movido pela compaixão e pela justiça, o oferece aos famintos. Dessa forma, aquele que partilha e doa o pão está de algum modo presente naquele pão/gesto que ele mesmo doou. O pão oferecido/doado já não é uma mera mistura de vários ingredientes, mas um sinal/sacramento que aponta para uma presença. Uma presença que incomoda porque de um lado revela/denuncia a existência da fome, da negação do direito à vida, da injusta distribuição dos bens. E, do outro, sinaliza que a sua superação consiste no oferecimento gratuito, na doação e na partilha radical do pão. Algo que exige transformação de atitudes, de relações sociais e econômicas, afirmação de equidade. Ou seja, algo que não é simplesmente fruto da generosidade, da espontaneidade e da sensibilidade de uma ou outra pessoa, mas que exige um novo jeito de estar e de ser no mundo, na sociedade. O milagre se consumirá plenamente quando os próprios famintos ao matarem a sua fome – e, por sua vez, movidos pela compaixão, – repartirão o pão com outros famintos. E não permitirão que ninguém lhes seqüestre pão e futuro. Jesus de Nazaré antes de morrer promoveu e patrocinou um ‘banquete ideal’, mas real. Todos são chamados a participar dele, mas principalmente a construí-lo. A presença de Jesus doador no pão oferecido se mistura harmoniosamente com a daqueles que o recebem. Estes, por sua vez, re-criam a comunhão/presença com aqueles que nunca foram convidados a algum tipo de banquete para ...........'se fartar de pão’ ....e de amor!

Mais dos assaltos praticados por 'brancos' dentro da terra indígena Canabrava. Governos omissos!

Dois ônibus foram assaltados esta madrugada, às 4,00 h. no trecho que passa dentro da terra indígena Canabrava, entre Barra do Corda e Grajaú. Um dos ônibus era da empresa Açailândia que vinha de São Luís e ao chegar à reserva indígena já havia outro ônibus parado que acabava de ser assaltado. Dentro do ônibus vinha o pai do blogueiro Djacy Oliveira e um tio que contaram o ocorrido. Segundo eles, os 03 homens estavam armados com espingardas garruchas, e chegaram a espancar o motorista. Todo o dinheiro e pertences das mulheres e demais passageiros foram levados. Segundo eles apenas um era índio, e os outros dois eram brancos. Após o assalto, os ônibus foram liberados, e um deles encostou na DP de Grajaú para registrar o BO sobre o acontecido. Enquanto o governo não resolver o problema, os passageiros ficam sofrendo e correndo risco de vida. Não foram à toa as reivindicações dos indígenas sobre a criação de um posto da PRF no local, mas o governo até agora não atendeu. Enquanto não forem aceitas as reivindicações dos indígenas para limpar a terra indígena da bandidagem a onda de assaltos irá continuar....(Tirado do Blog ‘De olho em Grajaú)

No dia do meio-ambiente Dilma acena às populações indígenas com um tímido 'pacote'! Antes isso do que......

