Em nada adianta fazer apoteóticas manifestações litúrgicas, longas orações com jejuns, gemidos, gritos e desmaios espirituais, falar línguas, sem que haja ações que visem transformar a realidade em que vivemos. Já São Tiago nos lembra que a fé sem as obras não serve! João Batista caminhava na mesma direção e condicionava o seu batismo a uma mudança radical de mentalidade. E exigia uma autêntica guinada no comportamento social e humano de todas as camadas sociais. No evangelho de hoje percebemos, de imediato, que todas as categoria recebem bem as condições para o batismo de conversão, menos os sacerdotes, os escribas, e os doutores da lei. Eles são sempre os grandes ausentes. E os mais refratários a qualquer tipo de mudança e novidade. João, aos candidatos ao batismo não pede rezas e nem cultos. Pede que façam ‘obras dignas’.
E ele deixa claro quais são as obras dignas: 1. Praticar a solidariedade radical, a compaixão, superando a indiferença e o egoísmo, dando pão e roupa para quem não tem. 2. Os ladrões públicos da Receita também vislumbram uma chance para eles e, de fato, João não os repele. A eles pede que cumpram honestamente as cobranças, sem praticar corrupção e desvios. 3. Praticar a justiça respeitando o direito, não cometendo abusos de autoridade, não extorquindo e não saquear os cidadãos. João com muito realismo declara também qual é o seu papel nesse novo cenário em que Jesus se faz presente na história de Israel. Deixa claro que ele não é digno sequer de ‘Desamarrar as correias das sandálias’. Este era um rito descrito em Deuteronômio 25 em que um homem tinha o direito de engravidar a viúva de um irmão que tinha falecido (lei do Levirato). Essa prática era para que o nascituro tivesse o mesmo nome do pai que faleceu. Se esse irmão se recusasse a engravidar a cunhada esse direito passava para outro membro da família, e o rito previsto era ‘desamarrar a correia das sandálias’. João está dizendo que quem tem direito de produzir novos filhos para Israel é Jesus, e não ele! Jesus mediante o seu anúncio esperançoso e as suas obras de compaixão, - e não pelo fogo destruidor pregado por João, - iria gestar um novo povo. Inaugurando uma nova prática. É o que nós precisamos fazer, hoje: dar vida a pessoas com uma ‘nova mentalidade, e com uma prática evangélica inovadora’ mostrando 'obras dignas' e não cultos vazios!
Um comentário:
Gostei aprendi muito. Obrigada.
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