Se é verdade que há muito o que comemorar com o levantamento do IBGE que constatou que negros e pardos são, hoje, maioria nas universidades públicas brasileiras, o racismo a esses grupos ainda existe, sejam eles pretos, sejam indígenas. No Brasil, aliás, negros e indígenas são dizimados nas cidades, no campo e nas florestas. Por isso, lideranças indígenas brasileiras estão percorrendo a Europa para denunciar o assassinato do seu povo e a usurpação de suas terras através da bandeira Sangue Indígena: Nenhuma Gota a Mais. Dez líderes participaram de um protesto em Londres (Reino Unido), esta semana, diante da embaixada brasileira para exigir seus direitos à vida e à terra. Simbolicamente, entregaram o prêmio “Racista do Ano” ao presidente Jair Bolsonaro por seu discurso racista que fomenta o ataque aos povos indígenas, informa o site Survival International, que é um movimento global pelos povos indígenas.
A jornada Sangue Indígena: Nenhuma Gota a Mais está sendo organizada nos países europeus pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) com o intuito de chamar a atenção de governantes e empresários sobre o que está acontecendo no Brasil em termos sociais, econômicos e ambientais desde a posse de Bolsonaro. Eles visam a pressionar os setores interessados a boicotar o agronegócio brasileiro até que os direitos dos povos indígenas, bem como os do meio ambiente sejam respeitados.
Recentemente, foram vários os ataques aos povos indígenas no Brasil. Há poucos dias, o indígena Paulo Paulino Guajajara foi assassinado em uma emboscada na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Um posto da FUNAI, no oeste da Amazônica, responsável por proteger a Terra Indígena Vale do Javari, lar de indígenas isolados, foi atacado por invasores armados.
A coordenadora da APIB, Sonia Guajajara, critica o atual governo federal: “O presidente Bolsonaro quer destruir os povos indígenas do Brasil. Seu racismo e ódio incentivam garimpeiros e madeireiros a invadir nossos territórios e a matar nosso povo. Mas eu tenho uma notícia para ele – amamos nossas terras muito mais do que ele nos odeia e nunca permitiremos que ele destrua a nós ou as florestas que protegemos por tanto tempo”.
Já a representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Nara Baré, explica que esses ataques são resultado da exploração da soja e da madeira, produtos cujo destino é a Europa. “Estamos aqui para dizer que a cada importação que é feita para a Europa, é o nosso sangue que vem. É hora de dizer basta! Medidas precisam ser tomadas e a responsabilidade é de todos, dos parlamentos, da sociedade civil, do consumidor e dos próprios empresários”.
O diretor da Survival, Stephen Corry, comenta o prêmio atribuído a Bolsonaro:
“Desde que chegou ao poder, o presidente Bolsonaro montou um ataque implacável aos direitos dos primeiros povos do Brasil e está empenhado em abrir suas terras para a exploração de grandes empresas. Seus comentários abertamente racistas e sua recusa em assegurar os direitos indígenas, em especial o direito a suas próprias terras, estão alimentando a violência contra os povos indígenas em todo o Brasil. Se ele conseguir o que quer, os primeiros povos do país serão exterminados. Mas eles estão lutando com energia, bravura e determinação, e seus aliados também. E não vamos recuar."
Um dos vários comentários racistas já feitos pelo presidente brasileiro foi:“Pena que a cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente quanto a americana, que exterminou os índios”.
Embora ele não tenha dado comando de voz à cavalaria brasileira atual, Bolsonaro já tentou destituir a Fundação Nacional do Índio (Funai), além de ter aberto brechas legais para a exploração de recursos naturais em territórios protegidos para o agronegócio e para as indústrias extrativistas.
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