segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Ó Capitão! meu Capitão! Por Walt Whitman

Ó Capitão! meu Capitão! Finda é a temível jornada,

Vencida cada tormenta, a busca foi laureada.

O porto é ali, os sinos ouvi, exulta o povo inteiro,

Com o olhar na quilha estanque do vaso ousado e austero.

Mas ó coração, coração!

O sangue mancha o navio,

No convés, meu Capitão

Vai caído, morto e frio.



Ó Capitão! meu Capitão! Ergue-te ao dobre dos sinos;

Por ti se agita o pendão e os clarins tocam teus hinos.

Por ti buquês, guirlandas... Multidões as praias lotam,

Teu nome é o que elas clamam; para ti os olhos voltam,

Capitão, querido pai,

Dormes no braço macio...

É meu sonho que ao convés

Vais caído, morto e frio.



Ah! meu Capitão não fala, foi do lábio o sopro expulso,

Meu calor meu pai não sente, já não tem vontade ou pulso.

Da nau ancorada e ilesa, a jornada é concluída.

E lá vem ela em triunfo da viagem antes temida.

Povo, exulta! Sino, dobra!

Mas meu passo é tão sombrio...

No convés meu Capitão

Vai caído, morto e frio.


Walter Whitman (1819-1882), Extraído do blogue Poesia contra a guerra, o poema acima foi publicado em livro em 1867. A tradução é de Luciano Alves Meira.

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