Infelizmente persiste até hoje na nossa igreja a ideia de que para ser santo é preciso fazer ‘milagres’ e eles, devem ser reconhecidos como tais por uma comissão especial. Milagres, no entanto, ocorrem todos os dias na vida de muitas pessoas que continuam se surpreendendo com as novidades de Deus e de tantas pessoas generosas anônimas. Milagres que possuem um potencial mais transformador do que aqueles que, aparentemente, parecem fugir da lógica humana viciada. Se olharmos para a prática de Jesus de Nazaré com a compreensão distorcida do que é um milagre, podemos ficar decepcionados. Jesus tem plena consciência de que é a fé da pessoa, e não a Dele, que cura e transforma radicalmente uma pessoa. O que Jesus faz, afinal, é despertar na pessoa o que existe de mais puro e de mais profundo no seu coração desejoso de renovação. O que vale para Jesus não é o prodigioso que ocorre, e sim o surpreendente e o inesperado. O que parecia impossível torna-se possível, mas não porque foram quebradas leis fundamentais da natureza, mas porque algo surpreendente aconteceu. Dessa forma, por exemplo, uma pessoa avara e egoísta que se torna, a contato com o Deus de Jesus, uma pessoa solidária e generosa é um verdadeiro milagre! Da mesma forma que uma pessoa que pede desesperadamente a cura de câncer e em seu lugar ocorre uma transformação profunda na forma de encarar aquele câncer, - não como morte destruidora, e sim como uma oportunidade para se tornar mais humano e atento aos sofrimentos alheios, - é um milagre. A igreja, dificilmente aceitaria e reconheceria tais milagres, oficialmente. A solenidade de hoje, contudo, nos provoca a prestar atenção e a crescer em humanidade e compaixão contemplando e incorporando os testemunhos silenciosos de milhares de homens e mulheres cujo nome não consta em nenhum calendário, em nenhum livro de ascese, e tampouco em alguma estátua exposta em algumas igrejas. Pessoas que com a sua dedicação e abnegação, sem propaganda e sem alarde mexem no coração daqueles humanos que ainda se deixam surpreender por esses simples, mas poderosos gestos de caridade. Quando tivermos ainda a capacidade de não só nos comover e nos deixar questionar diante dessas pessoas é um sinal que estamos caminhando rumo à verdadeira.....HUMANIDADE!
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