Maria dos Anjos tinha 07 anos de idade. Uma pequena flor da aldeia Anajá, do povo indígena Guajajara, no município de Arame, Maranhão. No dia 05 de maio, pela tarde, vários tiros foram disparados por quatro pessoas bêbadas na direção das casas da aldeia. Uma das balas arrancou definitivamente a beleza, a simpatia e o futuro de Maria dos Anjos. Os sentimentos de dor, de revolta e indignação que tomaram de conta da família e dos moradores da aldeia não foram partilhados pela maioria dos vizinhos não indígenas. Para eles a morte de Maria dos Anjos é um fato comum, corriqueiro, normal. Ela é mais uma vítima de uma violência que ninguém estranha mais, principalmente se ela ceifa a vida de um índio da região.
Este é mais um triste episódio que revela não somente o ódio, a intolerância e a brutalidade de pessoas que continuam comungando o ditado de insana memória segundo o qual "índio bom é índio morto", mas manifesta que as disputas e os jogos de interesses econômicos sobre a área Araribóia (madeira nobre, entorpecentes, etc.) dos Guajajara estão ficando cada vez mais acirrados. Alguém poderá objetar que não haveria interesse específico em matar uma criança indígena por causa de tais disputas, pois, afinal, foi "bala perdida" e não se direcionava diretamente à criança indígena. Poucos sabem que passar de moto ou de carro, atirando na direção das casas indígenas que ficam à beira da estrada é algo costumeiro para pistoleiros da região de Arame que são contratados por madeiros e fazendeiros/comerciantes da região por algumas garrafas de cachaça para ameaçar, amedrontar e eliminar pessoas incômodas. Não existem balas perdidas, e se alguma bala for perdida, por si só ela não mata, a não ser que a bala seja colocada numa arma e disparada em lugares onde há gente a ser assassinada, ferida ou amedrontada. O que chamou a atenção neste episódio, porém, foi a indiferença da população em geral. Ninguém insurgiu para gritar, denunciar e se indignar...nem aqueles que ficam alerdeando dos altares a bendeira da vida. Com certeza, uma vida para eles a-septica, insossa, genérica.
“Escolher, pois a vida”, como nos convida a campanha da fraternidade deste ano não é para nós cristãos algo natural e comum. Algo adquirido com o batismo, com o nascimento. Escolher a vida exige, em primeiro lugar, que aceitemos nos educar a assumir atitudes de verdadeiro amor à vida, nossa e alheia. Exige que tenhamos a coragem de vencer a nossa indiferença que nos paralisa. Que tenhamos a vontade firme de resgatar dentro de nós o mesmo sentimento de indignação que movia Jesus ao ver irmãos ou irmãs que “pareciam como ovelhas sem pastor” e, por isso mesmo, desamparadas, ameaçadas e trucidadas.
Os seguidores de Jesus de Nazaré são aqueles que, além de se comoverem pela morte trágica de tantas Marias dos Anjos Guajajara, se sentem questionados e interpelados em sua capacidade de defender e proteger vidas. Não somente as vidas dos que nos são próximos, os parentes e familiares de sangue, mas a vida de todos “os samaritanos”, dos estrangeiros, dos que têm história e cultura diferentes, dos indígenas.
Os que optam em favor da vida, enfim, sabem se colocar de forma clara e intransigente contra um sistema que não quer desarmar os profissionais das matanças de ontem de hoje, pois ele faz da violência e das armas sua fonte de poder e de lucro, e do preconceito e da intolerância o seu jeito de ser.
Maria dos Anjos Guajajara, como o seu nome indica, pertence, agora, ao reino dos anjos, àqueles seres que segundo uma crença cristã, nos protegem e nos guardam em cada circunstância. Ela será mais um anjinho a cumprir essa missão. Ela, entretanto, pede que tenhamos a coragem de sermos desde já proteção e amparo (anjos) de tantas outras Marias dos Anjos Guajajara cujas vidas continuam sendo desprezadas e ameaçadas.
Este é mais um triste episódio que revela não somente o ódio, a intolerância e a brutalidade de pessoas que continuam comungando o ditado de insana memória segundo o qual "índio bom é índio morto", mas manifesta que as disputas e os jogos de interesses econômicos sobre a área Araribóia (madeira nobre, entorpecentes, etc.) dos Guajajara estão ficando cada vez mais acirrados. Alguém poderá objetar que não haveria interesse específico em matar uma criança indígena por causa de tais disputas, pois, afinal, foi "bala perdida" e não se direcionava diretamente à criança indígena. Poucos sabem que passar de moto ou de carro, atirando na direção das casas indígenas que ficam à beira da estrada é algo costumeiro para pistoleiros da região de Arame que são contratados por madeiros e fazendeiros/comerciantes da região por algumas garrafas de cachaça para ameaçar, amedrontar e eliminar pessoas incômodas. Não existem balas perdidas, e se alguma bala for perdida, por si só ela não mata, a não ser que a bala seja colocada numa arma e disparada em lugares onde há gente a ser assassinada, ferida ou amedrontada. O que chamou a atenção neste episódio, porém, foi a indiferença da população em geral. Ninguém insurgiu para gritar, denunciar e se indignar...nem aqueles que ficam alerdeando dos altares a bendeira da vida. Com certeza, uma vida para eles a-septica, insossa, genérica.
“Escolher, pois a vida”, como nos convida a campanha da fraternidade deste ano não é para nós cristãos algo natural e comum. Algo adquirido com o batismo, com o nascimento. Escolher a vida exige, em primeiro lugar, que aceitemos nos educar a assumir atitudes de verdadeiro amor à vida, nossa e alheia. Exige que tenhamos a coragem de vencer a nossa indiferença que nos paralisa. Que tenhamos a vontade firme de resgatar dentro de nós o mesmo sentimento de indignação que movia Jesus ao ver irmãos ou irmãs que “pareciam como ovelhas sem pastor” e, por isso mesmo, desamparadas, ameaçadas e trucidadas.
Os seguidores de Jesus de Nazaré são aqueles que, além de se comoverem pela morte trágica de tantas Marias dos Anjos Guajajara, se sentem questionados e interpelados em sua capacidade de defender e proteger vidas. Não somente as vidas dos que nos são próximos, os parentes e familiares de sangue, mas a vida de todos “os samaritanos”, dos estrangeiros, dos que têm história e cultura diferentes, dos indígenas.
Os que optam em favor da vida, enfim, sabem se colocar de forma clara e intransigente contra um sistema que não quer desarmar os profissionais das matanças de ontem de hoje, pois ele faz da violência e das armas sua fonte de poder e de lucro, e do preconceito e da intolerância o seu jeito de ser.
Maria dos Anjos Guajajara, como o seu nome indica, pertence, agora, ao reino dos anjos, àqueles seres que segundo uma crença cristã, nos protegem e nos guardam em cada circunstância. Ela será mais um anjinho a cumprir essa missão. Ela, entretanto, pede que tenhamos a coragem de sermos desde já proteção e amparo (anjos) de tantas outras Marias dos Anjos Guajajara cujas vidas continuam sendo desprezadas e ameaçadas.
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