Os madeireiros são uma categoria que não consegue se reciclar e se adaptar às novas exigências legais e às novas sensibilidades ambientais. Eles continuam mantendo a mesma e arcaica ambição de sempre. A fixação deles é madeira, legal ou ilegal, ‘madeira de lei ou não‘, e a qualquer preço. Suas ambições, afinal, contam com a proteção de uma vasta rede de instituições, e personagens da política formal, seja a nível local bem como nos altos escalões do estado e da federação. A última vítima oficial no nosso Estado, sacrificada nos altares da ganância e da truculência madeireira foi Raimundo dos Santos, conselheiro da Reserva biológica do Gurupi (Rebio), morto algumas semanas atrás por dois pistoleiros no município de Bom Jardim. A desfaçatez e a ousadia com que madeireiros e companhia agem são tamanhas que continuam, - mesmo após o homicídio do conselheiro, - a ameaçar, velada ou explicitamente, outros conselheiros da Rebio, e até inteiras comunidades rurais que se colocam no meio de seus interesses comerciais. Hoje podemos ter uma lista formal dos que estão ‘marcados para morrer’! Os madeireiros e sócios não temem repressão nem punição. Sabem que a maré joga em seu favor.
As perguntas centrais são: quem dá garantias de vida e de proteção para esses cidadãos que permanecem e trabalham a terra que colaboram com a justiça e denunciam os criminosos? Quem tem o dever de por fim a tamanha arbitrariedade e arrestar definitivamente esta espiral violenta que vem se arrastando há décadas? Quem tem obrigações legais de encontrar terras seguras e legais para as 33 famílias de Brejinho e Rio da onça, por exemplo, no município de Buriticupu, já que não podem mais permanecer nas terras que ocupam por sofrerem todo tipo de ameaça por parte de madeireiros e seus asseclas? Quem tem o dever legal e moral de investigar, por exemplo, a ‘legalidade’ das licenças outorgadas recentemente pela SEMA (Secretaria Estadual do Meio Ambiente) a 7 serrarias situadas em Buriticupu verificando a origem da madeira que acolá chega? A quem compete marcar presença institucional na ‘terra sem lei e sem estado’ em que se transformou a região de Buriticupu e o interior de Bom Jardim? Tem-se a impressão que este governo ainda não disse a que veio em relação a essas questões graves e paradigmáticas. Tem-se a clara percepção de que o ‘condomínio partidário’, a atual coalizão que governa o Estado, não pode sofrer arranhões ou, pior, ser desfeita, só porque ‘alguns’ deputados estaduais, federais, prefeitos e vereadores’ da região estão direta ou indiretamente envolvidos no tráfico de madeira e de outros negócios escusos. É bom lembrar, contudo, que o que está em jogo não é o futuro de um governo, mas a vida biológica de centenas de famílias, e a chance única de ‘democratizar’ definitivamente um Estado que ainda parece estar sob o domínio da lei segundo a qual ‘o homem é lobo do próprio homem’, ou dito de outra forma ‘homo homins lupus’!
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