Quem nunca se perguntou sobre o porquê do sofrimento, do abandono, da doença, da exclusão? Quem, cegado pela dor, nunca achou que essa vida tinha perdido o seu sentido? Quem, na nossa incapacidade de responder a muitas dessas perguntas, nunca achou que Deus podia estar por trás de tudo isso? Que Ele seria o autor e o causador de tudo, inclusive do nosso aniquilamento humano e espiritual?Se assim fosse, em quem poderíamos encontrar consolo e sentido para tantas experiências de ‘não sentido’? O evangelho hodierno tenta dar algumas pistas e, sobretudo, excluir de vez tantas respostas existenciais que levaram pessoas a amaldiçoar a vida e a negar a existência de Deus. Jesus inicia agradecendo a deus por Ele revelar ‘essas coisas’ aos pequenos e simples e escondê-las aos ‘sábios e inteligentes’. Parece até que haja incompatibilidade entre simplicidade e inteligência. Na realidade Jesus afirma que aqueles que tentam ‘explicar’ com a sua própria ‘sabedoria’ os insondáveis mistérios da existência humana, inclusive a dor e o sofrimento, são incapazes de ‘compreender’ os sinais de vida nova que Deus manifesta, constantemente, através de Jesus. É claro que aqui, para Jesus, ‘sabedoria e inteligência’ são sinônimos de ‘auto-suficiência e arrogância’. Pessoas que não admitem que Deus possa produzir em seus filhos e filhas ‘novas criações’ renovando e transformando sua realidade dando sentido ao seu viver e, sobretudo, ao seu sofrer. Que não é Deus que origina o sofrimento humano fica claro para Jesus em várias circunstâncias. ‘Essas coisas (doenças) acontecem para que se manifeste a glória de Deus’, - e não expressão da sua vingança e punição, - parece ser um refrão constante na prática de Jesus. Jesus, de fato, tendo consciência disso, convida de forma explícita todos os sofredores, todos aqueles que não têm respostas à sua dor, a assumir com confiança esse ‘fardo e jugo’ que Jesus propõe, pois ele é ‘leve e esperançoso’. Nesse sentido Jesus não elimina a dor e nem o sofrimento, mas lhes dá sentido. Melhor dito, ajuda as pessoas a compreender que aquele sofrimento não só não é imposição divina, e nem uma carga pesada insuportável e desesperadora, mas uma oportunidade para experimentar consolo e esperança. Ou seja, aquela vida nova que, paradoxalmente, brota da dor e do sofrimento.
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