sábado, 2 de julho de 2011

Jesus liberta as vítimas das cargas pesadas dos 'sábios e inteligentes'! (Mt.11,25-30)




Os ‘especialistas’ da alma humana aconselham a nunca idealizar pessoas e situações. A não alimentar expectativas excessivas. A esperar tudo de todos, de forma realista. Para evitar que, ao não verem realizadas suas idealizações, experimentem sentimentos de decepção, de frustração, e de desilusão. Conseqüências essas que se não forem bem trabalhadas poderão deixar marcas profundas ao longo da vida. Entretanto, esses sentimentos são inevitáveis. E temos que lidar sistematicamente com eles. Aliás, é justamente essa capacidade de saber integrar de forma inteligente as contrariedades da vida (inteligência emocional) que nos dará a possibilidade de conservar serenidade e equilíbrio mesmo nas inevitáveis provações da vida.


O evangelho hodierno nos informa que Jesus também fez a experiência da decepção. Ele havia investido muito nas aldeias do norte da Galiléia. Havia alimentado sonhos e expectativas acerca de uma mobilização em favor da Realeza de Deus. Havia realizado muito sinais de que era possível ousar sonhar. Mas só havia colhido rejeição, desconfiança e hostilidade. Esperava, sim, algo diferente. A partir do versículo 20 do capítulo 11 de Mateus, Jesus já vinha fazendo um desabafo contundente contra as atitudes de menosprezo que muitas categorias sociais tinham com relação à sua pregação. Jesus constata com certa amargura e decepção que os ‘sábios e inteligentes’ não precisavam de uma nova intervenção divina. Achavam-se auto-suficientes. Ou, simplesmente indiferentes a quanto ele dizia. Haviam-se tornado refratários à compaixão e à misericórdia. Esses ‘inteligentes’ eram historicamente os produtores e reprodutores de ‘fardos pesados’. Impunham ritos, preceitos e proibições religiosas e morais às camadas sociais pobres e simples. Jesus percebe de um lado o fechamento e a arrogância desses conhecedores da tradição e da sagrada escritura. E do outro a angústia de quantos, por causa deles, haviam deixado de viver. Porque subjugados, julgados e colocados à margem da vida e da esperança.


É a essas vítimas que Jesus se apresenta como aquele que é manso e humilde de coração e que possui um ‘fardo leve e suave’. Em contraposição à carga insustentável imposta pelos arrogantes ‘inteligentes’, duros de coração! Jesus se apresenta como aquele que pode livrar as pessoas de toda opressão religiosa, humana, social. Paradoxalmente, Jesus descobre que são os que supostamente não eram inteligentes e sábios que se abrem à ação do Pai. Este se revela às vítimas das cargas pesadas dos ‘inteligentes’ expertos em bíblia e direito canônico. Jesus agradece o Pai porque Ele mesmo compreende que ser sábio e inteligente de verdade significa ser livre e aberto ao outro, acolhendo e se compadecendo. Sem muitos ritualismos e formalismos. Sem muitos preceitos e normas cultuais. Dessa forma Jesus inverte completamente a idéia que se tinha de Deus. De ambos os lados. Do lado das vítimas que se achavam condenadas e esquecidas por Deus pela ideologia farisaica ao ajudá-las a se abrirem para uma nova relação com o Deus compassivo de Jesus. Do lado dos arrogantes e duros de coração, artífices de cargas pesadas, porque deslegitimados por Jesus em continuar a veicular uma falsa imagem de Deus. Desmascarados, esses manipuladores se sentiam desautorizados em se apresentarem ao povo como os verdadeiros intérpretes da vontade divina. E Jesus, com toda a sua autoridade moral, de quem sabe que não veio para manipular e impor, apresenta-se como o verdadeiro líder, manso e sereno, capaz de eliminar fardos opressores que matam a vontade de lutar e sonhar de tantos homens e mulheres.


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