Morreu Maria. Ontem, de madrugada. Aqui, na capital dos amores e dos sobradões. No enterro só 11 pessoas. E foi graças a estas que não foi enterrada como indigente. Nenhum membro da sua família de sangue apareceu, mesmo sabendo do seu falecimento. Comenta-se que o medo de contrair o vírus do HIV de que Maria era portadora inibiu a sua participação. Maria, após longos e sofridos 8 dias de agonia foi vencida pela morte, acolhida, porém, como libertação. E como um inédito e desejado estado de liberdade e paz que Maria nunca havia experimentado quando viva. Maria vivia perambulando no centro de São Luis, no denominado Reviver. Viciada em drogas, cedia o seu corpo a quem lhe oferecesse um trocado. Mãe de vários filhos (de diferentes procriadores), todos eles lhes foram ‘sequestrados’ pela Justiça, e entregues a quem se dispunha a lhes dar a proteção que Maria não conseguia, e não podia dar. Sempre chorava copiosamente essas decisões judiciais, afinal ela os amava, mesmo que de um jeito nada convencional. Em diferentes ocasiões Maria tentou sair dessa vida em que foi brutalmente jogada, após ter sido estuprada aos 14 anos de idade, pelo próprio avô. Condenada por muitos, rejeitada pela mãe, pelas irmãs e amigas, encontrou em algumas pessoas que não eram ‘parentes’ uma acolhida e um lar que nem ela imaginava ser possível. Era tarde demais! A dependência das drogas era tão forte que toda vez que tentava se sair recaía de forma sempre mais dramática. Maria optou pelo suicídio. Livre, agora, de tantos fantasmas reais e imaginários que lhe apareciam de dia e de noite atormentando a alma, o sono, o sonho. Optou pela morte para, finalmente, poder ....viver!
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