Vim saber só alguns dias atrás que havia mudado o administrador regional da FUNAI. Soube que foi substituído por uma mulher integrante do PT local e que nunca havia trabalhado em questões específicas quais as ligadas à realidade indígena no Estado. Isso, a princípio, para uma administradora (ignoro a sua formação profissional!) que vem para "administrar abacaxis" não depõe contra ela. Pergunto-me qual teria sido o motivo de o presidente nacional do órgão indigenista oficial ter escolhido alguém que não faz parte dos "quadros formais" da Funai. Pergunto-me qual teria sido o motivo que levou a atual administradora a aceitar tal cargo e com quais condições. Atrevo-me a chutar o seguinte:
1. Em primeiro lugar foi uma escolha meramente "político-partidária", supostamente uma nomeação de estrita confiança do presidente nacional da FUNAI que é do PT. Se um presidente nacional chega a tomar essa decisão preterindo os funcionários de carreira locais deve ter bons motivos...pois a recém chegada vai conhecer logo o que significa "dançar com lobos"! A FUNAI Regional sempre foi objeto de insinuações, denúncias e acusações de desvios e corrupção!
2. Não há como negar que há uma certa ingenuidade político-administrativa em colocar uma pessoa "leiga" no assunto (realidade indígena) e da máquina administrativa da FUNAI. Parece-me ler por trás disso a idéia de que ao colocar pessoas supostamente não viciadas e não inseridas em eventuais esquemas - pois eles existem sim, na FUNAI Regional - seriam a garantia de que se iniciaria um processo de desmantelamento e destruição dos vícios administrativos. Sempre admitido que seja esse o motivo principal da nomeação da nova administradora!
3. A ingenuidade não consiste somente no fato de que a nova administradora será inevitavelmente boicotada pela grande maioria dos funcionários inseridos no suposto esquema - o que não lhe dará possibilidade de realizar o que possa ter planejado a respeito - mas no fato metodológico de achar que trocando de pessoas a FUNAI estaria se redimindo e renascendo a vida nova. Que seria possível mudar uma estrutura mudando e trocando algumas peças!
4. Ingenuidade é não pensar que "os esquemas" são parte vital-essencial da estrutura da FUNAI, que eles são funcionais à sua atual sobrevivência. Os "esquemas" não são acidentes de percurso numa caminhada político-administrativa. Eles são o percurso!
4. Ingenuidade é não pensar que a FUNAI em si está administrativa e politicamente falida. A sua função-missão está obsoleta, deslocada, a-histórica. A sua natureza é engolir recursos, é proteger pessoas, é projetar pessoas, é espaço de intrigas, é moeda de troca política, é lugar estratégico nas disputas por terras, madeira, minério.... é amparo para violentar física e culturalmente os índios. FUNAI é tudo isso, menos o que realmente deveria ser: espaço-mecanismo institucional para garantir a realização das políticas públicas específicas e respeitosas para os povos indígenas, garantia de respeito aos seus direitos.
Hoje, a FUNAI, fez dessa traição o seu modo de ser. A sua missão. Não será um funcionário supostamente íntegro e nem uma possível reforma administrativa que irá muda o "ser" de um órgão parasito. Do jeito que está, sua desejável extinção seria louvada pela grande maioria dos índígenas brasileiros.
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