Às vezes diante de situações de incerteza e de graves crises sociais é tentador desejar e invocar uma solução autoritária. Almejar um líder ‘salvador da pátria’ que sinalize para uma nação à deriva força e poder. Qualquer sinal que venha a indicar uma solução dialogada, pacífica e consensual poderá ser vista para os apoiadores da ‘solução forte’ como fraqueza e fracasso. É com essa consciência que se moviam dos três apóstolos escolhidos por Jesus: Simão ‘o Pedro teimoso’, João e Tiago os ‘filhos do trovão’, como eram apelidados. Jesus percebe que tem diante de si o desafio de lhes mostrar que a opção que Ele escolheu para solucionar a crise ética e social de Israel não é a solução autoritária e legalista, representada por Moisés e Elias. E, que, uma eventual morte de quem lidera a libertação pacífica e dialogada de uma nação não é necessariamente sinal de fracasso. A catequese da transfiguração descrita por Mateus é de uma profundidade inimitável. Ela tem como objetivo levar os seguidores de Jesus a jamais se deixar seduzir pela solução legalista, autoritária e violenta, mas assumir, coerentemente, o caminho do serviço e da doação. Custe o que custar. Não existe cruz, morte, humilhação para quem se doa e ama até as últimas consequências. Tudo isso que é considerado pelos humanos como fracasso e escândalo é, afinal, vitória. Nesse embate os violentos e matadores são desmascarados, e as suas vítimas são enaltecidas, pois encaram a sua morte de forma diferente que os seus carrascos. Na sua morte aparentemente falimentar e humilhante se manifesta o ‘novo e resplandecente jeito’ de atuar-amar do próprio Deus. ‘Morrer, se preciso for. Matar e agredir, nunca’!
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