Quando numa sociedade aumentam os níveis de decepção e de sentimentos de fracasso, em geral, aparece com mais vigor, a íntima expectativa de um ‘salvador da pátria’! Um messias onipotente que, com braço forte e língua afiada, transmita aos decepcionados e aos desanimados impotentes a sensação de segurança e de superação de seus problemas e dramas sociais. Esta parece ser uma constante na história da humanidade em quase todas as culturas. Em geral, reflete a postura de um povo que perdeu as esperanças em si mesmo. Que se acha incapaz de enfrentar com sucesso os desafios que vem experimentando. Que delega para uma espécie de super-homem ideal e externo a si próprio o que ele mesmo deveria e poderia fazer. Esta era a situação percebida por vários setores da sociedade judaica na época de Jesus de Nazaré. João Batista era a expressão mais evidente de tudo isso. Ele imaginava o ‘salvador da pátria’ como uma espécie de ‘purificador social’. Com métodos fortes, de forma autoritária, sem muita conversa, e sem exigir colaboração e ajuda de ninguém, o ‘messias’ de João viria para atender às expectativas de um povo que havia deixado de acreditar em si próprio. Do mesmo jeito que ocorre hoje em dia no nosso país. João fica decepcionado com Jesus porque o Mestre da Galileia parece não corresponder a suas específicas expectativas e cobra dele um esclarecimento urgente e definitivo. Afinal, Jesus aparecia como o anti-messias. Ele ‘perdia’ tempo com doentes e mendigos, com mulheres e crianças, se preocupava até com aqueles ‘impostores’ que, ao contrário, deviam ser eliminados,
Com razão, João pede a Jesus que esclareça essa sua postura que vai na contramão de tudo o que ele tinha aprendido e pregado. E Jesus, mais uma vez, decepciona João Batista. Não responde à sua pergunta se, de fato, era ele próprio o messias ou devia esperar outro. Jesus desloca radicalmente a questão e mostra a João e a todos aqueles que como ele acreditavam num salvador da pátria forte e poderoso qual é a missão de Jesus e de todos os que acreditam nele e na sua metodologia. Jesus lista seis ações, - como seis foram os dias da criação, - em que ‘as pessoas’ se transformam e se recriam. Ações em que não um salvador da pátria realiza prodígios, mas onde as pessoas, de forma prodigiosa, começam a enxergar, a ouvir, a caminhar, a dialogar, a renascer. E onde em lugar da 'vingança de Deus 'o ‘alegre anúncio’ de uma vida nova é dirigido aos pobres, e não aos poderosos de sempre. Messias são todos aqueles que aprendem a acreditar e a caminhar com outros irmãos que fazem a experiência das suas mesmas fragilidades e qualidades, que começam a enxergar o poder que têm dentro de si, que não se deixam vencer pelo desânimo e pela decepção, e nem pelo aparente fracasso. E que descobrem que cabe a eles mesmos, os pobres, a missão de mobilizar outros pobres para que juntos, como uma ‘nação de messias’, possam ser ‘alegre anúncio e salvação’ para todos, e não para alguns eleitos. Que ninguém renegue o ‘messias’ que tem no seu coração, na sua mente, na sua alma, nos seus braços, nas suas pernas! Para que sejamos um povo de messias humildes,servidores....libertadores dos 'falsos Messias...'!
Um comentário:
Belo texto!
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