‘Pai nosso que estás no céu, Papai nosso que estás aqui....’ Não te chamamos de ‘todo-poderoso’, pois para nós, Você é o ‘Todo-misericordioso’. Na nossa ‘Família Planetária’ cuida de cada criatura com imensa doçura. Você ama como uma mãe entranhada de ternura. Na Sua família somos todos reconhecidos como gente. Nela, não há espaço para o soberbo e o prepotente. Dos seus filhos só valoriza a bondade, e ignora toda a sua maldade. Com firmeza segura a nossa mão quando caímos, e nos abraça quando traímos. Com Seus braços nos sustenta, e pelos caminhos da luz, com paciência, nos conduz.
‘Seja santificado e reconhecido o teu nome....’Pois nele está o seu bem-querer. Ele revela Suas mais puras intenções, e o Seu modo amável de preencher os corações. É amando como Você nos ama que o Seu nome nós santificamos. É na terna compaixão que o louvamos. O Seu nome, ainda hoje, é na mentira manipulado, e na violência, continuamente blasfemado. É no serviço ao pobre que ele é definitivamente revelado. E na firme defesa da viúva e do órfão, glorificado. Dai-nos a coragem de clamar contra quem ofende e difama o nome santo dos pequenos que não têm fama.
‘Venha a nós o Seu jeito terno, pois só um Pai Eterno pode nos governar paterno...’ E ajudai-nos a eliminar a indecência de quem governa com truculência. Pois, na Sua realeza, não cabe bajulação e nem malvadeza. Não acredita no poder das armas fatais, mas na beleza das flores e na cantiga dos pardais. Na Sua realeza só haverá fraternidade se construirmos juntos solidariedade. Da escravidão teremos liberdade. Da discriminação, igualdade. Sem fome, teremos fartura. E ao pobre e ao necessitado, lhes concedei, enfim, o Reinado.
‘Seja cumprida a Sua vontade no céu azul, bem como na terra de cada um....’ pois acreditamos que até as horas tristes e escuras não é Você que as procura. No seu insondável coração só cabe retidão, pois rejeita toda punição. Queremos acolher a Sua vontade que é para nós luz e verdade, Ela indica a Sua bondade, e fortalece nossa irmandade. Você conhece a nossa vontade: é a de ter e de possuir; por isso Te pedimos: concedei-nos o dom de acolher e de servir.
‘Dai todo dia o alimento necessário, para o pobre e o operário...’ O pão que não se estraga, o pão celestial, que não ilude e não engana. Concedei-nos a coragem de distribuir equanimemente o alimento que é acumulado sistematicamente. Pedimos-te o pão da liberdade para que seja distribuído com generosidade para todo escravizado. E o pão da justiça para saciar a fome do inocente condenado. Dai-nos permanente indignação para eliminar desemprego e acumulação e, sem sonegação, nos fartaremos do pão da partilha e da comunhão.
‘Cancela as nossas dívidas, pois nós já as cancelamos a todos os nossos devedores’... Aprendemos que é na gratuidade que derrotamos a dureza de coração, e a maldade. E na compaixão, varreremos a brutalidade. È quando fazemos a experiência exaltante do amor radical que descobrimos a Fonte do perdão incondicional. Sentimos o peso da nossa intolerância, mas concedei-nos, ó Pai, misericórdia em abundância. Pedimos-te, enfim: dai-nos ousadia de ‘despedir de mãos vazias’ os muitos credores de tantos trabalhadores.
‘E não nos deixe sucumbir quando a ‘grande prova’ cair.... Fica, ó Pai, ao nosso lado na hora em que o calvário teremos de subir. Não deixe que fujamos nem da espada e nem da cruz. Não permita que sejamos arrastados pela esperteza, e pela corrupção que seduz. Afasta de nós o cálice inebriante da tentação do poder que reluz. Ajudai-nos a desmanchar a cruz de tantos crucificados, nela pregados por desumanos ‘Pilatos’! Ajudai-nos a libertar a nossa ‘Terra Santa’ ainda sitiada por abusos e assassinatos. E, confiantes, Lhe entregar o nosso espírito e mandato. E, sem medo, continuaremos a ‘inspirar’ o espírito do Seu ‘Filho Crucificado’. E, mesmo na tortura, não pararemos de chamar com ternura ’PAPAI NOSSO, AQUI ESTOU’!
( Artigo mensal desse blogueiro é publicado no O Jornal do Maranhão da Arquidiocese de São Luís do Maranhão)
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