Terça feira, 05 de junho, Brasília. Apresentados pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, os atos presidenciais ocorrem logo após uma longa temporada de apatia e má vontade do atual governo quanto aos direitos dos povos indígenas, ausência de diálogo, um quadro caótico na saúde indígena, com mortes, protestos e ocupações dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI’s)...constrangimentos públicos do Palácio do Planalto envolvendo a homologação de terras já demarcadas. Em abril deste ano, Dilma mandou de volta para o Ministério da Justiça seis terras indígenas prontas para serem homologadas. A alegação é de que os processos não tinham passado pelo gabinete do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, que desfilou sua presença draconiana na cerimônia desta terça-feira. Outras quatro seguiram nas mãos da presidenta. Destas dez terras indígenas, Dilma homologou nos holofotes do Dia Mundial do Meio Ambiente apenas cinco: três no estado do Amazonas (Santa Cruz da Nova Aliança, Matintin e Tenharim Marmelos), uma no Pará (Xipaya) e uma no Acre (Riozinho do Alto Envira). Fechamos a conta de sete com outras duas terras no Amazonas (Lago do Marinheiro e Porto Limoeiro) - surpresas do tímido pacote. As outras cinco terras preteridas durante o ato ilegal de Dilma em devolvê-las ao Ministério da Justiça devem ser inundadas – ou desidratadas - pelas entrelinhas do desenvolvimento sustentável apregoado pelo governo federal: Rio Gregório, no Acre, Rio dos Índios, no Rio Grande do Sul, Taboca, no Amazonas, Cacique Fontoura, no Mato Grosso, e Toldo Imbu, em Santa Catarina. 
Em seu discurso, Dilma afirmou, mais uma vez, querer alinhar o crescimento do país com preservação do meio ambiente, incluindo as gentes que o compõe. No entanto, as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com destaque para as hidrelétricas, têm deixado um rastro de devastação, exploração sexual (inclusive infanto-juvenil), expulsão de comunidades tradicionais de seus territórios, não cumprimento da consulta prévia estipulada pela Convenção 169, situações análogas à escravidão, além de vidas destroçadas e remendadas pelo assistencialismo estatal. Nada disso é sustentável: o dito desenvolvimento parece ser obra de terror da pior qualidade. Os indígenas não deixaram de fazer críticas durante a cerimônia: em pronunciamento à presidenta, a representante dos indígenas, a maranhense Sônia Guajajara, pediu diálogo para Dilma, revelou as angústias vividas pelas comunidades, fez reivindicações, pediu comprometimento do governo contra a PEC 215 e o PL da mineração, bem como solicitou reunião de trabalho com a presidenta. O governo teve de ouvir a educada e mordaz fala da indígena. Agora, vamos aguardar os frutos....   

A obra de Durkheim 'As formas elementares da vida religiosa' completa 100 anos e UFMA promove um 'colóquio internacional'

A partir do dia 11 de junho, o Auditório Central da UFMA, São Luis, será palco de um evento raro e precioso. Será realizado um ‘Colóquio internacional’ por ocasião do aniversário dos 100 de publicação de ‘As formas elementares da vida religiosa’ de Émile Durkheim. A manifestação cultural contará com nomes consagrados da sociologia atual e, especificamente, de estudiosos da obra do sociólogo francês. A importância da teoria sociológica de Émile Durkheim é reconhecida tanto por seus admiradores e seguidores, como por seus críticos. Segundo o professor José Benevides, chefe do departamento de Sociologia e Antropologia da UFMA, ‘a publicação deste livro foi marcante no interior da sociologia durkheimiana e também no pensamento social moderno’. Segundo o professor, - que é um dos promotores do evento, - o livro Formas Elementares se constitui num momento de ruptura, que indicaria uma mudança de rota na medida em que o foco desloca-se da sociedade moderna para as primeiras formações humanas, e elege-se a religião como primeiro e principal processo de socialização. O professor Benevides cita alguns sociólogos sobre essa obra central de Durkheim: Bernard Lacroix e Philippe Steiner. O primeiro afirma que Durkheim teria abandonado suas preocupações com a chamada questão social, tema tão candente no início da IIIª República francesa. Já o segundo defende que, apesar da importância que passa a ser dada ao fenômeno religioso, esta obra não deixa de ser importante para Durkheim refletir sobre os problemas da vida social moderna. Segundo o sociólogo as formas sociais mais antigas ajudariam entender as recorrentes crises da sociedade moderna. Por outro lado, no plano mais geral, As Formas Elementares da Vida Religiosa é vista como um marco das Ciências Sociais. Para Levi-Strauss, por exemplo, mesmo não tendo o autor feito trabalho de campo, a obra trouxe uma contribuição inestimável aos estudos antropológicos e etnológicos. É esta complexidade que envolve e ressalta a importância d’As Formas Elementares da Vida Religiosa que, fazendo desta obra um clássico do pensamento social moderno, explica o que leva o Departamento de Sociologia e Antropologia e o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, da Universidade Federal do Maranhão, não deixarem passar em branco os cem anos de sua publicação. Além da celebração, a realização de um colóquio desta natureza contribui para mostrar que o livro de Durkheim é ainda alicerce de autores e de teorias sociais contemporâneas e para elucidar seus atuais limites e alcances.

