Como acreditar que Jesus é, agora, a Ressurreição e a Vida, ao ver uma multidão de Lázaros com o rosto de nossos pais e mães, ou de amigos enfermeiros, médicos, padres, irmãs e pessoas de todas as idades sendo ceifados por um vírus invisível? Como crer que aqueles que se foram, mesmo que mortos, viverão para sempre? E aqueles que ainda vivem, nós, não morreremos jamais?
Não são meras perguntas filosóficas e nem teológicas, e sim, questões profundamente existenciais. Têm a ver com o sentido profundo da vida: viver em plenitude ou sobreviver, simplesmente. Encarar com fé e esperança também a nossa dor, ou mergulharmos no desespero e na escuridão mais profunda. O evangelho desse domingo tenta apontar algumas respostas.
1. Jesus deixa claro que Deus não intervém para ‘preservar’ da morte biológica quem quer que seja. Nem o ‘amigo Lázaro’ foi poupado. A morte faz parte do itinerário existencial de todo ser vivo! O que nós podemos fazer é mudar o nosso modo de encarar ‘a morte e os mortos’.
2. Amar, libertar e servir como Jesus fez ajuda-nos a encarar os nossos entes queridos não como ‘finados, ou cadáveres sem vida’, mas como seres vivos que continuam a interagir conosco pelo amor que nunca morre. Já um filósofo existencial dizia que ‘amar alguém significa dizer para ele: você nunca morrerá’!
3. E para os vivos que agora respiramos, trabalhamos, lutamos e choramos ‘viveremos para sempre e plenamente’ desde que reproduzamos o mesmo jeito de amar e de cuidar de Jesus. Quem faz isso encara e supera toda crise, toda dor, e toda angústia. E não porque alimenta a convicção de uma ressurreição biológica no futuro, mas porque experimenta, no presente, a beleza infinita de se doar, de consolar, e de proteger vidas. Os que se foram inspiram e ‘mantêm vivos e esperançosos’ os que ficam. E estes, jamais vão permitir que os que se foram, sejam esquecidos num túmulo frio e sem vida! Não há RESSURREIÇÃO para quem NUNCA MORREU!