Cansados de esperar pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), os índios Krenyê, no Maranhão, ocuparam nessa sexta-feira, dia 23 de fevereiro, cerca de 8 mil hectares localizados no município de Tuntum. A terra é pleiteada pelos indígenas desde o ano passado, quando foi concluída a vistoria da área pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e liberada para compra. Entretanto, a Funai não executou a última etapa, que consiste simplesmente na liberação da verba.
“A Funai fez um compromisso e não cumpriu, se a gente tivesse esperando a gente teria morrido. Nós não precisamos de cesta básica. A gente precisa da terra. Esse pensamento de ocupar é porque a gente não suporta mais. São 80 anos de perambulação em outras comunidades, em outros territórios. A FUNAI sabe que a gente existe”, conta Côr-teteto Krenyê, liderança do povo. O povo Krenyê vive espalhado por conta de um processo de diáspora promovida pelo Estado brasileiro ainda na época do antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Hoje em dia, algumas famílias moram em comunidades de outras etnias ou confinados em 1 hectare na periferia da cidade de Barra do Corda, onde tentam levar uma vida comunitária, mas falta-lhes espaço para a reprodução cultural e subsistência. Em 2012 começaram os procedimentos para a criação de Reserva Indígena Krenyê, mas a morosidade do Estado em finalizar o processo levou o grupo a ocupar a área como uma forma de pressionar a liberação de 14 milhões de reais, valor referente à terra. Tanto os indígenas, quanto o grupo empresarial SC Agro Florestal LTDA, dono da propriedade, aguardam a indenização. Na próxima terça feira, dia 27, uma nova audiência judicial será realizada em São Luís para tratar do processo de aquisição da terra. Os Krenyê fazem parte da Teia dos Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão, grupo interétnico composto por diversos povos tradicionais e originários do Maranhão. Há três anos este movimento vem se articulando para dar conta de demandas em comuns. Dentre elas, questões territoriais. Portanto, a ocupação do território Krenyê conta com apoio de quilombolas, sertanejos, quebradeiras de coco, camponeses, pescadores e outros povos indígenas. O movimento é pacífico. (fonte: CIMI)
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