Nós Combonianos do Nordeste, reunidos em Açailândia/MA, refletimos sobre o sentido de mais um processo eleitoral político que culminará com a escolha de novos administradores municipais de 5.600 cidades do Brasil. O nosso olhar é propositalmente condicionado e filtrado pelas variadas e preocupantes situações em que vivem as pequenas e grandes cidades do Nordeste, região onde atuamos.
O processo eleitoral, apesar das decepções com a política formal, continua sendo visto como um momento mágico e deslumbrante, carregado de expectativas. Muitos imaginam que se escolhêssemos um “bom candidato” e derrubássemos “os ruins”, o Brasil mudaria. Ao longo desses anos, pelo nosso voto, sucederam-se bons e maus políticos. Persegue-nos, contudo, a sensação de que, até hoje, nenhum deles está dando certo. Não se pode esquecer que mesmo votando mais uma vez, continuaríamos nos decepcionando com os novos eleitos, pois não são eles que vão mudar. Quem tem que mudar somos nós, cidadãos e cidadãs do Brasil! Somos nós, a verdadeira matéria prima que tem o poder de construir outro País e outra cidadania.
Ao olharmos para essas fases iniciais de campanha eleitoral constatam-se numerosos casos de abuso de poder econômico e escandalosas formas de “aquisição” de voto. É revoltante a desfaçatez com que inúmeros candidatos e seus próprios partidos praticam ou deixam acontecer tudo isso, não obstante as pequenas reformas políticas adotadas recentemente para evitar abusos do poder econômico. Esquecemo-nos, todavia, que nós também estamos alimentando essa máquina iníqua que corrompe e banaliza o sistema democrático participativo ao aceitarmos passivamente tudo isso.
Não se pode ignorar, entretanto, que esse momento eleitoral se re-apresenta, paradoxalmente, como um gesto pedagógico quase que a nos confirmar sobre a urgência e a justeza do nosso empenho em favor da construção da verdadeira “cidadania”. Esta não se constrói durante um processo eleitoral. Não passa pela eleição de alguns políticos que “vivem da política” formal, apesar da sua capacidade administrativa e clarividente. A “nova cidade humana de direito”, ou seja, a cidadania consciente e responsável se constrói no cotidiano, quase sempre longe dos gabinetes dos prefeitos e das negociações escusas das Câmaras de Vereadores.
A cidadania é planejada e construída a partir das praças sem jardins, dos bairros sem saneamento básico, das escolas e hospitais sucateados, das ruas esburacadas e nas periferias abandonadas e ocultadas pelos centros das cidades e de seus luxuosos condomínios; nas microscópicas iniciativas de economia solidária, na crescente consciência da importância do ambiente e na intransigência contra a corrupção; nas insistentes reivindicações localizadas que manifestam a vontade de tantos cidadãos e cidadãs de serem reconhecidos como “gente”!
Por tudo isso, nós Missionários Combonianos do Nordeste reafirmamos o nosso compromisso de irmos além da participação dos processos políticos eleitorais. De superarmos a falácia de que os destinos de uma cidade se jogam numa eleição, e na escolha de um “bom candidato”. Queremos continuar a nos educar à responsabilidade cidadã, à ética nas pequenas e grandes opções e à firmeza moral quando a lógica do poder e do dinheiro se apresenta como algo “normal”. Queremos continuar a nos educar juntamente com o numeroso exército dos “sem voto”, dos “sem registro”, dos “sem bolsa”. Ao lado, também, de todos aqueles cidadãos e cidadãs, operadores da justiça e do direito, grupos e movimentos, políticos que “vivem pela política”, e que têm consciência de que, enquanto não houver verdadeira educação à convivência cidadã baseada no respeito e na tolerância, não haverá país livre, democrático, humano, justo e soberano.
Açailândia, 31 de julho de 2008
O processo eleitoral, apesar das decepções com a política formal, continua sendo visto como um momento mágico e deslumbrante, carregado de expectativas. Muitos imaginam que se escolhêssemos um “bom candidato” e derrubássemos “os ruins”, o Brasil mudaria. Ao longo desses anos, pelo nosso voto, sucederam-se bons e maus políticos. Persegue-nos, contudo, a sensação de que, até hoje, nenhum deles está dando certo. Não se pode esquecer que mesmo votando mais uma vez, continuaríamos nos decepcionando com os novos eleitos, pois não são eles que vão mudar. Quem tem que mudar somos nós, cidadãos e cidadãs do Brasil! Somos nós, a verdadeira matéria prima que tem o poder de construir outro País e outra cidadania.
Ao olharmos para essas fases iniciais de campanha eleitoral constatam-se numerosos casos de abuso de poder econômico e escandalosas formas de “aquisição” de voto. É revoltante a desfaçatez com que inúmeros candidatos e seus próprios partidos praticam ou deixam acontecer tudo isso, não obstante as pequenas reformas políticas adotadas recentemente para evitar abusos do poder econômico. Esquecemo-nos, todavia, que nós também estamos alimentando essa máquina iníqua que corrompe e banaliza o sistema democrático participativo ao aceitarmos passivamente tudo isso.
Não se pode ignorar, entretanto, que esse momento eleitoral se re-apresenta, paradoxalmente, como um gesto pedagógico quase que a nos confirmar sobre a urgência e a justeza do nosso empenho em favor da construção da verdadeira “cidadania”. Esta não se constrói durante um processo eleitoral. Não passa pela eleição de alguns políticos que “vivem da política” formal, apesar da sua capacidade administrativa e clarividente. A “nova cidade humana de direito”, ou seja, a cidadania consciente e responsável se constrói no cotidiano, quase sempre longe dos gabinetes dos prefeitos e das negociações escusas das Câmaras de Vereadores.
A cidadania é planejada e construída a partir das praças sem jardins, dos bairros sem saneamento básico, das escolas e hospitais sucateados, das ruas esburacadas e nas periferias abandonadas e ocultadas pelos centros das cidades e de seus luxuosos condomínios; nas microscópicas iniciativas de economia solidária, na crescente consciência da importância do ambiente e na intransigência contra a corrupção; nas insistentes reivindicações localizadas que manifestam a vontade de tantos cidadãos e cidadãs de serem reconhecidos como “gente”!
Por tudo isso, nós Missionários Combonianos do Nordeste reafirmamos o nosso compromisso de irmos além da participação dos processos políticos eleitorais. De superarmos a falácia de que os destinos de uma cidade se jogam numa eleição, e na escolha de um “bom candidato”. Queremos continuar a nos educar à responsabilidade cidadã, à ética nas pequenas e grandes opções e à firmeza moral quando a lógica do poder e do dinheiro se apresenta como algo “normal”. Queremos continuar a nos educar juntamente com o numeroso exército dos “sem voto”, dos “sem registro”, dos “sem bolsa”. Ao lado, também, de todos aqueles cidadãos e cidadãs, operadores da justiça e do direito, grupos e movimentos, políticos que “vivem pela política”, e que têm consciência de que, enquanto não houver verdadeira educação à convivência cidadã baseada no respeito e na tolerância, não haverá país livre, democrático, humano, justo e soberano.
Açailândia, 31 de julho de 2008
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