PROGRAMAÇÃO

Dia 11 de Junho

Conferência de Abertura: As Formas Elementares da Vida Religiosa e as Ciências Sociais Contemporâneas. Conferencista: Renato Ortiz (UNICAMP) -Horário: 18hs -Local: Auditório Central

Dia 12 de Junho

- Conferência: Gênese e atualidade da noção durkheimiana de "efervescência" no estudo dos fatos religiosos -Conferencista: Marion Aubrée (EHESS/CRBC – Paris) -Horário: 14hs - Local: Auditório Central

- Conferência: Economia e Religião: duas faces da coesão social em Durkheim -Conferencista: Philippe Steiner (Sorbonne - Paris) -Horário: 18hs - Local: Auditório Central

Dia 13 de Junho

- Conferência: A relação entre o sagrado e a moralidade laica na teoria durkheimiana - Conferencista: Raquel Weiss (UFRGS) - Horário: 14hs - Local: Auditório Central

- Conferência: Sociologia da religião e sociologia do conhecimento n’As Formas Elementares da Vida Religiosa - Conferencista: Louis Pinto (EHESS – Paris) - Horário: 18hs -Local: Auditório Central

AS INSCRIÇÔES PODEM SER FEITAS NO PRÓPRIO LOCAL

terça-feira, 5 de junho de 2012

Dia do Meio-Ambiente: faz-se urgente uma inversão de projetos civilizatórios para salvar a Gaia-Terra!

1992, Rio de janeiro, Conferência Mundial sobre o Planeta Terra. As esperanças semeadas naquele encontro foram amargamente frustradas ao longo desses 20 anos. Hoje vivemos uma grave crise ecológica. As próprias conferências de Copenhague (2009), Cancun (2010) e Durban (2011) sobre o clima redundaram num fracasso inexplicável. Agora Rio para encontrar uma resposta. Contudo, fica difícil encontrar uma resposta adequada se não se consegue entender que por trás da crise ecológica existe uma crise antropológica. Profunda e aparentemente insanável. A mercantilização do humano que está acontecendo sob nossos olhares, - muitas vezes complacentes, - é um reflexo da mercantilização da própria Mãe Terra. Vivemos dentro de um sistema que possui como único escopo o lucro, e por causa disso reduzimos as pessoas como também o planeta a mercadoria vendável. O teólogo Thomas Berry afirma que a divisão mais significativa entre os seres humanos não está baseada na nacionalidade, na raça, na religião, e sim entre aqueles que se dedicam a explorar a Terra de forma deletéria, destruindo-a, e aqueles que se dedicam a preservar a Terra em todo o seu esplendor. E continua: ’Moralmente nós temos desenvolvido uma resposta ao suicídio e ao homicídio, mas agora temos que nos confrontar com o biocídio e o genocídio, o assassinato do planeta terra nas suas estruturas vitais e funcionais. O silêncio oficial sobre o que está ocorrendo em termos de destruição só se explica porque a grande mídia está nas mãos dos potentados econômico-financeiros amorais e aéticos. Um silêncio proposital e comprado. Faz-se urgente uma inversão de valores e de projetos civilizatórios se queremos que a Gaia-Terra sobreviva por algum tempo ainda! Feliz dia do ambiente! Feliz dia para aqueles que ainda amam a vida presente e futura, com dignidade e felicidade.(Fonte: www.comboniani.org )

Obrigado pelas 3.936 visitas no mês de maio!

Câncer no mundo poderá aumentar em 75% até 2010, mas nem tudo está perdido!

Um estudo publicado na última sexta-feira pelo jornal “The Lancet Oncology” trouxe dados pouco otimistas sobre uma das doenças mais temidas dos nossos tempos, o câncer. Até 2030, serão 75% a mais de casos da doença no mundo. As principais causas são fatores demográficos e estilos de vida. A afirmação é de um grupo de cientistas da IARC (Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer) que também constatou que, em 2008, o número de casos novos era de quase treze milhões. Mas o problema ainda poderá ser maior, já que esse número poderá chegar a 22 milhões até 2030. Ainda de acordo com a pesquisa, 90% desse aumento dar-se-á em países mais pobres. As nações menos desenvolvidas apresentaram maior incidência de câncer cervical, do esôfago, do estômago e do fígado. Dados de 2008 mostram que, em países em desenvolvimento, cânceres no esôfago, estômago e no fígado eram mais comuns. Já nos mais desenvolvidos, os casos mais numerosos são de mama, pulmões, intestino e próstata. Recentemente, contudo, houve uma queda em casos de câncer cervical e de estômago em ambos os grupos de países. Em diversas partes do mundo, tem ocorrido a diminuição nas taxas de câncer ligadas a infecções, porém, tem havido aumento de diagnósticos de câncer do colo do útero, no reto, na mama e na próstata. De acordo com os pesquisadores, isso se deve a uma dieta que chamaram de "ocidentalizada".
A boa notícia – finalmente uma! – é que esse número de aumento pode ser reduzido a partir de "intervenções específicas, tais como diagnóstico da doença nos estágios iniciais, além de realização de vacinação e programas de tratamento efetivos”. A publicação mostra ainda que uma rápida transição econômica em um país influencia nos tipos de câncer que se apresentarão naquela nação, reforçando a relação existente entre fatores sócio-econômicos e a doença.(Fonte: RV)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

