Não podemos negar que temos muitos casos
de irmãos nossos que em nome de um chamado divino frequentam uma igreja,
participam de pastorais, leem a bíblia, assumem responsabilidades e ministérios,
mas sua motivação real é a procura doentia do reconhecimento público. É a
possibilidade de ser notado. É a chance de controlar e mandar nas pessoas. Às
vezes ‘a pessoa chamada’ nem dá fé dessas suas atitudes. Parece algo natural. É
o seu jeito de ser, e nem toma consciência. Muitas vezes nem reflete e nem se
avalia sobre determinados comportamentos. O evangelho de hoje se torna mais claro
se o lemos nessa ótica. Ou seja, o que nos move de fato nas nossas ações
pastorais e religiosas? O que procuramos realmente quando nos inserimos numa
pastoral ou frequentamos uma igreja? È fazer crescer em humanidade e sensibilidade as pessoas às quais nos sentimos chamados a servir, ou queremos
acumular nosso poder pessoal de influência sobre elas? O evangelho de João não
fica só relatando a crônica do chamado feito por Jesus a alguns discípulos. Afinal,
nem de crônica histórica se trata! É mais bem uma apresentação de um esquema
para que os membros da sua comunidade cristã possam se avaliar constantemente em
suas reais motivações em seu compromisso de seguir as opções de Jesus de Nazaré.
Vejamos alguns pontos: 1. João Batista compreende que chegou a sua hora de
deixar espaço para que o ‘Cordeiro de Deus’ cresça. Perguntemo-nos: na nossa
comunidade sabemos compreender quando chega a nossa vez de valorizar e apoiar
outras pessoas que querem anunciar e testemunhar Jesus, ou queremos ser sempre
nós os protagonistas? 2. Jesus não acolhe ingenuamente um ou outro candidato a
discípulo. Ele questiona sobre suas reais intenções e aspirações: ‘a quem
procurais’? Perguntemo-nos: estamos atrás de quem ou de que no nosso serviço
evangélico e pastoral na nossa comunidade? É o poder, a visibilidade, os cargos,
os interesses mesquinhos, ou é a intenção sincera de acolher, de colaborar, de proteger,
de ajudar, fraternal e gratuitamente? 3. Jesus antes de enviar os seus discípulos
lhes pede um estágio: ‘Vinde ver, e permaneçam comigo’. Só depois eles vão ver,
de forma livre, se eles têm estrutura e motivação profunda para seguir o mestre!
Nas nossas comunidades nós também somos convocados a exercer o discernimento
franco e aberto, analisar e reconhecer qualidades, motivações, aspirações,
juntamente com estilos de comportamento próprio das pessoas que se sentem
chamadas a coordenar e servir na comunidade. A humildade, a capacidade de
dialogar e escutar, a gratuidade e a atenção às pessoas, - sejam elas quem forem,
- são os sinais visíveis, que o ‘chamado’ não foi algo subjetivo e fruto da
nossa emotividade pessoal, mas uma vocação que veio do alto, do coração de Deus!
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