Talvez o título da minha reflexão de hoje seja um tanto chocante. Nada demais. É isso mesmo. Vejam o que a SEEDUC-MA vem fazendo com os professores indígenas e não, que querem se habilitar para uma vaga nas mais de 230 escolas indígenas do Estado do Maranhão. Através do Edital Nº 001/2008, o Estado do Maranhão, mais uma vez atrasado na tabela e descumprindo compromissos formais, convoca os candidatos para um grande seletivo com a finalidade de contratar, por um ano, professores para as escolas indígenas. Estabelece os diferentes níveis e coloca alguns critérios para..."eliminar" logo de início um bom número de pretendentes... A seguir, afirma que a segunda etapa do seletivo se constituirá de "provas objetivas". Quem imagina que são provas para avaliar se um professor é apto ou não a ensinar numa escola indígena, engana-se redondamente.
As provas se constituem em:
1. Redação: 6 (seis) linhas para professor de nível I, ou seja, professor cursando magistério; 11 (onze) linhas para professor com magistério e 16 linhas para quem tem curso superior.
2. Operações e exercícios de matemática.
3. Língua indígena
Ora, ninguém se pergunta na SEEDUC-MA se, por acaso, um professor ao completar/fechar as provas objetivas estaria automaticamente também "apto" a ser PROFESSOR. Não cabe na cabeça de quem bolou as provas que para avaliar um professor talvez seja necessária a assunção de outros critérios quais o conhecimento mínimo da realidade sócio-cultural e educacional indígena, a capacidade de expor com clareza e coerência cultural os conteúdos, utilizar uma didática apropriada, possuir uma capacidade suficiente para preparar um plano de aula, etc.. De um professor eu espero isso! De um aluno, por enquanto, espero que saiba redigir mais do que 6 linhas numa redação e que conheça pelo menos as 4 operações básicas!!!! Aqui, no Maranhão, inverte-se tudo: o professor é tratado como aluno, e aluno idiota! Afinal, para eles (os do Estado) o que interessa se há ou não há índios sabendo ler, interpretar, questionar, escrever, produzir sua própria história, suas versões dos fatos, em sua própria língua e no português? Parafraseando a famosa frase do general americano etnocida do sec. XIX: "índio bom é índio...analfabeto"...Para não falar outra coisa!!!!!
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