El@s falaram...

Estou em Brasília há 30 anos, cheguei em 1982, no fim do regime militar. Mesmo assim, sobre o Congresso e os políticos, arriscaria-me a dizer: eram mais sérios, menos interessados em extrair vantagens nas funções que exerciam do que os políticos de hoje. Só piora. A política se tornou, para uma grande maioria, um meio de enriquecer. São muito poucos os que a exercem pensando numa arte em favor do bem comum, em favor da melhoria da condição de vida das pessoas. A grande maioria está aí para roubar, se possível, sem ser preso. E, eventualmente, se valer a pena e o roubo for grande, até se arriscando a ser preso” – Ricardo Noblat, jornalista – Zero Hora, 02-06-2012......APOIADO!!!!!!!!

Quando um magistrado da Corte Suprema bate boca, o Estado de Direito bate os dentes” – Eugênio Bucci, professor da USP e da ESPM – O Estado de S. Paulo, 31-05-2012......APOIADO!!!!!!!!!!!!!

A anomalia reside no papel dúbio de Márcio Thomaz Bastos. Lidera a polícia para, mais tarde, socorrer os incriminados. Numa hora, age para recuperar o dinheiro pilhado do governo; noutra, é a pessoa a receber parte dele na forma de honorários (só de Cachoeira, serão R$ 15 milhões)” – Melchiades Filho, jornalista – Folha de S. Paulo, 28-05-2012.....O famoso advogado diz que não faz julgamento moral...eu faço o econômico!

"Fernando (Collor) foi o grande amor da minha vida e também a minha grande decepção....Levava vida de rainha. De uma hora pra outra perdi tudo. Não tenho 10% do que eu tinha. Tive que cortar viagens, roupas de grifes, 90% dos supérfluos"” – Rosane Collor, ex-primeira dama – Folha de S. Paulo, 27-05-2012....Tadinha dela!!!!!!!!!!!!!

Xuxa, que se conecta com crianças, ajudou-as e a seus pais ao falar de forma tão pessoal de um tema tabu. Haja vista que as denúncias cresceram 30% após seu depoimento. Mas será pouco o ganho se a criança não tiver para quem apelar” – Marta Suplicy, senadora – PT-SP – Folha de S. Paulo, 26-05-2012........APOIADA!!!!!!!
 (Fonte: IHU)

sábado, 2 de junho de 2012

Os 'Ficha suja' se organizam, pressionam e agridem. CNBB reage!

Em audiência Pública, realizada na última terça-feira, 29 de maio, promovida pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania na Câmara Federal, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, por meio de seu representante, Dr. Marcelo Lavenère, manifestou-se contrária ao Projeto de Lei do deputado Silvio Costa (PTB-PE) que pretende alterar a conhecida Lei da Ficha Limpa. O Projeto estabelece que o governador, o prefeito ou servidor público que tiver suas contas rejeitadas por improbidade administrativa, em decisão irrecorrível de um Tribunal de Contas, só se tornará inelegível depois que a decisão for confirmada em sentença definitiva de órgão judicial colegiado. Durante a discussão, Dr. Lavenère, representante da CNBB e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), organismo vinculado à Conferência, foi tratado de forma deselegante e ofensiva pelo deputado Silvio Costa. Em carta enviada pelo Secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, ao senhor Presidente da Câmara Federal, deputado Marco Maia (PT-SP), a CNBB manifesta a estranheza com o comportamento dispensado pelo deputado ao enviado da CNBB e afirma que “ao ofendê-lo, o deputado também ofendeu à CNBB a quem o eminente advogado representava na ocasião”. Na mesma carta, Dom Leonardo Steiner reafirma ao presidente da Câmara que “o Projeto afronta a moralidade pública e vai na contramão do anseio popular que consagrou a Ficha Limpa com quase 2 milhões de assinaturas”.  E ressalta que “a aprovação desse PL, caso ocorra, desfigurará a Ficha Limpa num dos seus pontos essenciais e contrariará a soberania popular que anseia por homens probos na administração pública”. (Fonte: IHU)

