‘Não tive o abraço dos meus três meninos nessa noite de Natal. Eles estão em alguma casa dessa cidade que nem eu mesma sei. A justiça, a vara da infância, os tirou de mim porque sou dependente de drogas e portadora de HIV. Dizem que não tenho condições de ser mãe, e nem de cuidar deles. Mas eu sinto falta deles. Não tive colo nessa noite de Natal. Senti-me só. Senti-me uma merda. Olho para o espelho e vejo o meu rosto magro encavado consumido pelas drogas. Tentei várias vezes me sair dessa, mas não consigo. Vocês falam de um Natal que eu não conheço: presentes, ceia com peru, papai Noel, missa do galo....Eu queria tanto que alguém se lembrasse de mim, e me olhasse com carinho. Só encontro aproveitadores. Sou humilhada o tempo todo. Não quero presente, não. Não quero a compaixão de ninguém. Sei que errei, sei que não sou limpa, mas continuo gente. Sinto que continuo sendo filha de Deus. Será que vocês - que parecem ter jeito de gente - não podem se lembrar que eu também sou gente, e que tenho sentimentos de gente? Pô, eu queria tanto dar um cheiro nos meus pequenos, mas ninguém me diz onde estão... Espero que pelo menos eles, nesses dias, tenham visto o papai Noel. Que algum cristão tenha dado aquele cheiro que não consegui dar.’ (A.S.R. 26 anos – São Luis)
Nenhum comentário:
Postar um comentário