segunda-feira, 11 de julho de 2022

O ditador Ortega da Nicarágua expulsa ONGs, irmãs de Madre Teresa de Calcutá, Institutos católicos, Tevês católicas, Núncio Apostólico, e Roma silencia!

 Como semanas atrás, também hoje o Telcor, o instituto governamental para o controle e gestão das telecomunicações, notificou, com data de 27 de junho, a decisão de Daniel Ortega à Igreja, em particular à diocese, sem dar explicações. Na verdade, esse fechamento não surpreendeu tanto, já que a Telcor vem aplicando sanções administrativas, arbitrárias e repressivas ao canal da diocese de Matagalpa há três meses. Seu bispo é Mons. Rolando Alvarez, uma pessoa indesejada na ditadura e até poucos dias atrás vítima, durante semanas, de uma verdadeira perseguição orquestrada como um verdadeiro cerco policial, dia e noite. O prelado, que também é responsável pela área de comunicações da Conferência Episcopal, confirmou que o canal continuará por enquanto suas transmissões via web. Mons. Alvarez, como outros bispos, foi ameaçado de morte várias vezes e um de seus coirmãos eméritos, Mons. Abelardo Mata, foi vítima de uma tentativa de homicídio com o método habitual das ditaduras latino-americanas: o falso acidente de carro.

Ortega expulsa da Nicarágua as irmãs de Madre Teresa de Calcutá

A última 'decisão surpresa' do casal ditatorial, Daniel Ortega - Rosario Murillo, marido e mulher, respectivamente presidente e vice-presidente da Nicarágua, é o fechamento de centenas de ONGs e associações territoriais de base, bem como o fechamento das obras de caridade das irmãs de Madre s. Teresa de Calcutá, depois de mais de 40 anos de serviço à caridade, religiosas imensamente amadas pelo povo nicaraguense. A maioria delas será obrigada a deixar gradualmente o país, deixando muitas crianças, idosos e doentes no abandono. Um verdadeiro crime da parte de Ortega. Anteriormente houve dezenas de outras ações repressivas, assassinatos, expulsões, prisões ilegais, torturas e campanhas de ódio e morte, calúnias e mentiras, pois a lógica insensata do casal governante, que usurpou o nome do líder mais importante da nação, Augusto Cesar Sandino (1895-1934), é uma só: terra arrasada em torno de todos aqueles que não aceitam submeter-se ao governo de Ortega e seus paramilitares. Em suma, uma reviravolta dramática da história: o "sandinismo" nascido para acabar com as ditaduras da dinastia Somoza que depois de algumas décadas se torna uma ditadura pior que as dos Somoza. A síntese histórica e humana dessa tragédia é o próprio Daniel Ortega que há vários anos vem perseguindo a Igreja Católica, bispos, padres, catequistas e agora também religiosas, gabando-se - com mentiras – de relações diretas privilegiadas com o Papa, ainda que em março passado tenha mandado expulsar em poucas horas, sem motivo algum, o Núncio de Francisco em Manágua.

O inexplicável silêncio de Roma

O que mais surpreende nesta história, que acompanhamos e documentamos desde o início da crise em 2018, é a passividade e a fraqueza com que a Santa Sé, em particular o Pontífice, se comportou quase para não irritar ou incomodar um ditador feroz e implacável. Nos últimos anos, o Vaticano tem recebido muitos apelos para o diálogo, em busca de soluções consensuais, para a libertação de presos políticos e assim por diante... Mas Ortega nunca ouviu ninguém e sempre mentiu, como bem sabem nos escritórios da Secretaria de Estado. Entre a Sé Apostólica e os bispos da Nicarágua existe há vários anos, ainda que oculto e discreto, um conflito causado pela política vaticana do chamado método discreto, do silêncio estratégico, da amizade que domestica. Esse silêncio do Santo Padre, inexplicável e injustificável, causou e está causando graves dores à comunidade católica da Nicarágua e da América Latina. A Santa Sé deve corrigir alguns erros graves também para evitar que outros governos da região se sintam encorajados a silenciar a voz de centenas de bispos fiéis ao Magistério, ao Concílio e Aparecida. (IHU)


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