Festa da Trindade divina - o Deus invisível, não criado, sentido e manifestado pelo 'humano' Jesus de Nazaré!

Se tivéssemos que analisar historicamente a evolução do dogma da Santíssima Trindade ficaríamos um tanto perplexos. Expressões e formulações estranhas que mais cheiram a combinações filosóficas abstratas que a afirmações de fé que mexem com a nossa vida e com a nossa convicção de que o Deus de Jesus Cristo está conosco o tempo todo. A preocupação político-teológica da cúpula eclesial da época era a de salvaguardar de um lado o monoteísmo, a existência de um Deus somente. Mas, do outro, reconhecer a existência do Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo (mais duas pessoas, portanto) atribuindo-lhes, contudo, a mesma natureza divina e não criada do Pai. Essas tentativas um tanto artificiais de ajustar e combinar conceitualmente natureza-pessoas-unicidade-divindade levaram os fiéis a não se preocupar em compreender o papel do Deus de Jesus Cristo na vida das pessoas, e das suas implicações concretas. Afinal, em que adiantaria reconhecer ou negar a existências de Deus, a sua eternidade e unicidade se não temos noção das exigências éticas que essa fé nele comporta? O que mudaria num plano real e concreto da nossa vida crer ‘num só Deus, no seu Filho Jesus Cristo, gerado, mas não criado e da mesma substância do Pai.....’se não temos noção da identidade e da missão desse Deus na nossa história pessoal e comunitária? Mais: como podemos ter noção de tudo isso se Deus é por excelência ‘o totalmente outro’, o ‘inefável’, o ‘invisível, Aquele que não pode ser visto, nem definido e catalogado’? Poderíamos afirmar que nem tudo o que não é visto inexiste, e nem tudo o que é ‘sentido e percebido’ no nível pessoal tem consistência histórica, real e objetiva. Poderíamos também apelar para a perfeita disposição e coordenação do universo e ver nele a ‘mão inteligente’ do grande Arquiteto, mas isso pouco acrescentaria sobre a sua identidade, e pouco nos diria sobre ‘o que temos que fazer’ para sermos mais humanos e divinos a partir da Sua existência. Tampouco podemos impor autoritariamente, como aconteceu sistematicamente, como ‘dogma incontestável’ algo que deveria brotar das entranhas e das aspirações divino-humanas mais profundas. Ou nos esconder covardemente por trás da justificativa de que a realidade trinitária é ‘mistério inefável’, - que é por sua natureza incognoscível, - e exigir uma aceitação submissa a fórmulas e a hierarquias, fazendo com que se renuncie à autonomia da inteligência e da liberdade....

A realidade trinitária é, no fundo, uma questão de ‘sentidos e de opções e exigências éticas’. Pelo menos para nós cristãos. Nós que afirmamos e acreditamos que Jesus de Nazaré revelou historicamente ‘o rosto-natureza’ do Pai/Mãe gerador de vida e de energia vital temos a obrigação moral de seguir coerentemente as suas opções éticas de construir paz, justiça e bem-estar para todos os seres vivos. É nisso que nós também podemos revelar ‘o Deus invisível, incognoscível, eterno e único’! Não, porém, um deus genérico, impessoal, uma espécie de ‘energia cósmica pré-existente e informe’ que permeia um universo também incognoscível, mas um Deus-Ser, que pode ser sentido e percebido, carregado de valores humanos e, por isso mesmo, divinos. Um Deus que assume o rosto-natureza daquel@s que mesmo não O vendo anunciam e reproduzem o seu ‘amor infinito’. O mesmo amor que deu origem e que alimenta um universo que aspira e inspira continuamente a Sua presença.